Rafael Regiani
Acredite: o consumo de pizza está contribuindo para a poluição em São Paulo...
Essa a opinião de alguns biodesagradáveis e ONGs que vivem de disseminar notícias e informações catastróficas.
Os moradores de São Paulo deveriam se sentir orgulhosos, pois a cidade é uma das únicas que majoritariamente usa biocombustível em seus carros. Ou talvez não tenham tanta razão assim, pois muitos dos ganhos ambientais são prejudicados, pois todo mundo ama comer pizza.
Um novo estudo publicado no períódico Atmospheric Enviroment diz que a qualidade do ar de São Paulo está piorando por causa da produção diária de 1.800 pizzas (Nota do blogueiro: ou seriam 1.800 pizzarias em São Paulo?) feitas em fornos a lenha. Outro culpado no aumento de emissões são as churrascarias. Mesmo com os veículos da cidade emitindo menos poluentes, a cidade ainda tem este problema a enfrentar.
O autor principal do estudo, Prashant Kumar, fala sério sobre ligar o alarme para a causa. O professor do departamento de engenharia civil e ambiental da Universidade de Surrey, no Reino Unido, diz que mais de 7,5 hectares de florestas de eucalipto são queimadas todo o mês por causa desses restaurantes. “Isso é uma ameaça significante para ser uma preocupação real a ponto de negativar os efeitos positivos ao ambiente do uso de biocombustível em veículos”, disse ele.
Obviamente, isso não significa que as iniciativas de biodiesel sejam inúteis. A situação poderia ser pior se todo mundo usasse gasolina e comesse muita pizza feita em fornos a lenha. E considerando o que diz o Columbia Earth Inside, que a maior fonte de poluição mundial não são os carros, as notícias de que a mudanças para iniciativas de biocombustível possivelmente não têm tanto impacto quanto esperado não são surpreendentes.
A cidade de São Paulo é uma das poucas a ter uma frota abastecida por biocombustível. Os motoristas podem usar etanol, gasolina (composta de 75% de gasolina e 25% com etanol) e diesel.
Não há uma solução clara para o problema. Claro, 1.800 pizzas (Nota do blogueiro: de novo, o mesmo número imbecil?) por dia em uma cidade com 11 milhões de pessoas não parece um número tão alto assim. E também não está claro se o problema de pizza de São Paulo está presente em outras cidades do mundo. Agora, imagine um mundo em que fosse proibido comer pizza feita em forno a lenha. Isso pode causar um problema de ordem social.
http://gizmodo.uol.com.br/pizza-poluicao-sao-paulo/
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Este blog é um espaço de debate onde se pode polemizar sobre política, economia, sociologia, meio ambiente, religião, idiossincrasias, sempre em profundidade e com bom humor. Participe, dê sua opinião. O melhor do blog está em "arquivos do blog", os temas são atemporais. Se for comentar registre nome, NÃO PUBLICO COMENTÁRIOS ANÔNIMOS. Aqui no blog, até mesmo os biodesagradáveis são bem-vindos! ** Aviso: o blog contém doses homeopáticas de ironia, por vezes letais, mas nem sempre.
quinta-feira, 30 de junho de 2016
quarta-feira, 29 de junho de 2016
De onde virão as boas notícias?
Marcos Sawaya Jank *
Finalmente começa a haver uma mudança de expectativas em relação à economia, que ao menos parou de se deteriorar. Mas, para haver uma real reversão, espera-se que o novo governo apresente diretrizes e reformas consistentes.
Como sempre, o mercado quer ver reformas de grande impacto na economia, como cortes drásticos nos gastos públicos, reformas nas áreas fiscal e previdenciária ou a tão sonhada reforma política, que é certamente a mãe de todas as reformas.
Mas grandes reformas são difíceis de implementar, ainda mais em uma conjuntura de quase falência do Estado e com um governo que terá apenas 2,5 anos pela frente, se o impeachment for confirmado.
Sem descartar a possibilidade de reformas mais sonoras e abrangentes, gostaria de sugerir que o governo se concentrasse em pequenas reformas laterais, que podem trazer resultados rápidos e consistentes. Na maioria dos casos, basicamente mudanças em modelos de gestão.
Na área do comércio exterior, o novo governo propôs o fortalecimento da Camex (Câmara de Comércio Exterior), agora sob a Presidência da República, para agilizar a coordenação de mais de uma dezena de departamentos em diferentes ministérios e agências que se ocupam do tema. Essa coordenação envolve, também, a retomada da agenda perdida das negociações bilaterais com os nossos principais parceiros comerciais.
