terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Sábia filosofia

Richard Jakubaszko  

"Metade do que sabemos é errado, o propósito da ciência é o de determinar qual é essa metade."
Arthur Kornberg

Enviado pelo internauta Gerson Machado, contumaz comentarista deste blog.


Com o aforismo acima o blog deseja a todos um 2014 cheio de alegrias, conquistas e realizações.
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segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Ineptocracia

Richard Jakubaszko     
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Ineptocracia
Descrição feita pela filósofa russa Ayn Rand:
Sonhar o impossível, mesmo no trabalho.
"Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada."
A política é a arte do impossível...

Banksy. Política para esmagar o povo.
O curioso é que a corrupção, por exemplo, não é uma exclusividade brasileira. Nem a burocracia ou o conhecido jeitinho. Mas que o povo brasileiro é um dos mais corruptos do mundo ninguém que já tenha viajado mundo afora pode negar. Porém, conversas que a gente ouve nos botecos, ou nos elevadores e coletivos públicos, parecem demonstrar que somos o povo mais honesto do planeta. É uma síndrome isso, de não ver, não perceber, e ainda de criticar?

Fecho este post com uma frase pouco conhecida de Joseph Goebbels, um gênio da comunicação que mereceria ser melhor estudado, e só não o é por pura hipocrisia e tradicional preconceito, porque vendeu Hitler aos alemães: "Acuse-os do que você faz!".
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domingo, 29 de dezembro de 2013

Schumacher sofre acidente e está em coma

Richard Jakubaszko   
Michael Schumacher sofreu acidente e passou hoje por cirurgia na cabeça. Seu estado é grave e extremamente delicado, e encontra-se em coma induzido. Segundo noticiou um jornal francês seu estado piorou nas últimas horas.
Conforme informações, Schumacher estava esquiando, em Meribel, nos Alpes franceses, quando
 bateu a cabeça após uma queda, e apresentava quadro de hemorragia cerebral. 
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Acredite, pode acontecer!

Richard Jakubaszko    
Acredite, pode acontecer, e será bom que aconteça, para demonstrar que os três poderes estão engalfinhados numa imbecil disputa político-partidária, e que só uma profunda análise da imensa hipocrisia brasileira da mídia conseguiria explicar.
Nem Freud se atreveria a meter a mão nessa cumbuca.

Saiu no blog do esquerdopata: http://esquerdopata.blogspot.com.br/ 


Agora, o ministro Marco Aurélio Mello, do STF - Supremo Tribunal Federal, é o novo relator do inquérito que investiga a formação de cartel e fraudes em licitações no sistema de trens e metrôs de São Paulo. A relatoria do processo, remetido ao STF no último dia 12, inicialmente era de Rosa Weber mas foi redistribuído após a rejeição da ministra. As informações são da Agência Brasil.

A investigação foi remetida ao Supremo porque deputados federais, que possuem prerrogativa de foro, foram citados pelo ex-diretor da Siemens, Everton Rheinheimer, durante a delação premiada feita à Polícia Federal em 14 de outubro e ratificada ao Ministério Público no início de dezembro.

Rheinheimer descreveu "contatos e reunião pessoais", além de "acordos financeiros" com parlamentares. Ele apontou como recebedores de propina o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP) e Edson Aparecido (PSDB) - que também é deputado federal, mas está licenciado para exercer o cargo de secretário estadual da Casa Civil do estado de São Paulo.

O ex-diretor da Siemens, falou ainda sobre "políticos envolvidos com a Procint" - consultoria de Arthur Teixeira, apontado pela PF como lobista. Entre os citados estão o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) e os deputados federais licenciados e secretários estaduais de São Paulo, Jurandir Fernandes (Transportes), José Aníbal (PSDB), de Energia, e Rodrigo Garcia (DEM), de Desenvolvimento Social.

Rheinheimer cita ainda que Arthur Teixeira mantinha relação muito próxima com o deputado federal Walter Feldman (PSB) e o deputado estadual Campos Machado (PTB. Todos os citados negam as acusações.

Ao remeter os 15 volumes do inquérito ao STF, que investiga crimes de corrupção, evasão de divisas e lavagem de dinheiro; a Justiça Federal ressalvou que isso não significa "reconhecimento de que há indícios concretos de práticas criminosas pelas autoridades referidas".

Ao receber o processo, Rosa Weber encaminhou os autos para o presidente do STF, Joaquim Barbosa, afirmando que Marco Aurélio deveria ser o relator porque ele já havia proferido decisão sobre o caso - um pedido de acesso à investigação que foi encaminhado ao ministro. De acordo com Regimento Interno da Corte, ministro fica prevento (prevenido) para os demais processos sobre o mesmo assunto quando analisa o primeiro pedido.

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sábado, 28 de dezembro de 2013

13º Salário NUNCA existiu...

Richard Jakubaszko   
Nunca tinha pensando sobre este aspecto. Brilhante, de fato! Circula pela blogosfera um powerpoint que faz os cálculos da embromação.

Os trabalhadores ingleses recebem os ordenados semanalmente! Na maior parte do mundo é assim, especialmente nos EUA e Europa.

Mas há sempre uma razão para as coisas e os trabalhadores ingleses, membros de uma sociedade mais amadurecida e crítica do que a nossa, não fazem nada por acaso!

Ora, cá está um exemplo aritmético simples que não exige altos conhecimentos de Matemática, mas talvez necessite de conhecimentos médios de desmontagem de retórica enganosa.

Lembrando que o 13º salário no Brasil foi uma inovação de Getúlio Vargas, o “pai dos pobres”, e que nenhum governo depois do dele mexeu nisso.

Por quê? Porque o 13º salário não existe... É uma embromação matemática!

Suponhamos que você ganha R$ 1.000,00 por mês. Multiplicando-se esse salário por 12 meses, você recebe um total de R$ 12.000,00 por um ano de doze meses.

R$ 1.000,00 X 12 = R$ 12.000,00

Em Dezembro, a lei manda então pagar-lhe o conhecido 13º salário.

R$ 12.000,00 + 13º salário = R$ 13.000,00
R$ 12.000,00 (Salário anual)
+ R$ 1.000,00 (13º salário)
= R$ 13.000,00 (Salário anual mais o 13º salário)

... e o trabalhador vai para casa todo feliz com o governo que mandou o patrão pagar o 13º.

