Fernando Brito *
Na capa da Folha de hoje, dois exemplos de como a nossa mídia, com seus comentaristas “sabidos”, não tem a menor vergonha em repetir e repetir “contos da carochinha” para formar um pensamento “óbvio” que, de tão falso, se esboroa no primeiro choque com a realidade.
Ou será que acham que todos já se esqueceram que, seis meses atrás, diziam que a reforma trabalhista ia “liberar a criação de milhares de empregos” e, ainda por cima, melhorar os salários por conta da redução dos passivos criados pela “maldita” CLT.
Não há um pingo de vergonha, mesmo quando as estatísticas do IBGE mostram um salto apavorante no desemprego – 1,5 milhão de pessoas desocupadas em um trimestre – e que os dados do Caged, os únicos que ainda mostrariam a cada vez mais duvidosa “criação de vagas”, dizem, como se lê no jornal, que os poucos empregos que se criaram ficam abaixo de dois salários-mínimos mensais e, nas regiões mais pobres, como o Norte e o Nordeste, abaixo de um?
Acima desta notícia, a informação que, considerados os mandados de prisão não cumpridos, deveríamos ter mais de 1 milhão de pessoas presas e as nossas cadeias, que já têm dois presos ocupando a mesma vaga penitenciária, passariam a ter três corpos ocupando o mesmo lugar no espaço.
Mas o problema da segurança brasileira não era o de que se prende de menos e que, quando a polícia “pega”, a Justiça manda soltar?
Manda mesmo?
“O índice de encarceramento passou de 361,4 mil [em 2005] para 726,7 mil detentos, segundo o último levantamento do Ministério da Justiça (Infopen de 2016). O aumento não foi acompanhado por melhora nos índices de segurança pública”.
Será que os arautos do “reduzir o gasto público” – ao menos por isso, não por qualquer sentimento de humanidade – podem alcançar o que significa uma política de “segurança” que represente encarcerar 1 milhão de pessoas?
Como o debate político fugiu de qualquer racionalidade e tudo o que se procura, desde que o golpismo passou a ser a sua marca, é despertar ódios, pouco importa a realidade, basta-lhes o “óbvio ideológico”, por mais evidente que seja a sua estupidez.
* o autor é jornalista, editor do blog Tijolaço.
Publicado em http://www.tijolaco.com.br/blog/o-obvio-dos-jornais-nao-resiste-realidade/
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Este blog é um espaço de debate onde se pode polemizar sobre política, economia, sociologia, meio ambiente, religião, idiossincrasias, sempre em profundidade e com bom humor. Participe, dê sua opinião. O melhor do blog está em "arquivos do blog", os temas são atemporais. Se for comentar registre nome, NÃO PUBLICO COMENTÁRIOS ANÔNIMOS. Aqui no blog, até mesmo os biodesagradáveis são bem-vindos! ** Aviso: o blog contém doses homeopáticas de ironia, por vezes letais, mas nem sempre.
segunda-feira, 30 de abril de 2018
domingo, 29 de abril de 2018
Esse “vai faltar água” é um falso dilema
Richard Jakubaszko
Água (potável) é um problema para grandes populações urbanas. A falta ocasional de chuvas afeta tanto lavouras como cidades.
A água não vai acabar como afirmam ONGs e setores interessados economicamente no assunto, e a mídia repete acriticamente a mentira.
Existe hoje a mesma quantidade de água que existia há 2 mil anos. Em alguns países a água mineral vale muito mais do que 1 litro de leite.
É um negócio altamente rentável, e esse é o problema, o dinheiro.
O planeta tem 71% de sua superfície coberta por água. O ciclo hidrológico, ajudado pelos ventos, distribui chuvas pelo planeta afora, exceto nos desertos. O problema está na disponibilidade da água potável para abastecer populações urbanas cada vez maiores, e na redução do desperdício. Os rios urbanos são todos poluídos, degradados pela ignorância são esgotos a céu aberto.
Busca-se água limpa cada vez mais distante das grandes cidades.
