sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

2011: olha lá as promessas que você vai fazer...

Richard Jakubaszko
Olha lá sobre quais os tipos de promessas que você está fazendo para 2011.
Para ter um feliz 2011 siga este decálogo...

1 = evite problemas





















2 = encare desafios


















3 = concentre-se no trabalho.




















4 = faça exercícios
























5 = ajude o próximo

















6 = cuide dos amigos














7 = planeje, esteja preparado para momentos difíceis.

















8 = relaxe, descanse bastante.













9 =  sorria, sempre.

















10 = acredite, nada é impossível pra você.




 

 
  e comemore muito com os amigos...

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Jeep, habilidade nunca vista.

Richard Jakubaszko
Para quem desconhece, porque é muito jovem, houve uma época na história do planeta em que havia um veículo conhecido como jipe, que era mais de uso militar, mas que tinha um charme incrível. Com o tempo o seu uso foi adotado por jovens nos anos 1960 até 1980. Era o Jeep, no Brasil fabricado pela Willys, que, pela pronúncia aportuguesada, deu nome ao jipe. Mecânica simples, ágil, muito resistente, além de charmoso. Tinha tração 4 x 4, andava em qualquer tipo de terreno, pedregoso, lamacento ou arenoso, esburacado, subia até em poste!

Pois neste vídeo aí embaixo você assiste a uma demonstração do charme e da simplicidade do Jeep. Aconteceu em Halifax, no Canadá, uma prova de habilidade em que 6 soldados chegam no Jeep, numa ruazinha de uma típica cidade do interior, param, descem e desmontam totalmente o Jeep, e depois o remontam, tudo isso em menos de 4 minutos... Pra ser mais preciso, 3 e 1/2 minutos...


sábado, 25 de dezembro de 2010

Wikileaks: documentário sobre o novo mundo da informação.

Richard Jakubaszko 

Wikileaks, você já ouviu falar, mas não entendeu ainda o que é e como funciona? Afinal, quem é Julian Assange, o líder desse grupo? 
Wikileaks é um novo mundo que se descortina, mostrando o quanto devemos mudar na questão da informação e da prática do jornalismo, incluindo a blogosfera. Depois de assistir ao documentário a seguir, dividido em 4 partes, de mais ou menos 10 minutos cada um, você vai perceber o mundo de uma maneira diferente.

Informação isenta e jornalismo responsável, com credibilidade, é o registro sobre o que de fato acontece e não a versão de um press release ou sugestão de pauta das assessorias de imprensa, para que se publique a história de acordo com o que desejam os poderosos. A história sempre foi escrita pelos vencedores, ou melhor, pelos poderosos de plantão, conforme suas versões, desejos e conveniências. Há muitas mentiras e versões na história da humanidade.

Não é à toa que esses poderosos esperneiam e esbravejam, mundo afora. Tentam desqualificar Assange por via transversal, hipocrisia pura. Tudo o que os EUA deseja é importar Assange (que é australiano) da Europa, para puni-lo pelo crime de estupro consentido cometido na Suécia contra uma venezuelana (só porque a camisinha estourou, e isso na Suécia é crime...).

Se conseguirem extraditar Assange vão colocá-lo numa prisão por fornicar com uma venezuelana, na Suécia. Ou será porque Assange denunciou as mentiras dos porões do poder dos xerifes do mundo?

É hilária a atitude americana. Mas parecem ter dividido, num primeiro momento, o grupo responsável pelo Wikileaks. O Wikileaks pode até desaparecer, implodir pelo egocentrismo de Assange, mas outros o seguirão, há demonstrações inequívocas disso.
PARTE 1/4 = legendado
_
PARTE 2/4 = legendado


PARTE 3/4 = legendado



PARTE 4/4 = legendado

_

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Feliz Natal! E um grande abraço!

Richard Jakubaszko
Feliz Natal a todos os visitantes do blog!
Que as alegrias do Natal perdurem por todo o ano de 2011.
Lembro apenas: não esqueçam do aniversariante!




PS. Acima a maravilhosa foto que encaminhei este ano como mensagem de Natal aos amigos e clientes. 
Como tem gente distraída nesse mundo... 
Alguns me retornaram e-mail perguntando qual é a data meu aniversário... (Perco os amigos, mas não perco a piada...)
Outros, distraídos, mas irônicos e com veia humorística, me perguntavam o que eu queria de presente pra fazer essa campanha toda...
_

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Os gigantescos desafios da agricultura

Richard Jakubaszko 
Recebo e-mail do meu amigo Roberto Araújo, da Basf, no qual informa que a empresa produziu um vídeo e publicaram o mesmo no Youtube para visitação dos interessados.
O vídeo mostra com simplicidade de comunicação e dados estatísticos tudo aquilo que tenho escrito aqui no blog, desde 2007, sobre a necessidade de se produzir alimentos.

A ficha técnica do vídeo:
Cliente: BASF Agro
Produto: Institucional
Título: Um Planeta Faminto e a Agricultura Brasileira
Direção de atendimento: Alberto Meneghetti (e21/MTCom)
Roteiro: Roberto Araújo (BASF)
Produção: Maristela Mello e Janine Xavier
Produtora: ZAP Filmes
Aprovação: Adriana Book e Roberto Araújo
Categoria: Science & Tecnology


Vejam lá, vale a pena:



domingo, 19 de dezembro de 2010

IPCC: mais um "mea culpa".

Richard Jakubaszko
O IPCC admitiu o erro e anunciou a reavaliação do tamanho da culpa do boi e da vaca no aquecimento planetário. Sugere, assim, novos estudos, pois "a redução dos rebanhos bovinos traria como consequência apenas falta de carne e leite". 

Este é o segundo mea culpa dos cientistas do IPCC. O jornal da TV Cultura anunciou em sua edição na última sexta-feira, dia 17/12, assista abaixo, que os os índices estão incorretos e atribuem um peso demasiado de emissão de gases de efeito estufa - GEE - às vacas e bois, no caso a emissão de metano.
Não vi essa notícia em nenhum outro telejornal, nem tampouco em qualquer jornal impresso, ou mesmo em suas web versões.

