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terça-feira, 15 de junho de 2010
Agricultura intensiva reduz aquecimento global
Richard Jakubaszko
Acho um despropósito os desencontros das diversas ciências que replicam os mais diversos estudos, seja para comprovar ou negar o aquecimento global, e também para confirmar ou desmentir as causas do aquecimento, se é que de fato está acontecendo isso, o que particulamente duvido, conforme diversos artigos que já publiquei aqui no blog.
A Instituição Carnegie de Washington, em Palo Alto, Califórnia, divulgou os esultados de um estudo, publicado na revista New Scientist, e replicado na Folha/UOL de hoje, conforme postei abaixo. Nenhuma novidade, em meu modo de entender, é óbvio que as conclusões do estudo demonstram (sem afirmar isso explicitamente) que CO2 é o alimento das plantas, conforme destaquei no artigo “CO2: a unanimidade da mídia é burra”, que pode ser lido no link a seguir:http://richardjakubaszko.blogspot.com/2009/10/co2-unanimidade-da-midia-e-burra.html e foi escrito em parceria com o agrônomo Odo Pimavesi, um dos signatários do IPCC.
Agricultura intensiva reduz aquecimento global, diz estudo
Fertilizantes, pesticidas e sementes híbridas de alto rendimento salvaram o planeta de uma dose extra de aquecimento global. Essa é a conclusão de uma nova análise segundo a qual a intensificação da agricultura, por meio da revolução verde, tem sido acusada injustamente pela aceleração do aquecimento global. Steven Davis, da Instituição Carnegie de Washington, em Palo Alto, Califórnia, e colegas, calcularam a quantidade de gases-estufa emitida no último meio século se a revolução verde não tivesse acontecido.
O estudo foi publicado na prestigiada revista "PNAS". A análise incluiu dióxido de carbono e outros gases, como metano liberado por plantações de arroz. Os autores notaram que, de modo geral, a intensificação da agricultura ajudou a retirar o equivalente a 600 bilhões de tonelada de CO2 da atmosfera - cerca de um terço de toda a emissão de gases-estufa entre 1850 e 2005.
As emissões foram reduzidas porque a revolução verde aumentou o rendimento das plantações - por exemplo, ao promover o uso de variedade híbridas, que produzem mais, e pela uso generalizado de pesticidas e fertilizantes. Isso significa que mais alimento pode ser produzido sem a necessidade de cortar grandes áreas de floresta.
"Acho que nossos resultados mostram o perigo de se focar em apenas uma parte de um sistema complexo", diz Davis em resposta às afirmações de ambientalistas, que veem na agricultura intensiva uma das principais responsáveis pelo aumento das emissões de gases-estufa devido ao processo de produção de fertilizantes e produtos agroquímicos. "É verdade que as emissões derivadas da manufatura de fertilizantes cresceu por causa da revolução verde", diz Davis, "mas nós mostramos que essas e outras emissões diretas de agricultura são mais que compensadas pelas emissões indiretas que são evitadas ao se deixar terras cultiváveis sem manejo".
Além disso, ao possibilitar que agricultores produzam mais em suas propriedades, a revolução verde evitou que uma área estimada de 1,5 bilhão de hectares - uma vez e meia a área dos EUA - fosse utilizada para agricultura. "Nós propomos que é muito importante continuar aumentando a produtividade e, ao mesmo tempo, usar recursos agrícolas, como fertilizantes e água, da maneira mais eficiente possível", disse Davis.
Efeitos negativos
Helmut Haberl, que estuda o efeito da agricultura sobre recursos globais na Universidade Klagenfurt, em Viena (Áustria), considera o estudo impressionante e bem conduzido. No entanto, adverte que o estudo não leva em conta outros fatores danosos da agricultura intensiva, como a degradação do solo, perda de biodiversidade, efeitos tóxicos de pesticidas sobre os agricultores e sofrimento animal.
David Pimentel, da Universidade Cornell, em Nova York, uma autoridade em agricultura orgânica, questiona as conclusões de Davis. Ele cita um experimento de 22 anos conduzido por sua equipe que mostrou que o rendimento de produções de milho e soja orgânicos é equivalente ao da agricultura convencional, mas consome 30% menos energia de combustíveis fósseis, ao mesmo tempo em que dobra a quantidade de carbono no solo. Pimentel também afirma ter demonstrado que a produção orgânica na Indonésia e Índia consome muito menos energia por caloria de arroz ou milho produzido do que a produção intensiva desses produtos nos Estados Unidos
Sobre esse assunto a Andef distribuiu comunicado hoje, 16/06/2010:
Agricultura reduz aquecimento desde 1965
Estudo já anunciava, 9 anos atrás, a contribuição da agricultura, afirma Eduardo Daher, diretor-executivo da Andef. O uso de tecnologias poupou 17 bilhões de toneladas de carbono entre 1965 e 1995.