Na promoção de exportações e investimentos, por exemplo, o ministro José Serra propôs uma gestão mais articulada entre o Itamaraty e a Apex (Agencia de Promoção de Exportação e Investimentos), otimizando pessoas e recursos disponíveis. Mas o sucesso da iniciativa depende de formatos mais modernos e consistentes de parceria entre o setor público e as entidades e as empresas do setor privado. São elas que, afinal, fazem acontecer o comércio e os investimentos.
Comparado com outros países, a presença do Brasil no exterior é medíocre, seja em termos de representatividade pública ou privada. Grandes resultados podem ser obtidos com pequenos esforços coordenados de gestão e internacionalização.
Na área da agricultura, a ex-ministra Kátia Abreu introduziu um sistema eletrônico de informações que reduziu bastante o tempo de tramitação dos processos de habilitação de unidades industriais para exportar. Pequenas mudanças de pessoas e processos acarretam na obtenção de dezenas de milhões de dólares adicionais em exportações.
O novo ministro Blairo Maggi vai aprofundar o tema, dando prioridade ainda maior ao aumento das exportações do agro, incluindo parcerias estratégicas com países-chave como China e EUA. No caso da China, essas parceria deveria ir além das atuais demandas unilaterais de acesso a mercados, chegando à construção de cadeias integradas de valor que envolvam a atração de investimentos em infraestrutura, atendimento de demandas de qualidade e rastreabilidade de produtos nos mercados de destino, facilitação de comércio, inovação e adição de valor aos produtos exportados.
Na área da energia, já se vê mudança positiva de humor com o anúncio de novos mecanismos de precificação de derivados de petróleo e eletricidade que respeitarão a realidade dos mercados e a competitividade das empresas. Intervenções esdrúxulas pelo "Diário Oficial", congelamentos artificiais de preços e controles da taxa de retorno das empresas felizmente parecem ser, agora, páginas viradas da história.
O caminho é longo e árduo, mas a direção está correta. Não custa cultivar sonhos impossíveis sobre o mundo ideal todas as noites. Mas de dia a receita resume-se a três palavras: gestão, gestão e gestão.
* o autor é especialista em questões globais do agronegócio.
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Finalmente começa a haver uma mudança de expectativas em relação à economia, que ao menos parou de se deteriorar. Mas, para haver uma real reversão, espera-se que o novo governo apresente diretrizes e reformas consistentes.
Como sempre, o mercado quer ver reformas de grande impacto na economia, como cortes drásticos nos gastos públicos, reformas nas áreas fiscal e previdenciária ou a tão sonhada reforma política, que é certamente a mãe de todas as reformas.
Mas grandes reformas são difíceis de implementar, ainda mais em uma conjuntura de quase falência do Estado e com um governo que terá apenas 2,5 anos pela frente, se o impeachment for confirmado.
Sem descartar a possibilidade de reformas mais sonoras e abrangentes, gostaria de sugerir que o governo se concentrasse em pequenas reformas laterais, que podem trazer resultados rápidos e consistentes. Na maioria dos casos, basicamente mudanças em modelos de gestão.
Na área do comércio exterior, o novo governo propôs o fortalecimento da Camex (Câmara de Comércio Exterior), agora sob a Presidência da República, para agilizar a coordenação de mais de uma dezena de departamentos em diferentes ministérios e agências que se ocupam do tema. Essa coordenação envolve, também, a retomada da agenda perdida das negociações bilaterais com os nossos principais parceiros comerciais.
Na promoção de exportações e investimentos, por exemplo, o ministro José Serra propôs uma gestão mais articulada entre o Itamaraty e a Apex (Agencia de Promoção de Exportação e Investimentos), otimizando pessoas e recursos disponíveis. Mas o sucesso da iniciativa depende de formatos mais modernos e consistentes de parceria entre o setor público e as entidades e as empresas do setor privado. São elas que, afinal, fazem acontecer o comércio e os investimentos.
Comparado com outros países, a presença do Brasil no exterior é medíocre, seja em termos de representatividade pública ou privada. Grandes resultados podem ser obtidos com pequenos esforços coordenados de gestão e internacionalização.