A agricultura é apontada como responsável por 70% do consumo de água. É uma falácia, e é urgente conscientizar-se que, de 95% a até 99% das águas de todos os rios do mundo chegam aos mares, onde se reinicia o ciclo hidrológico. Ora, os 1% a 5% que faltam nessa conta são consumidos pelos humanos nas suas atividades, como lavar carro e casa, lavar roupa, cozinhar, e também fazer irrigação. São 70% de quase nada. Este cálculo, feito originalmente em Israel, um dos países mais secos do mundo, precisa urgentemente ser revisto para países como o Brasil. Por isso, é um falso dilema esse de que “a água é finita”. É um sofisma, que esconde interesses perversos e inconfessáveis.
É lógico que barragens, irrigação, hidrelétricas, não interferem no ciclo hidrológico. A gestão da água potável, todavia, é um enorme problema da administração pública, que deve planejar o estoque e o tratamento de água para abastecer tanta gente nas urbes. A falta regional de água provoca migrações, guerras e doenças. Os nordestinos, por décadas, desde o Império, migraram para o Sul e Sudeste, por causa de secas cíclicas. A instalação de milhares de cisternas reduziu a quase zero a diáspora ambiental dos nordestinos. Esse foi um programa inteligente de gestão da água. Mas a briga entre israelenses e palestinos, por exemplo, não é só por qualquer rixa ancestral, mas também pelas águas do rio Jordão.
O que desejam?
Divulgam-se informações falsas, que tentam macular a imagem da agropecuária brasileira. O Dia Mundial da Água, em 22 de março, foi uma notável oportunidade para debater o uso dos recursos hídricos no país. A agricultura brasileira não é dependente da irrigação, mas algumas regiões somente conseguem produzir alimentos se houver irrigação. Assim, não podemos restringir irresponsavelmente o uso da água, pois há risco de faltar alimento. Aplaudimos a exceção, se houver falta grave de chuvas, quando o abastecimento deve privilegiar o consumo humano. Fora disso, o que se pretende é criar legislação e marcos regulatórios em cima de pânico, para se garantir lucros.
A irrigação no Brasil ocupa 7 milhões de hectares e representa 3% da área de lavouras, excluindo-se a de pecuária. Há potencial de ampliar a irrigação para 10 milhões de ha, um aumento de 47%. Mas os ambientalistas tornaram um inferno a via crucis dos interessados em fazer irrigação: há que se contratar “estudo de impacto ambiental”, pago pelo produtor, que custa caro e é demorado. Sem ele o Finame não libera crédito para a compra de pivôs e equipamentos. Essa proibição é um pequeno exemplo dos marcos legislatórios determinados pelos ambientalistas. Começa aí a longa cadeia de interesses financeiros para tornar a água um problema em estado permanente de crise. Na sequência, governos estaduais cobram pelo uso da água retirada de rios e poços artesianos para irrigação.
Em São Paulo já se pratica esse imposto há vários anos. Que os urbanos paguem pela água tratada que recebem em casa, que chega por tubulações e encanamentos, e depois ainda há os esgotos, nada mais natural, é justo. Agora, exigir que um agricultor pague pela água que retira dos rios ou açudes, por sua conta e risco para produzir alimentos é um artifício político de governos que não sabem mais de onde tirar dinheiro e usam o pânico da população para arrecadar mais, e com isso "mostram serviço" como administradores com "gestão justa", o que é outra falácia.
A soja é a maior área de lavoura do país e não depende de irrigação, porque o plantio coincide, na maioria das regiões, com o período chuvoso. A soja usa apenas água da chuva.
É uma falácia a afirmação de que a agricultura compete com o consumo humano de água e é responsável pela crise hídrica nos centros urbanos.
O que se deve debater é a redução da velocidade do crescimento demográfico. Tem muita gente no planeta.
E gente demais que dá pitaco onde não deve.
Obs. artigo publicado originalmente na revista Agro DBO / abril 2018 / edição nº 98.
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Água (potável) é um problema para grandes populações urbanas. A falta ocasional de chuvas afeta tanto lavouras como cidades.
A água não vai acabar como afirmam ONGs e setores interessados economicamente no assunto, e a mídia repete acriticamente a mentira.
Existe hoje a mesma quantidade de água que existia há 2 mil anos. Em alguns países a água mineral vale muito mais do que 1 litro de leite.
É um negócio altamente rentável, e esse é o problema, o dinheiro.
