Richard Jakubaszko
Caros, este post não é uma fake news, nem tampouco uma teoria conspiratória, pois Leonardo Stoppa (@stoppaleonardo ), uma das estrelas com página no Facebook, com cerca de 185 mil seguidores, denuncia as manobras do Facebook para esconder a página dele. As ações do Facebook são avalizadas pelo ministro Fux? Ele que é contra as fake news?
Leonardo, nesse vídeo, recomenda atenção, boicote, saída do Facebook para os que perceberem o que está acontecendo.
O golpismo neoliberal não está nas Forças Armadas, elas são legalistas, mas está no STF, no judiciário e no Facebook. E principalmente na mídia.
Por essas e outras não tenho página no Facebook.
Confiram no vídeo:
Este blog é um espaço de debate onde se pode polemizar sobre política, economia, sociologia, meio ambiente, religião, idiossincrasias, sempre em profundidade e com bom humor. Participe, dê sua opinião. O melhor do blog está em "arquivos do blog", os temas são atemporais. Se for comentar registre nome, NÃO PUBLICO COMENTÁRIOS ANÔNIMOS. Aqui no blog, até mesmo os biodesagradáveis são bem-vindos! ** Aviso: o blog contém doses homeopáticas de ironia, por vezes letais, mas nem sempre.
domingo, 30 de setembro de 2018
sábado, 29 de setembro de 2018
Depois do STF, o risco de chantagem contra militares
Luis Nassif *
Em algum ponto do futuro, um novo Snowden poderá trazer luzes sobre um dos aspectos mais obscuros do golpe em curso: o poder da chantagem em cima de agentes-chave do processo.
A era da telemática trouxe à tona um volume inédito de informações sobre países, instituições, empresas e pessoas. As operações em paraísos fiscais, a lista do HSBC, o caso Banestado, a contabilidade da Odebrecht, dos doleiros, os arquivos sobre o narcotráfico, a espionagem direta norte-americana, através na NSA, grampeando o celular de Dilma Rousseff e Ângela Merkel.
Some-se à maneira fácil com que se destroem reputações através das redes sociais e dos sistemas de mídia, e se terá um prato feito a chantagem.
Chantageadores costumam levantar informações pontuais sobre um número determinado de vítimas. Mas, e quem têm acesso a um número ilimitado de fontes de informação e a facilidade das redes sociais para disseminá-las?
Há os seguintes indícios do uso dessas informações no golpe, através da alimentação das diversas operações ou da chantagem:
Globo – desde 2011 está refém do FBI devido aos escândalos da FIFA. Nesse ano houve a delação de J.Hawila. Apesar das investigações se concentrarem nos Estados Unidos, ocorreram denúncias contra executivos da FIFA e das confederações latino-americanas. Nenhuma denúncia contra a Globo. As investigações mais substanciosas estão sendo feitas pelo Ministério Público da Espanha e da Suíça – mas abafadas no Brasil pelo MPF nacional. Há suspeitas – repito: suspeitas – de que a jogada de alto risco da Globo, sendo o principal alimentador do golpe, se deveu a essas pressões.
Luís Roberto Barroso – a mudança de posição de Barroso, em questão de direitos, ocorreu imediatamente após informações sobre ele e sua família veiculadas por um site anônimo de Curitiba. Depois que mudou de lado, não foi mais incomodado. A mesma suspeita recai sobre Luiz Edson Fachin e sobre Cármen Lúcia. Neste caso, ela recebeu um recado de coluna da Globo, que estaria sendo vítima de um golpe, da pessoa que lhe vendeu por R$ 1,7 milhão uma casa que valia R$ 3 milhões. A pessoa em questão tinha relações com Carlinhos Cachoeira. Depois que mudou de lado, Cármen Lúcia nunca mais foi incomodada.
É possível que muitos magistrados tenham aberto mão de seus princípios garantistas por pressões de chantagistas, independentemente de as ameaças serem em cima de fatos concretos ou factoides. Dias Toffoli foi alvo de uma capa infame da Veja, assim como políticos que não aderiam ao golpe. E os vazamentos seletivos ou meras manipulações de delações passaram a ser arma diuturna de chantagem e pressão política.
A falta de critérios da mídia brasileira abriu essa avenida para chantagens, muito mais do que os fake news das redes sociais.