Na área da agricultura, a ex-ministra Kátia Abreu introduziu um sistema eletrônico de informações que reduziu bastante o tempo de tramitação dos processos de habilitação de unidades industriais para exportar. Pequenas mudanças de pessoas e processos acarretam na obtenção de dezenas de milhões de dólares adicionais em exportações.
O novo ministro Blairo Maggi vai aprofundar o tema, dando prioridade ainda maior ao aumento das exportações do agro, incluindo parcerias estratégicas com países-chave como China e EUA. No caso da China, essas parceria deveria ir além das atuais demandas unilaterais de acesso a mercados, chegando à construção de cadeias integradas de valor que envolvam a atração de investimentos em infraestrutura, atendimento de demandas de qualidade e rastreabilidade de produtos nos mercados de destino, facilitação de comércio, inovação e adição de valor aos produtos exportados.
Na área da energia, já se vê mudança positiva de humor com o anúncio de novos mecanismos de precificação de derivados de petróleo e eletricidade que respeitarão a realidade dos mercados e a competitividade das empresas. Intervenções esdrúxulas pelo "Diário Oficial", congelamentos artificiais de preços e controles da taxa de retorno das empresas felizmente parecem ser, agora, páginas viradas da história.
O caminho é longo e árduo, mas a direção está correta. Não custa cultivar sonhos impossíveis sobre o mundo ideal todas as noites. Mas de dia a receita resume-se a três palavras: gestão, gestão e gestão.
* o autor é especialista em questões globais do agronegócio.
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domingo, 26 de junho de 2016
Sistema é falho para detectar tornados e microexplosões climáticas
Rafael Regiani
Quando será a próxima tempestade? Brasil avançou na última década, mas continua despreparado para evitar tragédias naturais.
Faltam equipamentos
Nos últimos cinco anos, o Brasil passou de 20 para 39 radares meteorológicos. Estimativas apontam que o país precisaria de mais 40 para ter uma boa cobertura.
Falta mão de obra especializada
Segundo especialistas, o Brasil tem hoje uma carência de pelo menos 70 profissionais – são cerca de dez. Sem eles, mais de dez radares instalados em 2015 terão falhas na operação.
Faltam recursos
Um radar de alta definição, como o instalado em SP nesta semana, custa aproximadamente R$ 2 milhões. Sua manutenção anual sai por cerca de 30% desse valor.
Falta sinergia
Microexplosões e tornados devem ser previstos com antecedência. O Brasil ainda está longe de ter um sistema como o americano, em que a população é alertada por celular, televisão e sirenes nas ruas.
Fontes: Cemaden, o engenheiro Mario Thadeu de Barros, da Poli-USP, e o meteorologista Carlos Augusto Morales, do IAG-USP
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/06/1783212-sistema-brasileiro-para-deteccao-de-tornados-e-limitado.shtml
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Faltam equipamentos
Nos últimos cinco anos, o Brasil passou de 20 para 39 radares meteorológicos. Estimativas apontam que o país precisaria de mais 40 para ter uma boa cobertura.
Falta mão de obra especializada
Segundo especialistas, o Brasil tem hoje uma carência de pelo menos 70 profissionais – são cerca de dez. Sem eles, mais de dez radares instalados em 2015 terão falhas na operação.
Faltam recursos
Um radar de alta definição, como o instalado em SP nesta semana, custa aproximadamente R$ 2 milhões. Sua manutenção anual sai por cerca de 30% desse valor.
Falta sinergia
Microexplosões e tornados devem ser previstos com antecedência. O Brasil ainda está longe de ter um sistema como o americano, em que a população é alertada por celular, televisão e sirenes nas ruas.
Fontes: Cemaden, o engenheiro Mario Thadeu de Barros, da Poli-USP, e o meteorologista Carlos Augusto Morales, do IAG-USP
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/06/1783212-sistema-brasileiro-para-deteccao-de-tornados-e-limitado.shtml
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sexta-feira, 24 de junho de 2016
APTA rebate críticas de pesquisadores da APqC
Richard Jakubaszko
O engenheiro agrônomo Orlando Mello de Castro, coordenador da APTA – Agência Paulista de Tecnologia Agropecuária, concedeu entrevista ao Portal DBO para rebater as críticas do presidente da APqC – Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo, o pesquisador do IAC Joaquim Azevedo Filho, de que faltam pesquisadores nos institutos de pesquisa agropecuária e também sobre a venda de parte das estações experimentais.
