Richard Jakubaszko
Os seres humanos não conseguem perceber a natureza como ela é, seja no macro ou no micro. Precisamos de "instrumentos" para poder entender como ela funciona, e a palestra apresentada no TED, em vídeo abaixo, nos dá uma amostra grátis de como isso acontece.
Bom divertimento e aprendizado:
Vídeo enviado pelo amigo Hélio Casale.
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Este blog é um espaço de debate onde se pode polemizar sobre política, economia, sociologia, meio ambiente, religião, idiossincrasias, sempre em profundidade e com bom humor. Participe, dê sua opinião. O melhor do blog está em "arquivos do blog", os temas são atemporais. Se for comentar registre nome, NÃO PUBLICO COMENTÁRIOS ANÔNIMOS. Aqui no blog, até mesmo os biodesagradáveis são bem-vindos! ** Aviso: o blog contém doses homeopáticas de ironia, por vezes letais, mas nem sempre.
quinta-feira, 30 de abril de 2015
terça-feira, 28 de abril de 2015
Contagie-se! Acredite na solidariedade!
Richard Jakubaszko
Comercial de empresa de seguros, se não estou enganado da Tailândia, sugerindo sobre a bondade e solidariedade entre os seres humanos.
O mandamento seria este: "Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei." (João 15:12)
Vídeo sugerido pela Rosana Minante, lá da DBO
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Comercial de empresa de seguros, se não estou enganado da Tailândia, sugerindo sobre a bondade e solidariedade entre os seres humanos.
O mandamento seria este: "Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei." (João 15:12)
Vídeo sugerido pela Rosana Minante, lá da DBO
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sábado, 25 de abril de 2015
100 sc de soja/ha, de média, é possível isso?
Richard Jakubaszko
O questionamento feito no título deste post é viável, sem dúvida alguma, conforme mostram os resultados parciais do concurso de Produtividade Máxima do CESB - Comitê Estratégico Soja Brasil apresentados pelo engenheiro agrônomo Orlando Carlos Martins em palestra proferida no VI Fórum da Abisolo, realizado semana passada em Ribeirão Preto.
No vídeo abaixo publicado no Portal DBO mostro outros detalhes: http://www.portaldbo.com.br/Portal_v2/Conteudo/Geral/12168_Produtividade-da-soja-acima-de-100-sacas-ha
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O questionamento feito no título deste post é viável, sem dúvida alguma, conforme mostram os resultados parciais do concurso de Produtividade Máxima do CESB - Comitê Estratégico Soja Brasil apresentados pelo engenheiro agrônomo Orlando Carlos Martins em palestra proferida no VI Fórum da Abisolo, realizado semana passada em Ribeirão Preto.
No vídeo abaixo publicado no Portal DBO mostro outros detalhes: http://www.portaldbo.com.br/Portal_v2/Conteudo/Geral/12168_Produtividade-da-soja-acima-de-100-sacas-ha
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sexta-feira, 24 de abril de 2015
Avança agenda da privatização da água, no Brasil e no mundo.
Leandro Batista Pereira
Em meio à crise hídrica vivenciada em várias regiões do globo, como no Sudeste do Brasil, diversas propostas de privatização dos recursos hídricos têm avançado, nos últimos anos, geralmente, envolvendo grupos de investimentos transnacionais. O ponto central da agenda é passar a considerar a água como mais uma mera commodity, assim como tais grupos consideram os alimentos, em vez de um direito fundamental de todos os seres humanos.
No México, um escândalo revelado no ano passado proporciona uma visão pedagógica sobre o tema.
Em maio de 2014, o sítio israelense Globes, especializado em assuntos econômicos, noticiou que Natan Eshel, ex-assessor do atual primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, havia construído a sua fortuna pessoal com um acordo entre o governo do México e a estatal de águas israelense Mekorot. Segundo o jornalista mexicano Alfredo Jalife-Rahme, a empresa havia sido expulsa da Argentina sob a acusação de promover um “apartheid da água” contra 4,5 milhões de palestinos nos territórios ocupados por Israel (La Jornada, 11/04/2015).
Eshel teria negociado com David Korenfeld Federman, que presidiu a Comissão Nacional de Água mexicana (Conagua) de 2012 até abril de 2014, quando renunciou devido a pressões por ter utilizado um helicóptero oficial para fins pessoais. Federman teria utilizado a sua influência na Conagua para favorecer o estabelecimento de contratos com a Mekorot, em um esquema de privatização de recursos hídricos do país.
Dentre as negociatas denunciadas pelo Globes, inclui-se um acordo firmado entre Eshel e a Conagua para que a Mekorot assumisse a purificação de fontes de água contaminadas no México. Como intermediário das negociações, Eshel teria arrecadado de 5% a 8% do valor do contrato assinado pelo órgão mexicano.
Outra iniciativa de Federman foi a apresentação do projeto da Lei Geral de Águas, na Câmara de Deputados, em fevereiro de 2014, a qual foi adequadamente batizada “Lei Korenfeld”. A proposta visava uma extensão a todo o país do modelo de privatização dos recursos hídricos que ele mesmo implementou no Estado do México, quando ocupou os cargos de secretário de Águas e Obras Públicas e presidente da Associação Nacional de Empresas de Água e Saneamento do México (ANEAS), de 2007 a 2012, antes de assumir a Conagua, já no governo de Enrique Peña Nieto.
O modelo implementado no Estado do México privilegia a construção de infraestrutura hídrica que, basicamente, privilegia quem paga pela água, promove a concessão de grandes obras hidráulicas no entorno das principais cidades e dá à Conagua o poder de conceder concessões prorrogáveis por até 60 anos para empresas interessadas (SinEmbargo, 6/04/2015).
Críticos do projeto de lei afirmam que ele tende a encarecer o acesso à água, afetando os segmentos mais pobres da população e colocando a soberania hídrica do país nas mãos da iniciativa privada. Além disso, a “Lei Korenfeld” ainda promove uma “criminalização” das pesquisas científicas, determinando em um dos seus artigos uma punição financeira a qualquer pessoa que realize estudos, monitoramento e tratamento dos recursos hídricos mexicanos sem autorização prévia da Conagua. Com isso, nenhum pesquisador universitário ou cidadão poderia, por exemplo, obter informações que questionassem os dados oficiais sem o consentimento do órgão.
O avanço de Wall Street sobre os recursos hídricos
O interesse dos grandes investidores internacionais está longe de restringir-se ao México. De fato, megabancos e grandes grupos de investimentos estão se dedicando a tais investimentos em uma escala sem precedentes, entre eles o Goldman Sachs, JP Morgan Chase, Citigroup, UBS, Deutsche Bank, Crédit Suisse, Macquarie Bank, Barclays Bank, Blackstone Group, Allianz e HSBC. O foco desses investidores tem sido a aquisição de terras com aquíferos, lagos, direitos sobre a exploração comercial de recursos hídricos e a participação em companhias de tecnologia engenharia hidráulica que atuam em âmbito global.
Já em 2008, dando a tônica da ofensiva global pela privatização da água, o Goldman Sachs afirmou que a água seria “o petróleo do século XXI”, assegurando que os investidores que se dedicassem a esse recurso natural teriam grandes lucros. Naquele ano, a indústria mundial da água já movimentava 425 bilhões de dólares em todo o planeta. Em uma conferência sobre “Os Cinco Maiores Riscos” daquele ano, o banco assegurou que uma estiagem de grandes proporções seria uma ameaça muito maior para a humanidade do século XXI do que uma queda na produção de alimentos ou de energia.
O Goldman Sachs tem um profundo conhecimento de causa, quando fala da aquisição de recursos hídricos por grupos privados: desde 2006, o megabanco se tornou um dos maiores investidores em infraestrutura no mundo, incluindo empreendimentos hídricos.
