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sábado, 7 de março de 2015
Paz aos brasileiros, antes que seja tarde.
Precisamos de paz, fraternidade e trabalho. Parece-me, entretanto, que isto seria pedir muito. O Brasil vai de mal a pior com as brigas entre os políticos, na disputa por mais poder. Os que perderam as eleições, talvez justamente por não terem quaisquer propostas que convencessem os eleitores, andam inconformados, e não se cansam de pedir impeachment, de acusar os que estão no poder de corruptos, e tome denúncia no lombo do governo.
O governo apanha como mulher de malandro, é claro que não gosta, mas acaba por ficar quieto a cada surra tomada. E nem reclama mais, não se defende, parece acuado. Ao mesmo tempo, políticos fisiológicos que fazem parte da base aliada do governo, exigem cargos e muitos outros benefícios. O povo não é bobo, percebe as manobras. Mas a intolerância cresce diante das denúncias recorrentes de "corrupção", as diferenças se acirram. E tem gente brincando com fogo. Ensandecidos, pedem uma ditadura, de novo...
A mídia, declaradamente oposicionista, insufla, vende desgraça diariamente. Vejo proliferar um ódio entre brasileiros, que é inédito em nossa história de cordialidade, fraternidade, amizades com etnias diferentes, convivência entre pobres e ricos, e que só o futebol nos separava dos demais, mesmo assim com muita gozação e competitividade, exceto entre os grupo de torcidas organizadas dos grandes times. Aí sim, a beligerância protegida dentro de grupos enormes encorajava uns e outros a descer o cacete no adversário. Eu disse adversário, e não inimigo, como verifico no cotidiano, nas discussões políticas que ando observando, nas pessoas, seja no cafezinho dos escritórios, nos bares, nas ruas e até mesmo nas feiras. E todo mundo tem razão!
O Brasil perde com isso. Atinge-se um grau de insatisfação, em ambos os lados, e as disputas se acirram, parece que estamos às vésperas de uma guerra civil. Como decorrência de um lado querendo provar que o outro está errado, a crise vem chegando como quem não quer nada. Mas quer. A oposição quer ver o Brasil de joelhos, alquebrado, submisso, pois se deseja o "quanto pior, melhor", com alto desemprego, inflação, crise, para depois apresentar-se como salvador da pátria.
Lamentavelmente já vimos essa história aqui no Brasil. Com Getúlio Vargas nada foi diferente, preparava-se um golpe, com denúncias e mais denúncias de corrupção, e do "mar de lama" que se "esparramava pelo país". Até que, às vésperas do golpe, Getúlio suicidou-se, em 1954, e impediu a realização das pretensões da UDN. Entrou para a história, ao mesmo tempo abençoado pelo povo. Getúlio não poderia prever, quem sabe, mas apenas prorrogou o golpe, que aconteceu em 1964, utilizando-se das mesmas estratégias de antes, com acusações e mais acusações de corrupção. Depois de Getúlio, a elite chegou ao poder, pelo voto, com Juscelino e seus planos megalomaníacos, e iniciou o perverso endividamento do Brasil, com empréstimos internacionais, crescimento econômico pela dinamização industrial, através das multinacionais que vieram buscar seu butim, mas teve muita corrupção.
Aí, o povo elegeu Jânio, feiticeiro político que com sua vassorinha mágica prometia acabar com os malfeitos, mas teve de pedir o boné depois de 8 meses no poder. O vice-presidente eleito, João Goulart, pecuarista dos grandes, membro da elite, mas com ideias de esquerda, com a reforma agrária e o trabalhismo na mochila, teve um governo tumultuado e acabou deposto, pois não agradava as elites.
Tivemos 21 anos de ditadura, com muita corrupção acobertada pela censura, e algum desenvolvimento, isso não há como negar. Depois, voltamos para uma claudicante democracia, crises econômicas e mais corrupção, com Sarney, depois Collor, Itamar, FHC, todos com seus planos de estabilização, até que a combinação crise-corrupção-má gestão levou Lula ao poder. Mal chegou Lula começaram as denúncias de corrupção, e o mensalão era a cereja do bolo, e agora com Dilma a corrupção da Petrobras. Nada de novo. Mas é triste admitir, o Brasil é um país de corruptos. Faz parte do DNA do povo, da classe média, dos políticos e das elites. Se o cara não é corrupto, acuse-o, passará a ser corrupto, conforme nos ensina o aforismo católico de que "é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que chegar ao reino dos céus". Se gritar "pega ladrão", some quase todo mundo!
Portanto, os ciclos se repetem, tanto em termos econômicos como políticos. Ou seja, a história se copia e se reproduz, os políticos oportunistas repetindo os mesmos estratagemas. O Brasil de hoje é grande, muito maior que o Brasil dos anos 1950 e 1960. A população triplicou, hoje é mais de 80% urbana, numa proporção inversa aos anos 1950. Mas a imbecilidade humana e dos políticos é a mesma.
