Richard Jakubaszko
Recomendo
de forma enfática a leitura da entrevista abaixo, publicada no
Brasil Econômico. Desconstrói
o pessimismo político e partidarizado que se assiste e lê na mídia
diariamente, de natureza eleitoral.
Pessimismo que gerou o “Não vai ter Copa”.
O Brasil
não vai acabar, conforme apregoam esses profetas do apocalipse.
O
Brasil é hoje o país do pleno emprego, ao contrário das economias
europeias e dos EUA. Se a situação fosse tão ruim, como
trombeteiam na mídia, quem estaria gerando tantos empregos?
A
resposta está na entrevista abaixo.
“Crescimento
de 2% do PIB é padrão normal”
diz
Fernando Nogueira Costa
Por
Ana Paula Grabois
O
economista da Unicamp critica comparação do Brasil aos emergentes.
Para ele, o país deve ser comparado aos que já têm indústria
madura, onde o desempenho da economia está em média em 2% ao ano.
“Criam
alarmismo para tirar proveito político”, diz o economista Fernando
Nogueira Costa sobre as avaliações negativas do mercado
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"Criam
alarmismo para
tirar proveito político",
diz o economista
Fernando Nogueira Costa
sobre as avaliações
negativas do mercado
Foto: Patricia Stavis
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Economista
da Unicamp, Fernando Nogueira Costa é otimista com os rumos que o
país tem tomado e diz que o crescimento em torno de 2% é normal e
comparável ao dos países maduros. Ex-professor no Doutorado da
presidenta Dilma Rousseff, ele defende uma visão de longo prazo para
os projetos e investimentos em curso no Brasil, citando que o pré-sal
deverá tornar o país o sexto maior produtor mundial de petróleo.
Ex-vice-presidente
da Caixa Econômica Federal e ex-diretor executivo da federação
nacional das instituições bancárias, a Febraban, Nogueira Costa
critica as avaliações negativas do mercado — que qualifica de
“alarmismo ilusório” de motivação eleitoral. E chama os
economistas-chefes dos bancos privados de “bobos da corte”: “Eles
são mais realistas que o próprio rei, vendem muito mais ideologia
do que o silêncio. E chega nessa época, ficam fomentando o
alarmismo”.
Como
o sr. vê a atual situação da economia brasileira, com baixo
crescimento e juro em patamar alto de 11%
Historicamente,
a taxa de juro não é alta, se olharmos o juro real, de cerca de
4,5%. Sobre a economia, de 2020 a 2022, quando o Brasil comemorar o
bicentenário (da independência), haverá condições para o
crescimento sustentado em longo prazo e vamos entrar na próxima
década em ótimas condições. Vivemos uma fase de investimentos que
darão resultado em longo prazo. É uma fase de maturação de
investimentos.
Em
infraestrutura?
Não,
falo do marco histórico do pré-sal.
Isso
vai demorar um pouco para dar resultado
Já
em 2018, no máximo em 2020, a Petrobras já produzirá 4 milhões de
barris/dia. Com os outros produtores, chegará a 5,2 milhões de
barris/dia. O Brasil vai caminhar nesse investimento desde agora, na
próxima década e na década dos anos 30 deste século, e se tornará
o sexto maior produtor de petróleo do mundo. Qualquer pessoa que
tomar decisão econômica, seja pessoa física ou jurídica, tem que
olhar o longo prazo. Não pode ficar olhando a campanha eleitoral, o
curto prazo, que não vai tomar decisões para a frente. Esse é um
período em que o mercado enxerga com miopia, vê de perto, mas não
vê longe. O mercado precifica mal as ações da Petrobras. Para os
assalariados, que não são especuladores profissionais, está na
hora de comprar essas ações para ter resultado na próxima década,
quando terminar o ciclo de vida profissional. Outro investimento
fundamental a maturar em 2018, em 2020, é Belo Monte, a terceira
maior hidrelétrica do mundo, que dará conforto ao crescimento
sustentado sem carência de energia. E tem as concessões em curso na
logística. Foi muito importante a Copa para ter um pacote de
abrangência nacional, como a reforma dos aeroportos. Foi uma
oportunidade histórica muita mal compreendida por quem tem visão de
curto prazo e politiza excessivamente a economia. Nem politiza,
partidariza no mal sentido. Criaram um alarmismo para tirar proveito
político.