Aos poucos o IPCC vai "caindo na real", e perde totalmente a credibilidade, em minha humilde opinião. Fui um dos primeiros contestadores de toda essa estapafúrdia acusação do aquecimento global. Publiquei aqui no blog, em dezembro 2009, o artigo"Indefinições da ciência em tempos de COP15", veja lá http://richardjakubaszko.blogspot.com/2009/12/indefinicoes-da-ciencia-em-tempos-de.html
 
O IPCC, desde 2009, nem fala mais em aquecimento, apenas a mídia repete monocordiamente o refrão. Agora o IPCC fala em "mudanças climáticas" e em "eventos extremos". A palhaçada da redução do CO2, entretanto, continua nas manchetes.

Fotos de FoodScapes

Richard Jakubaszko
FoodScapes
O fotógrafo britânico Carl Warner produziu uma série de fotografias fantásticas (utilizando apenas alimentos para formar os seus cenários), que designou por "foodscapes".
Estas "foodscapes" [expressão que resulta da união das palavras food (alimentos) e landscape (paisagem)], mostram cavernas marinhas, florestas, montanhas, praias ao pôr do sol e até rios e cachoeiras, usando apenas alimentos comuns, tais como, frutos, legumes, queijos, etc.

O fotógrafo já é conhecido na vizinhança de sua casa, em Kent, Inglaterra, por passar horas na quinta, procurando os melhores legumes para compor os seus cenários.
Para realçar o seu aspecto tridimensional, as fotos são feitas sobre mesas de 1,2 por 2,4 metros. Além disso, elas são registadas em "camadas", para evitar que os alimentos murchem antes de conseguir a foto final.

"Eu gosto do modo como os pequenos aspectos da natureza se parecem com os grandes", diz Carl Warner.

Este é um trabalho notável, não só do aspecto fotográfico, mas essencialmente do aspecto artístico de elaboração e composição dos cenários.

Os ingredientes comestíveis nesta cena rural, incluem um carrinho feito de fatias de lasanha, campos de macarrão, e nuvens de mozzarella. As árvores são feitas com pimentão, salsa e manjericão. Ao fundo, no monte, um pequeno povoado feito de queijo.















Nesta floresta, as árvores são feitas de brócolos, com ervilhas penduradas e as estradas são pavimentadas com cominho. O jardim é feito de ervas e as montanhas são feitas com pão. Nuvens de couve-flor adornam o céu.















No interior desta caverna marítima, existem diversos mariscos apetitosos. As "rochas" são feitas de pão, mas, no fundo do mar, elas são feitas de couve-flor. O pequeno barco é uma vagem de ervilha.








 O mar vermelho desta praia, ao "pôr do sol", é feito de fatias de salmão. As batatas e o pão formam as rochas. Um barquinho feito com vagem de ervilha completa o cenário.















As casas de queijo com toldos de macarrão, vendem tomates, azeitonas, amêndoas de casca, e outros legumes e verduras. As pedras feitas de pão formam esta ruela, com céu azul e nuvens brancas feitas de mozzarella.


















Interior de uma casa rural com muitas verduras e legumes. Da janela podem avistadas casas feitas de queijo, sendo também de queijo as cortinas da janela e a toalha da mesa.


















À primeira vista nem nos apercebemos de que as montanhas são feitas de pão… também as pequenas pedras são feitas de fatias e de miolo de pão.
A casinha é feita com queijo.














Para terminar esta viagem através dos "foodscapes" de Carl Warner, um cenário montanhoso com neve. O trenó, feito com biscoitos do tipo grissini, está já carregado com pedaços de presunto e pronto para ser puxado através dos trilhos de neve feitos com fiambre e mortadela, deslizando por entre as árvores feitas de fatias de bacon e rochas feitas com pão.





















 

Os trabalhos do fotógrafo inglês Carl Warner me lembram da obra de Giuseppe Arcimboldo, pintor italiano renascentista, que viveu entre os séculos XV e XVI, e que inovou pintando pessoas formadas pela composição de legumes, frutas, verduras e flores. Vejam abaixo 3 quadros (óleo sobre tela) de Arcimboldo:


quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Definições do trivial

Richard Jakubaszko
Definições diferentes, inusitadas e criativas. Alguém aí tem alguma definição boa para outras coisas triviais?

Status:
é comprar uma coisa que você não quer, com um dinheiro que você não tem, para mostrar pra gente que você não gosta, uma pessoa que você não é.

Sexo:
é aquilo que quando é bom é ótimo. Mas mesmo quando é ruim ainda é muito bom.

Chefe:
é aquele que vem cedo quando você vem tarde, e tarde quando você vem cedo.

Homem:
é aquele que sonha ser tão bonito quanto a mãe acha que ele é; ter tanto dinheiro quanto o filho dele acha que tem; ter tantas mulheres quanto a mulher dele acha que ele tem; e ser tão bom de cama como ele acha que é.

Casamento:
é uma tragédia em dois atos: civil e religioso.

Uísque:
é o melhor amigo do homem. É o cachorro engarrafado.

Mulheres:
são umas chatas, os homens as levam para passear, dançar, jantar fora, ao cinema e mesmo assim, ainda vivem reclamando que eles nunca as levam a esse tal de orgasmo.

Distraído:
é aquele sujeito que na hora de dormir, beija o relógio, dá corda no gato e enxota a mulher pela janela.

Indigestão:
é uma criação de Deus para impor uma certa moralidade ao estômago.

Advogado:
é o sujeito que salva os vossos bens dos inimigos, e os guarda para si.

Idoso:
é aquele que quando jovem costumava ter quatro membros flexíveis e um duro. Agora tem quatro duros e um flexível.
_

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

2011: corrente pra frente!

corrente despachada por Vera Ondei, da DBO:

A todos meus amigos, familiares e conhecidos...       
Meus amigos, muito obrigado pelas 4512 correntes que me foram enviadas até agora!!! Neste ano, graças a elas, tomei algumas atitudes que mudaram minha vida:

1. Já não saco dinheiro em caixa eletrônico porque vão me colar um adesivo amarelo ou jogar uma linha no meu ombro e quando eu dobrar a esquina vão me roubar;

2. Já não tomo coca-cola porque me avisaram que serve pra limpar mármore e que um cara caiu no tanque da fábrica e ficou totalmente corroído;