Façamos agora um rápido cálculo matemático:

Se o trabalhador recebe R$ 1.000,00 mês e o mês tem 4 semanas, significa que ganha por semana R$ 250,00.
= R$ 1.000,00 (Salário mensal)
dividido por 4 (semanas do mês)
= R$ 250,00 (Salário semanal)


O ano tem 52 semanas (confira no calendário se tiver dúvida!). Se a gente multiplicar R$ 250,00 (Salário semanal) por 52 (número de semanas anuais) o resultado será R$ 13.000,00.

R$ 250,00 (Salário semanal)
X 52 (número de semanas anuais)
= R$ 13.000,00

O resultado acima é o mesmo valor do salário anual mais o 13º salário Surpresa! Onde está, portanto, o 13º salário?

A resposta é que o governo, que faz as leis, lhe rouba uma parte do salário durante todo o ano, pela simples razão de que há meses com 30 dias, outros com 31, ou melhor, meses com quatro semanas e 2 dias ou quatro semanas e 3 dias (ainda assim, 
a lei manda o patrão pagar só quatro semanas) o salário é o mesmo tenha o mês 30 ou 31 dias, quatro ou quase cinco semanas.

No final do ano a generosa lei presenteia o trabalhador com um 13º salário, cujo dinheiro saiu do próprio bolso do trabalhador.

Daí que não existe nenhum 13º salário. A lei apenas manda o patrão devolver o que sorrateiramente foi tirado do salário anual.

Conclusão: Os trabalhadores recebem o que já trabalharam e não um adicional. O 
13º não é prêmio, nem gentileza, nem concessão, é simples pagamento pelo tempo trabalhado no ano!
Trabalhe pela cidadania! espalhe isso!


Mas pense bem, o ano ainda não acabou, e você já gastou o 13º salário para pagar dívidas atrasadas e comprar presentes?
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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

TRF ordena nova suspensão de Belo Monte

Richard Jakubaszko 
TRF ordena suspensão imediata de obras da usina Belo Monte
Eita notícia enguiçada! Vai e volta e o trem de Belo Monte não sai do lugar... Pelo andar da carruagem Belo Monte só deve ficar pronta em 2035, quem sabe em 2050...

É isso: o TRF, Tribunal Regional Federal da 1ª Região ordenou novamente, dia 17 de dezembro último, a suspensão das obras da usina de Belo Monte, em Vitória do Xingu, sudoeste do Pará.

A ordem de suspensão é a segunda em dois meses. Os juízes atenderam um pedido de procuradores do Ministério Público do Pará, que informaram "descumprimentos de exigências na licença ambiental provisória que a empresa construtora recebeu para instalar suas frentes de trabalho".

Conforme os procuradores, "as obras terão que permanecer paralisadas até que os responsáveis pela construção atendam as exigências técnicas feitas pelo Ibama como condição para a concessão da licença".

O tribunal aplicará ainda multa diária de R$ 500 mil caso a construtora ignore a ordem judicial. O TRF proíbe também o BNDES, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, de liberar recursos já previstos para a obra até que a questão seja decidida.

O mesmo tribunal já tinha ordenado, em outubro último, a suspensão das obras, igualmente por supostas irregularidades na licença ambiental, mas a presidência do organismo acatou um recurso apresentado pelo governo e permitiu a retomada da construção.

As obras iniciadas em março de 2011 também tinham sido suspensas em março de 2012, mas o STF, Supremo Tribunal Federal, autorizou a retomada alguns meses depois.

No total, até outubro último, o Ministério Público apresentou 20 processos pedindo a paralisação das obras por denúncias de que os construtores cometeram irregularidades.

As obras também foram paralisadas por greves dos cerca de 27 mil operários que trabalham na construção.

Belo Monte, cujo custo total é de R$ 25,8 bilhões, será a terceira maior represa do mundo e sua construção gera a oposição de ambientalistas, que consideram que os impactos sobre as comunidades tradicionais da região, como índios e ribeirinhos, serão irreversíveis.

A hidrelétrica terá uma capacidade de geração máxima de 11.233 megawatts; inundará 506 km 2 de selva e obrigará o deslocamento entre 16 mil e 25 mil pessoas.

Questões para reflexão 
Qual é o custo disso aos cofres públicos?
Quem paga esse gigantesco prejuízo?
A Justiça (TRF) não avalia os interesses políticos e ideológicos dessas manobras?

Se demorar para sair uma decisão de retomada das obras, quantos funcionários serão demitidos? Depois, quando sair nova ordem de retomada das obras, toca a empreiteira a recontratar funcionários, treinar, realocar, elevando os custos do empreendimento, o que será pago pelo governo, ou seja, todos nós, os contribuintes.

Uma merreca, uma vergonha nacional essa forma de atuação dos procuradores que se intitulam ambientalistas. Podiam multar a(s) empreiteira(s), pela falta do papel burocrático, diariamente até, mas não a de determinar a ordem insana e leviana de suspensão das obras.
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quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

"Eu até queria achar algo pesado...."

"Eu até queria achar algo pesado...."
Subsecretário diz que não há vestígio de descontentamento entre presos da Papuda contra condenados da AP 470

por Paulo Moreira Leite *

Há três dias os jornais brasileiros falam de uma revolta dos presos da Papuda contra os “privilégios” oferecidos aos condenados da ação penal 470. O descontentamento seria tão grande que eles estariam preparando uma rebelião.

Foi por isso, explicam, que três membros da Vara de Execução Penal, que tem a função de zelar pelo correto cumprimento das penas de cada prisioneiro, teriam pedido afastamento de suas funções por causa disso.

Depois de investigar a denúncia, Cláudio de Moura Magalhães, Subsecretário do Sistema Penitenciário, afirma, em entrevista ao Globo de hoje:

- Eu até queria achar algo pesado, uma quadrilha que está articulando, para não desmentir a VEP (Vara de Execuções Penais). Mas não achei.

Conforme o subsecretário, está tudo dentro da normalidade nessa época do ano. A mesma informação encontra-se na Folha de S. Paulo, onde a Secretaria de Segurança informa que boatos de rebelião “acontecem” sempre mas nega qualquer fato novo neste final de 2013.

Conforme a Folha, de 20 familiares de prisioneiros entrevistados, apenas duas mulheres confirmam ter ouvido rumores sobre uma rebelião, “mas em outra unidade” da Papuda, ressalvam.

Nada é tão ilustrativo da situação como a confissão do subsecretário. Ele “até queria achar algo pesado para não desmentir a VEP...”

O que é isso?

Mesmo com uma imensa dose de boa vontade, a autoridade que teria a obrigação de apurar tudo nos mínimos detalhes e punir os principais responsáveis pela preparação de uma rebelião crime é obrigado a admitir que nada foi encontrado. Nada.