O planeta tem 71% de sua superfície coberta por água. O ciclo hidrológico, ajudado pelos ventos, distribui chuvas pelo planeta afora, exceto nos desertos. O problema está na disponibilidade da água potável para abastecer populações urbanas cada vez maiores, e na redução do desperdício. Os rios urbanos são todos poluídos, degradados pela ignorância são esgotos a céu aberto.
Busca-se água limpa cada vez mais distante das grandes cidades.
A agricultura é apontada como responsável por 70% do consumo de água. É uma falácia, e é urgente conscientizar-se que, de 95% a até 99% das águas de todos os rios do mundo chegam aos mares, onde se reinicia o ciclo hidrológico. Ora, os 1% a 5% que faltam nessa conta são consumidos pelos humanos nas suas atividades, como lavar carro e casa, lavar roupa, cozinhar, e também fazer irrigação. São 70% de quase nada. Este cálculo, feito originalmente em Israel, um dos países mais secos do mundo, precisa urgentemente ser revisto para países como o Brasil. Por isso, é um falso dilema esse de que “a água é finita”. É um sofisma, que esconde interesses perversos e inconfessáveis.
É lógico que barragens, irrigação, hidrelétricas, não interferem no ciclo hidrológico. A gestão da água potável, todavia, é um enorme problema da administração pública, que deve planejar o estoque e o tratamento de água para abastecer tanta gente nas urbes. A falta regional de água provoca migrações, guerras e doenças. Os nordestinos, por décadas, desde o Império, migraram para o Sul e Sudeste, por causa de secas cíclicas. A instalação de milhares de cisternas reduziu a quase zero a diáspora ambiental dos nordestinos. Esse foi um programa inteligente de gestão da água. Mas a briga entre israelenses e palestinos, por exemplo, não é só por qualquer rixa ancestral, mas também pelas águas do rio Jordão.
O que desejam?
Divulgam-se informações falsas, que tentam macular a imagem da agropecuária brasileira. O Dia Mundial da Água, em 22 de março, foi uma notável oportunidade para debater o uso dos recursos hídricos no país. A agricultura brasileira não é dependente da irrigação, mas algumas regiões somente conseguem produzir alimentos se houver irrigação. Assim, não podemos restringir irresponsavelmente o uso da água, pois há risco de faltar alimento. Aplaudimos a exceção, se houver falta grave de chuvas, quando o abastecimento deve privilegiar o consumo humano. Fora disso, o que se pretende é criar legislação e marcos regulatórios em cima de pânico, para se garantir lucros.
A irrigação no Brasil ocupa 7 milhões de hectares e representa 3% da área de lavouras, excluindo-se a de pecuária. Há potencial de ampliar a irrigação para 10 milhões de ha, um aumento de 47%. Mas os ambientalistas tornaram um inferno a via crucis dos interessados em fazer irrigação: há que se contratar “estudo de impacto ambiental”, pago pelo produtor, que custa caro e é demorado. Sem ele o Finame não libera crédito para a compra de pivôs e equipamentos. Essa proibição é um pequeno exemplo dos marcos legislatórios determinados pelos ambientalistas. Começa aí a longa cadeia de interesses financeiros para tornar a água um problema em estado permanente de crise. Na sequência, governos estaduais cobram pelo uso da água retirada de rios e poços artesianos para irrigação.
Em São Paulo já se pratica esse imposto há vários anos. Que os urbanos paguem pela água tratada que recebem em casa, que chega por tubulações e encanamentos, e depois ainda há os esgotos, nada mais natural, é justo. Agora, exigir que um agricultor pague pela água que retira dos rios ou açudes, por sua conta e risco para produzir alimentos é um artifício político de governos que não sabem mais de onde tirar dinheiro e usam o pânico da população para arrecadar mais, e com isso "mostram serviço" como administradores com "gestão justa", o que é outra falácia.
A soja é a maior área de lavoura do país e não depende de irrigação, porque o plantio coincide, na maioria das regiões, com o período chuvoso. A soja usa apenas água da chuva.
É uma falácia a afirmação de que a agricultura compete com o consumo humano de água e é responsável pela crise hídrica nos centros urbanos.
O que se deve debater é a redução da velocidade do crescimento demográfico. Tem muita gente no planeta.
E gente demais que dá pitaco onde não deve.