3. Não vou ao cinema com medo de sentar numa agulha contaminada com o vírus da aids;

4. Estou como uma inhaca de gambá violenta porque desodorante causa câncer de mama;

5. Não estaciono o carro em shopping center porque fico com medo de cheirar perfume e ser sequestrado;

6. Não atendo meu celular com medo que alguém peça para digitar 5533216450123=t4rh2 e eu tenha que pagar uma fortuna de ligação para o Irã, ou então ouça um analfabeto dizer que sequestrou minha filha enquanto outro analfabeto bandido fica gritando que nem um viado?... Ai pai, ai pai;

7. Não como mais bigmac, pois é tudo feito com carne de minhoca com anabolizante;

8. Não como mais carne de frango, chester e nem vou ao KFC, pois os frangos foram alterados geneticamente, tomam hormônios femininos e têm seis asas, oito coxas e não têm bico, penas nem cabeça;

9. Não saio com mais ninguém porque tenho medo de acordar na banheira cheio de gelo e sem meus rins;

10. Refrigerante em lata, nem pensar!!! Tenho medo de morrer de leptospirose do mijo de rato;

11. Não tenho mais nenhum tostão, pois doei tudo para a campanha em prol da operação da Nildinha, que é uma menina que precisa fazer uma operação urgente, que só tem mais dois meses de vida (desde 1993);

12. Escrevi em 500 notas de R$ 1,00 uma mensagem para a nossa senhora da frieira, para me dar muito dinheiro, e acabei perdendo umas 20 notas, pois eu escrevi demais;

13. Este mês devo receber o meu celular ericsson, por ter repassado os e-mails para 2.399 amigos, e mês que vem recebo os US$1,000.00 da aol e da microsoft, além do notebook da ferrari e dos prêmios da nestlé;

14. Não bebo mais refrigerante kuat, pois ele tem uma substância que causa câncer;

15. Jesus e Nossa Senhora já devem estar morando lá em casa de tanta visita deles que recebo por e-mail;

Então, queridos criadores de correntes, se vocês não passarem esta corrente, para cento e quinze mil amigos, em exatos cinco minutos, um urubu vai te cagar na cabeça, e você vai viver doente pro resto da vida!!!
_

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O Jaguar: o Rei das Américas.

Richard Jakubaszko
Livro faz a história da onça-pintada

(Metalivros preenche lacuna com lançamento sobre mais possante animal das Américas)
A Metalivros lançou Jaguar: o Rei das Américas, livro que reúne pela primeira vez os aspectos biológicos e antropológicos sobre o mais possante e imponente animal das Américas. O lançamento ocorreu na Livraria Martins Fontes, na Av. Paulista (preço de capa: 89,00). Com texto bilíngue (inglês ao final) do pesquisador da Embrapa Monitoramento por Satélite, Evaristo Eduardo de Miranda e da jornalista Liana John, a obra vem preencher uma lacuna literária no Brasil sobre o jaguar (Panthera onca), a onça-pintada.
Jaguar não interessará apenas aos brasileiros, mas a todos do continente americano. Divide-se em duas partes: a biologia e a ecologia da espécie, com texto de Evaristo, e os mitos e os significados culturais, de Liana John. Os autores do texto, casados há 24 anos, se uniram literariamente pela primeira vez para conduzir o leitor nessa abordagem singular e fascinante sobre o tema. A publicação tem belo projeto gráfico de Victor Burton, 300 páginas em papel couché fosco e 189 magníficas ilustrações e fotos de diversos autores nacionais e estrangeiros, entre eles Fabio Colombini e Ronaldo Graça Couto, editor da Metalivros e criador do projeto.

A associação da força bruta contida na majestade felina dos movimentos, o olhar fixo ao espreitar a caça, a beleza de formas, o porte, a pele camuflada e a genética predadora perfeita estabeleceram o grande reinado panamericano da espécie, mantida por milhares de anos no topo da cadeia alimentar, alterado apenas após a introdução do poder da pólvora nas Américas.

Jaguar, o livro, descreve casos emocionantes do perigoso contato entre o homem e a fera, muito antigos como o do padre austríaco Antonio Sepp (1655-1733), até recentes, como do o agricultor amazônico Ivanildo Reis, 28 anos, que virou mito em março de 2010, quando venceu a onça num corpo-a-corpo, com ajuda de oito cães ferozes. Fatos históricos como a relação entre a pecuária e o jaguar, além da presença da espécie pelos países do continente também fazem parte da obra, que alerta para a urgência de conservação da espécie em seu habitat, já reduzido à metade do império iniciado há cerca de 10 mil anos: hoje a onça-pintada se espalha por 9 milhões de km², sendo 50% dessa área no Brasil.

O reflexo cultural dessa longa jornada evolutiva está na segunda parte da obra, onde numerosos mitos, lendas e representações das mais diversas regiões das Américas são reunidos, trazendo pistas do fascínio exercido pelo jaguar sobre todos os povos. O texto chega ao presente, relatando alguns casos em que a divindade a ser reverenciada quando se pede chuva ainda é a onça-pintada, além dos aspectos pitorescos do mundo dito civilizado, a exemplo da escolha do nome do felino para o elegante automóvel que permanece um sonho de consumo 75 anos após seu lançamento e, ainda, abrange as menções literárias à onça e seus significados. O grande escritor João Guimarães Rosa (1908-1967), por exemplo, criou o neologismo onçar, para definir o estado de fúria de quem perde a razão e “vira onça”. E quem não se lembra do Amigo da Onça o genial personagem de Péricles de Andrade Maranhão, caracterizado pela falsidade?

A obra reúne a mais ampla iconografia sobre o jaguar jamais publicada em termos mundiais, tanto do bicho real quanto das variadas formas de cultuar a espécie, com ênfase nas culturas pré-colombianas que foram povoadas por deuses e guerreiros-jaguar.  
Realizado com recursos da Lei Rouanet, patrocinada pela Imprensa Oficial do Rio de Janeiro e pela Teadit. À venda nas boas livrarias.
_

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Wikileaks: o estupro da hipocrisia.

Richard Jakubaszko
Esse episódio do vazamento de correspondências diplomáticas, na minha opinião, é o estupro da hipocrisia. Significa que diplomatas, poderosos e governantes, podem dizer e escrever, à boca pequena, qualquer coisa. Só não se pode divulgar... Ou seja, pode-se fazer o que se quiser, só não se pode comentar ou publicar... 
Ou seria "ciúme de homem" da parte da grande imprensa, que perdeu o furo jornalístico? Aquele ciúme que é mais "marvado" que ciúme de mulher, por causa de não ter sido...
O tal do blog Wikileaks está mais comentado que o escorregão do padre na missa de domingo, lá de cima do altar, quando a batina cobriu-lhe a cabeça e deixou antever uma calcinha feminina vermelha e vergonhosamente rendada por debaixo dos paramentos...