O assunto da venda das estações experimentais está em discussão na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, e desde esta semana foi paralisado por força de uma liminar judicial impetrada pelos procuradores do estado.
Confira a entrevista no vídeo:
No Portal DBO divulgamos também esse vídeo, disponível no link
http://www.portaldbo.com.br/Agro-DBO/Super-manchete/APTA-contesta-as-criticas-da-ApqC-e-diz-que-a-pesquisa-paulista-vai-evoluir/17012
Neste link você encontra a entrevista no Portal DBO com o presidente da APqC: http://www.portaldbo.com.br/Agro-DBO/Super-manchete/Pesquisa-cientifica-publica-em-vias-de-extincao-em-Sao-Paulo/16930
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O engenheiro agrônomo Orlando Mello de Castro, coordenador da APTA – Agência Paulista de Tecnologia Agropecuária, concedeu entrevista ao Portal DBO para rebater as críticas do presidente da APqC – Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo, o pesquisador do IAC Joaquim Azevedo Filho, de que faltam pesquisadores nos institutos de pesquisa agropecuária e também sobre a venda de parte das estações experimentais.
O assunto da venda das estações experimentais está em discussão na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, e desde esta semana foi paralisado por força de uma liminar judicial impetrada pelos procuradores do estado.
Confira a entrevista no vídeo:
No Portal DBO divulgamos também esse vídeo, disponível no link
http://www.portaldbo.com.br/Agro-DBO/Super-manchete/APTA-contesta-as-criticas-da-ApqC-e-diz-que-a-pesquisa-paulista-vai-evoluir/17012
Neste link você encontra a entrevista no Portal DBO com o presidente da APqC: http://www.portaldbo.com.br/Agro-DBO/Super-manchete/Pesquisa-cientifica-publica-em-vias-de-extincao-em-Sao-Paulo/16930
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quinta-feira, 23 de junho de 2016
Poeira do Saara fertiliza a Amazônia
Rafael Regiani
E tem aquecimentista por aí que acha que a Amazônia é um ecossistema autossuficiente, dependente apenas de si mesmo para se manter. A evapotranspiração da floresta produz a própria chuva, e o húmus produz os próprios nutrientes...
Combater a desertificação, que nada. Quanto mais deserto, mais poeira, mais floresta!
Todo o ecossistema amazônico depende da poeira do Saara para reabastecer suas reservas de nutrientes perdidos.
Uma quantidade significativa de poeira do deserto do Saara “viaja” mais de dois mil quilômetros chegando até a Amazônia, é o que mostra um vídeo divulgado recentemente pela Agência Espacial Americana (Nasa). A informação, no entanto, não é exatamente uma novidade.
Os dados da Nasa que mostram a relação entre o deserto e a floresta foram coletados entre 2007 e 2013, apesar de o fato já ser conhecido por muitos cientistas anos antes. Agora se tem mais dados exatos sobre o fenômeno.
Estima-se que cerca de 182 mil toneladas de poeira cruzam o Oceano Atlântico chegando ao continente americano – cerca de 27,7 milhões caem na floresta. Deste total, 0,08% corresponde a fósforo (importante nutriente para as plantas), segundo pesquisadores da Universidade de Maryland (EUA), o que equivale a 22 toneladas.
Esta quantidade de fósforo, ainda segundo o estudo, é suficiente para suprir a necessidade de nutrientes que a floresta amazônica perde com as fortes chuvas e inundações na região.
“Todo o ecossistema amazônico depende da poeira do Saara para reabastecer suas reservas de nutrientes perdidos”, afirma o coordenador do estudo, Hongbin Yu. Ele confirma o que muitos, mesmo sem bases científicas, repetem há tempos: “Este é um mundo pequeno e estamos todos conectados”.
A poeira rica em nutrientes sai principalmente de uma região conhecida como Depressão Bodele, localizado no país africano Chade, que foi formada após o maior lago da África secar – há cerca de mil anos.
A maior parte da poeira, entretanto, permanece suspensa no ar, enquanto que 43 milhões de toneladas chegam até o mar do Caribe. O estudo, que só foi possível graças a coleta de dados do satélite Calipso, da Nasa, foi divulgado na revista científica Geophysical Research Letters. A agência divulgou uma animação em 3D que ilustra como tudo acontece, confira no vídeo.
Combater a desertificação, que nada. Quanto mais deserto, mais poeira, mais floresta!