Obs. artigo publicado originalmente na revista Agro DBO / abril 2018 / edição nº 98.
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sábado, 28 de abril de 2018
9ª Sinfonia, de Beethoven
Richard Jakubaszko
Em minha opinião a humanidade atingiu a perfeição, quase divina, quando Beethoven compôs a 9ª Sinfonia. Nestas horas a gente chega a desacreditar que houve a evolução das espécies, conforme teoria de Darwin. Não dá para acreditar que um descendente de macaco tenha criado essa maravilha musical, amparado na matemática e no talento, e ainda por cima o alemão já era surdo. Quem acreditar em contrário que me argumente, afinal, este é um blog de debates. Adianto que vai ser difícil de me convencer do contrário.
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Em minha opinião a humanidade atingiu a perfeição, quase divina, quando Beethoven compôs a 9ª Sinfonia. Nestas horas a gente chega a desacreditar que houve a evolução das espécies, conforme teoria de Darwin. Não dá para acreditar que um descendente de macaco tenha criado essa maravilha musical, amparado na matemática e no talento, e ainda por cima o alemão já era surdo. Quem acreditar em contrário que me argumente, afinal, este é um blog de debates. Adianto que vai ser difícil de me convencer do contrário.
Obs. O vídeo acima está com mais de 88 milhões de visualizações.
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sexta-feira, 27 de abril de 2018
Sertão – seca – sagas.
Carlos Eduardo Florence *
O moço Cadinho ouviu cadenciado o silêncio para não assustar a tristeza. O cachorro latiu mesmo embaixo da escada do alpendre. Atendeu hora de o preá caçar água na bica da barrica cortada, como era correta sua hora de beber água na barrica cortada e gostava o preá, onde a barrica atendia. Pastaria ressecada até o pé da serra antes da catinga se pôr a dar conta de subir, arranhando os socavãos das grotas, desmedir espigão, entreolhar só os vazios de onde se pendiam as vistas melhores para deus desolhar as cismas. Um urubu voejou curto, meditativo, deixou a preguiça sobre o moirão da porteira da entrada do curral onde conversava com suas indiferenças antes de sair à procura do nada, ocupar o vazio deixado pelo carcará medroso da ameaça do peste e neste improviso desgarrou do cocho quebrado onde assentara primeiro e procurou, contra feitado, ponto outro como seu temperamento preferiu para sossegar nas suas conveniências.
O calor pertencia, riscado, poeira vadiava os chãos disfarçando as ranhuras. Cadinho repetiu as dúvidas enquanto inventava outras teimas nas ideias. O cachorro latiu embaixo mesmo da escada do alpendre. Acudia hora de o preá caçar água na bica da barrica cortada, como era correta sua hora de beber água, na barrica cortada, como gostava o preá, àquela hora, de beber água na barrica cortada. Se fazia urgência, Jupitão testemunhou, atendeu recado, era prestimoso das horas, aprumou, pasmou esgrouvinhado ao levantar, estirou as pernas frias, doloridas, sem embalos desde manhã, carcomidas nas melancolias na mesma cadeira. Jupitão saldou para si, pois os mais não interessavam, salvo Seu Vazinho, repetiu, repetente –“O cachorro latiu embaixo mesmo da escada do alpendre. Atendeu hora do preá caçar água na bica da barrica cortada, como é correta sua hora de beber água na barrica cortada, como gosta o preá, onde a barrica fica. Assim, o senhor, Seu Vazinho, carece tomar café e pitar. Vou servir o senhor, Seu Vazinho”. Estendeu Jupitão a caneca de café meio frio ao Seu Vazinho, que condescendeu sem euforias, acendeu o cigarro de palha, pigarreou mesmices, articulou o verbo, pensou, disse, sem falar, esperando os apaziguados se darem.
Era a essência de Seu Vazinho desmilinguido em si mesmo a espera do nada e Jupitão calou para o resto das conversas até ir dormir sem outras prosas. Não estava assim para entretantos, o homem, pois cansou das ideias faladas, não disse mais, tanto que enviesara por ser Jupitão do São Alepro do Jurucuí Açu, peão carregado de competências, amansador de cavalo, o melhor homem para acertar boca de animal, foi, não era mais, mas desmediu de querer viver, suspendeu a vontade de sorrir, assentou no silêncio, ficou. E tudo se deu, pois o cachorro latiu embaixo mesmo da escada do alpendre, quando viu a hora do preá beber água, quieto, sem desmentir medo do latido, o urubu se acomodou no cocho, lugar do carcará, que assentou mais longe no moirão da porteira, sem saber por que o vento não carregava mais as chuvas novas como as coisas deveriam ser.