A
Copa deu gás às obras de infraestrutura?
Não
tenho a menor dúvida. Reformar e construir estádios em escala
nacional dá um sentido de unidade. O Maracanã não tinha uma
reforma como essa há 60 anos. O Mineirão também não tinha há
muito tempo. No fim de semana, você ficava vendo futebol, o maior
evento brasileiro, e admirando os outros países. O custo é
relativamente muito baixo, ao contrário do alarmado. O BNDES
financiou R$ 3,5 bilhões. Em termos relativos, é muito pouco face
ao benefício. E o BNDES financiou R$ 8,5 bilhões em mobilidade
urbana. É positivo para sinalizar uma nova fase, existe uma visão
de estadista da presidenta Dilma. O resultado não será no mandato
dela, será a partir de 2018.
O
sr. fala dos resultados desses investimentos?
Sim,
são decisões de longo prazo. Os economistas brasileiros e os homens
de negócios ficaram muito acostumados com essa visão de conjuntura.
Em termos históricos, é um alarmismo falso porque se você observar
com isenção, a taxa de inflação está sob controle. Nos últimos
quatro anos, ficou dentro da meta e totalmente sob controle. E aí se
faz um carnaval político em torno disso.
Mas
a inflação em 12 meses está no teto da meta…
Na
série temporal da inflação, se olharmos o que foi no passado, está
sob controle e caiu muito abaixo da média histórica. É um patamar
muito baixo.
O
sr. vê um exagero sobre a questão do controle de preços?
É
óbvio que é por causa da campanha política, centrada para derrubar
o governo. É uma união de forças para tentar vencer as eleições.
O problema é o que, na economia, se chama de profecia
autorrealizável. Você contamina as expectativas diariamente. Os
empresários que não enxergarem com isenção, que não virem no
longo prazo a oportunidade que é investir no país, acabam adiando
as decisões e o resultado, no curto prazo, fica ruim. Passamos por
um período muito mais difícil por causa dessas decisões
paralisadas, em vez de investir.
O
pessimismo, que o sr. diz ter fundo eleitoral, contaminou os
empresários?
Sim,
contaminou. As pessoas não têm coragem de falar. Um aspecto
extremamente importante do livro do Thomas Piketty (“O capital no
século 21”) é que ele mostra, em série históricas, que os
países capitalistas maduros crescem muito pouco. O crescimento no
mundo, historicamente, é muito baixo. Ter um crescimento do PIB de
2% ao ano é o padrão normal. Só que é desonestidade intelectual,
em muitos casos, comparar com China ou Índia.
Qual
seria o nosso parâmetro de comparação?
Estamos
muito mais próximos de capitalismos maduros, Europa e Estados
Unidos, do que dos países emergentes. O Brasil já passou desse
patamar da indústria nascente. O Brasil foi o país que, até 1980,
mais cresceu no século 20. Pela taxa média, foi mais de 10% ao ano.
Desde então, foram duas décadas perdidas. Depois, teve algum
período de taxas maiores após de anos de recessão. Foi a 7,5% em
2010, mas houve uma recessão em 2009. Em 2004, estava tendendo a 6%
e o Banco Central freou e acabou crescendo 5,71%. Em 2003, tinha
ocorrido a freada para arrumação e foi de 1,5%. O crescimento da
renda per capita no mundo foi menor que 2% ao ano, segundo o Piketty.
Isso com concentração da riqueza. Ele diz que a renda do capital
cresce muito mais do que a renda das pessoas, cerca de seis ou sete
vezes mais. Porque o crescimento da renda do trabalho é muito baixo.
O
sr. acha que essa é uma questão esquecida na discussão econômica?