Outros grandes fundos de investimentos em recursos hídricos têm se formado nos últimos anos, entre os quais se destacam: Calvert Global Water Fund (CFWAX); Allianz RCM Global Water Fund (AWTAX); PFW Water Fund (PFWAX); Kinetics Water Infrastructure Advantaged Fund (KWIAX).
Além disso, foram criados diversos índices para investimentos relacionados a recursos hídricos: Crédit Suisse Water Index; HSBC Water, Waste, and Pollution Control Index; Merrill Lynch China Water Index; S&P Global Water Index; First Trust ISE Water Index Fund (FIW); International Securities Exchange’s ISE-B&S Water Index.
Igualmente, há conhecidas figuras internacionais entre os pioneiros dos investimentos em títulos de propriedade e licenças de exploração de recursos hídricos. Um exemplo é o ex-presidente dos EUA George H. W. Bush (1989-1993), que, em 2005, adquiriu 80 mil hectares de terras na região do Chaco Paraguaio, situados sobre o Aquífero Guarani e próximo à Tríplice Fronteira Argentina-Brasil-Paraguai. No ano seguinte, sua neta Jenna Bush ampliou a área em mais 40 mil hectares no ano seguinte, aprofundando a presença de uma das famílias mais ricas e influentes dos EUA no país vizinho.
Para colocar em perspectiva, o Aquífero Guarani é considerado o segundo maior aquífero do mundo (segundo a Wikipedia), com uma área total de 1,2 milhão de quilômetros quadrados. Possui um volume aproximado de 37.000 km³ de água e uma taxa de reposição de 166 km³ por ano. Estima-se que seja capaz de abastecer a população brasileira por 2500 anos e a população mundial por 200 anos, com base nas respectivas taxas atuais de consumo.
Por outro lado, uma ideia da junção dos interesses privados com a agenda geopolítica do Establishment estadunidense pode ser visto no recente anúncio feito pela empresa californiana Tetra Tech, de que obteve um contrato de um bilhão de dólares (o número é esse mesmo, 1 bilhão de dólares) da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), para a obtenção de dados sobre o consumo mundial de água, de modo a elaborar “estratégias para a gestão de recursos hídricos”, em um prazo de cinco anos. Conhecendo-se a trajetória intervencionista da USAID nos países em desenvolvimento, convém prestar muita atenção na nova iniciativa, denominada “Estratégia de Água e Desenvolvimento” (Water and Development Strategy).
No Brasil, “privatização branca” agrava crise hídrica
As experiências brasileiras de privatização da gestão, controle e distribuição da água têm provocado o encarecimento dos serviços e a destinação de grande parte dos valores arrecadados para o pagamento de acionistas das empresas responsáveis por tais serviços. O caso mais emblemático é o da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
Transformada em empresa de capital misto em 1994, com o argumento da obtenção de mais recursos para investir em abastecimento de água e tratamento de esgoto, a empresa teve 49,7% de suas ações vendidas a investidores brasileiros (25,5%) e estrangeiros (24,2%). E, embora o seu estatuto limite a concessão de lucros a acionistas a até 25% do lucro líquido anual da empresa, ela nunca realizou pagamentos inferiores a 26,1% desde que entrou na Bolsa de Valores, em 2002 (Jornalggn.com.br, 5/5/2014).
Além disso, estimativas baseadas nos dados divulgados pela empresa, em março de 2014, revelam quem, entre 2003 e 2013, aproximadamente um terço do lucro líquido total foi repassado aos acionistas. Trata-se de um montante da ordem de R$ 4,3 bilhões, o dobro do que a empresa investe por ano em saneamento básico. Entretanto, os índices de desperdício de água ainda beiram os 25% na atualidade, contrariando todas as metas da empresa de redução das perdas de água.
Para completar, a Sabesp conseguiu aprovar um reajuste tarifário de 13,8% para este ano, embora tenha anunciado uma redução de 55% nos investimentos para o tratamento de esgoto, alegando dificuldades financeiras em razão da recente estiagem que castiga São Paulo (O Estado de S. Paulo, 1/04/2015). Ainda assim, a empresa teve caixa suficiente para pagar um bônus de R$ 504 mil a cada um de seus sete diretores, como “prêmio pelo desempenho à frente da companhia” (noticias.uol.com.br, 14/04/2015).
Os casos brasileiro e mexicano são emblemáticos dos sérios problemas que podem advir da privatização da gestão, controle e distribuição da água. Resta saber se os governos nacionais, incluindo o brasileiro, poderão resistir a tal impulso, que pode colocar em risco o acesso de uma considerável parte da população mundial a esse recurso tão básico para a sobrevivência humana (como reconhecido pela própria Organização das Nações Unidas, em 2010).
Publicado originalmente no site Alerta em Rede: http://www.alerta.inf.br/avanca-agenda-da-privatizacao-da-agua-na-america-latina-e-no-mundo/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=avanca-agenda-da-privatizacao-da-agua-na-america-latina-e-no-mundo
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quarta-feira, 22 de abril de 2015
Juros no Brasil, uma vergonha nacional...
Richard Jakubaszko
Não adianta reclamar, o Brasil e os brasileiros somos todos um bando de loucos. A verdade verdadeira é que quem manda nesse país são os banqueiros e o chamado "mercado".
Se não, como explicar a atual taxa Selic, de 12,75% a.a.? Ou pior, os juros praticados no mercado financeiro? Os juros do chamado "cheque especial" andam na casa dos 80% a.a. Os juros dos cartões de crédito já estão acima de 200% a.a.
Dilma Rousseff caiu em desgraça junto ao "mercado" quando a taxa Selic atingiu os inéditos 7% a.a. Os porta-vozes do "mercado", a grande mídia, iniciaram ensandecidos um processo de "assassinato de reputação" nunca dantes visto, nem mesmo comparáveis aos ataques a Getúlio Vargas, que o levaram ao suicídio, pois o golpe, de outra maneira, seria inevitável.
Analisem o gráfico abaixo, a "pizza" mostra o quanto o governo federal gastou no orçamento federal de 2014 em pagamentos da dívida pública por ano: 45,1% !!!
Isso é uma vergonha, uma autêntica pirataria oficializada, apesar de sempre ter sido muito pior. Nos tempos de FHC a Selic bateu em 45% a.a. No final do Plano Cruzado de Sarney chegamos aos 60% a.a. Não há imposto suficiente que suporte esse descalabro. Isto sim, é crime organizado. Mas atente para o tamanho do problema: os 45,11% pagos de juros e amortizações da dívida correspondem aos 12,75% da atual taxa Selic. Se a Selic aumentar, a fatia amarela da pizza aumenta ainda mais.
Acho que o "mercado" chupa o nosso sangue usando um canudinho, tipo vampiro virtual...
Será que é por isso que o "mercado" quer Dilma Rousseff fora do governo, para o qual foi democraticamente eleita?
ORÇAMENTO FEDERAL
O orçamento federal para 2015 destina R$ 266 bilhões para pagamento de juros aos rentistas. É o montante fixado para pagar os juros da dívida pública, considerando a taxa Selic anterior, de 11,75%. Portanto, cada 1% de juros da Selic representam quase R$ 20 bilhões ao ano.
Isto é quase a soma total dos gastos com saúde (R$ 109 bi), educação (R$ 101 bi) obras do PAC e do Minha Casa (R$ 65 bi).
Equivale, ainda, a oito vezes o valor destinado aos programas sociais (R$ 33 bi).
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Não adianta reclamar, o Brasil e os brasileiros somos todos um bando de loucos. A verdade verdadeira é que quem manda nesse país são os banqueiros e o chamado "mercado".