O sertão, que tinha estas sobre valências, se alongou nas premissas e nada mudou até o sol cansar de queimar as mágoas que sobraram das secas castigadas.
* o autor é economista, blogueiro, escrevinhador, e diretor-executivo da AMA – Associação dos Misturadores de Adubos.
Publicado no https://carloseduardoflorence.blogspot.com.br/
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O moço Cadinho ouviu cadenciado o silêncio para não assustar a tristeza. O cachorro latiu mesmo embaixo da escada do alpendre. Atendeu hora de o preá caçar água na bica da barrica cortada, como era correta sua hora de beber água na barrica cortada e gostava o preá, onde a barrica atendia. Pastaria ressecada até o pé da serra antes da catinga se pôr a dar conta de subir, arranhando os socavãos das grotas, desmedir espigão, entreolhar só os vazios de onde se pendiam as vistas melhores para deus desolhar as cismas. Um urubu voejou curto, meditativo, deixou a preguiça sobre o moirão da porteira da entrada do curral onde conversava com suas indiferenças antes de sair à procura do nada, ocupar o vazio deixado pelo carcará medroso da ameaça do peste e neste improviso desgarrou do cocho quebrado onde assentara primeiro e procurou, contra feitado, ponto outro como seu temperamento preferiu para sossegar nas suas conveniências.
O calor pertencia, riscado, poeira vadiava os chãos disfarçando as ranhuras. Cadinho repetiu as dúvidas enquanto inventava outras teimas nas ideias. O cachorro latiu embaixo mesmo da escada do alpendre. Acudia hora de o preá caçar água na bica da barrica cortada, como era correta sua hora de beber água, na barrica cortada, como gostava o preá, àquela hora, de beber água na barrica cortada. Se fazia urgência, Jupitão testemunhou, atendeu recado, era prestimoso das horas, aprumou, pasmou esgrouvinhado ao levantar, estirou as pernas frias, doloridas, sem embalos desde manhã, carcomidas nas melancolias na mesma cadeira. Jupitão saldou para si, pois os mais não interessavam, salvo Seu Vazinho, repetiu, repetente –“O cachorro latiu embaixo mesmo da escada do alpendre. Atendeu hora do preá caçar água na bica da barrica cortada, como é correta sua hora de beber água na barrica cortada, como gosta o preá, onde a barrica fica. Assim, o senhor, Seu Vazinho, carece tomar café e pitar. Vou servir o senhor, Seu Vazinho”. Estendeu Jupitão a caneca de café meio frio ao Seu Vazinho, que condescendeu sem euforias, acendeu o cigarro de palha, pigarreou mesmices, articulou o verbo, pensou, disse, sem falar, esperando os apaziguados se darem.
Era a essência de Seu Vazinho desmilinguido em si mesmo a espera do nada e Jupitão calou para o resto das conversas até ir dormir sem outras prosas. Não estava assim para entretantos, o homem, pois cansou das ideias faladas, não disse mais, tanto que enviesara por ser Jupitão do São Alepro do Jurucuí Açu, peão carregado de competências, amansador de cavalo, o melhor homem para acertar boca de animal, foi, não era mais, mas desmediu de querer viver, suspendeu a vontade de sorrir, assentou no silêncio, ficou. E tudo se deu, pois o cachorro latiu embaixo mesmo da escada do alpendre, quando viu a hora do preá beber água, quieto, sem desmentir medo do latido, o urubu se acomodou no cocho, lugar do carcará, que assentou mais longe no moirão da porteira, sem saber por que o vento não carregava mais as chuvas novas como as coisas deveriam ser.
O sertão, que tinha estas sobre valências, se alongou nas premissas e nada mudou até o sol cansar de queimar as mágoas que sobraram das secas castigadas.
* o autor é economista, blogueiro, escrevinhador, e diretor-executivo da AMA – Associação dos Misturadores de Adubos.