O
debate no Brasil está há vários anos extremamente pobre porque
essa coisa do tripé é uma bobagem. Qualquer manual de macroeconomia
fala que há quatro instrumentos de política econômica. Então,
qualquer política econômica de qualquer ideologia vai usar os
quatro: política monetária, política cambial, política fiscal e
controle de capital. Não tem mais o que fazer. Se você reduzir o
debate a isso, ter que subir mais um pouco os juros ou ter que baixar
mais o câmbio, é de uma pobreza intelectual tremenda e que perde
essa perspectiva histórica, que é estratégica.
O
crescimento baixo de hoje não tem nada de anormal?
É um
padrão de crescimento que vai se sustentar no longo prazo. Não
voltaremos a ter as taxas dos anos 50, ou do milagre econômico. Se
forçar a economia a ir nesse ritmo de maior crescimento, de 5%, 7%
ao ano, provavelmente vai ter inflação. E aí vai frear. A opção,
adotada nos outros países, é manter a economia estabilizada, sem
inflação, com taxa de desemprego baixo. Por que crescer muito? Qual
é a lógica de demanda, de crescimento, de rendas altas? Geralmente
é porque se quer taxa de desemprego baixa.
E
já estamos com essa taxa baixa.
As
mudanças estruturais, que o país está construindo com efeitos
extremamente benéficos para a qualidade de vida, vão se consolidar
na próxima década. E se faz esse alarmismo de curto prazo — se
faz agora e vão fazer em 2018. Em toda época eleitoral, se faz um
alarmismo ilusório.
Quais
mudanças estruturais?
A
diversificação setorial. Com a industrialização anterior, no
pós-guerra, o Brasil se tornou uma economia altamente diversificada
entre os países emergentes, com uma estrutura muito mais sofisticada
do que a grande maioria desses países. E o Brasil está caminhando
para se tornar um capitalismo maduro. A grande mudança estrutural
que vai pegar na próxima década e nas seguintes é que o Brasil vai
se tornar uma economia de petróleo. Um produtor e exportador de
petróleo. Bem administrado, isso tende a resolver os problemas de
balanço de pagamentos. Com a legislação já aprovada, vai se criar
um fundo social com a riqueza soberana, com base nesse petróleo, e
vai se dar uma oportunidade de melhorar a qualidade da educação e
da saúde, não é só a quantidade. A quantidade, já estamos
enfrentando. Isso tudo não se resolve em um governo, mas terá
condição de se resolver a longo prazo. E com a continuidade dos
programas de financiamento, o déficit habitacional deve acabar até
2030.
Ou
seja, é preciso enxergar no longo prazo?
Falta
essa visão de longo prazo no debate. Ano eleitoral é um ano de
oportunidade para se discutir o país. O que tem que ser colocado, e
a imprensa tem um papel chave nisso, é a visão de longo prazo. Vai
aprovar quem vai cuidar apenas da estabilização ou quem vai
investir no longo prazo? Isso é uma decisão a ser tomada. Se quer
baixar a inflação de 6% para 3,5% ao ano, isso vai aumentar a taxa
de desemprego. Nessa onda de demagogia política, a pessoa não é
honesta intelectualmente em falar isso, porque vai provocar
desemprego se baixar a inflação para 3,5%. No que a sociedade vai
se beneficiar disso? Vai beneficiar quem tem emprego garantido, quem
tem renda, quem tem poder de compra. É o tipo de coisa que não se
fala.
Como
sair desse cenário de expectativas de menos consumo e investimento?
É o
que chamei de profecia autorrealizável, a pessoa mente, mente, acha
que aquilo é verdade e passa a tomar decisão com base em mentira.
Isso
se reverte após a eleição?
Lembre-se
da experiência da eleição de 2002. O que se dizia era que ou o
José Serra se elegia, ou seria o caos. Esse era o refrão durante
todo o ano: “O Lula vai ser uma catástrofe, vai haver fuga de
capital”. Sou testemunha ocular porque participei do governo desde
janeiro de 2003.
Como
vice-presidente da Caixa?
Exatamente.
Eu lembro que, na Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), os
banqueiros eram muito reticentes. Eu era representante da Caixa na
Febraban. Imediatamente depois de arrumada a casa, começamos a
conceder crédito. Começamos com o crédito consignado e o único
banco que acompanhou foi o BMG. Quando o Banco Santos quebrou e os
bancos privados foram comprar a sua carteira, viram que era um
excelente negócio. Tínhamos feito as reformas para fazer a retomada
do crédito imobiliário, paralisado desde 2004. A partir de 2005,
deslanchou o crédito imobiliário e quebramos todos os recordes.
