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domingo, 15 de março de 2015
A marcha dos insensatos e a sua primeira vítima (parte 1).
Mauro Santayana
(Jornal do Brasil) - Segundo os chamamentos que estão sendo feitos nesse momento, no WhatsApp e nas redes sociais, pessoas irão sair às ruas, no domingo, porque acusam o governo de ser corrupto e comunista e de estar quebrando o país.
Se estes brasileiros, antes de ficar repetindo sempre os mesmos comentários dos portais e redes sociais, procurassem fontes internacionais em que o mercado financeiro normalmente confia para fazer tomar suas decisões, como o FMI - Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, eles veriam que a história é bem diferente, e que o PIB e a renda per capita caíram, e a dívida pública líquida praticamente dobrou foi no governo Fernando Henrique Cardoso.
Segundo o Banco Mundial, ( http://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.MKTP.CD ) o PIB do Brasil, que era de 534 bilhões de dólares, em 1994, caiu para 504 bilhões de dólares, quando Fernando Henrique Cardoso deixou o governo, oito anos depois.
Para subir, extraordinariamente, destes 504 bilhões de dólares, em 2002, para 2 trilhões, 300 bilhões de dólares, em 2013, último dado oficial levantado pelo Banco Mundial, crescendo mais de 400% em dólares, em apenas 11 anos, depois que o PT chegou ao poder.
E isso, apesar de o senhor Fernando Henrique Cardoso ter vendido mais de 100 bilhões de dólares em empresas brasileiras, muitas delas estratégicas, como a Telebrás, a Vale do Rio Doce e parte da Petrobras, com financiamento do BNDES e uso de “moedas podres”, com o pretexto de sanear as finanças e aumentar o crescimento do país.
Com a renda per capita ocorreu a mesma coisa. No lugar de crescer em oito anos, a renda per capita da população brasileira, também segundo o Banco Mundial - ( http://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.PCAP.CD?page=2 ) - caiu de 3.426 dólares, em 1994, no início do governo, para 2.810 dólares, no último ano do governo Fernando Henrique Cardoso, em 2002. E aumentou, também, em mais de 400%, de 2.810 dólares, para 11.208 dólares, depois que o PT chegou ao poder, também segundo o World Bank.
Nessa época, elas eram de fato, negativas, já que o Brasil, para chegar a esse montante, teve que fazer uma dívida de 40 bilhões de dólares com o FMI.
O salário mínimo, que em 1994, no final do governo Itamar Franco, valia 108 dólares, caiu 23%, para 81 dólares, no final do governo FHC e aumentou em três vezes, para mais de 250 dólares, hoje, também depois que o PT chegou ao poder. As reservas monetárias internacionais - o dinheiro que o país possui em moeda forte - que eram de 31,746 bilhões de dólares, no final do governo Itamar Franco, cresceram em apenas algumas centenas de milhões de dólares por ano, para 37.832 bilhões de dólares - ( http://data.worldbank.org/indicator/FI.RES.TOTL.CD?page=2 ) nos oito anos do governo FHC.
O IED - Investimento Estrangeiro Direto, que foi de 16,590 bilhões de dólares, em 2002, no último ano do Governo Fernando Henrique Cardoso, também subiu mais de quase 400%, para 80,842 bilhões de dólares, em 2013, depois que o PT chegou ao poder, ainda segundo dados do Banco Mundial: ( http://data.worldbank.org/indicator/BX.KLT.DINV.CD.WD ), passando de aproximadamente 175 bilhões de dólares nos anos FHC (mais ou menos 100 bilhões em venda de empresas nacionais) para 440 bilhões de dólares depois que o PT chegou ao poder.
Depois, elas se multiplicaram para 358,816 bilhões de dólares em 2013, e para 369,803 bilhões de dólares, em dados de ontem, transformando o Brasil de devedor em credor, ( http://data.worldbank.org/indicator/FI.RES.TOTL.CD ), depois do pagamento da dívida com o FMI em 2005, e de emprestarmos dinheiro para a instituição, quando do pacote de ajuda à Grecia em 2008. E, também, no quarto maior credor individual externo dos EUA, segundo consta, para quem quiser conferir, do próprio site oficial do tesouro norte-americano - ( http://www.treasury.gov/ticdata/Publish/mfh.txt ).