Consta por aí que é o "evento mais comentado" do pós-Segunda Guerra mundial. Pelo menos na grande mídia e na blogosfera.

Me diverti muito ao saber de comentários de diplomatas americanos sobre a mídia e o governo brasileiro, que são os únicos no planeta a darem essa importância toda aos ditos e ameaças do IPCC, ONGs e demais ambientalistas. Não há lugar no mundo que se fale mais em CO2 e aquecimento do que na mídia brasileira. É uma ameaça diária, verdadeira antecipação do Apocalipse...
Fora isso, conforme publicado no Mulheres de Fibra, cadê os vazamentos das malas diplomáticas sobre os conflitos de Israel? Ou a grande mídia (NYT, Fox, CNN, Le Monde, Der Spiegel, The Guardian, El País, etc., etc.), por ter maioria de capital judeu, prefere omitir?
Viva a hipocrisia! Viva a nossa mídia, eternamente submissa aos grandes interesses externos.
Fazer pode, o que não pode é publicar e comentar...
Lula pede manifestação pela liberdade de expressão no caso Wikileaks

Lula: "eu não estou vendo nenhum protesto contra a liberdade de expressão..."
Saiu hoje, 9/12/2010, no Folha Online: 
Lula pede manifestação contra prisão do criador do WikiLeaks
SIMONE IGLESIAS, DE BRASÍLIA 
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira que deveria haver protesto contra a prisão de Julian Assange, proprietário do site WikiLeaks que vem vazando documentos diplomáticos. Afirmou que o erro não é dele que divulgou, mas dos diplomatas que fizeram os documentos. 

“O que acho estranho é que o rapaz que estava desembaraçando a diplomacia foi preso e eu não estou vendo nenhum protesto contra a liberdade de expressão. Não tem nada contra a liberdade de expressão de um rapaz que estava colocando a nu um trabalho menor que alguns embaixadores fizeram”, disse, durante balanço do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), no Palácio do Planalto.
  _

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O primo que morava longe

O primo que morava longe
Douglas Lisboa Melo
Desde que o primo Richard voltou prá São Paulo, que a gente nunca mais se viu. Ele voltou prá o lugar onde nasceu, e eu continuei levando a vida no interior do Rio Grande do Sul (São Gabriel e Santa Maria). Isso já faz quarenta anos. 
Uma vez precisei de um remédio que só era manipulado em São Paulo, e o primo gentilmente colocou no malote prá mim. Outra vez estivemos muito preocupados com o estado de saúde dele depois de um grave acidente doméstico, e daí em diante as notícias passaram a ser esporádicas, sempre através do irmão dele, meu primo Robertinho-Toco que mora em Porto Alegre.

Me lembrei de quando eles ainda eram pequenos, e a minha tia Lourdes, mãe deles faleceu. A minha mãe, grávida de um dos meus nove irmãos, viajou com meu pai, num avião monomotor da Varig, prá Porto Alegre. Naquela época se levava mais de 12 horas de carro até a capital.

Foi o Toco que me disse para clicar na Internet. Coloquei no Google o nome Richard Jakubaszko e a história de vida do meu primo se abriu à minha frente, acabando com a imaginária distância nas nossas vidas. Aos 60 está enxutaço o primo Cadinho, com a fisionomia bem distribuída entre os Lisboa e os Jakubaszko do tio Ricardo. Com um currículo invejável, muitas histórias prá contar, duas filhas formadas, uma neta de cinco anos linda, ele está finalizando o seu terceiro livro e com muitos seguidores no seu blog.

Aquela imagem do meu primo morando longe acabou, ele está perto como nunca esteve. Lembrando de distâncias e saudades, da tia Lourdes e do tio Ricardo, da Varig, do Cadinho trabalhando na revista A Granja em Porto Alegre, dos quilômetros até São Paulo, eu me consolo pensando que com esse incrível mundo virtual de hoje, os nossos amigos e parentes que moravam longe, estão de nós, apenas à distância de um clique.
_
Comentário do blogueiro: tenho perto de 40 primos vivos, só por parte de minha mãe, e se todos forem escritores como o Douglas este blog não vai mais precisar convocar colaboradores. Aos que se surpreenderem com meu sobrenome Lisbôa, o qual não uso por não ter sido assim registrado, vou já informando aos piadistas de xistes lusitanas o porque de os brasileiros contarem tantas piadas de português, conforme me informaram em Portugal, no ano passado: "é que são as únicas que eles entendem".
ET. Quem mora longe é o Douglas...

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Ciência brasileira: principal matéria da Science

Ciência brasileira é a principal matéria da prestigiosa Science
por Conceição Lemes
2 de dezembro de 2010

Ter trabalho mencionado ou publicado na Science é o sonho de todo cientista. Pudera. Publicada pela Associação Americana pelo Avanço da Ciência (www.aaas.org), é a mais prestigiosa revista de ciência do mundo, ao lado da Nature , inglesa.

A triagem é rigorosíssima. Os critérios para publicação, científicos, mesmo.
Imaginem ser o tema de uma reportagem de seis páginas. É o supra-sumo.
Pois a edição 331 da Science, que começou a circular nessa tarde, dedica seis páginas à ciência brasileira. É a principal reportagem da edição. Nessa magnitude, é a primeira vez que isso acontece na publicação que já teve como um dos seus editores o genial Thomas Edison (1847-1931), criador da lâmpada elétrica, do fonógrafo e do projetor de cinema, entre outras invenções.
A reportagem começa e termina por Natal (RN). Mais precisamente no município Macaíba, que sedia o Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lilly Safra, mais conhecido como Centro do Cérebro, implantado pelos neurocientistas Miguel Nicolelis e Sidarta Ribeiro.