Se não, como explicar a atual taxa Selic, de 12,75% a.a.? Ou pior, os juros praticados no mercado financeiro? Os juros do chamado "cheque especial" andam na casa dos 80% a.a. Os juros dos cartões de crédito já estão acima de 200% a.a.
Dilma Rousseff caiu em desgraça junto ao "mercado" quando a taxa Selic atingiu os inéditos 7% a.a. Os porta-vozes do "mercado", a grande mídia, iniciaram ensandecidos um processo de "assassinato de reputação" nunca dantes visto, nem mesmo comparáveis aos ataques a Getúlio Vargas, que o levaram ao suicídio, pois o golpe, de outra maneira, seria inevitável.
Analisem o gráfico abaixo, a "pizza" mostra o quanto o governo federal gastou no orçamento federal de 2014 em pagamentos da dívida pública por ano: 45,1% !!!
Isso é uma vergonha, uma autêntica pirataria oficializada, apesar de sempre ter sido muito pior. Nos tempos de FHC a Selic bateu em 45% a.a. No final do Plano Cruzado de Sarney chegamos aos 60% a.a. Não há imposto suficiente que suporte esse descalabro. Isto sim, é crime organizado. Mas atente para o tamanho do problema: os 45,11% pagos de juros e amortizações da dívida correspondem aos 12,75% da atual taxa Selic. Se a Selic aumentar, a fatia amarela da pizza aumenta ainda mais.
Acho que o "mercado" chupa o nosso sangue usando um canudinho, tipo vampiro virtual...
Será que é por isso que o "mercado" quer Dilma Rousseff fora do governo, para o qual foi democraticamente eleita?
ORÇAMENTO FEDERAL
O orçamento federal para 2015 destina R$ 266 bilhões para pagamento de juros aos rentistas. É o montante fixado para pagar os juros da dívida pública, considerando a taxa Selic anterior, de 11,75%. Portanto, cada 1% de juros da Selic representam quase R$ 20 bilhões ao ano.
Isto é quase a soma total dos gastos com saúde (R$ 109 bi), educação (R$ 101 bi) obras do PAC e do Minha Casa (R$ 65 bi).
Equivale, ainda, a oito vezes o valor destinado aos programas sociais (R$ 33 bi).
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terça-feira, 21 de abril de 2015
Nuremberg brasileiro
Daniel Strutenskey Macedo
Quando li Nietzsche logo percebi que o anticristo era o cristo humanizado. O cristo católico tornara-se um príncipe egoísta, intolerante, fanático, pequeno, delator. Nietzsche precisava do oposto, de uma figura que antagonizasse o deus católico. A palavra anti é isto, apenas isto, a oposição, a rejeição à louca fantasia católica, mas não é que tentaram a todo custo torná-lo um filósofo do nazismo?
Insanidade dos intelectuais de plantão da época? Não! Trabalho bem urdido e planejado de desconstrução da imagem pública do pensador que ousou reconstruir a fantasia original do Cristo Primeiro, um justo, um autêntico revolucionário.
Quando li Euclides da Cunha e sua denúncia, a matança cruel do povo aflito que seguiu Antonio Conselheiro, e os principais jornais brasileiros, o Estadão incluso, se insurgindo contra o povo pobre em luta e conclamando, com mentiras absurdas, as forças armadas para exterminá-los, duvidei da sanidade mental humana.
Quando vi as patroas católicas das altas classes guarnecendo os golpistas da Marcha da Família pela “Liberdade” e atraindo filhas de Maria e marianos para uma causa imprópria, percebi que a fé católica alimentada pelo povo é inocente, cega, estúpida em inconsequente.
Quando, seis anos atrás, me dei conta das articulações dos grandes veículos da mídia para desconstruir a democracia conquistada, imaginei que logo estaríamos cobertos por noticiários inescrupulosos. Não imaginei, contudo, que a parcela melhor aquinhoada da sociedade paulista seria a veiculadora do golpe. Todavia, vejo-a eufórica na avenida Paulista. Situação que me leva a um episódio antigo, contado por meu pai e vivido por ele. Contou que na data de 9 de Julho de 1932 a nova Carta Constitucional já tinha sido assinada pelo Getúlio. Não havia mais, portanto, os motivos alegados. Entretanto, um motivo apareceu e foi provocado por manifestantes que invadiram a sede do partido que apoiava Getúlio e que resultou num tiroteio onde quatro jovens manifestantes foram assassinados. As forças armadas da época entraram em cena e milhares de brasileiros perderam a vida. Meu pai se enganou. Havia, sim, motivos, mas eram os promovidos por grupos elitistas que queriam, a qualquer preço, reconquistar o poder perdido. O povo foi enganado? Será que o povo se engana? Acho que não. O povo não pensa, não reflete causas e consequências, não é organizado. Apenas reflete emocionalmente aquilo que lhes é transmitido.
Se voltarmos a viver episódios semelhantes aos de Canudos, 9 de julho e o de 31 de março de 1964, os atores da nova desgraça (jornalistas e políticos frustrados), desta vez, merecem purgar pelos seus desatinos, precisaremos de um Nuremberg brasileiro.
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Quando li Nietzsche logo percebi que o anticristo era o cristo humanizado. O cristo católico tornara-se um príncipe egoísta, intolerante, fanático, pequeno, delator. Nietzsche precisava do oposto, de uma figura que antagonizasse o deus católico. A palavra anti é isto, apenas isto, a oposição, a rejeição à louca fantasia católica, mas não é que tentaram a todo custo torná-lo um filósofo do nazismo?
Insanidade dos intelectuais de plantão da época? Não! Trabalho bem urdido e planejado de desconstrução da imagem pública do pensador que ousou reconstruir a fantasia original do Cristo Primeiro, um justo, um autêntico revolucionário.
Quando li Euclides da Cunha e sua denúncia, a matança cruel do povo aflito que seguiu Antonio Conselheiro, e os principais jornais brasileiros, o Estadão incluso, se insurgindo contra o povo pobre em luta e conclamando, com mentiras absurdas, as forças armadas para exterminá-los, duvidei da sanidade mental humana.
Quando vi as patroas católicas das altas classes guarnecendo os golpistas da Marcha da Família pela “Liberdade” e atraindo filhas de Maria e marianos para uma causa imprópria, percebi que a fé católica alimentada pelo povo é inocente, cega, estúpida em inconsequente.
Quando, seis anos atrás, me dei conta das articulações dos grandes veículos da mídia para desconstruir a democracia conquistada, imaginei que logo estaríamos cobertos por noticiários inescrupulosos. Não imaginei, contudo, que a parcela melhor aquinhoada da sociedade paulista seria a veiculadora do golpe. Todavia, vejo-a eufórica na avenida Paulista. Situação que me leva a um episódio antigo, contado por meu pai e vivido por ele. Contou que na data de 9 de Julho de 1932 a nova Carta Constitucional já tinha sido assinada pelo Getúlio. Não havia mais, portanto, os motivos alegados. Entretanto, um motivo apareceu e foi provocado por manifestantes que invadiram a sede do partido que apoiava Getúlio e que resultou num tiroteio onde quatro jovens manifestantes foram assassinados. As forças armadas da época entraram em cena e milhares de brasileiros perderam a vida. Meu pai se enganou. Havia, sim, motivos, mas eram os promovidos por grupos elitistas que queriam, a qualquer preço, reconquistar o poder perdido. O povo foi enganado? Será que o povo se engana? Acho que não. O povo não pensa, não reflete causas e consequências, não é organizado. Apenas reflete emocionalmente aquilo que lhes é transmitido.
Se voltarmos a viver episódios semelhantes aos de Canudos, 9 de julho e o de 31 de março de 1964, os atores da nova desgraça (jornalistas e políticos frustrados), desta vez, merecem purgar pelos seus desatinos, precisaremos de um Nuremberg brasileiro.