Vídeo da Nasa mostra como a poeira do Saara fertiliza a
Amazônia
Todo o ecossistema amazônico depende da poeira do Saara para reabastecer suas reservas de nutrientes perdidos.
Uma quantidade significativa de poeira do deserto do Saara “viaja” mais de dois mil quilômetros chegando até a Amazônia, é o que mostra um vídeo divulgado recentemente pela Agência Espacial Americana (Nasa). A informação, no entanto, não é exatamente uma novidade.
Os dados da Nasa que mostram a relação entre o deserto e a floresta foram coletados entre 2007 e 2013, apesar de o fato já ser conhecido por muitos cientistas anos antes. Agora se tem mais dados exatos sobre o fenômeno.
Estima-se que cerca de 182 mil toneladas de poeira cruzam o Oceano Atlântico chegando ao continente americano – cerca de 27,7 milhões caem na floresta. Deste total, 0,08% corresponde a fósforo (importante nutriente para as plantas), segundo pesquisadores da Universidade de Maryland (EUA), o que equivale a 22 toneladas.
Esta quantidade de fósforo, ainda segundo o estudo, é suficiente para suprir a necessidade de nutrientes que a floresta amazônica perde com as fortes chuvas e inundações na região.
“Todo o ecossistema amazônico depende da poeira do Saara para reabastecer suas reservas de nutrientes perdidos”, afirma o coordenador do estudo, Hongbin Yu. Ele confirma o que muitos, mesmo sem bases científicas, repetem há tempos: “Este é um mundo pequeno e estamos todos conectados”.
A poeira rica em nutrientes sai principalmente de uma região conhecida como Depressão Bodele, localizado no país africano Chade, que foi formada após o maior lago da África secar – há cerca de mil anos.
A maior parte da poeira, entretanto, permanece suspensa no ar, enquanto que 43 milhões de toneladas chegam até o mar do Caribe. O estudo, que só foi possível graças a coleta de dados do satélite Calipso, da Nasa, foi divulgado na revista científica Geophysical Research Letters. A agência divulgou uma animação em 3D que ilustra como tudo acontece, confira no vídeo.
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terça-feira, 21 de junho de 2016
O grande golpe
Mauro Santayana *
(Revista do Brasil) - Não tendo sabido enfrentar, de forma organizada e decidida – a começar pela internet –, os ataques que vinha sofrendo desde 2013; não tendo estabelecido um discurso abrangente que defendesse minimamente suas conquistas, que ocorreram, sim, em importantes momentos dos últimos 13 anos; tendo cometido erros grosseiros do ponto de vista estratégico, político e eleitoral, o que resta ao PT e aos grupos que o apoiam é parar de se equivocar, de serem pautados pelas circunstâncias e pela imprensa adversária, e entender o que realmente ocorre com o país neste momento.
Manter a realização de protestos isolados e constantes contra o governo Temer – acusando-o de golpista – pode ser um exercício retórico, e uma forma de fugir do imobilismo, mas essa abordagem não deve ser a única, nem a principal, nem ser levada às últimas consequências, porque pode conduzir a graves equívocos dos pontos de vista tático e histórico. Não se discute a questão da legitimidade do voto. Mas é rasteira simplificação – que colabora com os conspiradores ocultos, muitíssimo mais perigosos – dizer que o golpe partiu do PMDB, como se ele tivesse nascido quando essa legenda abandonou o governo Dilma.
Dizer que quem compõe o governo interino é corrupto é outra simplificação que também não resolve, nem agora, nem a médio prazo, o problema. Por um lado, porque reproduz em parte o discurso adversário, minimizando o fato de que muitos dos que estão sendo investigados pela Operação Lava Jato à direita estão sendo processados com as mesmas justificativas e argumentos espúrios usados para justificar acusações e as investigações lançadas contra membros do próprio PT.
Por outro lado, porque quem compõe o governo são, com exceção do PSDB e do DEM, basicamente as mesmas forças que estiveram durante tantos anos nos governos do PT, não por afinidade política, mas porque é assim que se estabelece o equilíbrio de governabilidade possível em um regime típico de presidencialismo de coalizão.
Seguindo esse raciocínio, por mais que seja difícil para alguns admitir isso, a mesma miríade de pequenos partidos e legendas de aluguel que apoia hoje Michel Temer, faz parte de seu governo e está sendo atacada pelo PT pode vir a ter de ser, amanhã, cooptada de volta por Dilma para compor seu ministério, caso ela retorne ao poder.
