segunda-feira, 10 de março de 2014

Safra indefinida

Richard Jakubaszko
Agro DBO nº 53 / março/14
Estamos na reta para o fechamento da safra de verão 2013/2014. O sufoco e as consequências da falta de chuvas com o veranico inesperado e prolongado ainda não terminou, eis que é necessário contabilizar perdas, e ao mesmo tempo dar os primeiros passos para o plantio da 2ª safra. Tomara que agora não chova mais do que o necessário.

Para posicionar os agricultores de todas as regiões do Brasil, Agro DBO traz "Safra indefinida" como matéria de capa, por ameaçar o recorde projetado, em trabalho da autoria do jornalista Glauco Menegheti, com uma panorâmica dos problemas observados em cada uma das mais importantes microrregiões estaduais dedicadas ao plantio de grãos, seja em termos de perdas por clima, pragas e doenças, logística e preços (ao clicar na capa da revista o leitor será direcionado ao site da Agro DBO, onde poderá ler / folhear a revista inteira, no sistema flipper).

Nesta edição, trazemos ainda uma significativa diversificação de temas relevantes aos produtores, como novas tecnologias em máquinas, uma interessante entrevista com José Fernandes Jardim Júnior, o novo presidente-executivo da Cocamar, cooperativa que profissionalizou seu quadro diretivo, e ainda as opiniões de nossos colunistas especializados.

Diante de inúmeras dificuldades alguns produtores rurais de outras regiões optaram por migrar para áreas de novas fronteiras agrícolas, e o especial “Novas Fronteiras Agrícolas”, elaborado pelo repórter Ariosto Mesquita, dá continuidade nesta edição ao segundo relato da série sobre o Araguaia, no sudeste do Pará, onde experientes agricultores do Mato Grosso do Sul transformam-se em pioneiros e apostam tudo em busca do sucesso na produção de soja e milho, mesmo que tenham de plantar soja no cascalho, prática impensável em regiões mais ao sul, ou até mesmo de se tornar pecuaristas e confinadores para dar vazão aos grãos.

Denunciamos nesta edição, na matéria "Institutos sucateados", do jornalista José Maria Tomazela, o descaso político dos governos estaduais dos estados de São Paulo e Paraná para com a pesquisa agropecuária, onde notáveis institutos de pesquisas, alguns centenários, entre eles o IAC - Instituto Agronômico de Campinas e o Instituto Biológico definham sem a reposição de trabalhadores de todos os níveis, inclusive pesquisadores. O desinteresse político, e também a má gestão pública nessa área, transforma cientistas em sucata humana sem importância e sem qualquer perspectiva de concretização de seus ideais e objetivos de trabalho, tornando-os uma caricatura social de cidadãos mal pagos, insatisfeitos e desmotivados, diante da inação do poder público.

Lamentavelmente, o assunto é recorrente, pois já havíamos reportado esses problemas em setembro/2011 na DBO Agrotecnologia nº 32.

Abaixo um vídeo do Portal DBO onde registrei um depoimento sobre o conteúdo da edição.


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7 comentários:

  1. José Carlos Arruda Corazza10 de março de 2014 às 22:50

    Richard,
    essa excelente matéria sobre a situação da pesquisa agrícola em São Paulo é muito triste! No vídeo você abre pouco a questão do jogo político, acho que deveria abrir um pouco mais, como é do seu estilo, e na reportagem da revista a questão política também não é aprofundada. Sem dar nomes aos bois responsáveis por essa calamitosa situação será que se consegue resolver isso? Esse ano com certeza, não. É ano de eleições, e é proibido conceder aumentos e abrir concursos públicos nesses anos. Quem sabe os tucanos se reelegem, até com o apoio dos pesquisadores...
    José Carlos Arruda Corazza, BH

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  2. Roseli B. Torres - Herbário IAC11 de março de 2014 às 11:44

    Prezado Jornalista Richard,
    em nome da Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo, APqC, agradeço a excelente reportagem e todo o seu empenho em trazer à luz o drama que vivemos nestes anos todos. Os Institutos de Pesquisa de São Paulo realmente estão à beira da falência, infelizmente, e não é por falta de mobilização dos seus pesquisadores e de tentativas infrutíferas de sensibilizar os sucessivos governos do Estado, inclusive com passeatas na porta do Palácio dos Bandeirantes, no MASP e discussões exaustivas na ALESP.
    Att.,
    Roseli B. Torres
    Herbário IAC
    Centro de Recursos Genéticos Vegetais
    Campinas, SP

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  3. José Alberto Caram de Souza-Dias, IAC - Campinas12 de março de 2014 às 21:22