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segunda-feira, 20 de abril de 2015
O século do Pacífico
Marcos Sawaya Jank *
"O Mediterrâneo é o oceano do passado. O Atlântico é o oceano do presente, e o Pacífico, o oceano do futuro."
A frase foi dita por John Hay, secretário de Estado dos EUA, na virada final do século 19. Naquele momento, Hay transformou as Filipinas em colônia e base americana na Ásia-Pacífico e anunciou a política de "portas abertas" para a China, reduzindo a forte "influência colonizadora" da Europa e do Japão sobre a região.
Hay estava correto sobre o Pacífico, mas sua frase visionária demorou cem anos para se materializar. O século 20 continuou sendo dominado pelo Atlântico, em razão da maior proximidade histórica, cultural, linguística e institucional entre os seus dois lados. Isso sem contar o impacto de duas guerras centradas na Europa, da Guerra Fria, da integração europeia, entre outros.
Porém, no ultimo quarto do século 20, o Atlântico começa a perder liderança. O primeiro sinal da supremacia do Pacífico veio nos anos 1970 pelo lado do comércio, com a reemergência das grandes potencias asiáticas –primeiro o Japão, depois a China, mais recentemente a Índia e o Sudeste Asiático. Comércio é um tema que está no DNA da região Ásia-Pacífico desde sempre. Na área econômica, enquanto EUA e Europa cresceram só 1,6% ao ano na última década, a América Latina cresceu 4,6% anuais, e a Ásia, quase 6% ao ano. Na metade deste século, além de concentrar 60% da população, a Ásia vai responder por metade do PIB mundial.
Crescimento, comércio, capital e pessoas motivadas não são o que falta na Ásia. O maior problema parece ser a carência de instituições sólidas capazes de reduzir nacionalismos exacerbados, fricções e tensões, garantindo o "fair play". A Ásia ainda tem imensos desafios pela frente: melhor governança, combate à corrupção, redução de desigualdades, solução para disputas territoriais etc.
Recentemente, além da miríade de acordos bilaterais que povoam a região, começam a surgir blocos econômicos de grande envergadura. A Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec, em inglês) reúne 21 países que respondem por metade do comércio mundial e que avançam entendimentos para a criação da Área de Livre Comércio da Ásia-Pacífico (FTAAP). Quase todas as grandes nações de todos os lados da região Ásia-Pacífico fazem parte desse grupo.
A Parceria Trans-Pacífico (TPP), cujos maiores expoentes são os Estados Unidos e o Japão, reúne 12 dos 21 membros da Apec, sendo que a China até o momento ficou de fora. Além de reduzir a zero as tarifas de importação de todos os bens em alguns anos, a TPP propõe uma nova arquitetura de comércio que reforça a integração dos países em cadeias globais de suprimento, com forte convergência de leis e regulamentos entre os países-membros.
Na agricultura, por exemplo, a combinação de abertura comercial e convergência regulatória na TPP pode provocar forte desvio do fluxo de comércio do Brasil para a Ásia, em favor dos EUA, do Canadá e da Austrália. A TPP é acordo mais amplo, profundo e equânime que é negociado neste momento. E tudo indica que o Congresso dos EUA vai conceder a autorização para que o Executivo daquele país negocie o acordo num único bloco, a chamada TPA (Trade Promotion Authority).
Em paralelo, a Asean, uma associação formada por dez países do sudeste da Ásia, também caminha com força no seu processo de convergência e integração.
Apenas cinco países das Américas estão participando do imenso e intenso xadrez do Pacífico – Estados Unidos, Canadá, México, Peru e Chile. O Brasil participa de forma bastante marginal, exportando commodities e atraindo alguns investimentos. Claramente estamos perdendo oportunidades. Poderíamos fazer muito mais.
Diria que nesse tabuleiro somos apenas um peão lateral avançando lentamente, em direção única, ao passo que rainhas, torres, cavalos e bispos se reposicionam com força e agilidade. É hora de se mexer.
(*) Marcos S. Jank é especialista em questões globais do agronegócio. Escreve aos sábados, a cada duas semanas.
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"O Mediterrâneo é o oceano do passado. O Atlântico é o oceano do presente, e o Pacífico, o oceano do futuro."
A frase foi dita por John Hay, secretário de Estado dos EUA, na virada final do século 19. Naquele momento, Hay transformou as Filipinas em colônia e base americana na Ásia-Pacífico e anunciou a política de "portas abertas" para a China, reduzindo a forte "influência colonizadora" da Europa e do Japão sobre a região.
Hay estava correto sobre o Pacífico, mas sua frase visionária demorou cem anos para se materializar. O século 20 continuou sendo dominado pelo Atlântico, em razão da maior proximidade histórica, cultural, linguística e institucional entre os seus dois lados. Isso sem contar o impacto de duas guerras centradas na Europa, da Guerra Fria, da integração europeia, entre outros.
Porém, no ultimo quarto do século 20, o Atlântico começa a perder liderança. O primeiro sinal da supremacia do Pacífico veio nos anos 1970 pelo lado do comércio, com a reemergência das grandes potencias asiáticas –primeiro o Japão, depois a China, mais recentemente a Índia e o Sudeste Asiático. Comércio é um tema que está no DNA da região Ásia-Pacífico desde sempre. Na área econômica, enquanto EUA e Europa cresceram só 1,6% ao ano na última década, a América Latina cresceu 4,6% anuais, e a Ásia, quase 6% ao ano. Na metade deste século, além de concentrar 60% da população, a Ásia vai responder por metade do PIB mundial.
Crescimento, comércio, capital e pessoas motivadas não são o que falta na Ásia. O maior problema parece ser a carência de instituições sólidas capazes de reduzir nacionalismos exacerbados, fricções e tensões, garantindo o "fair play". A Ásia ainda tem imensos desafios pela frente: melhor governança, combate à corrupção, redução de desigualdades, solução para disputas territoriais etc.
Recentemente, além da miríade de acordos bilaterais que povoam a região, começam a surgir blocos econômicos de grande envergadura. A Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec, em inglês) reúne 21 países que respondem por metade do comércio mundial e que avançam entendimentos para a criação da Área de Livre Comércio da Ásia-Pacífico (FTAAP). Quase todas as grandes nações de todos os lados da região Ásia-Pacífico fazem parte desse grupo.
A Parceria Trans-Pacífico (TPP), cujos maiores expoentes são os Estados Unidos e o Japão, reúne 12 dos 21 membros da Apec, sendo que a China até o momento ficou de fora. Além de reduzir a zero as tarifas de importação de todos os bens em alguns anos, a TPP propõe uma nova arquitetura de comércio que reforça a integração dos países em cadeias globais de suprimento, com forte convergência de leis e regulamentos entre os países-membros.
Na agricultura, por exemplo, a combinação de abertura comercial e convergência regulatória na TPP pode provocar forte desvio do fluxo de comércio do Brasil para a Ásia, em favor dos EUA, do Canadá e da Austrália. A TPP é acordo mais amplo, profundo e equânime que é negociado neste momento. E tudo indica que o Congresso dos EUA vai conceder a autorização para que o Executivo daquele país negocie o acordo num único bloco, a chamada TPA (Trade Promotion Authority).
Em paralelo, a Asean, uma associação formada por dez países do sudeste da Ásia, também caminha com força no seu processo de convergência e integração.
Apenas cinco países das Américas estão participando do imenso e intenso xadrez do Pacífico – Estados Unidos, Canadá, México, Peru e Chile. O Brasil participa de forma bastante marginal, exportando commodities e atraindo alguns investimentos. Claramente estamos perdendo oportunidades. Poderíamos fazer muito mais.
Diria que nesse tabuleiro somos apenas um peão lateral avançando lentamente, em direção única, ao passo que rainhas, torres, cavalos e bispos se reposicionam com força e agilidade. É hora de se mexer.