O próprio presidente do PT, Rui Falcão, já admitiu que não fará nada para evitar que o partido se alie ao PMDB nas eleições municipais deste ano.
Devagar, portanto, com o andor. É preciso cautela, para não parecer hipócrita, na mesma linha de leviandade usada pela direita contra a esquerda – e pela extrema-direita contra a política de modo geral, tendo a democracia e a liberdade como alvos finais dessa linha de atuação. Na tentativa de atingir seus adversários, a esquerda não pode cair no mesmo erro – aproveitado com deleite pelos fascistas – na tentação e na esparrela da criminalização da política. Mesmo quando atacada hipócrita e injustamente. Pois corre o risco de legitimar o discurso de apoio à Operação Lava Jato e o discurso da mídia – muito mais importantes e deletérios do que o PMDB, no processo de golpe que estamos vivendo – e de se equiparar a quem o defende, diante da história e da população.
Vamos ser francos – mesmo que as conversas tenham sido propositadamente gravadas e conduzidas para ser usadas como habeas corpus por um dos interlocutores – os diálogos entre o ex-diretor da Transpetro Sérgio Machado e autoridades como Romero Jucá, Renan Calheiros e José Sarney não podem ser rotulados com o mesmo grau de subjetividade dirigida com que se julgaram e disseminaram outros diálogos gravados com a mesma intenção, e divulgados fora de contexto, como os de Delcídio do Amaral, ou o de Lula e Dilma.
Ao dizer que a Lava Jato representou uma sangria, por exemplo, o senador Romero Jucá diz não mais que o óbvio. Uma sangria em empregos, em interrupção de negócios, em sucateamento de obras e projetos, em desvalorização de ações e ativos, em contratos interrompidos, em prejuízos institucionais e contábeis para as empresas acusadas, com terríveis resultados para o país, em termos estratégicos, de defesa, energia e infraestrutura, e para milhares de empregados e acionistas, o que é evidente e redundante.
Da mesma forma que dizer que era preciso costurar um diálogo nacional para analisar o assunto, com a participação do próprio STF, a quem cabe corrigir eventuais desvios e ações polêmicas – principalmente no âmbito jurídico –, colidentes com o texto constitucional, seria uma afirmação consequente, lógica, e, no correr da conversa, óbvia e ululante.
Ou será que a Lava Jato não poderia ter investigado e condenado os corruptos efetivamente identificados, com dinheiro em contas no exterior, como Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró e Renato Duque, sem precisar destruir algumas das maiores empresas de engenharia do país?
Ou sem atrasar e prejudicar tantos projetos e programas de interesse nacional, colocando no mesmo balaio de gatos gente que se locupletou pessoalmente – gastando acintosamente o dinheiro roubado à nação, em farras, mesmo que familiares, no exterior – e funcionários de partidos que obtiveram doações eleitorais registradas, à época, como rigorosamente normais e legais?
Soltando os primeiros e encarcerando os segundos?
A Lava Jato pode ter tido, indiretamente, alguma influência positiva, sobretudo na identificação do fato de que não existem corrompidos no setor público se não houver os corruptores no âmbito privado.
Facilitando a aprovação de leis como a que acabou com o financiamento privado de campanha.
Mas o que está ocorrendo é que direita, centro e esquerda estão cometendo o erro primário de não entender que o que se está enfrentando é um grupo de forças que se opõem à própria atividade política, por princípio.
E que ao se digladiarem fora do campo das ideias não estão fazendo mais do que favorecer os inimigos da liberdade, saudosos do autoritarismo, que se aproveitam das falhas normais de um regime – que, como diria Churchill, não é perfeito, mas é o melhor que se conhece – para jogar a população contra a democracia e promover e preparar, diligente e coordenadamente, a chegada do fascismo aos cargos mais altos da República.
O processo de impeachment é um golpe jurídico-midiático, mas ele representa apenas um passo, mais uma etapa, para a deflagração de um golpe maior contra a Nação, que levará à derrocada da democracia no Brasil, à aprovação de leis que lembram os nazistas, como a exigência de diploma superior para ministros e presidente, fim do voto obrigatório, volta do escrutínio manual, cassação de registros de partidos políticos, repressão ao trabalho de educadores na sala de aula, criminalização dos movimentos populares e até do comunismo – conforme propostas recentemente encaminhadas à apreciação do Congresso Nacional.