    Estimado amigo Richard
    Parabéns pelas matérias na edição da Agro DBO – revista de leitura obrigatório no mundo do agronegócio.
    A matéria do colega Tomazela, sobre a triste situação dos Institutos de Pesquisa, como Agronômico, Biológico, e de Extensão CATI – Defesa , expressa e detalhada com exemplos o que diz o título. Ao ler, nota-se que não há no artigo apenas palavras escritas, mas sons de lamentos. Ouvem-se gritos e gemidos do sentimento da dor do autor, do leitor e de todos quem vivem a triste realidade.
    Faço coro nesse grito de alerta e de socorro para a necessidade urgente de contratação de pesquisador científico para reativar o Laboratório de Microscopia Eletrônica (parado já vário anos por falta de contratação de especialista na área) e de outro pesquisador científico para pesquisas no desenvolvimento de diagnose de viroses via técnicas Biológicas, Imunológicas e Moleculares. São áreas que existiam na ex-Seção de Virologia do IAC, atual Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Fitossanidade do IAC. São áreas de pesquisa com resultados inéditos registrados, publicados (Brasil e exterior) – transferiram importantes conhecimentos em viroses de diferentes culturas. Geraram contribuições técnico-científico e práticas, solucionando problemas. Contribuiu de forma efetiva na formação de técnicos – especialistas em Fitovirologia.
    A ex-Seção de Virologia (que contava com mais de 10 pesquisadores científicos na década de 60-meados de 70, foi perdendo e chegando hoje a ter apenas dois, com mais de 35 anos de dedicação.
    Vale ressaltar que a ex-Seção de Virolgia do IAC, foi uma das únicas citada pela FAO (Nações Unidas), nas décadas de 70-80 , como modelo exemplar para o estudos e desenvolvimento da ciência da Fitovirologia, a ser seguido mundialmente.
    Com tanta ameaça de novas pragas, e particularmente novas viroses (quarentenárias e exóticas), na iminência de serem introduzidas no Brasil, com potencial de desastre –perdas enormes na cultura da cana-de-açúcar, da batata, da mandioca, das hortaliças, das florestais e frutíferas, não tem como justificar a não contratação de especialistas nessas funções. São área de ciências consideradas pró DEFESA DA PÁTRIA.
    Como continuar assistindo, solicitando, conclamando, lamentando, porém, nunca se conformando ou se calando frente a essa triste realidade.
    Trabalho como o seu, de jornalismo sério e independente, encoraja, nos da força, para lutarmos contra a maré.
    Parabéns e fraternal abraço
    Caram
    José Alberto Caram de Souza-Dias (Eng. Agr. PhD)
    Pesquisador Científico – Virologista
    Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Fitossanidade
    APTA-Instituto Agronômico/Campinas (IAC)

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  4. Assessoria de Comunicação - Secretaria da Agricultura de SPaulo19 de março de 2014 às 14:54

    Com relação à reportagem publicada na Agro DBO, verificamos uma série de inverdades com relação à Apta – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios e à Cati - Coordenadoria de Assistência Técnica Integral.
    A começar pelo título “Institutos Sucateados”. O termo normalmente está associado à algo imprestável, sem valor, com estruturas destruídas, sem condições de uso. Pois bem. Os institutos aos quais a reportagem se refere foram alvo de investimentos superiores a R$ 77 milhões entre 2008 e 2013. Recursos aplicados pelo Governo do Estado em modernização, equipamentos e obras.
    Outros R$ 33 milhões vieram do PAC Pesquisa (2008-2010) via Embrapa, cujos recursos ainda estão sendo aplicados em obras, reformas, equipamentos. A FAPESP investe cerca de R$ 8-9 milhões por ano. Outros R$ 40 milhões por ano vêm da iniciativa privada, destinado a custeio de projetos. De 2008 a 2013, foram investidos, via Finep, R$ 19 milhões, para investimentos e custeio específico para projetos.
    Os investimentos em infraestrutura proporcionaram adequação e modernização de laboratórios, ações exigidas para obtenção de acreditação e/ou certificação das unidades. Isso ocorreu principalmente no IAC, ITAL e IB. A APTA soma cerca de 220 normas e procedimentos laboratoriais acreditados ou certificados. Essa instituição “sucateada”, como afirma a reportagem, é a instituição pública do País com maior número de normas e procedimentos credenciados e/ou acreditados com a ISO 17025.
    A Apta é também responsável por 1531 projetos de pesquisa – também a maior do Brasil neste quesito – nos segmentos de agroexportação, grãos e fibras, proteína animal, hortícolas, agronegócios especiais, desenvolvimento regional, agrometeorologia. Sem contar as inúmeras variedades lançadas em produtos estratégicos para o agronegócio paulista, como arroz, feijão, amendoim, seringueira, citros, mandioca, aveia, entre tantos outros.
    Além disso, podemos citar os mais variados projetos de desenvolvimento e transferência de tecnologias, como o sistema MPB – Mudas Pré-Brotadas de cana-de-açúcar – do Centro de Cana (IAC), cujas pesquisas são referência internacional, além de trabalhos com plantio direto, integração lavoura-pecuária (ILP) e lavoura-pecuária-floresta (ILPF), seringueira, orgânicos, entre outros.
    Dentre os investimentos realizados, deve-se destacar a modernização da frota, que tinha idade média de 15 anos. Com os novos recursos, a idade média caiu para 8 anos, com redução de despesas para manutenção dos veículos.
    segue...