A reportagem destaca também, entre outras,  as pesquisas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Petrobras e da Amazônia. Sinceramente emocionante. Uma demonstração clara de que:
1) Lá fora, estão de olho no que se faz aqui.
2) É preciso mudar o modo de gestão científica no Brasil.
3)  A Universidade de São Paulo, apesar de ter grande produção científica, está perdendo espaço. Nenhuma pesquisa da USP foi destacada. Sinal de alerta de que há algo errado.
4) O que o Brasil está fazendo em termos de ciência tem sentido.
5) A visão do  Centro de Natal de que ciência é  agente de transformação social convenceu até os gringos, apesar de ela ainda sofrer resistência e bombardeio de setores da academia brasileira.
A propósito, todos os aspectos da Ciência Tropical estão no artigo da Science. Sinal de que ela é futuro.
Confira você mesmo. Segue a íntegra da tradução do artigo da Science, exceto os quadros.

Ciência brasileira: de vento em popa.
Uma economia vigorosa e descobertas de petróleo estão impulsionando a pesquisa no Brasil a novas alturas. Mas as lideranças científicas precisam superar um sistema educacional fraco e um histórico de pouco impacto
NATAL – De pé, braços abertos, Miguel Nicolelis aponta para uma escavação retangular na terra seca nos arredores da cidade litorânea brasileira de Natal. “É aí que vai ficar o supercomputador”, diz ele. E indicando uma área ainda coberta de mato, acrescenta: “ali é o complexo esportivo”.

Nicolelis é o cientista mais conhecido do Brasil. Neurobiologista da Universidade Duke, em Durham, Carolina do Norte, ele tornou-se famoso depois de experiências espetaculares que usam sinais emitidos por cérebros de macacos para fazerem robôs andarem. Mas quando apresentou, em 2003, seus planos de criação de um instituto de neurociência em uma região atrasada do Nordeste do país, poucos acreditaram que poderia dar certo (Science, 20 de fevereiro de 2004, p. 1131).

A ideia era combinar ciência de ponta com uma missão social: desenvolver uma das regiões mais pobres do Brasil. Nicolelis, que atualmente passa parte do ano no país, mostra-se ansioso para oferecer ao visitante uma “prova categórica” do sucesso. Ele pôs a mão na massa e construiu duas escolas de ciência para crianças mais uma clínica de atendimento materno, e recrutou 11 neurocientistas PhD para dirigir laboratórios numa sede improvisada. Dentro de alguns meses, diz ele, US$ 25 milhões de recursos  federais brasileiros vão começar a escoar para seus terrenos arenosos, criando um vasto complexo de neurociência que Nicolelis chama de seu “Campus do Cérebro”.

“No Brasil, precisamos da ciência para construir um país”, diz Nicolelis, um entusiasmado nacionalista cujas paixões incluem usar um boné verde do clube de futebol Palmeiras e entornar jarras de suco de maracujá amarelo. “Este lugar vai criar a próxima geração de líderes brasileiros.”

Alguns continuam a achar excêntrica a ideia de Nicolelis. Mas o momento não poderia lhe ser mais propício. Nos últimos 8 anos, o maior país da América Latina começou a viver uma grande expansão. Sua economia está crescendo de maneira acelerada e ele se tornou um ator nos assuntos mundiais, festejando um surto sem precedente de autoconfiança. O país vai receber a Copa do Mundo de Futebol de  2014 e os Jogos Olímpicos dois anos depois.
Os bons tempos estão beneficiando a ciência, também. Entre 1997 e 2007, o número de papers brasileiros em publicações indexadas, avaliadas por pares mais que dobrou, para 19.000 por ano. O Brasil figura hoje em 13º em publicações, segundo a Thomson Reuters, tendo ultrapassado Holanda, Israel e Suíça. Universidades brasileiras formaram duas vezes mais doutores este ano do que em 2001, e milhares de novos empregos acadêmicos foram abertos em 134 novos campi federais.

Trata-se de uma inversão da sorte para um país que durante os anos 1990 teve de enfrentar problemas econômicos terríveis. Naquela época, os pesquisadores mendigavam fundos; o Brasil chegou a ter sua bandeira retirada do logotipo da Estação Espacial Internacional depois de não conseguir financiamento para construir seis componentes. “Nós estávamos pensando cada vez menor”, diz Sérgio Rezende, ministro da Ciência e Tecnologia nos últimos cinco anos. “Se não conseguíamos resolver pequenos problemas, como poderíamos resolver os grandes? Agora estamos em condição de pensar grande novamente.”

O combustível que impele a ciência no Brasil é um imposto de P&D sobre grandes indústrias; ele aumentou o orçamento do ministério de Rezende de US$ 600 milhões, há uma década, para US$ 4 bilhões. A companhia de petróleo nacional, a Petrobrás, é a maior contribuinte. O Brasil reiniciou seu programa de pesquisas nucleares em 2008, após 20 anos de calmaria, e, em outubro, uma delegação viajou a Genebra para negociar uma associação com o CERN. Com a economia brasileira crescendo a uma taxa de 7%, neste ano, o país pode se dar ao luxo de pagar US$ 14 milhões por ano para isso.

Cientistas daqui dizem que seus argumentos em prol de mais educação, inovação e tecnologia foram ouvidos na capital, Brasília, e esperam que os orçamentos continuem crescendo sob o comando da presidente eleita Dilma Rousseff, a primeira mulher a ocupar esse posto no país. Segundo autoridades da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), até 2020 o Brasil deve dobrar ou triplicar a produção de alunos, de papers e os investimentos e se tornar uma força “formidável” em ciência. Autoridades federais querem ver o Brasil entre os 10 principais países produtores de ciência do mundo.

Mas o Brasil ainda não é formidável. Como o instituto de Nicolelis ­– onde a construção está com um atraso de anos no cronograma – a produção científica brasileira segue atrás de suas ambições. O país produz poucos papers de alto impacto e apenas um filete de patentes. Seu sistema de educação pública primária e secundária está em frangalhos, deixando o país de 195 milhões de habitantes cronicamente carente de trabalhadores técnicos.

“Precisamos ser lúcidos e não cair num discurso de vitória”, ressalva Sidarta Ribeiro, um neurocientista formado na Rockfeller University em Nova York e cofundador do instituto do cérebro de Nicolelis. “Em termos de impacto, somos marginais. O discurso externo para o mundo deveria ser que estamos interessados em ciência e estamos progredindo. O discurso interno deveria ser, ´Vamos melhorar. Vamos focar no mérito`.”

