sábado, 23 de março de 2013

O futuro, a fome e a superpopulação.

Richard Jakubaszko 
Pensar o novo não implica pensar o futuro, mas dar soluções aos problemas de hoje. Todos os problemas contemporâneos da humanidade serão agravados na medida em que a população cresce no planeta, hoje somos 7,3 bilhões de bocas, e seremos 9 bilhões dentro de 30 anos.

A área mais crítica será a produção de alimentos e a logística de sua produção, estocagem e distribuição. O Brasil está bem na foto, no quesito produção, apesar das restrições impostas pelo ambientalismo, pois o Código Florestal, por exemplo, engessou as gerações futuras para a abertura de novas áreas de plantio de alimentos. A solução, por enquanto, é produzir mais na mesma área, ou seja, aumentando a produtividade, e usando as tecnologias disponíveis. Dentro de 5 anos teremos de rediscutir o uso da terra, para amenizar as limitações do Código Florestal, mas ainda será um paliativo, pois a demanda de alimentos será gigantesca, acentuada pelo modismo político (que é positivo) de inclusão social, fenômeno que acontece no Brasil, China, Índia, Indonésia e outros países populosos, inclusive Paquistão. A primeira coisa que um pobre faz, quando ganha um troco, é comprar um bife ou um frango, e atrás do bife e do frango tem soja, milho, fertilizantes, logística, ensino, tecnologias, serviços e crédito.

O fator limitante da produção de alimentos é terra agricultável (e ainda a água e o sol, na ausência de um desses 3 fatores não existe agricultura), e na Europa e EUA elas já quase se esgotaram, existe menos de 20% de área disponível para agricultura, e em pior condição se encontram a China e Austrália. Sobram a África e o Brasil. Na África há notícias de que descobriram aquíferos, entre 150 e 400 m de profundidade, queira Deus que isso seja verdade, o que salvaria a humanidade por mais uns 20 ou 30 anos à frente de 2050. No Brasil teremos que rediscutir o Código Florestal, e isso vai mitigar o problema, caso prevaleça o bom senso. Com a pressão política e econômica da fome (pois não vai haver comida suficiente para todos, e os alimentos ficarão mais caros ainda), o mundo será outro. A história da humanidade registra que muitas ditaduras, monarquias e governos poderosos caíram porque faltou comida ao povo, não foi apenas Maria Antonieta que perdeu o pescoço (ela também, por causa da ironia, "mal entendida" pelo povo, que não gostou do tom jocoso...), e os Césares já sabiam disso, daí o aforismo de "dar pão e circo ao povo", para que seja um povo feliz.

Pensar o novo, desta forma, implica não engessar as gerações futuras, significa entregar aos nossos filhos e netos um mundo tão bom como o recebemos, porém menos poluído, e menos neurótico. Esse pensar o novo acarreta um conceito filosófico de que se deveria desejar "ser", e não "ter", pois o ter, obrigatoriamente, implica num consumismo exacerbado.

Consumismo
O consumismo tem limites, não apenas na produção de alimentos, mas nas tais tecnologias com obsolescência planejada, a começar pela informática e celulares, no hardware e no software, pois nesse ritmo e velocidade a humanidade não vai longe, ela se projeta ao precipício apocalíptico, acreditem, sem nenhum pessimismo de minha parte. Haja espaço para tanto lixo eletrônico!

Portanto, pensar o novo implica em prever soluções para problemas, e para solucionar os problemas precisamos, primeiro, reconhecer que existe o problema, e que o principal problema do planeta hoje chama-se superpopulação, cujo crescimento demográfico precisa ter velocidade reduzida, cair quase a zero por alguns anos, estimulada por novas políticas públicas, sob o perigo de extinção da humanidade por esgotamento do planeta e de seus recursos naturais. Não duvidem de que o Clube de Roma volte a falar em decrescimento, seguindo as recomendações malthusianas, eles já fizeram isso, e os países desenvolvidos fazem isso há décadas, os pobres que se virem, conforme sugeriu Malthus! Na próxima solução, a ser proposta pelos ricos, o que de pior pode acontecer? Guerras, para extermínio em massa de milhões de bocas, talvez na casa do bilhão...