A dívida pública líquida (o que o país deve - fora o que tem guardado no banco), que, apesar das privatizações, dobrou no Governo Fernando Henrique, para quase 60%, caiu para 35%, agora, 11 anos depois do PT chegar ao poder.
Quanto à questão fiscal, não custa nada lembrar que a média de déficit público, sem desvalorização cambial, dos anos FHC, foi de 5,53%, e com desvalorização cambial, de 6,59%, bem maior que os 3,13% da média dos anos que se seguiram à sua saída do poder; e que o superávit primário entre 1995 e 2002 foi de 1,5%, muito menor que os 2,98% da média de 2003 e 2013 - segundo Ipeadata e o Banco Central - nos governos do PT.
E, ao contrário do que muita gente pensa, o Brasil ocupa, hoje, apenas o quinquagésimo lugar do mundo, em dívida pública, em situação muito melhor do que os EUA, o Japão, a Zona do Euro, ou países como a Alemanha, a França, a Grã Bretanha - cujos jornais adoram nos ditar regras e “conselhos” - ou o Canadá ( http://www.economicshelp.org/blog/774/economics/list-of-national-debt-by-country/ ). Também ao contrário do que muita gente pensa, a carga tributária no Brasil caiu ligeiramente, segundo Banco Mundial, de 2002, no final do governo FHC, para o último dado disponível, de dez anos depois ( http://data.worldbank.org/indicator/GC.TAX.TOTL.GD.ZS ), e não está entre a primeiras do mundo, assim como a dívida externa, que caiu mais de 10 pontos percentuais nos últimos dez anos, e é a segunda mais baixa, depois da China, entre os países do G20 ( https://www.quandl.com/c/economics/external-debt-as-share-of-gdp-by-country ).
Não dá, para, em perfeito juízo, acreditar que os advogados, economistas, empresários, jornalistas, empreendedores, funcionários públicos, majoritariamente formados na universidade, que bateram panelas contra Dilma em suas varandas, há poucos dias, acreditem mais nos boatos das redes sociais, do que no FMI e no Banco Mundial, organizações que podem ser taxadas de tudo, menos de terem sido “aparelhadas” pelo governo brasileiro e seus seguidores.
Considerando-se estas informações, que estão, há muito tempo, disponíveis publicamente na internet, o grande mistério da economia brasileira, nos últimos 12 anos, é saber em que dados tantos jornalistas, economistas, e “analistas”, ouvidos a todo o momento, por jornais, emissoras de rádio e televisão, se basearam, antes e agora, para tirar, como se extrai um coelho da cartola - ou da "cachola" - o absurdo paradigma, que vêm defendendo há anos, de que o Governo Fernando Henrique foi um tremendo sucesso econômico, e de que deixou “de presente” para a administração seguinte, um país econômica e financeiramente bem sucedido. Nefasto paradigma, este, que abriu caminho, pela repetição, para outra teoria tão frágil quanto mentirosa, na qual acreditam piamente muitos dos cidadãos que vão sair às ruas no próximo domingo: A de que o PT estaria, agora, jogando pela janela, essa - supostamente maravilhosa - “herança” de Fernando Henrique Cardoso, colocando em risco as conquistas de seu governo. O pior cego é o que não quer ver, o pior surdo, o que não quer ouvir. Está certo que não podemos ficar apenas olhando para o passado, que temos de enfrentar os desafios do presente, fruto de uma crise que é internacional, que faz com que estejamos crescendo pouco, embora haja diversos países ditos “desenvolvidos” que estejam muito mais endividados e crescendo menos do que nós.