(*) Marcos S. Jank é especialista em questões globais do agronegócio. Escreve aos sábados, a cada duas semanas.
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sábado, 18 de abril de 2015
Agro DBO: a logística vai mal no agro.
Richard Jakubaszko
Saiu a Agro DBO de abril, edição 65. Entramos no 12º ano de vida da revista, com o vigor da juventude.
Neste mês, palpitantes e atuais assuntos da pauta: a greve dos caminhoneiros e suas consequências, como reportagem de capa.
Damos um registro panorâmico da safra de verão que se encerra recordista, mas com inúmeros problemas na lucratividade, especialmente no Brasil Central. E antecipamos os problemas da 2ª safra, ou safrinha, que vai se encaminhando, inclusive com diversos problemas climáticos.
Novos cultivares de feijão, tolerantes ao estresse hídrico, é um dos assuntos em destaque da edição.
Como sempre, Agro DBO traz análises dos colunistas, informações atualíssimas sobre novas tecnologias à disposição dos agricultures. Abaixo, o depoimento do Tostão, editor da revista, sobre os destaques da edição:
Vale uma leitura, e se você ainda não é assinante peça exemplar de degustação no site da revista: www.agrodbo.com.br
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Saiu a Agro DBO de abril, edição 65. Entramos no 12º ano de vida da revista, com o vigor da juventude.
Neste mês, palpitantes e atuais assuntos da pauta: a greve dos caminhoneiros e suas consequências, como reportagem de capa.
Damos um registro panorâmico da safra de verão que se encerra recordista, mas com inúmeros problemas na lucratividade, especialmente no Brasil Central. E antecipamos os problemas da 2ª safra, ou safrinha, que vai se encaminhando, inclusive com diversos problemas climáticos.
Novos cultivares de feijão, tolerantes ao estresse hídrico, é um dos assuntos em destaque da edição.
Como sempre, Agro DBO traz análises dos colunistas, informações atualíssimas sobre novas tecnologias à disposição dos agricultures. Abaixo, o depoimento do Tostão, editor da revista, sobre os destaques da edição:
Vale uma leitura, e se você ainda não é assinante peça exemplar de degustação no site da revista: www.agrodbo.com.br
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sexta-feira, 17 de abril de 2015
Diferenças entre a Ciência real e a “ciência” do aquecimento global
José Carlos Parente de Oliveira*
Há ao menos uma dúzia de diferenças entre a Ciência real e a “ciência” do aquecimento global antropogênico (AGA). Enquanto a Ciência real segue o método científico, a “ciência” do AGA utiliza ferramentas políticas de campanha, como enquetes e votações, demoniza os opositores, utiliza táticas de intimidação, enganação e propaganda.
1. A Ciência real estimula o “questione tudo”. A “ciência” do AGA afirma insistentemente: “questionar o aquecimento global é imprudente, porque ele é uma ameaça ao planeta.”
2. A Ciência real nunca termina, ela é um ciclo contínuo de testes e correções. A “ciência” do AGA tenta por todos os meios quebrar esse ciclo ao afirmar que “o debate é longo” e “a ciência está estabelecida”.
“Ciência estabelecida” é um paradoxo inventado pelo político, não cientista, Al Gore para evitar debater suas crenças rentáveis em público. Al Gore, contratualmente, não aceita perguntas nem questionamentos – ele chega, fala e vai embora.
3. A Ciência real desenvolve hipóteses que são falsificáveis via previsões testáveis. A “ciência” do AGA não é refutável, porque faz contradições, mudando as projeções. Mais furações ou menos furacões, mais ou menos neve, temperaturas mais quentes ou mais frias do que a média, etc, são todos citados após o fato como prova do AGA.
Não há observação da natureza que os proponentes da ciência do AGA aceite como prova contrária à sua crença. Os modelos climáticos criados pelos aquecimentistas abusam de valores numéricos que são atribuídos por quem faz ou usa esses modelos – os famosos parâmetros (ver, por exemplo, este link).
4. A Ciência real baseia-se em ceticismos para fazer progressos. Muitos cientistas reais durante suas carreiras tentam refutar o conhecimento aceito. A “ciência” do AGA, por outro lado, intimida e difama os céticos como “descrentes” equiparando-os aos negadores do Holocausto e os tratando tal qual a Igreja tratou Galileu. Veja-se aqui um exemplo desse modus operandi.
5. A Ciência real concede prêmios para refutar as verdades aceitas. Os pesquisadores e apoiadores da “ciência” do AGA, por outro lado, têm interesses inconfessáveis em apenas um resultado. Eles continuarão a acessar bilhões de dólares em dinheiro dos contribuintes, enquanto o aquecimento global for percebido pelo público como uma ameaça para a humanidade (ver o link).
6. A Ciência real não tem nada a ver com sondagens de opinião ou consenso, mas os proponentes da ciência do AGA constantemente se utilizam de votações para defender suas reivindicações. Ironicamente, mesmo quando eles as usam, têm que “trabalhar” os resultados.
7. A Ciência real não tem a pretensão de validade, citando as credenciais dos proponentes. Ela respeita apenas os dados e análises, independentemente de quem os esteja publicando. Einstein era um desconhecido auxiliar de escritório de patentes, quando derrubou o entendimento consensual de espaço e tempo, em 1905, com a Teoria da Relatividade Especial. Como afirma Richard Feynman, Prêmio Nobel de Física: “Não importa o quão bonito é o seu palpite ou quão inteligente você é ou qual nome você tem. Se o seu palpite não concorda com a experiência, ele está errado.”
8. Na Ciência real, são realizados testes para remover preconceitos e descartar modelos ruins. A Teoria da Relatividade de Einstein ainda está sendo testada, um século depois de sua publicação. A “ciência” do AGA ignora ou oculta dados que não a ajudam (ver o link).
9. A Ciência real aceita que as previsões ruins originaram-se de hipóteses ruins. Quando as projeções (ou previsões) dos defensores da “ciência” do AGA estão erradas, eles não questionam as hipóteses; apenas mudam as projeções e redefinem o movimento.
10. A Ciência real nunca recomenda que aqueles que não concordam com uma hipótese ou teoria sejam presos. Por outro lado, muitos dos aquecimentistas e apoiadores da “ciência” do AGA não pensam assim.
O doutor Lawrense Torcello, professor de Filosofia do Instituto de Tecnologia de Rochester, expressa a opinião de que as modificações antropogênicas do clima são reais e que matarão muitas pessoas. Portanto, propõe que as leis vigentes deveriam ser usadas para punir aqueles cujas mentiras estariam contribuindo para matar pessoas. É tempo de punir os mentirosos que negam as mudanças climáticas, ele conclui.No mês de março passado, Al Gore foi ao Festival Sul e Sudoeste, em Austin, Texas, e disse: “Nós precisamos por um preço no carbono, para acelerar essas tendências de mercado. Para fazer isso, nós precisamos responsabilizar os negadores da política e precisamos punir os negadores das mudanças climáticas.”
11. A Ciência real não cria bilionários, que se tornaram ricos vendendo hipóteses não comprovadas.
12. A Ciência real tenta explicar todas as variáveis que interferem nos estudos. A “ciência” do AGA simplesmente ignora todas as variáveis que têm impactado drasticamente o clima da Terra durante bilhões de anos, a menos que estes fatores sejam necessários para desculpar projeções defeituosas.
* Físico, Doutor em Física e Pós-doutor em Física da Atmosfera; Professor Associado (aposentado) da Universidade Federal do Ceará (UFC) e professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE). Foi um dos 25 signatários da carta aberta “Rumo a uma política climática baseada em constatações e bom senso”, enviada em janeiro ao ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo (Alerta Científico e Ambiental, 29/01/2015).