NOTA DO BLOGUEIRO: recebi hoje - 25-03-2013 - o e-mail abaixo, por si só explicativo:



Caro Richard,
Abaixo um parecer sobre o que estamos fazendo para atender a crescente demanda por alimentos.
Realmente, todos devem tomar atitudes para com o futuro.
Franke Dijkstra

“O impacto da produção”
Na história humana a produção de alimentos sempre de uma ou de outra forma contribuía para o esgotamento do solo. Este esgotamento, nas regiões tropicais, é observado bem mais rápido, motivo pela qual os produtores nestas regiões tropicais ou subtropicais, forçados pela natureza, adotam o Plantio Direto (PD) com maior facilidade.
 
Na Universidade de Kentucky (EUA) foi onde tudo começou, coordenado por Shirley H. Phillips, que, com sua equipe, chegou a um novo conceito de produção, o PD.

O plantio direto inverteu este processo de esgotamento, e desde o começo se mostrou como um sistema de produção com impacto positivo no solo, ano após ano ganhando mais vida, mais matéria orgânica e produção, isto representa ao nosso País, nos últimos 30 anos, um crescimento maior na produção de mais de 200% por ha.

A descoberta dos fertilizantes deu no passado um crescimento significativo nas produções de alimentos no mundo. Tentava-se manter a fertilidade na troca de minerais.

A primeira grande revolução com aumento da produção foi através do melhoramento genética de plantas: foi com Norman Borlaug, que atendeu a escassez de alimentos de 3 bilhões de pessoas nos anos 60.
A segunda grande revolução na preservação do solo e produção foi com o plantio direto. Na qual Shirley Phillips se destacou com suas experiências e ainda na divulgação do sistema, a quem queria fazer uso, e isso já está completando 50 anos. . Através do PD se conseguiu uma maior produção, atendendo a necessidade de alimentos dos 7 bilhões de pessoas atuais.

O que motivou os pioneiros do plantio direto a erigir o busto do “Em memória” a Shirley Phillips, da Universidade de Kentucky, que deu esta contribuição.
Com o apoio da Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha.
Foi por uma orientação Divina, uma Luz que abriu mais esta porta para atender estas necessidades...

Franke Dijkstra

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7 comentários:

  1. Bem lembrado,
    como alimentar esse oceano de gente?
    Mairson R. Santana
    Girassol Sementes

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  2. Você disse e lhe envio mil parabéns:
    “O fator limitante da produção de alimentos é terra agricultável e ainda a água e o sol, na ausência de um desses 3 fatores não existe agricultura. Dentro de 5 anos teremos de rediscutir o uso da terra, para amenizar as limitações do Código Florestal, pois a demanda de alimentos será gigantesca. Teremos que rediscutir o Código Florestal, e a logística da produção, estocagem e distribuição. Isso vai mitigar o problema, pois não vai haver comida suficiente para todos, e os alimentos ficarão mais caros ainda.”
    E eu faço minhas suas sensatas palavras, lembrando que tocos e troncos levam 20/30 anos para se decomporem permitindo então uma limpeza econômica para a produção mecanizada. Urge agir já!
    Mas quando V. cita Malthus “os pobres que se virem”, fico estarrecido pela implicação ética envolvida e um pensamento me ocorre: quando a fome incomodar os ricos, então estes irão encontrar solução para mitigar o problema.




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    1. Mestre Fernando Penteado Cardoso,
      obrigado pela sua visita ao blog e pelo comentário. Lembro que aqueles que citam Malthus apenas registram sua projeção de crescimento populacional maior do que a de alimentos. E esquecem, ou ignoram, que Malthus, o matemático e religioso inglês, recomendava aos reis de sua época que deveriam deixar os pobres "matarem-se e guerrearem-se", pela fome e pelas pestes.
      O Clube de Roma tem recomendado isto desde os anos 1990. Agora, os países ricos, com ou sem ética, não tenhamos dúvidas, vão provocar guerras para reduzir a população mundial. É estarrecedor! Os países ricos não terão alternativas. Não existe nenhuma tecnologia à vista para aumentar a produção de alimentos.
      abs

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    2. Quando Franke Dijkstra homenageou Shirley Plhillips em sua fazenda de Castro/PR, convidou-me para interprete junto aos admiradores brasileiros. Foi uma oportunidade única de conhecer esse pesquisador pioneiro do PD nos EUA, com base no paraquat que acabava de ser inventado pela ICI da Inglaterra.
      Lembranças de um passado agronômico.