Não deveria causar a reação observada, entre as entidades ambientalistas, o estudo segundo o qual a agricultura com maior uso de tecnologia contribuir para reduzir o aquecimento global. A polêmica foi reacesa pelo trabalho divulgado nesta terça-feira, 15, pela Academia de Ciências dos Estados Unidos. "Este novo trabalho é importante para desfazer certos mitos contrários à agricultura mas, segundo os cientistas que acompanham de longa data essa linha de pesquisa, o resultado não chega a ser uma novidade", afirma Eduardo Daher, diretor-executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal, citando outro trabalho, divulgado em 2001, durante a Conferência Sobre Mudança Climática Mundial, na Holanda.
Eduardo Daher participa, em São Luís (MA), do Seminário Nacional de Agrotóxicos, que termina nesta quinta-feira, 17. Após sua palestra, comentou o estudo divulgado esta semana, pela revista americana PNAS, da Academia de Ciências dos Estados Unidos. O diretor-executivo da Andef - associação que reúne as empresas de Pesquisa e Desenvolvimento de defensivos agrícolas no Brasil - cita o estudo que ganhou destaque durante a Conferência Sobre Mudança Climática, na Holanda, que em julho de 2001. Realizado, entre outros cientistas, por Louis Verchot, membro do ICRAF, centro internacional de pesquisas agroflorestais, baseado no Quênia, o trabalho concluiu que o cultivo intensivo pode salvar bilhões de toneladas de carbono.
"O estudo calculou que mais de 400 milhões de hectares de floresta e pastagens de cerrados foram salvos do arado, além de outros benefícios", relata Eduardo Daher, acrescentando que a reportagem foi publicada, na época, pela revista New Scientist. A intensificação do uso de tecnologias na agricultura salvou o equivalente a 17,7 bilhões de toneladas de carbono entre 1965 e 1995, relataram os pesquisadores.
O novo estudo científico
De acordo com Eduardo Daher, o estudo publicado na PNAS, nesta semana, confirma a contribuição da adoção de novas tecnologias na agricultura para a redução do aquecimento global. Este trabalho recente, conduzido por cientistas sob a coordenação de Jennifer Burney, da Instituição Carnegie de Washington, Califórnia, afirma que tecnologias como fertilizantes, defensivos agrícolas e sementes híbridas de alto rendimento salvaram o planeta de uma dose extra de aquecimento.
As emissões foram reduzidas porque as novas tecnologias aumentaram o rendimento das plantações. Isso significa que mais alimento pode ser produzido sem a necessidade de cortar grandes áreas florestais.
"Este trabalho é fundamental porque recoloca a Ciência no centro dos debates que procuram entender as possíveis causas do aquecimento global", afirma o diretor da Andef. "Ao mesmo tempo, tem o mérito de mostrar como a agricultura competitiva, por meio do uso de novas tecnologias, tem sido injustamente acusada."
Comentário do blogueiro: recebi hoje (17/6/2010) do engenheiro agrônomo Fernando Penteado Cardoso, presidente da Agrisus, o texto abaixo, publicado em 2005, a respeito do assunto acima:
Seqüestro de carbono Fernando Penteado Cardoso * Está na moda o termo seqüestro de carbono-C. Não há escrito sobre ecologia e mesmo conservação do solo que não o mencione. Vem substituindo até o conceito tradicional de matéria orgânica - MO. Uma questão de modismo até certo pondo desiderativo.
Admite-se que o aumento da concentração de dióxido de carbono- CO2 na atmosfera, ao reter o calor recebido do sol, seja responsável pela fase atual de aquecimento de nosso planeta. Lembre-se que, ao longo da história geológica da terra, já tivemos outros períodos de extremo calor, alternando-se com épocas muito frias chamadas de eras glaciais.
No decorrer das eras, o chamado gás carbônico - CO2, foi sempre retirado da atmosfera pelos organismos vivos e fixado na forma de matéria orgânica, seja animal ou vegetal. Em tempos pré-históricos esse material carbônico se mineralizou principalmente na forma de carvão de pedra e de petróleo, considerados como fósseis. Ao queimar carvão e destilados de petróleo, estamos devolvendo à atmosfera carbono que dela foi retirado milhões de anos atrás.
Em era mais recente, outra retenção ocorreu pelo crescimento das florestas, formando-se um estoque de C que, do mesmo modo e em muito menor escala, é devolvido à atmosfera seja pela queima após corte, - para eliminar a sombra que inibe as plantações, - seja pela decomposição de folhas, galhos e outras partes.
Cientistas, ambientalistas e ecologistas recomendam que se queimem menos combustíveis fósseis oriundos do carvão e do petróleo e igualmente menos vegetação (matas, cerrados, etc.), embora esta tenha um significado comparativamente muito menor.