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  5. Assessoria de Comunicação - Secretaria da Agricultura de SPaulo19 de março de 2014 às 14:57

    Com relação às declarações do pesquisador Dr. Raul Moreira, ou são de má fé, ou refletem total desconhecimento do que se passa nos Institutos.
    Esclarecemos que o IAC conta, no Centro de Frutas, com 8 pesquisadores, e mais 7 nos Polos Regionais. Quando ele se refere ao Polo de Negócios, está se referindo aos 14 Polos Regionais de Pesquisa, que abrigam também 18 Unidades Regionais, entre estações e laboratórios. Todas essas unidades têm um contingente de 182 pesquisadores, responsáveis por 420 projetos de pesquisa ao ano, nas diferentes áreas de interesse do Estado e das regiões onde estão localizados. Não temos a menor ideia de onde surgiu o termo Polo de Negócios.
    Sobre a frota de veículos, que “na época dele era de 120 e hoje é de apenas 20”, entendemos que ele esteja se referindo ao IAC, o que também não é verdade. A frota hoje é de 116 veículos, apenas no IAC. O total da Apta é de 508.
    Quanto à biblioteca do IAC estar fechada, isso de fato ocorre aos sábados e domingos. De segunda a sexta todas as bibliotecas dos Institutos estão abertas e com bibliotecárias no comando, como manda a legislação. Claro que hoje elas contam com muito menos servidores, até porque o volume de visitantes é de 2 ao dia. Reflexo da disponibilidade existente para consultas por meio da internet.
    Quanto às declarações do Dr. Joaquim Adelino, presidente da APqC, não temos como confirmar se há 20-25 anos a unidade de Monte Alegre tinha 100 experimentos de campo. Hoje, os pesquisadores da unidade, que são 7, são responsáveis por 26 projetos de pesquisa e colaboram com outros 35 projetos liderados por pesquisadores de outros institutos. Ou seja, o Polo é responsável pela execução de 61 projetos de pesquisa, o que não é pouco.
    Os recursos aplicados continuamente pelo Governo do Estado de São Paulo nos Institutos de Pesquisa da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, coordenados pela Apta, vêm mantendo o estado no posto de principal produtor agrícola nacional, maior exportador de mercadorias do agronegócio e detentor dos níveis mais elevados de produtividade total de fatores. Os impactos dos contínuos aumentos de produtividade e eficiência na produção agrícola, propiciados pela pesquisa agropecuária, beneficiam todos os setores da economia paulista, gerando empregos, renda e diminuindo desigualdades.
    segue...

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  6. Assessoria de Comunicação - Secretaria da Agricultura de SPaulo19 de março de 2014 às 15:02

    Com relação ao entrevistado, Sr. Sylmar Denucci, mencionado como “pesquisador e diretor do Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes da Cati”, esclarecemos que ele não exerce essa função na Coordenadoria. Ele é Assistente Agropecuário VI, atualmente diretor técnico de serviço do Núcleo de Produção de Sementes da cidade de Águas de Santa Bárbara e portanto, não atua na Fazenda Ataliba Leonel, no município de Manduri.
    Quando ele fala sobre a pesquisa do uso de óleo vegetal, especificamente óleo de girassol, como combustível de tratores e máquinas agrícolas, ressaltamos que a Cati deu todo o apoio à realização dos testes, inclusive levando para demonstração em feiras e exposições como Agrifam e Agrishow, a prensa para extração do óleo à frio e o trator movido a óleo de girassol.
    Sobre o projeto de produção de sementes de milho, hoje existe uma demanda cada vez maior pelo milho híbrido transgênico, inclusive pelos agricultores familiares que se constituem no maior nicho de mercado do DSMM.
    Quanto à utilização das áreas da Fazenda Ataliba Leonel, os dados disponibilizados pelo DSMM são:
    - 1.673 ha de área cultivada, sendo 480 ha irrigados por quatro pivôs centrais.
    - 145 ha de área de reflorestamento com essências exóticas,
    - 1.324 ha de mata nativa e áreas de proteção ambiental.
    - 67 ha de estradas e açudes e demais benfeitorias
    - 174 ha de pastagem para criação de bovinos.
    Assessoria de Comunicação
    Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
    Marina Mantovani

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    Respostas
    1. Marina,
      na revista Agro DBO a carta-resposta será publicada ainda mais resumida do que aqui no blog. Sua resposta é do tamanho da própria matéria.
      Entendo, todavia, a saia justa de todos vocês na Secretaria da Agricultura em relação ao assunto.
      Mantenho a afirmação, inclusive citada por mim no editorial da revista, e no texto acima, de que os "pesquisadores são verdadeira sucata humana", e estão desestimulados. E que não tem sido feita reposição, por falta de concursos públicos, nos últimos 10 anos.
      Essa questão sua resposta não esclareceu e nem informou.
      Que há dinheiro e investimentos, na Apta, e em outras áreas, ninguém tem dúvidas. Registramos na revista algumas glórias centenárias do IAC e IB, entre outros. O que existe é má gestão do dinheiro público, que prefere comprar veículos a contratar pesquisadores, pois pesquisa se faz com gente.

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