Quando se assume um governo fora dessa pressão política, da
eleição, e se faz políticas públicas acertadas, se colhe
resultado. Ninguém achava possível acabar com a miséria no Brasil.
O país já está caminhando para isso. Mas não é fazer demagogia e
falar que isso se resolve em quatro anos. Nenhum problema secular vai
acabar em quatro anos, nem em oito ou dez. Estou otimista porque, na
próxima década, boa parte dos problemas estará caminhando para ser
solucionada.
A
confiança foi retomada após a posse do então novo governo?
No
segundo semestre de 2003, o crédito direcionado — operações do
BNDES, crédito imobiliário da Caixa e crédito agrícola do Banco
do Brasil — cresceu mais que os recursos livres. Geralmente, os
bancos públicos fazem também o crédito de recursos livres , mas os
bancos privados têm mais peso. Quando o crédito cresce, a economia
começa a funcionar e, com a demanda de crédito, os bancos privados
vão atrás. Então você consegue retomar a economia e aumenta a
confiança.
O
mercado reage negativamente à reeleição de Dilma. Há algo que
constitua um risco em um eventual segundo mandato?
Isso
é pura ideologia. Conheço os meus colegas, a minha corporação.
Também convivi com banqueiros durante quatro anos e meio na
Febraban. Os economistas-chefe são os bobos da corte, são mais
realistas que o próprio rei, eles vendem muito mais ideologia do que
o silêncio, eles são os mais ideólogos. E chega nessa época, eles
ficam fomentando o alarmismo. É uma coisa puramente ideológica
porque eles protegem a escola deles. Eles querem derrubar a Dilma
porque a Dilma não é da escola deles. Fui professor da Dilma no
Doutorado da Unicamp. Claramente, eles estão derrubando uma escola
de pensamento. O problema é que não é só ideologia. Os
empregadores e a mídia ficam muito impressionados com as opiniões
deles e passa a ser uma profecia que se autorrealiza. Isso é o mais
grave: tomar decisões equivocadas baseadas em ideologia.
Vai
mudar algo se a Dilma for reeleita?
Acho
que vai. É necessário rejuvenescer os quadros de governo, dos
ministérios.
O
ministro Guido Mantega sairia da Fazenda?
É uma
questão de geração. Até os próprios ministros que estão no
governo desde o início do governo Lula estão desgastados
pessoalmente. Politicamente, é uma coisa que chamamos de fadiga
material. Faz parte da vida reconhecer que uma geração passou e que
tem que abrir espaço para uma nova geração. Tem quadros novos que
podem perfeitamente assumir. Por exemplo, o Nelson Barbosa
(ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda). Tem
experiência, passou por lá, é um quadro novo, supercompetente,
pode assumir. O próprio Tombini (Alexandre Tombini, presidente do
Banco Central) é um quadro novo e competente. Tem nomes dentro do
PT, dos aliados, do mundo acadêmico. Posso falar por mim, posso me
aposentar da Unicamp, mas já tem professores que eu formei, uma
outra geração muito competente, que está assumindo
responsabilidades e que tem plenas condições de trabalhar em
governo. Dentro do próprio governo houve muita contratação de
profissionais extremamente competentes nesse período, no Ipea, no
Banco Central, nos bancos públicos, e que podem assumir. Acho que
vai haver uma troca de gerações. Pelo que eu conheço da Dilma e de
pessoas que ela respeita, eu acho que vai haver. É natural, não
vejo com espanto, está na hora. Qualquer pessoa sensata percebe que
está na hora de trocar. O ministro Guido Mantega já quebrou o
recorde de permanência no cargo e superou a do ex-ministro Pedro
Malan. É preciso novas ideias, novos discursos. Tem que entender que
a Dilma tem essa visão de estadista, de que o ponto de chegada não
vai ser em 2018, vai ser em 2022. Eu tomo isso como simbólico. O
Brasil tem que estar no bicentenário como a quinta maior economia do
mundo, produtora de petróleo, com recursos para investir em educação
e em saúde e aproveita ainda o bônus demográfico até 2030 e que
pode esticar até 2040.