Publicado no https://carloseduardoflorence.blogspot.com.br/
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quinta-feira, 26 de abril de 2018
O que acontece na Síria?
Richard Jakubaszko
O vídeo abaixo explica as ações e interesses das
superpotências no mundo árabe, sendo que a Síria é a bola da vez. É um
tabuleiro complicado, de múltiplos interesses em que o petróleo, evidentemente, é o maior butim, e onde os EUA têm feito o que querem, do
jeito que querem, sempre com uma péssima cobertura jornalística por parte da mídia. No vídeo
abaixo há uma explicação coerente das várias correntes
político-econômico-religiosas que atuam no conflito, que já dizimou milhares de
vidas.
O mundo
continua bárbaro.
Vídeo enviado pelo amigo Odo Primavesi.
Obs. A locução em inglês pode reduzir o entendimento para alguns, mas há o recurso de colocar legendas em português. Clique no retângulo e peça legendas. Depois clique na rodinha ao lado e pela legendas em português.
Obs. A locução em inglês pode reduzir o entendimento para alguns, mas há o recurso de colocar legendas em português. Clique no retângulo e peça legendas. Depois clique na rodinha ao lado e pela legendas em português.
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terça-feira, 24 de abril de 2018
Comigo ninguém pode
Richard Jakubaszko
A planta que vocês podem ver abaixo é uma "Comigo ninguém pode", cujo nome resume sua existência, de um lado, ela sempre rebrotará, por mais que seja maltratada ou que sofra de falta ou excesso de água. De outro lado, à "Comigo ninguém pode" é atribuída a façanha de não se deixar dominar por pessoas invejosas ou de "olho gordo" como dizem os interioranos que vivem em roças, ou seja, a "Comigo ninguém pode" consegue isolar o olho ruim de pessoas que em nosso convívio espalham ondas invisíveis de mensagens ruins.
Lá na DBO Editores, no agradável e simpático espaço do cafezinho, existem diversos vasos com plantas, mas um se destaca sobremaneira aos visitantes, que é o da nossa mascote na casa, uma maravilhosa "Comigo ninguém pode", que começa a ultrapassar a minha altura, de 1,80 m. Ela já era bonita, há 2 anos, mas andei aplicando na terra da jardineira algumas doses de chorume de minhoca (minhocas californianas), estas criadas por minha filha Daniela em sua casa. Foi o que bastou para que a "Comigo ninguém pode" explodisse em tamanho, beleza, saúde e vigor. Tem agrônomos, como o Hélio Casale, visitante contumaz do nosso pedaço, que não se cansa de ressaltar suas belezas.
Obs. Desculpem a minha insistente presença ao lado da estrela da casa, mas foi a única maneira de mostrar o crescimento da menina...
Você já viu alguma "Comigo ninguém pode desse tamanho? Eu, nunca vi.
Confiram as datas, nas legendas das fotos:
A planta que vocês podem ver abaixo é uma "Comigo ninguém pode", cujo nome resume sua existência, de um lado, ela sempre rebrotará, por mais que seja maltratada ou que sofra de falta ou excesso de água. De outro lado, à "Comigo ninguém pode" é atribuída a façanha de não se deixar dominar por pessoas invejosas ou de "olho gordo" como dizem os interioranos que vivem em roças, ou seja, a "Comigo ninguém pode" consegue isolar o olho ruim de pessoas que em nosso convívio espalham ondas invisíveis de mensagens ruins.
Lá na DBO Editores, no agradável e simpático espaço do cafezinho, existem diversos vasos com plantas, mas um se destaca sobremaneira aos visitantes, que é o da nossa mascote na casa, uma maravilhosa "Comigo ninguém pode", que começa a ultrapassar a minha altura, de 1,80 m. Ela já era bonita, há 2 anos, mas andei aplicando na terra da jardineira algumas doses de chorume de minhoca (minhocas californianas), estas criadas por minha filha Daniela em sua casa. Foi o que bastou para que a "Comigo ninguém pode" explodisse em tamanho, beleza, saúde e vigor. Tem agrônomos, como o Hélio Casale, visitante contumaz do nosso pedaço, que não se cansa de ressaltar suas belezas.
Obs. Desculpem a minha insistente presença ao lado da estrela da casa, mas foi a única maneira de mostrar o crescimento da menina...