E lamenta: “eu até queria.”

Autoridades policiais não querem nem deixam de querer.

Em situação normal, não precisam lamentar o que encontraram ou deixaram de encontrar. Devem registrar os fatos e limitar-se a eles.

Mas não vivemos uma situação normal em torno dos prisioneiros da AP 470. E por isso podemos compreender muito bem as palavras de precaução do subsecretário.

Não há motivo para duvidar da palavra dos magistrados da VEP. Mas é bom admitir que a autoridade profissionalmente competente para buscar indícios e trazer provas nada encontrou. Embora até quisesse, como admitiu.

A explicação que encontrei junto a autoridades que segue o caso de perto é outra. Para elas, os juízes pediram afastamento pela mesma razão levou o primeiro responsável pelas execuções penais da AP 470 a entrar em conflito com Joaquim Barbosa no primeiro dia: falta de autonomia e excesso de interferência sobre seu trabalho.

Do alto de minha suprema ignorância nesses assuntos, gostaria de registrar que pelo simples bom senso há um elemento absurdo nessa hipotética revolta contra os “privilégios” dos condenados da AP 470. Pergunto, para começar: onde estão os privilégios?

Para ir ao ponto essencial da palavra: do ponto de vista do cumprimento da lei, privilegiado é quem escapa da Justiça, consegue ser inocentado apesar de provas de sua culpa, e utiliza de uma posição superior na sociedade para impor vantagens aos demais.

Será honesto dizer que isso ocorreu com os condenados da ação penal 470, julgamento criticado por um número cada vez maior de juristas e advogados de prestígio?

Vamos ao que ocorreu depois da condenação. Para garantir que fossem presos imediatamente, o STF realizou o fatiamento de suas penas, autorizando a detenção inclusive de prisioneiros que ainda aguardam pelo julgamento de recursos. É uma prática comum com criminosos de alto risco, me dizem professores de Direito Penal. Mas nem o observador mais delirante diria que essa decisão marca algum tipo de privilégio.

Os prisioneiros foram recolhidos num feriado, sem uma carta de sentença onde estaria definida suas condições de prisão. O esforço para garantir um bom espetáculo se demonstra por um fato impressionante. A notícia de que os mandados de prisão haviam sido expedidos chegou antes às emissoras de TV do que à delegacia da Polícia Federal em São Paulo. Quando os primeiros prisioneiros chegaram a PF, os delegados de plantão não sabiam de nada. Por coincidência, a internet estava fora do ar e um deles, após um certo esforço, conseguiu localizar o mandato – pelo celular.

Enquanto aguardava por uma decisão dos policiais, um dos prisioneiros ouviu um deles recusar um pedido insistente, feito pelo telefone, com as seguintes palavras: “Não sou funcionário da Globo.”

Quando os presos chegaram a Papuda, a Secretaria de Segurança do Distrito Federal se recusou a recebê-los por falta de documentação adequada. Em situação normal, presos nessa situação são devolvidos a Polícia, que resolve o que fazer com eles. Mas é claro que isso não ficaria bem do ponto de vista do espetáculo.

Imagine inaugurar o show com uma trapalhada logo na segunda cena.

Com autorização do Ministério da Justiça, os prisioneiros – inclusive aqueles que tinham direito a regime semiaberto – foram recolhidos a unidade federal de segurança máxima, dentro da Papuda, reservada exclusivamente para criminosos de altíssima periculosidade.

Como se sabe, são áreas feitas para condenados que integram “facções criminosas” em atividade no sistema prisional, que possuem esquemas clandestinos poderosos, capazes de promover fugas quando recolhidos a um presídio comum. Assim, os condenados “privilegiados” ficaram isolados na segurança máxima durante os primeiros dias.

O esforço para impedir que prisioneiros da AP 470 com direito a regime semiaberto possam deixar o presídio para trabalhar durante o dia levou a que se resolvesse organizar uma fila para examinar os pedidos de saída, por ordem de chegada no presídio. É claro que os recém-chegados foram colocados nos últimos lugares, medida que parece igualitária mas é, na prática, uma forma de prejudicar quem, como eles, teria maior facilidade para encontrar emprego do lado de fora. Criou-se assim, uma fila com casos demorados, complicados, muitas vezes sem solução – infelizmente poucas pessoas se dispõem a empregar pessoas presas, como sabe qualquer pessoa que já tentou ajudá-los – cujo efeito foi atrapalhar o caminho de quem tinha uma saída ao alcance da mão.

Entre o primeiro dia e o fim do primeiro mês, nenhum prisioneiro com direito ao semi-aberto teve acesso a esse regime, ainda que isso tenha sido definido pelo próprio STF, a mais alta corte do país. Não há a mais remota previsão para isso acontecer. A perspectiva é tão ruim que muitos condenados que poderiam estar trabalhando fora do presídio já começaram a trabalhar atrás das grades, o que pode até diminuir suas penas mas é muito desvantajoso.

Advogados dos prisioneiros denunciam que, para impedir que eles tenham direito a visitar suas famílias no Natal e no Ano Novo, tradição de nosso sistema prisional, foram definidas regras extremamente duras para que fossem liberados. Tem-se como certo, hoje, que todos os condenados da AP 470 passarão esses dias longe de suas famílias.

Vamos brindar ao privilégio com peru, presunto tender e champanhe, certo?

A conversa sobre os privilégios começou de forma distorcida. Nos dias seguintes a prisão, havia um numeroso contingente de parlamentares interessados em visitar os condenados da AP 470. É natural e é um direito deles, como sabe toda pessoa que se interessava pela sorte dos presos políticos durante o regime militar. Num comportamento que honrava o mandato que possuía, naquele tempo o senador Teotônio Vilela batia à porta dos presídios, apresentava-se como Senador da República e ia em frente.

Foi apenas para impedir que o excesso de visitantes parlamentares à Papuda acabasse por aumentar a fila das famílias dos demais prisioneiros que se criou um dia especial para que os presos da AP 470 fossem visitados. Era uma solução obviamente conveniente para as partes.

Não funcionou por uma razão política.

Interessava – e vai interessar sempre – denunciar toda tentativa dos prisioneiros da AP 470 de defender direitos previstos em lei como uma tentativa de proteger privilégios.