Se é verdade que os tempos são outros e diferentes, a estratégia é a mesma, sem tirar e nem por. Antes, os golpes aconteciam pelas armas dos militares, hoje em dia ocorre através da Justiça, é esse o modus operandi.
O buzilis da questão é que cada brasileiro tem um entendimento próprio e imagina uma solução para os problemas do país. Se fôssemos dar vazão às nossas emoções individuais, seríamos como essa gaúcha de alta classe média que está no vídeo abaixo: foi a um posto de gasolina, em Caxias do Sul (RS), e ao berros apregoou aos motoristas que não abastecessem seus carros, pois assim "sobraria gasolina" e o preço teria de baixar, diante da "lei da oferta e da demanda". O fato inusitado aconteceu durante a semana das manifestações dos caminhoneiros que ameaçavam parar o Brasil, com uma iminente falta de alimentos nas cidades, e a mulher imaginou que sua lógica resolveria tudo. Se não foi internada é porque voltou à razão...
Mas o Brasil anda mais ou menos assim, pra lá de destrambelhado, e a classe média discute emocionalmente sobre política nos bares, táxis e até nas alcovas. O estarrecedor é que não é uma situação, como diz o ditado popular, do "em casa em que falta pão, todo mundo discute e ninguém tem razão", pois a sociedade nunca esteve tão bem, conforme comprovam os indicadores sociais: nosso IDH subiu, a mortalidade de crianças caiu, o analfabetismo reduziu substancialmente, o salário mínimo triplicou poder de compra, e temos um estado de pleno emprego; então, por que brigam tanto os brasileiros? Acho que é porque as políticagens andam no desespero, não conseguem seus intentos...
Na falta de líderes políticos, de estadistas que trabalhem para o povo, a classe média emergente, com sua visão míope do que seja política, estimulada por uma mídia partidarizada, vai nos levando para uma provável crise econômica, no rastro histórico da Europa atolada em recessão, antecedida pelo pessimismo daqueles que pensaram ter chegado ao estágio de milionários, mas que não sabem onde pisam, daí o fértil desiderato...
Pobre mulher, essa do posto de gasolina, é uma radiografia contemporânea e representativa da classe média emergente brasileira. Moralista, sem rumo, politicamente inculta e mal informada, inconformada com o que dizem sobre tudo isso que está aí, mas consumista (percebam como ela está bem vestida), adepta de modismos, e que está "se achando" com seu "genial" e excêntrico discurso.
Particularmente, sem nenhum pessimismo, acredito que vamos para o vinagre, pois verifico que todos os problemas, do mundo e do Brasil, têm como causa o crescimento demográfico ainda acelerado. Agravado pelo aumento da expectativa média de vida e pelas políticas de inclusão social. Ouso afirmar que não existem políticas públicas (socialistas ou capitalistas) competentes capazes de atender a todas as demandas e necessidades do povo como um todo, especialmente nas periferias. O cobertor será sempre curto. Os impostos cobrados nunca serão capazes de atender todas as necessidades de tanta gente, especialmente em áreas onde já existe um perverso atraso social, econômico e cultural.
E o seu discurso, qual é? Você concorda comigo, ou a gaúcha está certa?
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5 comentários:
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O tempo de Vargas, Jânios, jornalistas e generais golpistas ficou pra trás. Não temos crise, apenas alguns segmentos que sofrem o natural movimento de fluxo e refluxo do mercado. Já tivemos o dólar mais alto e continuamos a crescer. A crise é moral. Antes, as campanhas políticas começavam no ano da eleição ou um pouco antes. Agora, devido a facilidade de comunicação, ela começa antes mesmo do eleito tomar posse. Quem perdeu utiliza todo o tempo disponível em campanha para desconstruir o empossado e tentar vencer as eleições futuras. É isto. Incomoda, causa estresse, mas também cansa, perde o fôlego como perderam as manifestações do ano passado. As manifestações anunciadas irão para a mesma vala. Fornecerão material para os fofoqueiros de plantão, os fanáticos e os preconceituosos. A maioria continuará produzindo, cuidando da sua família, estudando, tentando melhorar de vida. O poder industrial, comercial e financeiro está maior e melhor distribuído. No tempo de Vargas estava nas mãos de algumas famílias políticas. Hoje as bases de interesses políticos são bem maiores, não podem ser cooptadas nem manipuladas. Depois desta crise moral, virão outras, também travestidas de motivações éticas, mas serão como traques, que incomodam, cheiram mal, soltam um pouco de fumaça, mas não explode de verdade. Até São João tudo terá voltado ao normal e os fogos serão os de artifícios.