Tempos de expansão
O Brasil está claramente se destacando na América Latina, como mostram os indicadores. O país responde hoje por mais de 60% de todos os gastos em pesquisa na América Latina, e os cientistas brasileiros escrevem metade dos papers. A burocracia científica do Brasil é influente, também, contando com um ministério próprio desde 1985. Esse é um passo que a Argentina só deu há três anos e que a vizinha Bolívia está discutindo atualmente. “O Brasil é o único exemplo na América Latina em que 1% do PIB vai para P&D e o ministro da Ciência e Tecnologia é um físico que ainda publica. Assim, o Brasil é o farol”, diz Juan Asenjo, presidente da Academia Chilena de Ciências.

A globalização dos mercados também está operando em favor do Brasil. Como em outros países latino-americanos, a base de pesquisa do Brasil é pesadamente orientada para agricultura, ecologia e doenças infecciosas – ele é o primeiro do mundo em publicações relacionadas a açúcar, café e suco de laranja. A indústria pecuária brasileira produz 33% dos embriões bovinos do mundo. Pesquisa outrora secundária, hoje ela está crescentemente bem situada para abordar preocupações globais com produção de alimentos, mudanças climáticas e conservação.

Nicolelis diz que vê uma “maneira tropical emergente de fazer ciência” movida pela pesquisa em energia renovável, agricultura, água e genética vegetal e animal. “Essas são as questões definidoras do planeta, e, acreditem ou não, os players estão bem aqui”, diz Nicolelis.

A pesquisa biológica é uma área de crescimento acelerado. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, empresa estatal de pesquisa agrícola conhecida como Embrapa, pretende contratar 700 novos pesquisadores neste ano. A Embrapa é considerada uma das unidades de pesquisa agrícola de primeira linha do mundo e seu orçamento de US$ 1 bilhão é hoje do mesmo porte do orçamento do Agricultural Research Service do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. “Nunca vi tantos recursos para a ciência como nos últimos cinco anos”, diz Maria de Fátima Grossi de Sá, uma geneticista de plantas que recebeu recentemente US$ 1,5 milhão para desenvolver uma planta de algodão transgênica.

De Sá trabalha na estação de pesquisa da Embrapa em Brasília, que também está concluindo testes de uma soja resistente a herbicidas que será a primeira planta geneticamente modificada projetada por cientistas brasileiros a chegar ao mercado. A demanda por cientistas PhD está tão elevada que De Sá diz que é difícil encontrar alguns para assumirem cargos de pós-doc. “Nós passamos muito rapidamente da dificuldade de colocar PhDs a ter verbas sem receptores.”

A Embrapa está finalizando a construção de um centro de agroenergia de quatro andares e custo de US$ 15 milhões que empregará 100 pesquisadores no campus de Brasília. Um objetivo é transformar os 22 milhões de hectares de soja do Brasil em produtos mais valiosos como o biodiesel.

“Nós captamos energia solar e a transformamos em outras formas de energia. Achamos que podemos mudar muito rapidamente da agricultura voltada à produção de alimentos para a agricultura destinada à energia. Podemos ser um player”, diz Frederico Ozanan Machado Durães, diretor geral da nova unidade. Para ele, incontáveis carregamentos de soja que embarcam para a Ásia a cada dia de portos brasileiros poderiam energizar indústrias domésticas de lipoquímica e plásticos que produzem “produtos com valor agregado”.

O projeto representa uma importante virada do pensamento brasileiro: a saber, que a ciência pode transformar a economia do país, atualmente dominada por commodities como soja, carne bovina, cana de açúcar, minério de ferro e petróleo. “O novo Brasil será uma economia de conhecimento natural”, diz Gilberto Câmara, diretor da agência espacial do Brasil.

Com mais dinheiro e uma missão de ciência verde emergente, pesquisadores brasileiros dizem que serão levados mais a sério. A maioria dos cientistas seniores das Embrapa foi formada nos estados Unidos, como o Diretor-Executivo José Geraldo Eugênio de França, que em 1987 foi para a Texas A&M University para estudar genética do sorgo, França diz que notou uma mudança durante uma missão a Washington, D.C., em novembro passado, quando se encontrou com o consultor americano de ciências John Holdren e outras autoridades. “Pela primeira vez na história, tivemos um reconhecimento de que alguma coisa está mudando no Brasil. Eles não nos perguntaram quantos pós-doc precisávamos enviar, ou onde nós precisávamos de ajuda, mas onde poderíamos trabalhar juntos”, diz França.

Dinheiro privado
O objetivo mais importante neste momento, reconhece Rezende, “é que a ciência faça diferença na produtividade da indústria. Eu teria de dizer que esse é nosso grande desafio”. Outros objetivos são aumentar o número de cientistas, investir em áreas estratégicas, e resolver problemas sociais chaves.
A desconexão entre ciência e negócios é quase total no Brasil, segundo pesquisadores. Nos Estados Unidos, cerca de 80% do pessoal de pesquisa trabalha na indústria, segundo dados da OCDE, enquanto no Brasil essa cifra fica em torno de 25%. O Brasil quase não produz patentes – apenas 103 patentes americanas foram emitidas para inventores no Brasil em 2009 – e companhias brasileiras gastaram metade do que as europeias gastam em P&D. Quando elas gastam, é mais na importação de tecnologia que em seu desenvolvimento.

Pesquisadores dizem que os 20 anos de ditadura no Brasil, findos em 1984, foram em parte responsáveis pelo atraso. As universidades se tornaram redutos da oposição política e círculos de leitura marxista, nos quais as patentes eram vistas como opressão. “Nós nos isolamos das grandes indústrias, que apoiavam os militares. Elas não podiam entrar na universidade. A universidade se tornou fechada, hermética, e agora precisamos mudar isso”, diz Maria Bernardete Cordeiro da Sousa, pró-reitora de pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

As autoridades vêm tentando vencer o atraso na inovação. Em 2004 e 2005, o Brasil aprovou leis que concedem benefícios fiscais à P&D para empresas e começou a permitir que o Ministério da Ciência e Tecnologia conceda verbas a empresas, e mesmo pague salários de pesquisadores nas empresas industriais. Em agosto, o ministério anunciou um grande projeto de P&D industrial, oferecendo US$ 294 milhões em verbas para apoiar projetos de inovação dentro de companhias em “áreas estratégicas” como carros elétricos, marca-passos e culturas agrícolas geneticamente modificadas.