Num comportamento estranho para observadores que acham muito chique falar mal do populismo de estadistas que tem ideias que detestam e votos que tanto invejam, essa motivação oculta pautou o debate sobre descontentamento de familiares dos demais presos da Papuda. Essas famílias têm, sempre tiveram e sempre terão motivos de sobra para queixar-se do presídio. E como sabe qualquer cidadão que entrar numa prisão, dificilmente será possível encontrar, em pessoas aprisionadas, qualquer motivo razoável para elogiar a jaula em que foram colocados. Sempre haverá um motivo de queixa, uma causa para apontar uma injustiça. Pense no condenado mais cruel que você já ouviu falar. Se perguntar, ele vai reclamar uma coisa, pedir uma reivindicação, clamar por justiça.

Numa típica argumentação que procura apoio numa retórica progressista para realizar uma proposta reacionária, o objetivo é mostrar que os presos “populares” sentiam-se “revoltados” com os “privilegiados.”

Essa esforço guarda um parentesco direto com o argumento, tão comum no julgamento, de que todo pedido de recurso, todo esforço para um exame mais acurado da acusação, não passava de uma manobra protelatória. O que se pretende, na nova fase do espetáculo, é garantir um ambiente político para o julgamento dos embargos infringentes, a última esperança dos réus obterem uma redução significativa das penas.
Do ponto de vista jurídico, o ambiente é hoje favorável aos recursos. Mas a rigor ninguém sabe o que pode ocorrer – num novo ambiente político, semelhante às execuções pela TV do ano passado.

O esforço para confundir fatos e versões, nessa matéria, é muito antigo. Nos primeiros anos da democratização, a defesa dos direitos humanos era uma questão essencial da vida dos brasileiros – e incomodava em particular os herdeiros da direita militar, que gostariam que a tortura e todos aqueles abusos fossem esquecidos.

Entrevistando essas pessoas em bairros de classe média de São Paulo, o professor Antônio Flavio Pierucci registrou, ali, o nascimento de uma nova direita, extremista, radical, que denunciava o regime democrático por defender os direitos dos presos (chamados de “mordomias”) e não era capaz de oferecer uma proposta política para a maioria dos brasileiros. Sua retórica, assim, era a porrada, a violência contra direitos. Vale a pena ler o professor que, em dezembro de 1987, deixou um parágrafo tão valioso para o Brasil de 2013. Vale a pena registrar que ele não está falando de um conservadorismo tradicional, que respeita os limites da democracia. Pierucci fala da extrema direita:

“Eis porque a nova cara da extrema-direita no Brasil é o que é: despolitizada. Despolitizada a ponto de não lhe restar como via de ancoragem nas massas senão a demagogia do moralismo. E tanto mais despolitizada por insistir na velha astúcia de não dizer-se, ou por não querer reconhecer que a bandeira da intolerância em moral é, na verdade, o último trunfo para conseguir legitimar-se de voto popular numa sociedade periférica em que o liberalismo econômico não tem audiência de massa, não mobiliza o voto, não é bom de palanque. Que dizer então do neoliberalismo, do mito do ‘Estado mínimo’!"

* Publicado no site da revista IstoÉ: http://www.istoe.com.br/colunas-e-blogs/colunista/48_PAULO+MOREIRA+LEITE

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quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Feliz Natal!

Richard Jakubaszko
Feliz Natal a todos os visitantes do blog!
Que as alegrias do Natal perdurem por todo o ano de 2014.
Lembro apenas: não esqueçam do aniversariante!

Para todos: aquele abraço!
PS. Acima a maravilhosa foto que encaminhei durante muitos anos como mensagem de Natal aos amigos e clientes.
Como tem gente distraída nesse mundo...
Alguns me retornaram e-mail perguntando qual é a data de meu aniversário... (Perco os amigos, mas não perco a piada...)
Outros, distraídos, mas irônicos e com veia humorística, me perguntavam o que eu queria de presente pra fazer essa campanha toda...


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terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Proibido ler na Papuda

O horror que é proibir que se leia livro por mais de duas horas na Papuda
por Paulo Nogueira  
Papuda: não pode ler livremente
Está no site do PSDB de São Paulo: “Mensaleiros presos na Papuda perdem regalias”: http://tucano.org.br/saiu-na-imprensa/mensaleiros-presos-na-papuda-perdem-regalias

É a reprodução, bovina e automática, de um texto do Estadão.

Bem, quais as regalias?

A resposta mostra, ao mesmo tempo, a estupidez do Estadão e o desapreço que existe no Brasil pelo hábito da leitura.

A grande regalia subtraída é, acredite, poder ler. Segundo o Estadão, os presos do PT agora só poderão ler duas horas por dia, e na biblioteca.

Isso quer dizer que os presos na Papuda – não estou falando de Dirceu e Delúbio – estão submetidos a um regime no qual lhes é proibido ler além de duas horas, e não na cela.

Não se incentiva a leitura. Ela é cerceada como uma coisa má.

Que idiota estabeleceu aquela regra? E por que os editores do Estadão – e todos os demais que replicaram a perda das “regalias” – não denunciaram esta violência do Estado?

É tão grande a preocupação do Estadão em construir uma imagem monstruosa de Dirceu que se agarra a uma desumanidade – pois que outra coisa é proibir ler? – como se fosse um ato de justiça exemplar.

Visitei, na Noruega, o presídio de Bastoy, em que os detentos são tratados como seres humanos. Moram em chalés decentes, recebem familiares todo final de semana, têm à sua disposição um campo impecável de futebol, andam a cavalo quando querem – e podem ler 24 horas, caso desejem.

Conversei em Bastoy com assassinos, traficantes, estupradores. Estão lá, confinados dignamente, para cumprir suas penas. A lógica em Bastoy, como em toda a Noruega, é recuperar as pessoas.

Anders Breivik, o assassino de dezenas de jovens, não está em Bastoy. Mas vi, em detalhes, suas acomodações. Ele está num apartamento de dois cômodos. Tem um laptop para escrever e aparelhos de ginástica para se exercitar. Pode ler todos os livros que quiser, na hora em que desejar.

Isto se chama civilização.
Na Papuda os presos só podem ler duas horas? E a mídia não fala nada? E quando descobre, por acaso, não percebe a monstruosidade disso?
Pobre do país que tem uma mídia tão ruim.

Outra regalia, ficamos sabendo, é possuir livros. Isso quer dizer que os “mensaleiros” são coagidos a doar seus livros para uma biblioteca cujo uso é estritamente limitado.

Vai demorar para sermos a Noruega, se é que um dia seremos. Mas não temos que ser o oposto. Não há razão para tratar os presos da Papuda – ou de qualquer outra prisão – como animais.

Daqui a pouco podem impor limites para a respiração, ou para o uso de banheiro.