Some-se a isso a eventual chegada de um candidato de extrema-direita ao poder (há, pelo menos, dois sendo promovidos pela imprensa), ou a consolidação de uma massa de votos que seja suficiente para transformá-la na terceira força política do país, capaz de decidir, com o seu peso, o resultado do segundo turno das eleições de 2018.
E dá para ter uma ideia concreta do que espera a Nação – se não houver urgente correção de rumo – depois da curva.
* o autor é jornalista.
Publicado originalmente em http://www.maurosantayana.com/2016/06/o-grande-golpe_14.html
(Revista do Brasil) - Não tendo sabido enfrentar, de forma organizada e decidida – a começar pela internet –, os ataques que vinha sofrendo desde 2013; não tendo estabelecido um discurso abrangente que defendesse minimamente suas conquistas, que ocorreram, sim, em importantes momentos dos últimos 13 anos; tendo cometido erros grosseiros do ponto de vista estratégico, político e eleitoral, o que resta ao PT e aos grupos que o apoiam é parar de se equivocar, de serem pautados pelas circunstâncias e pela imprensa adversária, e entender o que realmente ocorre com o país neste momento.
Manter a realização de protestos isolados e constantes contra o governo Temer – acusando-o de golpista – pode ser um exercício retórico, e uma forma de fugir do imobilismo, mas essa abordagem não deve ser a única, nem a principal, nem ser levada às últimas consequências, porque pode conduzir a graves equívocos dos pontos de vista tático e histórico. Não se discute a questão da legitimidade do voto. Mas é rasteira simplificação – que colabora com os conspiradores ocultos, muitíssimo mais perigosos – dizer que o golpe partiu do PMDB, como se ele tivesse nascido quando essa legenda abandonou o governo Dilma.
Dizer que quem compõe o governo interino é corrupto é outra simplificação que também não resolve, nem agora, nem a médio prazo, o problema. Por um lado, porque reproduz em parte o discurso adversário, minimizando o fato de que muitos dos que estão sendo investigados pela Operação Lava Jato à direita estão sendo processados com as mesmas justificativas e argumentos espúrios usados para justificar acusações e as investigações lançadas contra membros do próprio PT.
Por outro lado, porque quem compõe o governo são, com exceção do PSDB e do DEM, basicamente as mesmas forças que estiveram durante tantos anos nos governos do PT, não por afinidade política, mas porque é assim que se estabelece o equilíbrio de governabilidade possível em um regime típico de presidencialismo de coalizão.
Seguindo esse raciocínio, por mais que seja difícil para alguns admitir isso, a mesma miríade de pequenos partidos e legendas de aluguel que apoia hoje Michel Temer, faz parte de seu governo e está sendo atacada pelo PT pode vir a ter de ser, amanhã, cooptada de volta por Dilma para compor seu ministério, caso ela retorne ao poder.
O próprio presidente do PT, Rui Falcão, já admitiu que não fará nada para evitar que o partido se alie ao PMDB nas eleições municipais deste ano.
Devagar, portanto, com o andor. É preciso cautela, para não parecer hipócrita, na mesma linha de leviandade usada pela direita contra a esquerda – e pela extrema-direita contra a política de modo geral, tendo a democracia e a liberdade como alvos finais dessa linha de atuação. Na tentativa de atingir seus adversários, a esquerda não pode cair no mesmo erro – aproveitado com deleite pelos fascistas – na tentação e na esparrela da criminalização da política. Mesmo quando atacada hipócrita e injustamente. Pois corre o risco de legitimar o discurso de apoio à Operação Lava Jato e o discurso da mídia – muito mais importantes e deletérios do que o PMDB, no processo de golpe que estamos vivendo – e de se equiparar a quem o defende, diante da história e da população.
Vamos ser francos – mesmo que as conversas tenham sido propositadamente gravadas e conduzidas para ser usadas como habeas corpus por um dos interlocutores – os diálogos entre o ex-diretor da Transpetro Sérgio Machado e autoridades como Romero Jucá, Renan Calheiros e José Sarney não podem ser rotulados com o mesmo grau de subjetividade dirigida com que se julgaram e disseminaram outros diálogos gravados com a mesma intenção, e divulgados fora de contexto, como os de Delcídio do Amaral, ou o de Lula e Dilma.