Publicado originalmente no site Alerta em Rede: http://www.alerta.inf.br/diferencas-entre-a-ciencia-real-e-a-ciencia-do-aquecimento-global/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=diferencas-entre-a-ciencia-real-e-a-ciencia-do-aquecimento-global
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Há ao menos uma dúzia de diferenças entre a Ciência real e a “ciência” do aquecimento global antropogênico (AGA). Enquanto a Ciência real segue o método científico, a “ciência” do AGA utiliza ferramentas políticas de campanha, como enquetes e votações, demoniza os opositores, utiliza táticas de intimidação, enganação e propaganda.
1. A Ciência real estimula o “questione tudo”. A “ciência” do AGA afirma insistentemente: “questionar o aquecimento global é imprudente, porque ele é uma ameaça ao planeta.”
2. A Ciência real nunca termina, ela é um ciclo contínuo de testes e correções. A “ciência” do AGA tenta por todos os meios quebrar esse ciclo ao afirmar que “o debate é longo” e “a ciência está estabelecida”.
“Ciência estabelecida” é um paradoxo inventado pelo político, não cientista, Al Gore para evitar debater suas crenças rentáveis em público. Al Gore, contratualmente, não aceita perguntas nem questionamentos – ele chega, fala e vai embora.
3. A Ciência real desenvolve hipóteses que são falsificáveis via previsões testáveis. A “ciência” do AGA não é refutável, porque faz contradições, mudando as projeções. Mais furações ou menos furacões, mais ou menos neve, temperaturas mais quentes ou mais frias do que a média, etc, são todos citados após o fato como prova do AGA.
Não há observação da natureza que os proponentes da ciência do AGA aceite como prova contrária à sua crença. Os modelos climáticos criados pelos aquecimentistas abusam de valores numéricos que são atribuídos por quem faz ou usa esses modelos – os famosos parâmetros (ver, por exemplo, este link).
4. A Ciência real baseia-se em ceticismos para fazer progressos. Muitos cientistas reais durante suas carreiras tentam refutar o conhecimento aceito. A “ciência” do AGA, por outro lado, intimida e difama os céticos como “descrentes” equiparando-os aos negadores do Holocausto e os tratando tal qual a Igreja tratou Galileu. Veja-se aqui um exemplo desse modus operandi.
5. A Ciência real concede prêmios para refutar as verdades aceitas. Os pesquisadores e apoiadores da “ciência” do AGA, por outro lado, têm interesses inconfessáveis em apenas um resultado. Eles continuarão a acessar bilhões de dólares em dinheiro dos contribuintes, enquanto o aquecimento global for percebido pelo público como uma ameaça para a humanidade (ver o link).
6. A Ciência real não tem nada a ver com sondagens de opinião ou consenso, mas os proponentes da ciência do AGA constantemente se utilizam de votações para defender suas reivindicações. Ironicamente, mesmo quando eles as usam, têm que “trabalhar” os resultados.
7. A Ciência real não tem a pretensão de validade, citando as credenciais dos proponentes. Ela respeita apenas os dados e análises, independentemente de quem os esteja publicando. Einstein era um desconhecido auxiliar de escritório de patentes, quando derrubou o entendimento consensual de espaço e tempo, em 1905, com a Teoria da Relatividade Especial. Como afirma Richard Feynman, Prêmio Nobel de Física: “Não importa o quão bonito é o seu palpite ou quão inteligente você é ou qual nome você tem. Se o seu palpite não concorda com a experiência, ele está errado.”
8. Na Ciência real, são realizados testes para remover preconceitos e descartar modelos ruins. A Teoria da Relatividade de Einstein ainda está sendo testada, um século depois de sua publicação. A “ciência” do AGA ignora ou oculta dados que não a ajudam (ver o link).
9. A Ciência real aceita que as previsões ruins originaram-se de hipóteses ruins. Quando as projeções (ou previsões) dos defensores da “ciência” do AGA estão erradas, eles não questionam as hipóteses; apenas mudam as projeções e redefinem o movimento.
10. A Ciência real nunca recomenda que aqueles que não concordam com uma hipótese ou teoria sejam presos. Por outro lado, muitos dos aquecimentistas e apoiadores da “ciência” do AGA não pensam assim.
O doutor Lawrense Torcello, professor de Filosofia do Instituto de Tecnologia de Rochester, expressa a opinião de que as modificações antropogênicas do clima são reais e que matarão muitas pessoas. Portanto, propõe que as leis vigentes deveriam ser usadas para punir aqueles cujas mentiras estariam contribuindo para matar pessoas. É tempo de punir os mentirosos que negam as mudanças climáticas, ele conclui.No mês de março passado, Al Gore foi ao Festival Sul e Sudoeste, em Austin, Texas, e disse: “Nós precisamos por um preço no carbono, para acelerar essas tendências de mercado. Para fazer isso, nós precisamos responsabilizar os negadores da política e precisamos punir os negadores das mudanças climáticas.”
11. A Ciência real não cria bilionários, que se tornaram ricos vendendo hipóteses não comprovadas.
12. A Ciência real tenta explicar todas as variáveis que interferem nos estudos. A “ciência” do AGA simplesmente ignora todas as variáveis que têm impactado drasticamente o clima da Terra durante bilhões de anos, a menos que estes fatores sejam necessários para desculpar projeções defeituosas.
* Físico, Doutor em Física e Pós-doutor em Física da Atmosfera; Professor Associado (aposentado) da Universidade Federal do Ceará (UFC) e professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE). Foi um dos 25 signatários da carta aberta “Rumo a uma política climática baseada em constatações e bom senso”, enviada em janeiro ao ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo (Alerta Científico e Ambiental, 29/01/2015).
Publicado originalmente no site Alerta em Rede: http://www.alerta.inf.br/diferencas-entre-a-ciencia-real-e-a-ciencia-do-aquecimento-global/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=diferencas-entre-a-ciencia-real-e-a-ciencia-do-aquecimento-global
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quinta-feira, 16 de abril de 2015
Jacto lança nova colhedora de café, que é multiuso.
Richard Jakubaszko
A Jacto Máquinas Agrícolas apresentou esta semana, em evento na cidade de Pompeia, a jornalistas, clientes, revendas e amigos, a sua nova colhedora de café.
A K 3500 engloba um conceito inovador de máquina multiuso, pois além de ser colhedora de café ela vai ter módulos, previstos no projeto de engenharia, que a tornarão pulverizador ou podadora. A nova colhedora será uma das vedetes da Agrishow, a partir de 27 de abril próximo, e tem custo de venda de R$ 875 mil.
A primeira colhedora de café do Brasil, também da Jacto, foi lançada em 1979 e revolucionou a cafeicultura brasileira. "Sem ela a cafeicultura brasileira como a conhecemos não existiria, com toda certeza, e não seríamos líderes na produção e exportação de café", conforme disse Jorge Nishimura, presidente do Conselho de Administração da Jacto.
No evento, na fábrica da Jacto, cheios de orgulhos, diretoria e funcionários comemoraram, e lembraram um ensinamento do fundador da Jacto, Shunji Nishimura: "Ninguém cresce sozinho".
Ficou claro para todos que a Jacto, com esse lançamento, tem grandes planos para o futuro breve. A chamada crise não chegou na Jacto, e nem deve chegar.
Abaixo um vídeo com entrevista que realizei com o presidente da Jacto, Fernando Gonçalves Neto:
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A Jacto Máquinas Agrícolas apresentou esta semana, em evento na cidade de Pompeia, a jornalistas, clientes, revendas e amigos, a sua nova colhedora de café.
A primeira colhedora de café do Brasil, também da Jacto, foi lançada em 1979 e revolucionou a cafeicultura brasileira. "Sem ela a cafeicultura brasileira como a conhecemos não existiria, com toda certeza, e não seríamos líderes na produção e exportação de café", conforme disse Jorge Nishimura, presidente do Conselho de Administração da Jacto.