Mas, pelo amor de Deus, não venham nos impingir nenhuma dessas duas fantasias, que estão empurrando muita gente a sair às ruas para se manifestar: nem Fernando Henrique salvou o Brasil, nem o PT está quebrando um país que em 2002, era a décima-quarta maior economia do mundo, e que hoje já ocupa o sétimo lugar.
Publicado no blog: http://www.maurosantayana.com/2015/03/a-marcha-dos-insensatos-e-sua-primeira.html
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Um comentário:
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ResponderExcluirRichard, ao criticarmos a situacao economica devemos considerar fatores internacionais. A posicao do Brasil na economia mundial hoje:
Posicao 7 entre as maiores economias se medidas por GDP (que tem uma serie de limitacoes mas continua em uso internacional), entretanto posicao 95 em GDP/per capita.
Posicao 7 no influxo de capital de investimento (FDI), entretanto posicao 30 na execucao de investimentos internacionais.
Posicao 43 no MGI McKinsey Global Institute Connectedness Index.
Posicao 124 na lista de "ease of trading across borders", World Bank.
Posicao 114 do World Economic Forum na qualidade de infraestrutura.
Posicao 2 na lista dos paises mais dificeis de se fazer negocios do TMF Group, London based regulatory services firm.
Posicao 16 na lista de paises G20 de impostos mais altos para empresas da KPMG Global Tax Rates (UK numero 1 com 20% ou 10% para empresas com patentes).
Anexo varias referencias que possam ajudar na inspiracao dos elaboradores de politicas bem como empreendedores. Ao inves de estarmos fazendo cortes em educacao deveriamos estar reestruturando financas, BNDES, exportando brasileiros dentro de uma rede estrategicamente ligada ao pais, importando cerebros e criando multinacionais brasileiras de tecnologias e servicos...
SDS
Gerson Machado
http://www.mddvtm.org/detalhes-medida.html?id=406
(R0349) Documentário: DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA - A SOBERANIA NA CORDA BAMBA (I5)
"DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA - A SOBERANIA NA CORDA BAMBA" (2014)
https://www.youtube.com/watch?v=aFzke1cCwUg
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http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/01/150108_corte_contas_ms_lgb
Ajuste fiscal x 'pátria educadora': entenda os cortes anunciados pelo governo
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http://oglobo.globo.com/brasil/educacao-podera-ter-maior-corte-no-ajuste-fiscal-15465190
Educação poderá ter o maior corte no ajuste fiscal
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http://www.mckinsey.com/insights/south_america/brazils_path_to_inclusive_growth
Report| McKinsey Global Institute
Brazil’s path to inclusive growth May 2014
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https://www.gov.uk/government/uploads/system/uploads/attachment_data/file/183408/A_guide_to_UK_taxation.pdf
http://www.kpmg.com/global/en/services/tax/tax-tools-and-resources/pages/tax-rates-online.aspx
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http://www.youtube.com/watch?v=OMDWxphwrCw
Bill Still on Money Reform: 'The Money Masters' FULL
Uploaded on Jul 14, 2011
An interview with Bill Still, film-maker of 'The Money Masters' and 'The Secret of Oz' explains why we are going through a financial crisis and offers his solutions to the ever increasing debt curve.
http://www.secretofoz.com
http://www.themoneymasters.com
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http://www.forbes.com/sites/kenrapoza/2015/01/31/heres-where-brazil-argentina-are-the-same-and-its-nothing-to-brag-about/
Recent research released by London-based regulatory services firm TMF Group placed Brazil as the second worst country to do business in.
Half of the top 20 countries listed on the TMF Group’s Global Benchmark Complexity Index’s are from Latin America.
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http://data.worldbank.org/indicator/IC.REG.DURS
Time required to start a business (days)
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http://www.tmf-group.com/~/media/Files/PDFs/Reports/Complexity%20infographic%20HQ%202014.png
Most Restrictive Countries For Business – Infographic
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http://www.doingbusiness.org/
http://www.doingbusiness.org/reports/global-reports/doing-business-2015
http://www.doingbusiness.org/methodology/methodology-expansion
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