Ao dizer que a Lava Jato representou uma sangria, por exemplo, o senador Romero Jucá diz não mais que o óbvio. Uma sangria em empregos, em interrupção de negócios, em sucateamento de obras e projetos, em desvalorização de ações e ativos, em contratos interrompidos, em prejuízos institucionais e contábeis para as empresas acusadas, com terríveis resultados para o país, em termos estratégicos, de defesa, energia e infraestrutura, e para milhares de empregados e acionistas, o que é evidente e redundante.
Da mesma forma que dizer que era preciso costurar um diálogo nacional para analisar o assunto, com a participação do próprio STF, a quem cabe corrigir eventuais desvios e ações polêmicas – principalmente no âmbito jurídico –, colidentes com o texto constitucional, seria uma afirmação consequente, lógica, e, no correr da conversa, óbvia e ululante.
Ou será que a Lava Jato não poderia ter investigado e condenado os corruptos efetivamente identificados, com dinheiro em contas no exterior, como Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró e Renato Duque, sem precisar destruir algumas das maiores empresas de engenharia do país?
Ou sem atrasar e prejudicar tantos projetos e programas de interesse nacional, colocando no mesmo balaio de gatos gente que se locupletou pessoalmente – gastando acintosamente o dinheiro roubado à nação, em farras, mesmo que familiares, no exterior – e funcionários de partidos que obtiveram doações eleitorais registradas, à época, como rigorosamente normais e legais?
Soltando os primeiros e encarcerando os segundos?
A Lava Jato pode ter tido, indiretamente, alguma influência positiva, sobretudo na identificação do fato de que não existem corrompidos no setor público se não houver os corruptores no âmbito privado.
Facilitando a aprovação de leis como a que acabou com o financiamento privado de campanha.
Mas o que está ocorrendo é que direita, centro e esquerda estão cometendo o erro primário de não entender que o que se está enfrentando é um grupo de forças que se opõem à própria atividade política, por princípio.
E que ao se digladiarem fora do campo das ideias não estão fazendo mais do que favorecer os inimigos da liberdade, saudosos do autoritarismo, que se aproveitam das falhas normais de um regime – que, como diria Churchill, não é perfeito, mas é o melhor que se conhece – para jogar a população contra a democracia e promover e preparar, diligente e coordenadamente, a chegada do fascismo aos cargos mais altos da República.
O processo de impeachment é um golpe jurídico-midiático, mas ele representa apenas um passo, mais uma etapa, para a deflagração de um golpe maior contra a Nação, que levará à derrocada da democracia no Brasil, à aprovação de leis que lembram os nazistas, como a exigência de diploma superior para ministros e presidente, fim do voto obrigatório, volta do escrutínio manual, cassação de registros de partidos políticos, repressão ao trabalho de educadores na sala de aula, criminalização dos movimentos populares e até do comunismo – conforme propostas recentemente encaminhadas à apreciação do Congresso Nacional.
Some-se a isso a eventual chegada de um candidato de extrema-direita ao poder (há, pelo menos, dois sendo promovidos pela imprensa), ou a consolidação de uma massa de votos que seja suficiente para transformá-la na terceira força política do país, capaz de decidir, com o seu peso, o resultado do segundo turno das eleições de 2018.
E dá para ter uma ideia concreta do que espera a Nação – se não houver urgente correção de rumo – depois da curva.
* o autor é jornalista.
Publicado originalmente em http://www.maurosantayana.com/2016/06/o-grande-golpe_14.html
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sábado, 18 de junho de 2016
Temer: as tarefas difíceis eu entrego para a fé de Cunha
Richard Jakubaszko
Declaração de Temer, feita há poucos meses atrás, mas somente agora revelada, que é absolutamente reveladora de que ele e Cunha são unha e carne. Precisa dizer mais alguma coisa?
É o que os golpistas e coxinhas conseguiram fazer pelo Brasil.
Este é o nosso Brasil, sem fotoshop, sem maquiagem, gravado ao vivo, onde os golpistas se orgulham do que fazem e dão depoimentos de fé.
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Declaração de Temer, feita há poucos meses atrás, mas somente agora revelada, que é absolutamente reveladora de que ele e Cunha são unha e carne. Precisa dizer mais alguma coisa?
É o que os golpistas e coxinhas conseguiram fazer pelo Brasil.
Este é o nosso Brasil, sem fotoshop, sem maquiagem, gravado ao vivo, onde os golpistas se orgulham do que fazem e dão depoimentos de fé.
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