Os especialistas admitem uma reciclagem contemporânea do C, o que acontece quando se queima álcool ou óleos vegetais, além do lenho de reflorestamentos, liberando gás carbônico absorvido da atmosfera pouco tempo antes. É uma reciclagem aceitável por ser de curto prazo, sem acrescentar à atmosfera carbono de origem fóssil.
O fogo é sempre um espetáculo pirotécnico que chama a atenção, sendo assim condenado de uma maneira geral, muito embora possa representar uma reciclagem de curto prazo do C retido poucos meses antes. Quando se queimam as folhas secas da cana para facilitar a colheita, p.ex., há uma devolução à atmosfera de menos de 10% do total de C absorvido por essa cultura no decorrer de seu ciclo vegetativo anual.
Recomendam finalmente que se procure reter ou fixar carbono atmosférico através da fotossíntese, ainda que temporariamente, na forma de plantas em crescimento, lenho dos reflorestamentos e culturas permanentes etc., cujos detritos, ao se decomporem, dão origem ao húmus. A esta retirada de C da atmosfera deram o nome de “seqüestro”. O seqüestro é sempre temporário, com prazos variáveis, pois o C acaba retornando à atmosfera pela decomposição ou queima.
O aumento do teor de húmus no solo talvez seja a retenção de ciclo mais longo, quase permanente, daí advindo sua importância.
Cumpre salientar que o sistema de plantio direto sobre solo recoberto de resíduos, bem como as pastagens permanentes, proporcionam ambientes altamente favoráveis à formação de húmus, com aumento do seu teor no solo, sendo assim recursos inigualáveis para o almejado “seqüestro de carbono”, de reciclagem em longo prazo, minimizando o propalado efeito estufa.
Salvo uma única exceção, o carbono é sempre reciclado, seja na produção intensiva ou não. A exceção são os fósseis extraídos das profundezas: petroleo e carvão que, ao queimar, despejam carbono na atmosfera. Em muito menor escala a queima da fitomassa florestal para dar lugar à agropecuária. Essa mesma é atenuada pelo carbono reabsorvido pela vegetação sucessora , seja capoeira, pasto, lavoura ou árvores. Abç. Fernando Cardoso PS. Segue artigo sobre o assunto.
Salvo uma única exceção, o carbono é sempre reciclado, seja na produção intensiva ou não. A exceção são os fósseis extraídos das profundezas: petroleo e carvão que, ao queimar, despejam carbono na atmosfera. Em muito menor escala a queima da fitomassa florestal para dar lugar à agropecuária. Essa mesma é atenuada pelo carbono reabsorvido pela vegetação sucessora , seja capoeira, pasto, lavoura ou árvores. Abs. Fernando Cardoso
Ainda carbono. Omiti involuntáriamente outra exceção à reciclagem do carbono. É a liberação do elemento contido nos calcários mineráis ao fabricar cimento e cal para argamassa. Será que o calcário como corretivo do solo libera CO2 ao se combinar com os ácidos da terra e assim neutralizar o solo? Vai ver que acabam condenando a correção salvadora de nossos cerrados! F.Cardoso-Fundação Agrisus
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Acabei de postar no site do GPP - Grupo Plantio na Palha, de Dourados, MS. www.plantionapalha.com.br No "Tema da Semana".
ResponderExcluirGrande abraço
Sérgio Miranda
Salvo uma única exceção, o carbono é sempre reciclado, seja na produção intensiva ou não.
ResponderExcluirA exceção são os fósseis extraídos das profundezas: petroleo e carvão que, ao queimar, despejam carbono na atmosfera. Em muito menor escala a queima da fitomassa florestal para dar lugar à agropecuária. Essa mesma é atenuada pelo carbono reabsorvido pela vegetação sucessora , seja capoeira, pasto, lavoura ou árvores. Abç. Fernando Cardoso
PS. Segue artigo sobre o assunto.
Salvo uma única exceção, o carbono é sempre reciclado, seja na produção intensiva ou não.
ResponderExcluirA exceção são os fósseis extraídos das profundezas: petroleo e carvão que, ao queimar, despejam carbono na atmosfera. Em muito menor escala a queima da fitomassa florestal para dar lugar à agropecuária. Essa mesma é atenuada pelo carbono reabsorvido pela vegetação sucessora , seja capoeira, pasto, lavoura ou árvores.
Abs. Fernando Cardoso
Ainda carbono.
ResponderExcluirOmiti involuntáriamente outra exceção à reciclagem do carbono. É a liberação do elemento contido nos calcários mineráis ao fabricar cimento e cal para argamassa. Será que o calcário como corretivo do solo libera CO2 ao se combinar com os ácidos da terra e assim neutralizar o solo? Vai ver que acabam condenando a correção salvadora de nossos cerrados!
F.Cardoso-Fundação Agrisus