Você já viu alguma "Comigo ninguém pode desse tamanho? Eu, nunca vi.
Confiram as datas, nas legendas das fotos:
Abril de 2017 |
Setembro 2017 |
Fevereiro 2018 |
Abril 2018 |
6 de junho/18, vamos transplantar para um vaso maior. |
segunda-feira, 23 de abril de 2018
Al Jazeera mostra lá fora o que é a Rede Globo
Richard Jakubaszko
Basta assistir ao
vídeo, para entender o que é a mídia no Brasil.
Vídeo publicado originalmente no Conversa Afiada: https://www.conversaafiada.com.br/
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domingo, 22 de abril de 2018
Viveremos em breve uma nova idade do gelo?
Richard Jakubaszko
Tudo indica que sim, a grande dúvida de alguns cientistas é se ela será intensa ou moderada, tudo por conta de uma menor atividade solar conforme apontam estatísticas de cientistas, e que poderá ser visto no vídeo abaixo. De qualquer forma, uma nova idade do gelo seria muito mais prejudicial para a humanidade do que o suposto aquecimento divulgado pelo mainstream apoiado por imensos investimentos na mídia e no grupo político que lidera o IPCC, órgão da ONU incumbido pelos governos para debater as questões climáticas.
Conforme o debate em profundidade proposto em meu livro "CO2 aquecimento e mudanças climáticas: estão nos enganando?" (R$ 30,00 com taxa postal inclusa, envie e-mail para co2clima@gmail.com ou fone 11 3879.7099), seria benéfico para a humanidade que houvesse um período de aquecimento. Nesses períodos de aquecimento do planeta a humanidade evoluiu e progrediu em termos sociais, políticos, econômicos e científicos, como ocorreu no período do Império Romano, ou na Renascença. Com o aquecimento teríamos mais terras para fazer agricultura e produzir alimentos, pois o degelo de áreas do polo Norte nos permitira cultivar em imensas áreas hoje cobertas de gelo no norte da Rússia, Sibéria, China, países nórdicos, Canadá, Groenlândia e até mesmo no Alasca. Aliás, o nome Greenland refere-se a terra onde os vikings fizeram agricultura nos séculos X, XI e XII, daí o seu nome, Terra Verde. O derretimento do gelo polar permitiria abrir novas rotas de navegação marítima, hoje impossível durante pelo menos 9 meses do ano. E economizaríamos muito combustível fóssil com isso, especialmente carvão usado para gerar energia elétrica e calor.
Ao contrário, uma nova idade do gelo reduz a área agricultável, diminui as rotas marítimas e ainda traz doenças endêmicas, é só lembrar o período glacial que assolou o planeta na era medieval e trouxe a peste negra, provocando a morte de milhões de pessoas. Esse período medieval foi o único em que se registrou redução demográfica populacional no curso da história registrada e conhecida da humanidade. Por enquanto, em frios episódicos, o Hemisfério Norte tem apresentado frios rigorosos no período invernal, mas na Europa, neste inverno de 2017/2018, morreram mais de 50 pessoas por causa do excesso de frio.
Em vez de lutar para a redução de emissão de gases de efeito estufa (GEE), deveríamos, isto sim, emitir mais CO2 em nossa atmosfera, pois as plantas seriam mais bem alimentadas, e a camada de nuvens e gases conservaria o calor no planeta.
CO2 é o gás da vida, e é o principal alimento das plantas.
No próximo inverno, aqui no Hemisfério Sul, conforme previsão de inúmeros meteorologistas, teremos o frio mais rigoroso dos últimos 100 anos. Há previsões de geadas, e nos estados do Sul bastante neve. Quem gosta, pode se preparar. Quem não gosta, programe férias de uns 60 dias no Nordeste, que vai ficar quente pra nós e primaveril para eles.
CO2 é o gás da vida, e é o principal alimento das plantas.
No próximo inverno, aqui no Hemisfério Sul, conforme previsão de inúmeros meteorologistas, teremos o frio mais rigoroso dos últimos 100 anos. Há previsões de geadas, e nos estados do Sul bastante neve. Quem gosta, pode se preparar. Quem não gosta, programe férias de uns 60 dias no Nordeste, que vai ficar quente pra nós e primaveril para eles.
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