No evento, na fábrica da Jacto, cheios de orgulhos, diretoria e funcionários comemoraram, e lembraram um ensinamento do fundador da Jacto, Shunji Nishimura: "Ninguém cresce sozinho".
Ficou claro para todos que a Jacto, com esse lançamento, tem grandes planos para o futuro breve. A chamada crise não chegou na Jacto, e nem deve chegar.
Abaixo um vídeo com entrevista que realizei com o presidente da Jacto, Fernando Gonçalves Neto:
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terça-feira, 14 de abril de 2015
Sobre cientistas e retrógrados
Décio Luiz Gazzoni *
Thomas Malthus, economista britânico, viveu nos séculos XVIII e XIX. Criou o Malthusianismo, teoria que afirma que as populações humanas crescem em progressão geométrica e os meios de subsistência em progressão aritmética.
Malthus representou o paradigma de uma visão que ignora ou subestima os benefícios da industrialização e do progresso tecnológico, tendo vivido justamente quando as inovações tecnológicas passaram a ser colocadas à disposição da sociedade em escala logarítmica. A Malthus pode ser concedido o benefício de que seria um remanescente de uma era que se extinguia, não dispondo de informações anteriores e visão de futuro que lhe permitissem vislumbrar que outro mundo era possível.
Jean-Baptiste de Lamarck, cientista francês falecido em 1829, atribuiu a evolução das espécies a fatores exclusivamente ambientais, à necessidade de sobrevivência em ambientes adversos e ao aprendizado do indivíduo. Conforme sua teoria, uma característica adquirida durante a vida de um indivíduo, seria transmitida para as gerações seguintes.
Charles Darwin, naturalista britânico, viveu no século XIX. Concebeu a Teoria da Evolução das Espécies, publicada em seu livro de 1859, centrada na seleção natural, ou seja, características previamente presentes na espécie tornavam-se dominantes em determinados ambientes, por pressão natural. Entretanto, sua teoria, denominada Darwinismo era intuitiva e lastreada em observações, carecendo de fundamentação experimental sólida.
O abade checo Gregor Mendel (1822-1884) elaborou os fundamentos científicos da teoria que suportaram, em definitivo, a evolução das espécies por seleção natural, proposta pelo Darwinismo. Ele intuiu que as características de um ser vivo estão presentes em seu código genético, herdado dos ascendentes e transmitido aos descendentes, e em forma de alelos. Testou sua tese nos experimentos com ervilhas, que resultaram na Primeira e na Segunda Lei de Mendel, hoje sólidos fundamentos da Genética.
A pseudo ciência ideológica
Trofim Lysenko (1898-1976) é o responsável pelo Lysenkismo, uma releitura soviética do Lamarckismo que ocorreu no pós guerra, quando a Ciência já havia depositado a teoria de Lamarck no museu pela sua total dissociação dos fatos naturais que pretendia descrever. O Lysenkismo nada tinha de científico, tratava-se apenas de opor-se à teoria dominante na Ciência fora da URSS, que havia aceitado como verdade científica as leis da genética, gerando uma plêiade de novos negócios baseados nelas. A essência do Lysenkismo era discurso ideológico, não havia fatos científicos que a suportassem, uma narrativa imposta aos cidadãos da ex-URSS.
Em uma conferência realizada em 1948, Lysenko denunciou Mendel como "reacionário e decadente" e declarou que cientistas ou outros cidadãos que acreditassem na genética eram "inimigos do povo soviético." Anunciou que a sua tese havia sido aprovada pelo Comitê Central do Partido Comunista e que, a partir daquele momento, os cientistas que compartilhavam as teorias de Mendel dispunham de duas alternativas: ou escreviam cartas públicas confessando os seus erros e reconhecendo a sabedoria do Partido Comunista, ou seriam sumariamente demitidos. Alguns dissidentes foram enviados para campos de trabalho forçado. De outros, não mais se ouviu falar.
A Ciência verdadeira
Ao longo do século XX, diversos cientistas buscaram os fundamentos do código genético intuído por Mendel, que não tinha conhecimento da natureza física dos genes. O trabalho de James Watson e Francis Crick, publicado em 1953, mostrou que a base física da informação genética eram os ácidos nucleicos, especificamente o DNA, embora alguns vírus possuam genomas de RNA.
A elucidação da estrutura do DNA não trouxe, de imediato, o conhecimento de como as milhares de proteínas de um organismo estariam "codificadas" nas sequências de nucleotídeos do DNA. Esta descoberta, essencial para a moderna Biologia Molecular, ocorreu no início dos anos 1960, com os estudos de Marshall Nirenberg, que viria a receber o Prêmio Nobel de Medicina em 1968, assim como Watson e Crick o receberam em 1962. A manipulação controlada do DNA (engenharia genética) pode alterar a hereditariedade e as características dos organismos, de maneira semelhante aos fenômenos naturais de troca de material genético entre organismos vivos.
A Ciência e a agricultura
Foi esta sequência de teorias científicas, e o trabalho de milhares de cientistas - premiados com Nobel ou anônimos - que desmentiu o Malthusianismo. Recentemente, os cientistas sociais demonstraram que fome é um problema de renda, de acesso ao alimento, não de produção. A oferta de alimentos cresce de forma associada à demanda, embora sempre haja um “delay” devido aos mecanismos de transmissão dos sinais do aumento da demanda até os agricultores, responsáveis pelo aumento da oferta.
O aumento da produção tem sido função da produtividade agrícola que, nos últimos 50 anos, responde por cerca de 80% do aumento da oferta, contra 20% devidos à expansão da área. Maior produtividade, redução de custos e estabilidade da produção é função direta das inovações tecnológicas. Em Biologia, a maior inovação científica dos últimos anos é a engenharia genética, e sua consequência prática, as modernas variedades denominadas transgênicas. O que poucos se deram conta é que a engenharia genética nada mais é que um atalho do processo natural de fecundação cruzada, de troca de genes entre plantas. O mérito da espécie humana foi, simplesmente, reduzir a poucos anos o que a Natureza levaria, talvez, um século para atingir. Mas ambos chegariam lá.
O retrocesso
O ludismo foi um movimento contrário à mecanização do trabalho no advento da Revolução Industrial. O termo ludita, ou "quebradores de máquinas", identifica toda pessoa que se opõe à industrialização ou à inovações tecnológicas, geralmente vinculado ao movimento operário anarco primitivista, uma crítica anarquista das origens e do progresso da civilização. Os luditas chamaram muita atenção pelos seus atos, invadindo fábricas e destruindo máquinas que, segundo eles, por serem mais eficientes que os homens, colocavam em risco seus empregos. Ludismo é um conceito político, usado para designar todos aqueles que se opõem ao desenvolvimento tecnológico ou industrial. Atire a primeira pedra quem, hoje, não se beneficia largamente do legado da Revolução Industrial.
No dia 5 de março de 2015, a CTNBio analisaria o processo de licenciamento da variedade de eucalipto transgênico H421 da FuturaGene, empresa brasileira que desenvolve uma variedade transgênica de eucalipto há mais de 14 anos. Os experimentos demonstram que esse eucalipto produz 20% mais madeira que o convencional e diminui a idade de corte em 2 anos. Maior produtividade significa aumento de competitividade e ganhos socioambientais, ou seja, maior produção de madeira com menor demanda de área e insumos, e emitindo menos carbono, permitindo que mais área seja destinada à produção de alimentos ou à conservação, e contribuir com a renda de pequenos produtores. Aliás, produzir eucalipto significa que estamos utilizando química verde, menos poluente, substituindo petróleo tanto para produzir bens sociais tangíveis, quanto energia.