Haveria
alguma mudança ou ajuste na condução da política de um eventual
segundo mandato?
Se
espera e foi criado um certo consenso de que os preços dos
combustíveis vão subir mais. No cenário mundial, há algo que todo
mundo sabe, mas ignora no debate: ainda estamos em uma conjuntura de
crise mundial, a maior crise desde 1929. E vai durar muitos anos a
crise na Europa, e os Estados Unidos vão levar tempo para retomar a
economia. A China e a Índia são outro caso, com mercados internos
imensos. A China está fazendo uma coisa que a Índia ainda não fez
e que o Brasil fez até os anos 60, a urbanização. A população
urbana ultrapassou a população rural na China um ano ou dois anos
atrás. No Brasil, isso ocorreu em 1970. É outro tipo de economia. E
a China tem 400 milhões de consumidores, o maior mercado interno
mundial. Não dá para comparar com outros países. Comparar o Brasil
com o Chile não tem o menor sentido também, é uma economia grande
e outra pequena. E se pegar economias grandes, como Estados Unidos,
Brasil, e pegar o porte que vai ser a China, daqui a pouco os Estados
Unidos estarão pequenos, porque não crescem. Esse tipo de debate é
o que antigamente se chamava de abordagem estruturalista, de quais
são as mudanças estruturais importantes que vão dar um crescimento
sustentado com decisões tomadas já no presente, mas com reflexo na
próxima década.
O
sr. vê algum tema que a Dilma possa mudar em um eventual segundo
mandato?
Ela e
todo o governo que assumir vão tentar manter taxa de desemprego
baixa e a inflação sob controle. E ainda bem que a taxa de
desemprego ainda está muito baixa. O crescimento habitacional está
excelente em termos históricos e esse vai se manter. Depois que
passar essa grita, basta ter uma retomada externa que o Brasil — o
maior produtor e exportador de alimentos do mundo — vai dar uma
retomada na exportação. E tem muito fôlego ainda para consumo no
Brasil, porque ainda virá mais mobilidade social. Tem espaço para
expandir largamente o mercado interno. Outro equívoco no debate,
tanto em economia quanto em política e sociedade, é ser
extremamente voltado aos centros metropolitanos. As opiniões são
emitidas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Já morei anos nas duas
cidades, as frequento e hoje moro em Campinas. Essa visão
ultrapessimista de que a qualidade de vida está horrorosa, dos
engarrafamentos, é dessas cidades. E vai melhorar porque vai ter
investimento em infraestrutura e metrô. Mas isso não é a vida que
predomina no resto do país. Todas as capitais têm um trânsito
infernal, mas as metrópoles não chegam à metade da economia
brasileira. Há críticas ao financiamento de veículos, mas somos um
país que é metade da América do Sul. São 5,6 mil municípios, com
um potencial de crescimento extraordinário no interior. Há
interiorização do desenvolvimento, regiões desenvolvidas em São
Paulo, em Minas.
A
redução da desigualdade vai continuar?
Esse
debate é equivocado. O livro do Piketty mostrou isso. Aconteceu algo
extremamente importante, que foi a redução da desigualdade da renda
do trabalho. Mas a desigualdade de riqueza, em nenhum país do mundo,
seja capitalista ou socialista, se resolveu. O 1% dos mais ricos cada
vez mais concentra riqueza. É preciso continuar com políticas
públicas para diminuir a desigualdade de renda. Nos EUA e na China,
a ênfase é de igualdade de oportunidades, de o cidadão ter
condição de melhorar o padrão de vida através principalmente de
uma educação maciça de qualidade. Não vai significar que ele vai
enriquecer e todo mundo vai ficar igual. Na história humana, sempre
tiveram os poderosos e isso nunca diminuiu. Quando diminuiu, houve
duas guerras mundiais, uma grande depressão e uma hiperinflação na
Europa.