ResponderExcluirDaniel Macedo
Daniel,
ResponderExcluiresqueceu do impeachment do Collor? Depois foi inocentado pelo STF, mas aí já era tarde, foi punido pelos golpistas com a perda do cargo e por 10 anos sem direitos políticos. Foi a avant premiére de golpes através do judiciário, como ocorreu em Honduras e no Paraguai. Tentaram com Lula, em 2005, e estão tentando agora de novo. A diferença é que desta vez, depois do mensalão, e com a Petrobras, é que existem alguns generais da reserva se pavoneando em artigos no Estadão e outros lugares, e a chamada grande mídia fazendo muito barulho em cima de qualquer coisa.
Não sei, não... O problema maior, no momento, é o ódio percebido na classe média e média-baixa, além de parte da elite, que já existe desde 2002. Dia 15 de março vai ter alguma coisa...
A ver...
Sim, na época da ditadura "não tinha corrupção". Tinha receitas de bolo nos jornais. Era uma maravilha!
ResponderExcluirRichard, voce comentou: "Particularmente, sem nenhum pessimismo, acredito que vamos para o vinagre, pois verifico que todos os problemas, do mundo e do Brasil, têm como causa o crescimento demográfico ainda acelerado. ".
ResponderExcluirAcho que esse fator é importante. Mas a base da crise mundial é o modelo econômico, com a centralização do poder em alguns grupos econômicos/financeiros que ditam as regras no mundo. No Brasil a Dilma tentou enfrentar por algum tempo o setor financeiro, mas não teve força. O país paga uma quantidade de juros aos bancos muito maior do que os investimentos. E os juros que os financiamentos têm cobrado da nova classe média, que subiu de patamar e quis consumir bens que antes não podia possuir, está gerando crise financeira. Ladislau Dawbor, entre outros, escreveu sobre isso. Até o Papa está denunciando este sistema que está corroendo e tomando conta do mundo.
Richard,
ResponderExcluirA questao da corrupcao nao e' particular ao Brasil. Inclusive muito do que ocorre no Brasil (e em outros paises) e' corrupcao internacional originada do mundo "desenvolvido e civilizado" e usada como "guerra sem armas". Dois fatores sao fundamentais para ajudar a melhorar esta situacao para todos na humanidade: educacao e acesso livre 'a informacao, onde a Internet pode ajudar muito. Entretanto, o sistema de controle financeiro mundial atual e' podre, nao sustentavel e a causa principal de toda a desigualdade que vemos que causa os sentimentos de falta de abundancia a que vc se refere (numero de pessoas etc) bem como as guerras e varios outros problemas. Isso e' fundamentado no conceito de juros. Sem juros nao significa dinheiro gratis ou resolucao de tudo, mas significa que os problemas de concentracao de renda e poder passam para um modo mais estavel ver o livro de Margrit Kennedy Interest and Inflation Free Money.
SDS
Gerson Machado
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We have forgotten that bad is bad, and less bad is still bad.
http://www.gunterpauli.com/Gunter_Pauli/Blog/Entries/2012/9/13_Ego_and_Ethics.html
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"Until you make the unconscious conscious, it will direct your life and you will call it fate.”– Carl Jung
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http://somsuc.com/islamic-mode-of-finance/
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http://realcurrencies.wordpress.com/the-spiritual/
http://realcurrencies.wordpress.com/interest-free-economics/
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Did you know that barter represents ¼ of global trade?
http://www.meic-pic.com/activities/barter_counter_trading.asp
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book_Margrit Kennedy Interest and Inflation Free Money.pdf
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http://www.redicecreations.com/radio/2014/11/RIR-141128.php
Anthony Migchels - Hour 1 - Usury: The Problem with the Economic System & Alternative Currencies
November 28, 2014
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https://realcurrencies.wordpress.com/
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by Harry Dent 29 Jan 2015
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Now we need a new standard, but one hasn’t yet emerged. Although it will likely further down the road and probably in the vein of digital currency and the bitcoin concept.
But bitcoin ain’t it either at this point, as it is too volatile and unproven. And gold will not be the new standard either.
What we do need is a standard for money creation that limits it more in line with the economic growth as the bubbles of this era and unprecedented money printing have clearly demonstrated… and wait until these great bubbles burst!
The new standard is more likely to be a combination of personal credit valued in real time digitally, and corporate and country credit likewise, depending on ever-changing credit quality.
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“I'm not trying to counsel any of you to do anything really special except dare to think. And to dare to go with the truth. And to dare to really love completely.”
“Human beings always do the most intelligent thing… after they’ve tried every stupid alternative and none of them have worked”
“In order to change an existing paradigm you do not struggle to try and change the problematic model. You create a new model and make the old one obsolete.”
Buckminster Fuller
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