Carlos Eduardo Florence *
Na entrada do pequeno espaço que se abriu entre o sorriso e a saudade plantou-se um pequeno pé de alvorecer e, com muita habilidade, carinhosa, inseminaram-se suposições e alegrias com o propósito explícito de colher ternura suficiente para atender a carência geral. A atenção do azul voltou-se de forma imperativa para o leste, pois havia um chamamento afetivo distribuindo suaves acordes de tonalidade cor-de-rosa com os quais a culpa e a preguiça se fundiam. Eram obrigadas a se recolherem no albergue do infinito. Só assim ficou explícito e definido o objetivo comum.
Ao alvorecendo suave toque de flautas chamando ao passado, esparramando ternuras adolescentes despreocupadas a procura do primeiro amor concreto, redimia a culpa dos deuses que acordavam na madrugada com seus remorsos resolvidos. Por ser criança, um menino agarrou-se ao carinho da mãe, como beija-flor em sorriso de chamas vivas, e serviu-se sem preocupação de mais cantigas para ninar suas fantasias. A chuva esqueceu um pedaço de arco-íris que tropeçava no alegre dos acasos, nos restos de harmonia e nos beijos suaves com intenções de semear ternuras no horizonte aonde se fizesse indispensável comparecer o amor.
Sem nenhuma cerimônia fez-se vida como os sonhos preferem, pois ao contrário os suaves brotos de esperança se inibiriam exatamente ao desabrochar e castigados comprometeriam o que se plantara sobre carinho fértil para florescer, só quando necessário, no momento certo. Se alguma necessidade de dúvida fosse levantada prematuramente, uma corrente de receios descompromissados com o espontâneo traduziria ondas meio volteadas em desalegrias, se estas ainda estivessem para ser inventadas para castigar os preconceitos intermitentes.
Em farrapos, maltrapilhos, foram se aproximando os sedentos últimos, poucas prosas em sustenidos, abertos para o amor ou para a valentia, pedindo que se lhes mitigassem sede farta de carinho de lavradios antigos, mal tratados nos desatinos com que foram desnutridos. Faltava, no final, para dar sentido ao desconhecido que se procurava o verbo alegre do diálogo, para deixar correr livre aquela preguiça criadeira que assiste farta nas noites das fantasias almadas há muito perdidas, que assistem no aconchego do desconhecido.
E por terem sido servidos afetos aos borbotões dos desalmados, para compensar os que vinham chegados recentes das plagas verdes das esperanças esquecidas, não cabia nada mais do que pedir ao desconhecido que atendesse sem receio aquele mundão de afeto que teria sido deixado à margem.
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o autor é economista, blogueiro, escrevinhador, e diretor-executivo
da AMA – Associação dos Misturadores de Adubos.
Publicado
no https://carloseduardoflorence.blogspot.com.br/
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