Para
o nível de pobreza que o Brasil tinha, as políticas sociais foram
importantes?
Para
aumentar a sociedade de consumo, é importante diminuir a
desigualdade da renda e dar mobilidade social. Outra coisa é
discutir se isso vai dar justiça social em termos de igualdade de
propriedade, de riqueza. A sociedade vai mudando em qualidade à
medida que vai conquistando direitos civis, políticos, sociais. Eu
acho que o século 21 vai ser de conquista de direitos econômicos.
Porque o capital de origem trabalhista, dos fundos de pensão, está
se tornando cada vez mais importante no mundo capitalista. Os
partidos de origem trabalhista, criados a partir de sindicatos, estão
ficando cada vez mais importantes. A social-democracia europeia e
nórdica deu as melhores condições de vida do mundo por causa de
vários partidos socialistas e sociais-democratas de origem
trabalhista. Isso leva, em longo prazo, a mudanças qualitativas, não
é uma revolução súbita, como foi a revolução na Rússa ou na
China. É uma mudança ao longo do tempo, não sei se neste ou no
próximo século. Baseado na experiência histórica, as conquistas
dos direitos vão aumentar cada vez mais.
.
Caro Richard,
ResponderExcluirSe o país está tão ruim como tentam pintar os candidatos, por que tantos querem este sacrifício de ser Presidente?
Abraços,
Carlito Eckert, Canoas
EXISTIR E NOS FORNECER UM POUCO DE SUA CULTURA POLÍTICA E DE ANÁLISE DAS GESTÕES ECONÔMICAS E SOCIAIS DE NOSSO ÚLTIMO PRESIDENTE, O GRANDE LULA E AGORA ESSA MARAVILHOSA MULHER A PRESIDENTA DILMA , QUE DEUS LHE CONCEDA MUITOS ANOS DE VIDA SAUDÁVEL E PRESERVE ESSA MARAVILHOSA INTELIGÊNCIA E CULTURA PARA DAR LUZES AOS NOSSOS CIDADÃOS E POLÍTICOS DO BRASIL.MUITO OBRIGADO EM NOME MEU, DA MINHA MULHER , DE MEUS CINCO FILHOS E TREZE NETOS, ALÉM DE TODOS OS MEUS AMIGOS E CONHECIDOS, POIS SOU UM MODESTO ALUNO SEU.
ResponderExcluirJOSÉ CARLOS JORDÃO DA SILVA
Caro Amigo, muito obrigado.
ResponderExcluirUm abraço.
Luiz Fernando Ferraz Siqueira
Diretor Agrícola
Usina São Fernando
Dourados, MS
Richard
ResponderExcluirVários anos crescendo abaixo de 2% e estamos bem? Tá bom!
Flávio Prezzi, São Paulo
RESPOSTA DO BLOGUEIRO:
Flávio, mas em 2013 fo PIB oi 2,8% - muito acima da média da Europa e do G20. Não foi pibinho, não! Essa história de crescimento do PIB acima de 2,0% somente se justificaria se estivéssemos com crescimento demográfico acima de 2,0%, o que não ocorre mais, portanto, não se precisa desse crescimento médio pra gerar empregos no futuro, pois não vai ter gente suficiente pra dar emprego, aliás, o que já ocorre hoje, época de pleno emprego. As elites interessadas o que fazem, na falta de mãe de obra? Ou mecanizam as atividades, para não contratar mais gente, cujos salários estão mais altos, ou importam de forma dissimulada gente de países pobres e carentes, como tem ocorrido com africanos, haitianos, bolivianos, colombianos, e como sempre foi... No passado recente os empregadores de SP/Rio, traziam mão de obra barata do Nordeste, lembra?
abs
Richard
Você tem razão Richard.
ResponderExcluirSe vierem mudanças na área política nossa economia vai explodir de novo. Tudo é confiança e credibilidade, que o governo atual perdeu.
Abraços
Viacava
Parabéns Carlos Viacava, sem reformas políticas, de distribuição de renda, diminuição de ministérios, diminuição de gastos públicos e reformas esse país vai estagnar, Esse governos não tem credibilidade nem força.Abraços Francisco Ferrari
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