Um dia, vamos olhar para trás – para a mídia e para as condições a que são submetidos os presos da Papuda, se é verdade o que o Estadão deu – e vamos nos perguntar: “Deus, como isso pode ter acontecido?”

Triste o povo que não conhece sua história. Torna-se refém dos manipuladores. Pune-se com a repetição dos fatos históricos, e acaba desejando outra ditadura...
Será que o Brasil tem solução?

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Inter entre os 31 do mundo nunca rebaixados

Richard Jakubaszko    
O Internacional é um dos 31 clubes do mundo nunca rebaixados nos seus campeonatos nacionais. No Brasil, apenas cinco clubes conseguiram manter esta condição ao longo dos tempos: Inter, Flamengo, Cruzeiro, São Paulo e Santos.
Apenas 31 times em todo mundo sustentam este marca, e a cada temporada que passa o número tende a diminuir. Em 2013, por exemplo, o Independiente, tradicional clube argentino, e o Wigan, da Inglaterra, foram rebaixados pela primeira vez, tornando ainda mais restrito o grupo das equipes que sempre permaneceram na divisão principal.

Confira quais são as equipes nunca rebaixadas:
Aberdeen - Escócia
Ajax - Holanda
Atletic de Bilbao - Espanha
Barcelona - Espanha
Barcelona SC - Equador
Benfica - Portugal
Besiktas - Turquía
Boca - Argentina
Celtic - Escócia
Colo Colo - Chile
Cruzeiro - Brasil
Dinamo Moscou - Rússia
Feyenoord - Holanda
Fenerbahce - Turquía
Flamengo - Brasil
Galatasaray - Turquía
Hamburgo - Alemanhaa
Internacional - Brasil
Internazionale - Itália
Nacional - Uruguai
Olympiakos - Grécia
Paok- Grécia
Porto - Portugal
Panathinaikos - Grécia
Peñarol - Uruguai
PSV- Holanda
Real Madrid - Espanha
São Paulo - Brasil
Santos - Brasil
Sporting - Portugal
Utrech – Holanda

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sábado, 21 de dezembro de 2013

Não Conformistas, Dissidentes e Rebeldes


Richard Jakubaszko 
O lançamento do livro "Não Conformistas, Dissidentes e Rebeldes", escrito por Luiz Augusto Cama e Pedro Cavalcanti, que conta a história dos 80 anos da Ogilvy no Brasil, foi realizado dia 13 de dezembro último, em São Paulo.

Com muito orgulho tive minha pequena contribuição na brilhante história da Ogilvy brasileira, e parte de meu relato faz parte do conteúdo do livro. Um trabalho de fôlego, afinal, condensar 80 anos de história numa obra de 255 páginas não é trabalho para qualquer um. Luiz Augusto Cama acompanhou passo a passo mais de 45 anos dessa memorável travessia. Recebi ontem em minha casa um exemplar do portentoso trabalho, com especial dedicatória do autor, a quem agradeço pelo carinho e atenção.

Mais do que tudo, a Ogilvy é uma empresa vencedora, trabalhar na agência durante mais de 6 anos, lá nos idos de 1980, ao lado de nomes consagrados (alguns registrados no livro) foi um gigantesco e proveitoso aprendizado.

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sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Todo ano é a mesma coisa: nunca é possível agradar a todos...

Richard Jakubaszko    

Dizem que aconteceu de verdade numa empresa em São Paulo. Como é difícil agradar a todos!

1º Comunicado:
Patrícia Gomes - Diretora de Recursos Humanos
COMUNICADO PARA TODOS OS FUNCIONÁRIOS.
Data: 01 de dezembro
Assunto: Festa de Natal

Tenho o prazer de informar que a festa de Natal da empresa será no dia 23 de dezembro, com início ao meio-dia, no salão de festas privativo da Churrascaria Grill House. O bar estará aberto com várias opções de bebidas.
Teremos uma pequena banda tocando canções tradicionais de natal...sinta- se à vontade para se juntar ao grupo e cantar! A árvore de Natal terá suas luzes acesas às 13:00 h. A troca de presentes de amigo secreto pode ser feita a qualquer momento, entretanto, nenhum presente deverá exceder R$ 50,00, a fim de facilitar as escolhas e adequar os gastos a todos os bolsos.
Boas festas para vocês e suas famílias,
Patrícia
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2º Comunicado:
Patrícia Gomes - Diretora de Recursos Humanos
COMUNICADO PARA TODOS OS FUNCIONÁRIOS.
Data: 02 de dezembro
Assunto: Festa de Natal

De maneira alguma nosso memorando de 01 de dezembro pretendeu excluir nossos funcionários judeus! Reconhecemos que o Chanukah é um feriado importante e que costuma coincidir com o Natal, mas isso não aconteceu este ano. De qualquer forma, passaremos a chamá-la de "Festa de Final de Ano". A mesma política se aplica a todos os outros funcionários que não sejam cristãos e aqueles que ainda celebram o Dia da Reconciliação.
Não haverá árvore de Natal. Nada de canções de natal nem coral.
Teremos outros tipos de música para seu entretenimento.
Felizes agora?
Boas festas para vocês e suas famílias,
Patrícia
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3º Comunicado:
Patrícia Gomes - Diretora de Recursos Humanos
COMUNICADO PARA TODOS OS FUNCIONÁRIOS.
Data: 03 de dezembro
Assunto: Festa de Natal

Com relação ao bilhete que recebi de um membro do Alcoólicos Anônimos solicitando uma mesa para pessoas que não bebem álcool... Você não assinou seu nome! Fico feliz em atender o pedido, mas se eu puser uma placa na mesa "Exclusivo para AA", vocês não serão mais anônimos... Como faço então?
Nenhuma troca de presentes será permitida, uma vez que os membros do sindicato acham que R$ 50,00 é muito dinheiro, mas os executivos acham que R$ 50,00 é muito pouco para um presente.
NENHUMA TROCA DE PRESENTES SERÁ PERMITIDA, certo?
Patrícia
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4º Comunicado:
Patrícia Gomes - Diretora de Recursos Humanos
COMUNICADO PARA TODOS OS FUNCIONÁRIOS.
Data: 07 de dezembro
Assunto: Festa de Natal