Ainda é cedo para dizer que os incentivos do governo estão funcionando. Somente um pequeno número de empresas se candidatou às isenções fiscais. Mas a inovação de risco no estilo americano, antes considerada estranha, está sendo vista cada vez mais em termos favoráveis. Capitalistas de risco começaram a se instalar no Brasil, e em 2010, tanto a IBM como a General Electric anunciaram planos de criar centros de pesquisa no país.

“Nos falta uma cultura de inovação e empreendedorismo. Há um  longo caminho a percorrer para mudar isso”, diz Luiz Mello, um médico que no ano passado foi designado pela segunda maior empresa do Brasil, a mineradora de minério de ferro Vale S.A, para gastar US$ 180 milhões estabelecendo três novos institutos de ciências corporativos. Mello diz que foi contratado depois de abordar o CEO da Vale, Roger Agnelli, para levantar dinheiro para um programa de engenharia. “A coisa se transformou numa reunião para ele dizer o que queria. E ele queria o MIT [Instituto de Tecnologia de Massachusetts] da Vale”, recorda Mello. “Eu estava sendo convidado pra chefiar algo que seria um novo Bell Labs ou Xerox PARC.”

Mello viajou recentemente ao vale do Silício para colher idéias. Embora o negócio da Vale seja de baixa tecnologia, a companhia de commodities, que despacha imensas quantidades de minério para a China e a Europa, quer gastar pesadamente em pesquisa em parte porque tem enfrentado uma forte escassez de mão de obra especializada, aumentando a pressão de ambientalistas, e a concorrência de companhias globais. Os três laboratórios da Vale operarão com biodiversidade, energia renovável e tecnologia de mineração. “Esse é o maior investimento espontâneo em P&D que eu conheço no Brasil”, diz Mello.

As novas leis também encorajam universidades brasileiras a depositar patentes e criar escritórios de transferência de tecnologia, o que muitas estão fazendo pela primeira vez. Na Universidade Federal de Minas Gerais, o número de pedidos de patentes atingiu 356, incluindo uma para uma vacina canina contra leishmaniose , que já chegou ao mercado. “Tudo isso está provocando ressonância no sistema”, diz Ado Jorio, o professor que coordena os esforços de patente da universidade. “Está havendo uma explosão de publicações, e isso também vai ocorrer em inovação.”

Partilhar a riqueza
A ciência brasileira sofre de um outro desequilíbrio, entre o sul afluente e as regiões setentrionais pobres, que as autoridades colocaram como prioridade tentar corrigir. A maior parte da ciência ainda ocorre em apenas três estados sulinos, com a Universidade de São Paulo sozinha respondendo por quase um quarto de todas as publicações científicas. “Um dos maiores problemas que enfrentamos é essa assimetria brasileira, a desigualdade das regiões”, diz Lucia Melo, diretora do Centro de Estudos Estratégicos e Gestão em Ciência, Tecnologia e Inovação, um think tank de política científica do governo em Brasília.

Para levar a ciência ao interior negligenciado do Brasil, o governo se embrenhou numa farra de construção de universidades e reservou 30% dos recursos de pesquisa para os estados pobres do norte e do centro-oeste. Por um programa de 2009, autoridades em Brasília disseram que dariam bolsas de estudo para todos os alunos de pós-graduação em regiões distantes, independentemente do mérito acadêmico. A ideia provém do Partido dos Trabalhadores, o partido governante no país, que fez da melhoria das condições nas áreas pobres uma prioridade. Um programa de bem-estar bastante expandido ajudou a tirar muitos milhões de brasileiros da pobreza. Isso também deu aos cientistas brasileiros espaço para respirar.

“Antes, nós tínhamos de enfrentar a questão, ´Por que vocês estão dando comida e leite para um macaco quando há crianças famintas na casa vizinha?`” diz Cordeiro de Sousa, que também faz pesquisas sobre primatas. Mas ela vê uma compensação: os pesquisadores sentem uma pressão crescente para dedicar tempo para solucionar problemas locais. Ele está analisando a criação de um instituto do sal para respaldar a indústria local de mineração de sal. “É preciso ter uma vocação, porque no futuro poderemos ser chamados a responder intensamente.”

Em nenhum outro lugar a carência de ciência brasileira é mais preocupante do que na Amazônia, a floresta tropical que cobre aproximadamente 49% do território brasileiro, mas abriga somente cerca de 3.000 pesquisadores doutores, dos quais pouquíssimos fazem ciência aplicada. “Imagine o que esse número absolutamente irrelevante representa para essa região imensa”, diz Odenildo Teixeira Sena, secretário de Ciência e Tecnologia do Estado do Amazonas. Embora seja maior que a França e a Espanha juntas, o Amazonas possui somente um arqueólogo PhD residente, e apesar de seu vasto sistema fluvial, nenhum engenheiro naval, diz Teixeira.

Uma força de trabalho cada vez mais científica na região poderia ajudar a encontrar alternativas para a agricultura baseada na derrubada e nas queimadas. Mas as ansiedades nacionais também figuram no cálculo. “A maioria das publicações sobre a Amazônia não tem um autor brasileiro. Isso nos preocupa”, diz Jorge Guimarães, o funcionário do Ministério da Educação que supervisiona a educação superior no Brasil. “Precisamos de mais brasileiros participando.”

O Brasil nunca se sentiu seguro de seu controle sobre a vasta região que a Espanha cedeu a Portugal pelo Tratado de Madri de 1750. Com a Amazônia, um foco de manobras internacionais sobre créditos de carbono, a dependência do Brasil da produção externa de conhecimento se tornou “uma questão muito delicada”, diz Adalberto Val, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia em Manaus. Durante uma conferência nacional de ciência e tecnologia em maio último, Val propôs uma “hegemonia informacional” brasileira sobre o bioma da floresta. “Existe uma questão de soberania nacional”, diz ele.

