Richard Jakubaszko
Causa revolta, indignação, e vontade irrefreável de queimar vivos os responsáveis por esse acordo espúrio e hipócrita entre a Petrobras e os acionistas americanos. Não apenas pelo "acordo", mas pela docilidade com que foi aceito, o acordo e o seu valor, cujo montante é muito acima do que foi roubado da Petrobras. Onde estão os ínclitos e cheios de convicção procuradores da república: por que não ficam indignados? Por que não investigam a maracutaia que se esconde atrás desse "acordo"?
Ao terminar de ler o artigo do Nassif, que envergonhado reproduzo abaixo, a vontade que me assalta é a de pegar o passaporte e ir ao aeroporto, pegar um avião para qualquer lugar, sumir daqui. Antes de embarcar, cuspir na certidão de nascimento e no solo de todos nós brasileiros. Uma rápida reflexão, após esse sentimento de nojo, demonstra que o Brasil não é o culpado, e me leva à conclusão de que somos colônia, cachorros vira-latas, dominados por uma justiça politiqueira e inepta, uma mídia engajada em seus próprios interesses corporativos, e por políticos rastaqueras, da mais baixa vilania.
A tacada da diretoria da Petrobras com os fundos-abutres norte-americanos Luis Nassif *
A reportagem da Reuters sobre o acordo entre a Petrobras e os acionistas norte-americanos que a acionaram não dá margem a dúvidas. Os investidores decidiram processar a Petrobras depois que os procuradores da Lava Jato acusaram os executivos da empresa de aceitar mais de US$ 2 bilhões em subornos e envolveram nas acusações os ex-presidentes Maria das Graças Foster e José Sérgio Gabrieli.
O que a Petrobras está perdendo com esse acordo é várias vezes mais do que o dinheiro recuperado pela Lava Jato.
Na apuração de responsabilidades, é importante levantar o papel do ex-Procurador Geral da República Rodrigo Janot. Saber que tipo de informações ele levou ao Departamento de Justiça e que acabou ajudando no embasamento das ações.
O acordo da Petrobras com os investidores-abutres norte-americanos tem outros responsáveis. Não apenas o presidente Pedro Parente, mas todos os funcionários que aceitaram o jogo, do Departamento Jurídico ao de Relações com os Investidores.
O primeiro ponto é essa maluquice de estimar a corrupção da Petrobras em R$ 10 bilhões. A corrupção saía do lucro dos fornecedores, não da Petrobras. É corrupção do mesmo modo. Mas entender essa lógica é essencial para saber quem deve indenizar quem.
Depois, o valor de R$ 10 bilhões foi uma maluquice que a ex-presidente Graça Foster, absolutamente jejuns em questões corporativas, acabou endossando. Houve um ajuste patrimonial na Petrobras decorrente da queda dos preços do petróleo.
A contabilidade leva em conta a geração futura de resultados de cada unidade. Quanto maior o preço do petróleo, maior a rentabilidade. Com a queda dos preços, houve um ajuste no balanço, que nada teve a ver com a corrupção. A sede persecutória da Lava Jato e da mídia imediatamente transformou o ajuste em prejuízo decorrente da corrupção.
Qualquer grande escritório de advocacia não teria nenhuma dificuldade em estabelecer a verdadeira relação de causalidade entre preços de petróleo e das ações das petroleiras. A troco de quê a Petrobras abriu mão de se defender?
Enfim, trata-se de uma grande tacada, uma bilionária tacada que, em um ponto qualquer do futuro, cobrará seu preço dos responsáveis. E não irá parar por aí.
Esse acordo envolve uma das class actions. Ainda há outras, além dos processos não resolvidos no Departamento de Justiça e na SEC (a CVM norte-americana).
Essa ação tem advogados brasileiros associados, cujo próximo passo será montar uma ação dos minoritários brasileiros contra a Petrobras.
Virou uma festa, na qual irão extorquir muito mais do que os propineiros e, agora, sob aplausos da mídia. A inacreditável Globonews saudou a jogada.
* o autor é jornalista, editor do Jornal GGN.
Publicado em https://jornalggn.com.br/noticia/a-tacada-da-diretoria-da-petrobras-com-os-fundos-abutres-norte-americanos-por-luis-nassif
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