Eu não sabia que no dia 20 de dezembro começa o mês sagrado do Ramadan para os muçulmanos, que proíbe comer e beber durante as horas do dia. Talvez a Churrascaria Grill House possa segurar o serviço de bufê até o fim do dia - ou então, embalar tudo para que vocês levem para casa nas marmitas. O que vocês acham disso?
Novidades: neste meio tempo, consegui que os membros do Vigilantes do Peso sentem-se o mais longe possível do bufê de sobremesas; as mulheres grávidas sentem-se o mais perto possível dos banheiros; teremos assentos mais altos para pessoas baixas e comida com baixa-caloria estará disponível para os que estão de dieta.
Nós não podemos controlar a quantidade de sal utilizada na comida.
Desta forma, sugerimos para estas pessoas com pressão alta provar o gosto primeiro. Haverá frutas frescas de sobremesa para os diabéticos. O restaurante não dispõe de sobremesas sem açúcar.
Nossas profundas desculpas.
Esqueci de alguma coisa?
Patrícia
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5º Comunicado:
Patrícia Gomes - Diretora de Recursos Humanos
COMUNICADO PARA TODOS FILHOS DA PUTA QUE TRABALHAM NESTA EMPRESA.
Data: 08 de dezembro
Assunto: Festa de Natal DO CARALHO

Vegetarianos! ?!?!? Sim, vocês também tinham que dar sua opinião de merda ou reclamar de alguma coisa!!! Nós manteremos o local da festa na Churrascaria Grill House; quem não gostar, foda-se! Então, como alternativa, seus putos, vocês podem sentar-se quietinhos na mesa mais distante possível da tal "churrasqueira da morte" - como vocês se referiram de forma bastante depreciativa ao utensílio. E vocês terão também sua mesa de saladas de merda incluindo tomates hidropônicos da casa do caralho & arrozinho grudento pra comer de pauzinho. Aqueles que, naturalmente, ainda não gostaram, podem enfiar tudo naquele lugar.
Ah, espero que vocês todos tenham uma bosta de festa de final de ano!
E que dirijam muito, muito bêbados e morram todos, todinhos esturricados por aí.
Escutaram?
A Vaca, diretamente da puta que os pariu.
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6º Comunicado:
Dr. Pacheco - Diretor de Recursos Humanos INTERINO
COMUNICADO PARA TODOS OS funcionários
Data: 10 de dezembro
Assunto: Patrícia Gomes e Festa de Final de Ano

Tenho certeza que falo por todos desejando para a Patrícia um rápido restabelecimento para sua crise de stress que a internou no hospital de psiquiatria desde o último dia 8 de dezembro.
Por conta deste fato, a diretoria decidiu cancelar a Festa de Final de Ano e dar folga remunerada para todos na tarde do dia 23 de dezembro.
Boas Festas,
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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O galo bão era o ruim...

Richard Jakubaszko   
Ontem o Galo provou que tá ruim, perdeu pro Raja no Marrocos, 3 x 1, e repetiu o Santos 2011 e o Inter de 2010. 
Chegou de salto alto e saiu com as esporas quebradas. 
Lembrou a piada do galo bão e do galo ruim... 
A galera não perdoou...
Abaixo, o que de melhor percebi da zoação publicada na blogosfera.
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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Flu comprou da Lusa permanência na Série A?

Richard Jakubaszko   
Circulam fofocas "marvadas" pela blogosfera, como se fossem espécies de buscapés enlouquecidos e sem rumo, dando conta de uma teoria da conspiração, em que se afirma que supostamente a Lusa vendeu sua vaga na 1ª divisão para o Fluminense por R$ 40 milhões para saldar suas dívidas, e que haviam sido avalizadas por seu presidente. A Lusa teria escalado propositalmente o jogador Heverton para perder os pontos, segundo a tal da teoria. Com isso, de vítima a Lusa passa à condição de vilã. Seria muito engraçado se não fosse triste. E viva a justiça (sic) brasileira!
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terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Produtos básicos com tecnologia

Eduardo Daher *
Potências mundiais, como os Estados Unidos, auferem bilhões de dólares exportando produtos oriundos de sua agropecuária - artigos sem conteúdo tecnológico, segundo certa corrente teórica. O próprio Brasil saiu-se bem nas últimas crises mundiais e formou um nada desprezível colchão de reservas cambiais na última década em razão dos embarques de commodities agrícolas e minerais.

Mas além da contribuição à balança comercial, é preciso questionar o argumento de que nossos produtos básicos não se incluem em nenhuma cadeia tecnológica sofisticada. Tome-se como exemplo a celulose, um dos produtos 'carimbados' como básico. Sol e terra abundantes, somadas ao clima tropical, favorecem vantagens comparativas em relação aos concorrentes internacionais - mas não apenas isso. Nas nações nórdicas, o eucalipto atinge ponto de corte cerca de 21 anos; porém no Brasil, além dos insumos naturais, os laboratórios instalados para aperfeiçoar espécies desenvolveram variedades que atingem ponto de corte em menos de sete anos.

O País obtém, igualmente, resultados promissores na aplicação de tecnologias no cultivo de frutas e hortaliças destinadas à exportação. Pesquisas realizadas pela Embrapa Instrumentação, em São Carlos (SP), por exemplo, desenvolveram películas invisíveis e comestíveis - à base de amido de milho ou proteínas da soja - que protegem os alimentos e substituem os plásticos utilizados para envolvê-los antes de serem vendidos. Com essa técnica, os alimentos poderão ser colhidos maduros, e não retirados do pé ainda verdes, quando enfrentam processos de amadurecimento forçado por agentes catalisadores, com o objetivo de aumentar seu tempo de consumo.

Segundo os pesquisadores, o revestimento poderá diminuir em até 40% o desperdício de alimentos no período que vai da pós-colheita até o transporte e a distribuição. Os alimentos poderão levar até vinte dias para começar a se degradar após a colheita - sem proteção, levam, em média, quatro dias para iniciar o processo de apodrecimento. A maçã, por exemplo, pode ser armazenada, em temperatura ambiente, de cinco a oito dias. Se estiver revestida, esse prazo aumenta para até dezessete dias.

A pesquisa já foi testada em manga, pera, banana, castanhas e hortaliças. A Embrapa desenvolve outro estudo para a produção de etanol de segunda geração. As matérias-primas alternativas, usadas nessa pesquisa, estão em fase de teste e consistem em bagaço da cana-de-açúcar, capim, resíduos florestais e sorgo, encontrados em grandes quantidades na natureza e aproveitados na fabricação desse novo tipo de etanol.

O Brasil também vai transferir tecnologia de cultivo do algodão. A Embrapa e a Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), criaram um programa de assistência técnica e capacitação em cotonicultura. Um acordo de 20 milhões de dólares assinado entre o governo brasileiro e as Nações Unidas vai ajudar a incrementar o plantio de pequenos produtores de países em desenvolvimento por quatro anos. Entre os interessados em participar do programa, estão Paraguai, Peru e Bolívia.