Esses tons nacionalistas podem parecer hostis fora do Brasil, mas eles caem bem no país. O físico Luiz Davidovich, que presidiu a conferência de maio, diz que a comunidade científica brasileira precisa levantar “grandes bandeiras” para mobilizar o país. “´A Amazônia é nossa` é uma delas”, diz ele.
Mesmo alguns especialistas estrangeiros responderam ao apelo. Daniel Nepstad, um renomado ecologista americano especializado em florestas tropicais largou seu emprego em outubro no Woods Hole Research Center, em Massachusetts. para se tornar residente brasileiro e empregado em tempo integral do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, uma organização sem fins lucrativos que ele cofundou, baseada na cidade de Belém. Nepstad diz que sua filiação americana “era interpretada no sentido de que eu seria menos comprometido com a agenda científica no Brasil”. A política florestal brasileira está evoluindo rapidamente e, diz Nepstad, “enquanto a ciência for liderada por pesquisadores do Hemisfério Norte, estamos perdendo a oportunidade de tornar informações realmente boas em decisões políticas.”

Fazendo acontecer
Apesar de suas ambições crescentes, o Brasil ainda precisa provar que pode fazer pesquisa básica de classe mundial. A contagem dos impactos de seus papers científicos é modesta, cerca de dois terços da média mundial, e caiu em algumas áreas. Nenhum brasileiro ganhou o Prêmio Nobel em ciência ou medicina, enquanto a rival regional, Argentina, tem três. Os cientistas culpam problemas estruturais nas universidades estatais do Brasil. Críticos dizem que eles desencorajam a competição, por exemplo, com mandatos automáticos após três anos no emprego e avaliações que premiam a publicação em língua portuguesa.

“A atitude durante muitos anos foi evitar a competição, manter a cabeça baixa, e escolher um tema marginal”, diz Ribeiro. Em vez de competir de igual para igual em tópicos quentes com grandes laboratórios do exterior, diz ele, os pesquisadores brasileiros às vezes têm se contentado em estudar questões locais. “O pensamento era, ´O tamanduá é nosso por isso não se preocupem com os gringos`.”

Os cientistas brasileiros que voltavam do exterior, atraídos por empregos e os recursos de empresas iniciantes, se queixam de que ainda há muitos obstáculos que tornam quase impossível produzir uma ciência de classe mundial. Após 11 anos nos Estados Unidos, a bióloga Luciana Relly Bertolini retornou ao Brasil em 2006 com seu marido, Marcelo, para começar um laboratório para clonar cabras transgênicas. Embora o esforço esteja financiado de maneira adequada, Bertolini diz que a pesada carga de ensino requerida de professores e a falta de pessoa treinada implica que “aqui se faz ciência por teimosia”.

Também são notórios os regulamentos de importação kafkianos do Brasil. Mesmo simples reagentes demoram meses para chegar, com amostras radioativas e biológicas muitas vezes em condições duvidosas. Bertolini diz que um equipamento de fusão celular que ela encomendou da Hungria ficou preso por quatro meses na alfândega. “Pode-se ter a melhor cabeça do mundo e não conseguir jamais a competitividade porque o governo trabalha contra nós”, diz Bertolini. “Quando começamos a pensar nisso, queremos voltar.”
Alguns dizem que as perspectivas continuarão sombrias até esses problemas ser resolvidos. “Não tenho conhecimento de nenhuma ciência extraordinária no Brasil”, diz Andrew J. G. Simpson, diretor científico do Ludwig Institute for Cancer Research na cidade de Nova York.

Cidadão naturalizado brasileiro, Simpson viveu em São Paulo por sete anos e coordenou um dos triunfos memoráveis do Brasil, o seqüenciamento do patógeno de planta Xylella fastidiosa, que foi parar na capa da revista Nature em 2000. Mas quando Simpson retornou este ano para uma celebração de 10 anos do feito, ele notou que, pelo menos no campo da genômica, “não houve mais nenhum paper de grande impacto. Não houve um processo ascendente. Foi uma situação anormal.”

Autoridades brasileiras se concentraram antes em resolver outro problema: a insegurança nos recursos para pesquisa. Em 2008, em sua maior rodada de financiamento da pesquisa básica em todos os tempos, o Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil ofereceu US$ 350 milhões em três anos para financiar 122 institutos nacionais para enfrentarem temas que  variam  da computação quântica e células-tronco a modernização da estação de pesquisa na Antártica.
“Eles viram que precisávamos de programas de longo prazo com estabilidade”, diz Davidovich, que divide a direção do programa de computação quântica. Outros cientistas manifestam dúvidas privadamente sobre institutos com nomes grandiosos, notando que na verdade eles são redes virtuais com uma média de 20 pesquisadores universitários cada e dinheiro espalhado demais para se conseguir muita coisa. Em papers de posicionamento, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência disse que o Brasil precisa se concentrar na criação de mais empregos de pesquisa pura fora do sistema universitário. Ela quer um novo instituto com grande staff para estudar os oceanos, e outro para a Amazônia, moldados na agência de estudos agrícolas Embrapa ­– neste caso com financiamento condizente com a visão grandiosa.

Na cidade de Natal, o instituto de neurociência de Nicolelis, atualmente abrigado num hotel convertido, ainda precisa produzir uma ruptura brasileira. Mas ele está cada vez mais bem posicionado para isso. Possui laboratórios razoavelmente equipados, uma instalação para primatas, e uma multidão contratada de jovens professores com currículos promissores, incluindo dois recrutados do Max Planck Center, na Alemanha. Em agosto, a École Polytechnique Fédérale de Lausanne na Suíça doou um supercomputador IBM Blue Gene/L, que Nicolelis diz será o mais rápido da América do Sul.

Ribeiro, o brasileiro que retornou de um pós-doc na Rockefeller para ser o diretor científico do instituto, diz que o ano de ciência que ele esperava perder enquanto organizava o centro se estendeu para três, na medida em que teve que lidar com as autoridades alfandegárias e com um grande número de alunos mal formados. “Agora, eu finalmente estou começando a enfrentar avaliadores de novo, em vez de burocratas, o que é um sinal de que o plano funcionou”, diz Ribeiro, cujo trabalho inclui experimentos para observar o efeito do sono e do sonho na retenção da capacidade motora e perceptiva.
A rua de terra na frente de seu prédio que leva para uma favela próxima, o faz lembrar uma fotografia que viu do Founder`s Hall da Rockefeller depois que ela foi construída em 1906 e ainda estava cercada por campos lamacentos e carruagens puxadas por cavalos: “Eles não começaram com o melhor lugar para fazer ciência tampouco.”
Antonio Regalado