O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) arrombou a porta da sala já superlotada, invadiu a reunião da CTNBio e, violando todos os princípios democráticos e do Estado de Direito, impediu a realização da reunião de avaliação do H421. Não apresentou fatos, verdades, números, apenas o velho e batido discurso vazio e as vetustas palavras de ordem, de viés meramente ideológico, tal qual “..nunca mais haverá reunião da CTNBio”. Uma facção feminina do MST invadiu e depredou os laboratórios e estufas da FuturaGene, destruindo o trabalho de mais de uma década de cientistas e colaboradores, comprometendo o avanço da Ciência e a melhoria da produção agrícola. Desconheço o enquadramento ou punição dos participantes de ambos os atos, que violaram diversos artigos da legislação brasileira.
O fundamento legal
Se há uma crítica a ser feita à legislação brasileira de biossegurança é o fato de ser uma das mais exigentes e severas do mundo, mais realista que o rei. Se peca é por excesso de zelo. A Lei 11.105 de 2005 garante à sociedade o direito de se pronunciar democraticamente, ou seja, de acordo com padrões civilizados e em conformidade com a Lei.
No Brasil – como em todo o mundo - os OGM são submetidos a testes toxicológicos, alergênicos, nutricionais e ambientais que passam pela análise da CTNBio, cuja legitimidade é baseada na excelência de seus membros. O trabalho desenvolvido por esses cientistas envolve profundo detalhamento e rigorosa observância de princípios científicos consagrados. Até onde meu conhecimento alcança, há muito mais riscos toxicológicos e alergênicos em alimentos naturais, tradicionais, que em OGMs, justamente pelo fato de que aqueles não são submetidos à mesma legislação. Se o fossem, muito do que chega à nossa mesa, seria proibido por razões toxicológicas!
O avanço científico dos últimos dois séculos, em particular do último quarto do século XX e desta década e meia do século XXI, permitiu enviar o malthusianismo para o museu. No momento, é possível afirmar que temos condição de produzir alimentos em taxas superiores ao crescimento da população. Aliás, atualmente, a maior demanda de alimentos não se deve ao aumento físico da população, mas por incremento da renda disponível para as famílias comprarem alimentos. Este fato ficou muito patente com o acelerado crescimento econômico mundial da década passada, que levou o desemprego a taxas ínfimas e catapultou a renda a níveis elevados. A Ásia é o melhor exemplo deste fenômeno, em escala mundial, embora países da América Latina também tenham experimentado forte inserção social derivada do espetacular crescimento econômico mundial. O próximo continente a beneficiar-se deste fenômeno será a África.
Crime e castigo
Entrementes, enquanto Malthus ou Lamarck podem ser perdoados por seu pioneirismo, por não disporem de conhecimento suficiente, e por terem vivido em momentos de transição, o mesmo não pode ser dito de Lysenko ou do MST. Malthus e Lamarck desenvolveram teorias e tentaram, comprovar suas intuições, seguindo metodologia científica, embora tivessem falhado em seu intento. Já Lysenko e o MST nada tem de científico. É um discurso ideológico retrógrado, cujo preço a sociedade como um todo vai pagar.
O preço que está sendo pago pelos países membros da ex-URSS, pela imposição do discurso ideológico de Lyzenko, é que, atualmente, a Rússia e os países da antiga URSS dependem de tecnologia genética de países cuja Ciência seguiu Mendel, como a Europa, o Canadá, os Estados Unidos ou o Japão. São bilhões de dólares anuais transferidos dos países da ex-URSS para os países detentores de tecnologias avançadas, como variedades mais produtivas e mais resistentes a estresses, baseadas na genética mendeliana.
No Brasil, também pagaremos o preço das ações de quem se diz trabalhador sem-terra, mas age contra o progresso da Ciência e o desenvolvimento do país. O interessante é que terra não falta neste país: o que falta, e cada vez com intensidade maior, é gente efetivamente disposta a trabalhar a terra. Aliás, um dos grandes problemas atuais dos pequenos e médios produtores rurais é a sucessão: Os proprietários da terra ficaram idosos, não possuem mais condições de gerir e trabalhar na propriedade, seus filhos não tem interesse em seguir na terra, que acaba sendo vendida. Cada vez sobra mais terra, então por que não esquecer por um momento o discurso vazio e dar um uso à terra, em benefício da sociedade?
Se alguém enxergou um contrassenso entre as ações do MST e a realidade científica e social do Brasil (que não é diferente do resto do mundo), deve seguir o fio da meada para tentar entender quais as verdadeiras motivações de destruir inovações científicas, o que, para mim, ainda é um enigma maior que Lamarck ou Lysenko, já devidamente explicados.
* o autor é engenheiro agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja e membro do Conselho Editorial da Agro DBO.
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domingo, 12 de abril de 2015
De olho no óleo
Há 60 anos, ‘O Petróleo é Nosso’ foi mais do que uma campanha, foi uma batalha. Olha aí o século 20 de volta
A pressão para que seja retirada da Petrobras a exclusividade como operadora dos poços no pré-sal começa a aumentar e, em breve, deverá ser muito forte. Interesses estrangeiros e brasileiros convergem nesse sentido, excitados pela simultânea comprovação de êxito na exploração do pré-sal e enfraquecimento da empresa, com perda de força política e de apoio público. Mas o objetivo final da ofensiva é que a Petrobras deixe de ter participação societária (mínima de 30%) nas concessionárias dos poços por ela operados.
Como o repórter Pedro Soares já relatou na Folha, a Petrobras está extraindo muito mais do que os 15 mil barris diários por poço, previstos nos estudos de 2010. A média da produção diária é de 25 mil barris em cada um dos 17 poços nos campos Lula e Sapinhoá, na Bacia de Santos (de São Paulo ao Espírito Santos). Perto de 70% mais.
Não é à toa que, se a Petrobras perde a confiança de brasileiros, ganha a da China, que a meio da semana concedeu-lhe US$ 3,5 bilhões em empréstimo com as estimulantes condições do seu Banco de Desenvolvimento.
O senador José Serra já apresentou um projeto para retirada da exclusividade operativa da Petrobras nos poços. Justifica-o como meio de apressar a recuperação da empresa e de aumentar a produção de petróleo do pré-sal, que, a seu ver, a estatal não tem condições de fazer: “Se a exploração ficar dependente da Petrobras, não avançará”.
A justificativa não se entende bem com a realidade comprovada. Mas Serra invoca ainda a queda do preço internacional do petróleo como fator dificultante para os custos e investimentos necessários às operações e ao aumento da produção pela Petrobras. Mesmo como defensor do fim da exclusividade, Jorge Camargo, ex-diretor da estatal e presidente do privado Instituto Brasileiro do Petróleo, disse a Pedro Soares que “a queda do [preço do] petróleo também ajuda a reduzir o custo dos investimentos no setor, pois os preços de serviços e equipamentos seguem a cotação do óleo”. E aquele aumento da produtividade em quase 70% resulta na redução do custo, para a empresa, de cada barril extraído.
O tema pré-sal suscita mais do que aparenta. As condições que reservaram para a Petrobras posições privilegiadas não vieram só das fórmulas de técnicos. Militares identificaram no pré-sal fatores estratégicos a serem guarnecidos por limitações na concessão das jazidas e no domínio de sua exploração. A concepção de plena autoridade sobre o pré-sal levou, inclusive, ao caríssimo projeto da base que a Marinha constrói em Itaguaí e à compra/construção do submarino nuclear e outros.
Há 60 anos e alguns mais, “O Petróleo é Nosso” foi mais do que uma campanha, foi uma batalha. Olha aí o século 20 de volta.
* Jornalista, colunista da Folha de São Paulo.
Publicado na FSP: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/214736-de-olho-no-oleo.shtml
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