O Brasil é o quinto maior produtor de algodão, atrás de China, Índia, Estados Unidos e Paquistão. Técnicas avançadas de plantio, aliadas à utilização de cultivares mais adaptadas ao tipo de solo e clima das regiões produtoras, contribuíram para o avanço da produção. O avanço da tecnologia e o aumento da produtividade permitiram ao Brasil passar de maior importador mundial de algodão para o terceiro maior exportador do produto em doze anos. Mas para atender às exigências das indústrias nacionais e dos clientes externos, a principal preocupação é com a qualidade da fibra. E, depois de treze anos de pesquisas, o Brasil inovou também na produção de variedades comerciais do algodão colorido. A fibra vale o dobro da convencional, aumentando a renda de pequenos produtores do sertão nordestino, cuja produção é cobiçada no Exterior.

Portanto, mostra-se equivocado um lugar-comum nas análises econômicas que colocam o Brasil como um país exportador de produtos básicos e comprador de manufaturados, como se ainda estivesse preso a seu período colonial. Como o País comprava, ser vendedor de produtos básicos não é, necessariamente, sinônimo de atraso nem de maus negócios. Muito ao contrário: o campo brasileiro vem proporcionando vários bons motivos para não sermos complexados tecnologicamente.

* Eduardo Daher é economista, pós-graduado em administração de empresas pela FGV-SP e diretor-executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef).

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domingo, 15 de dezembro de 2013

O STF e a hipocrisia do julgamento do mensalão.

Richard Jakubaszko   
"O processo do julgamento do mensalão foi feito para condenar, e não para julgar". Esta é uma das muitas opiniões manifestadas pelo respeitado jurista Dalmo Dallari, professor de direito constitucional, sobre o julgamento do mensalão, especificamente quanto ao polêmico uso jurídico da questão do "domínio do fato", teoria criada pelos nazistas para condenar pessoas acusadas de ações contra o governo durante a segunda Grande Guerra.

O blogueiro Eduardo Guimarães, do blog da Cidadania, http://www.blogdacidadania.com.br/2013/12/jurista-prega-que-barbosa-reembolse-gastos-com-prisao-de-reus-do-mensalao/ entrevistou o jurista Dalmo de Abreu Dallari, e a entrevista está no vídeo abaixo, em que o jurista aponta outras graves acusações sobre o comportamento de alguns juízes do STF durante o julgamento do chamado mensalão.

Eduardo Guimarães fez questão de ressaltar em seu blog que "Dallari, por sua clareza e lucidez, faz pensar que a vida começa aos 80 anos, a faixa de idade dele". Ainda para Eduardo, "para quem é da área do Direito, as opiniões de Dallari não deixam dúvida de que, no mínimo, há algo de muito errado com o julgamento do mensalão".
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sábado, 14 de dezembro de 2013

Placas engraçadas

Richard Jakubaszko   
Mostro mais algumas placas de avisos e propagandas brasileiras. Já virou folclore esse tipo de comunicação.

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sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Efeito colateral

Tutty Vasques    
A temperatura mínima no lugar mais frio da Terra – o Leste da Antártica – caiu de 89.2 abaixo de zero para 93.2 graus negativos nos últimos 30 anos, segundo a União Geofísica Americana, de São Francisco (EUA).
Deve ser o tal do aquecimento global, né?
Publicado no Estadão:  http://blogs.estadao.com.br/tutty/

Aqui no Brasil também esteve "bem quente" no último inverno, os gaúchos e catarinenses que o digam.




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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Veríssimo, os pesos e as medidas no STF.

Richard Jakubaszko  
Veríssimo, os pesos e as medidas no STF.
“Oficialize-se já dois sistemas de pesos e medidas diferentes”.



quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

OMC avança, mas não resolve o essencial.

Tubarão, foto National Geographic,
por Thomas P. Peschak. 
Marcos Sawaya Jank *  
Após 12 anos de intermináveis reuniões, os 160 países-membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) fecharam sábado, na Ilha de Bali (Indonésia), o acordo que permite a continuidade das negociações da Rodada Doha. O seu principal mérito é manter a OMC em pé, depois de várias tentativas fracassadas e desacertos de governança. Com quase 70 anos de idade, o sistema multilateral de comércio há 20 anos não moderniza as suas regras.

Está cada vez mais claro que a OMC não produzirá aberturas comerciais efetivas, tamanha é a criatividade dos diplomatas em negociar fórmulas tarifárias obtusas, cotas restritivas, salvaguardas, tratamentos diferenciados e toda sorte de exceções envolvendo países e produtos sensíveis. Basta verificar que o documento de Bali não menciona reduções tarifárias, seja em produtos agrícolas ou industriais. O principal avanço foi o capítulo sobre "facilitação de comércio", que visa basicamente a reduzir custos de transação nas fronteiras. Trata-se do único item a ser comemorado pelos exportadores, ao trazer regras que vão diminuir burocracias e atrasos nas alfândegas, principalmente nos países em desenvolvimento.

Avançamos um pouco na questão da administração das cotas de importação de produtos agrícolas por países desenvolvidos. Porém, se olharmos o ambicioso mandato de Doha em 2001, concluiremos que na agricultura não avançamos quase nada. Em subsídios à exportação, houve um retrocesso em relação à ministerial de Hong Kong, quando chegamos bem perto da sua virtual eliminação. Bali quase fracassou por causa de uma nova exceção que a Índia teimou em abrir para construir grandes estoques de commodities agrícolas fora das disciplinas da OMC.

Basicamente, o governo indiano quer comprar produtos a preços altos de seus pequenos produtores e revendê-los a preços baixos a consumidores. Intervenções dessa natureza - em que o governo destrói o mercado com políticas de estoques e preços administrados - jamais funcionaram no mundo, como prova a própria experiência da agricultura brasileira antes dos anos 1990.
Tecnologia, produtividade, assistência técnica e integração nas cadeias produtivas são a única solução de longo prazo para pequenos agricultores. Preços artificialmente altos e estoques manipulados apenas adiam o ajuste necessário, que, em muitos casos, termina sob a forma de subsídios à exportação, um total contrassenso que a Índia já praticou várias vezes e que agora parece não ter fim. É curioso como os grandes emergentes estão hoje copiando as piores práticas dos países ricos - subsídios agrícolas caros, de eficiência duvidosa e que distorcem fortemente o comércio mundial.