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  3. Maurício Carvalho de Oliveira25 de março de 2013 às 14:07

    Vejo a questão populacional como um dos temas relevantes no cômputo geral dos problemas mundiais. O lixo que produzimos e ainda não tratamos, outro. Mas analisemos o mundo. A população do continente europeu é velha e não cresce mais. Casais na Itália e França, por exemplo, recebem benefícios governamentais para ter um filho. O Japão está senil, a China caminha rapidamente para o mesmo estado. No Brasil, o crescimento demográfico está sob controle, e também em breve seremos um país de velhos - veja estudos recentes do IBGE (sobre bônus populacional). As recomendações do chamado Clube de Roma, foram refutadas por muitos especialistas, assim como caíram por terra e por muitos anos as teorias do monge Malthus. Eu acredito no homem e na ciência, "na capacidade da ciência de se reinventar e se expandir a partir de suas próprias descobertas, um ingrediente fundamental para que a busca do conhecimento nunca chegue ao fim". A biotecnologia, a nanotecnologia, os alimentos a partir de novas fontes de novas matérias primas a exemplo das algas e um sem número de oportunidades que abre à inteligência humana, sem falar em nossa agricultura tradicional, com os incrementos tecnológicos cada vez mais dinâmicos e inovadores. Ademais, inúmeros pensadores e cientistas olham em outra direção com relação ao futuro da humanidade. Um deles - Gary Becker - disse "não subestimo a capacidade humana de atingir níveis cada vez mais elevados de produtividade. O mundo não ficará mais pobre nem faltará comida, como preconizam alguns. O planeta poderá até se tornar mais próspero".
    Eng. Agr. Maurício Carvalho de Oliveira
    Fiscal Federal / MAPA
    Brasília - DF

    COMENTÁRIO DO BLOGUEIRO:
    Maurício, sou otimista, como vc. Entretanto, seja na poluição, seja no esgotamento de alguns recursos naturais (o cobre já era, e temos hoje a fibra ótica...) a humanidade está cavando a própria cova. É só projetar as áreas de agricultura e ver que estamos perigosamente próximos dos limites, previstos para dentro de 30 anos. Não estou preocupado comigo e nem com vc, mas com minha neta...
    As grandes cidades estão explodindo, no trânsito caótico, na poluição, e algumas chegam a travar, como São Paulo em alguns dias. As políticas públicas não dão conta (nunca!) de atender a todos os necessitados em escolas, hospitais, segurança, transporte...
    Só discordo que a China vá envelhcer... E tem a Índia que vai ultrapassar a China dentro de menos de 10 anos, e de sobra os países que já citei.

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  4. José Claudio Oliveira, Luis Eduardo Magalhães, BA29 de março de 2013 às 14:07

    Muito bom.
    jco
    JCO Fertizantes

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  5. Vladimir Milton Pomar9 de abril de 2013 às 15:01

    Richard,
    Entendo que os cálculos sobre a população mundial, o consumo de alimentos e a perspectiva da fome são subdimensionados, porque não consideram a alteração significativa no consumo per capita, por parte do 1 bilhão de pessoas com sobrepeso (que comem por 2 bilhões, no mínimo) e dos 500 milhões de obesos (que comem por dois bilhões). Faça as contas: os sete bilhões de habitantes equivalem a 9,5 bilhões de consumidores de alimentos. Ainda que se "desconte" desse total o sub-consumo do 1 bilhão de famintos, teremos no mínimo 8,5 bilhões, e não sete, de
    equivalente-pessoas para alimentar.
    Há algum tempo escrevi um artigo sobre isso (mandei a vc por e-mail), que frustrou-me bastante, porque quem comentou a respeito só focou nas questões de saúde e de estética,
    deixando de lado o que considero mais importante, que é o prognóstico assustador
    dessa combinação enlouquecida de gente com muito dinheiro para comer/enorme oferta de alimentos/sedentarismo/estímulo permanente a comer comidas-porcarias etc., etc.
    Um abraço,
    VMP

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