Ainda que tímido, o pequeno avanço obtido em Bali precisa ser comemorado por dois motivos. Primeiro, porque a entidade conta com o único tribunal multilateral em que é possível solucionar controvérsias comerciais. Se as regras não se modernizam, o tribunal perde eficácia. Segundo, porque a OMC é o único foro em que é factível negociar soluções para os temas sistêmicos do comércio, como, por exemplo, a redução de subsídios. Tarifas podem ser reduzidas dentro de um bloco menor de países, impactando os que estão fora, que não terão esse benefício. Subsídios governamentais, se reduzidos, beneficiam todos os países, independentemente de estarem ou não no bloco. Por isso os países só querem negociá-los se todos os que interessam estiverem na mesa, no caso, a OMC. Ou seja, se é difícil resolver temas sistêmicos na OMC, fora dela é praticamente impossível.

Mas o que mais me chamou a atenção em Bali foram o entusiasmo e a pressa de parte dos representantes de governos e setor privado e dos especialistas em comércio em voar para Cingapura, onde começava mais uma reunião da Parceria Trans-Pacífico (TPP, em inglês). Capitaneada por EUA, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, a TPP reúne players da América Latina (México, Peru e Chile) e da Ásia (Malásia, Cingapura, Vietnã e, mais recentemente, o Japão). O acordo pretende reduzir a zero 90% das tarifas de todos os bens comercializados entre esses países até 2015 e o restante até o final da década. Prevê, ainda, a integração das áreas de serviços, proteção a investimentos, compras governamentais, comércio eletrônico, propriedade intelectual, concorrência e meio ambiente. A TPP propõe uma nova arquitetura de comércio que reforça a integração dos países em cadeias globais de suprimento e valor, sem tratamentos diferenciados. Não é por outra razão que em Bali já se falava abertamente da integração de Coreia do Sul, Tailândia e Filipinas à TPP. Até a China já manifestou interesse em conversar.

Outro grande impacto é que a TPP quer avançar na chamada "convergência regulatória", ou seja, a harmonização de todas as leis e regulamentos dos países-membros. No caso do agronegócio, a combinação de convergência regulatória com reduções tarifárias vai provocar forte desvio do fluxo de exportações e investimentos vindos do Brasil e da Argentina para a região Ásia-Pacífico, em favor de EUA, Canadá e Austrália como origem, para dizer o mínimo.

Enfim, graças à imensa habilidade do diretor-geral embaixador Roberto Azevêdo, podemos comemorar que a OMC continuará viva e operando. Ele conseguiu colocar os negociadores na mesma página e trazer a entidade de volta aos trilhos. O problema é que o trem da OMC é obsoleto e avança muito devagar. Enquanto isso, trens menos pesados e bem mais modernos estão circulando com rapidez e vontade. Dez anos atrás o Brasil estava na locomotiva de dois trens – a Alca e a União Europeia-Mercosul -, mas o primeiro quebrou e o segundo descarrilou. Neste momento, pelo menos dois trens de alta velocidade estão passando ao nosso lado, o Trans-Pacífico e o Transatlântico. Muitos ficarão dizendo que trens não saem sem o Brasil, trens não cruzam oceanos e outras bobagens. Recomendo ao menos conferir.

* Diretor Global de Assuntos Corporativos da BRF.

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terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Saudável Gre-Nal de gozações

Richard Jakubaszko    
É saudável a brincadeira, o Gre-Nal de gozações mútuas, em que torcedores de um time gozam os adversários conforme os resultados aconteçam.
Os gremistas queriam tirar um sarro dos colorados, porque este ano foram vice-campeões, enquanto o Internacional ficou em 15º lugar na tabela. Fez sucesso na internet a foto do gremista olhando por binóculo, para "encontrar" o Inter lá no 15º lugar, até que os colorados deram a respostas, e mostraram aquilo que o gremista estava vendo de fato: os troféus conquistados pelos vermelhos...

A rivalidade insana e inaceitável está nas torcidas organizadas, que vão aos estádios para beber, brigar e dar porrada. Estão sempre com apoio dos times, viajam com subsídios dos seus times, cometem todos os tipos de insanidade, e a hipocrisia da Justiça Desportiva finge ignorar o eterno passa-mão-na-cabeça que os clubes fazem com suas torcidas organizadas.
Que o Vasco, lá na segundona, seja punido com pontos negativos, e que o Atlético do PR, no próximo brasileirão, também perca pontos, por causa do deplorável incidente lá de Santa Catarina no último domingo. Afora punições da Justiça Civil, com cadeia aos rufiões.

Por causa dessas imbecilidades, faz muitos anos que não assisto em campo uma partida de futebol. Nunca se sabe onde ou quando a selvageria vai explodir.
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domingo, 8 de dezembro de 2013

Abraço-assinado por Genoíno tem 20 mil signatários


Abraço-assinado por Genoíno tem mais de 20 mil signatários          Lourdes Nassif
Faltam poucas dezenas de assinaturas para que o manifesto “abraço-assinado” em solidariedade ao ex-presidente do PT, José Genoíno, alcance 20 mil adesões. Na manhã deste domingo, dia 8, o manifesto alcançava 19.974 assinaturas. Entre os tantos signatários, estão Chico Buarque, José de Abreu, Marilena Chauí, Fernando Moraes e Antônio Candido.


Um grupo de amigos, e admiradores, de José Genoíno, criou o manifesto “abraço assinado” em sua defesa, no momento em que o julgamento do mensalão se transformava em um circo midiático, como forma de solidariedade e reconhecimento de seu trabalho e importância para este país.


O manifesto ganhou redes sociais, ganhou adesões importantes, e hoje se torna um dos poucos clamores em defesa de Genoíno, que pautou sua vida na luta pela democracia e por sua manutenção. Um clamor contra os rumos tomados pelo julgamento do mensalão.


Leia a íntegra do manifesto.


Nós estamos aqui! 

 Somos um grupo grande de brasileiros iguais a você, que deseja um país melhor.

Estamos aqui para dizer em alto e bom som que José Genoíno é um homem honesto, digno, no qual confiamos.

Estamos aqui porque José Genoíno traduz a história de toda uma geração que ousa sonhar com liberdade, justiça e pão.

Estamos aqui, mostrando nossa cara, porque nos orgulhamos de pessoas como ele, que dedicam sua vida para construir a democracia.


Genoíno personifica um sonho. O sonho de que um dia teremos uma sociedade em que haja fraternidade e todos sejam, de fato, iguais perante a lei.
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Publicado em GGN/Luis Nassif: http://jornalggn.com.br/noticia/abraco-assinado-por-genoino-perto-de-20-mil-signatarios

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