Dou essa volta para chegar a um ponto delicado: a possibilidade desse tipo de jogada estar ocorrendo sobre militares da ativa.
Há sinais concretos de que a maioria dos oficiais da ativa são legalistas, respeitadores da lei e da ordem. Muito mais que políticos, intelectuais, jornalistas, eles têm enorme apreço por sua reputação pessoal. Justamente por isso, são muito mais vulneráveis a esse tipo de pressão que um cidadão comum. É capaz de se sentirem constrangidos por apontamentos no SPC, alguma irregularidade fiscal, por algum erro administrativo em alguma licitação, qualquer episódio menor suscetível de ser escandalizado.
São fortes como instituição armada; vulneráveis como pessoas físicas pouco afeitas ao jogo de intrigas e pressões que cercam a política.
Há indícios – repito: indícios! – de que possa estar em andamento uma ofensiva similar à que dobrou figuras do Judiciário, visando obter adesões contra a normalidade democrática. Mas é importante ficar alerta a sinais que possam indicar algo nessa direção. As próprias Forças Armadas tem áreas especializadas em guerras híbridas.
* o autor é jornalista, editor do Jornal GGN
Publicado no https://jornalggn.com.br/noticia/depois-do-stf-o-risco-de-chantagem-contra-militares
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Em algum ponto do futuro, um novo Snowden poderá trazer luzes sobre um dos aspectos mais obscuros do golpe em curso: o poder da chantagem em cima de agentes-chave do processo.
A era da telemática trouxe à tona um volume inédito de informações sobre países, instituições, empresas e pessoas. As operações em paraísos fiscais, a lista do HSBC, o caso Banestado, a contabilidade da Odebrecht, dos doleiros, os arquivos sobre o narcotráfico, a espionagem direta norte-americana, através na NSA, grampeando o celular de Dilma Rousseff e Ângela Merkel.
Some-se à maneira fácil com que se destroem reputações através das redes sociais e dos sistemas de mídia, e se terá um prato feito a chantagem.
Chantageadores costumam levantar informações pontuais sobre um número determinado de vítimas. Mas, e quem têm acesso a um número ilimitado de fontes de informação e a facilidade das redes sociais para disseminá-las?
Há os seguintes indícios do uso dessas informações no golpe, através da alimentação das diversas operações ou da chantagem:
Globo – desde 2011 está refém do FBI devido aos escândalos da FIFA. Nesse ano houve a delação de J.Hawila. Apesar das investigações se concentrarem nos Estados Unidos, ocorreram denúncias contra executivos da FIFA e das confederações latino-americanas. Nenhuma denúncia contra a Globo. As investigações mais substanciosas estão sendo feitas pelo Ministério Público da Espanha e da Suíça – mas abafadas no Brasil pelo MPF nacional. Há suspeitas – repito: suspeitas – de que a jogada de alto risco da Globo, sendo o principal alimentador do golpe, se deveu a essas pressões.
Luís Roberto Barroso – a mudança de posição de Barroso, em questão de direitos, ocorreu imediatamente após informações sobre ele e sua família veiculadas por um site anônimo de Curitiba. Depois que mudou de lado, não foi mais incomodado. A mesma suspeita recai sobre Luiz Edson Fachin e sobre Cármen Lúcia. Neste caso, ela recebeu um recado de coluna da Globo, que estaria sendo vítima de um golpe, da pessoa que lhe vendeu por R$ 1,7 milhão uma casa que valia R$ 3 milhões. A pessoa em questão tinha relações com Carlinhos Cachoeira. Depois que mudou de lado, Cármen Lúcia nunca mais foi incomodada.
É possível que muitos magistrados tenham aberto mão de seus princípios garantistas por pressões de chantagistas, independentemente de as ameaças serem em cima de fatos concretos ou factoides. Dias Toffoli foi alvo de uma capa infame da Veja, assim como políticos que não aderiam ao golpe. E os vazamentos seletivos ou meras manipulações de delações passaram a ser arma diuturna de chantagem e pressão política.
A falta de critérios da mídia brasileira abriu essa avenida para chantagens, muito mais do que os fake news das redes sociais.
Dou essa volta para chegar a um ponto delicado: a possibilidade desse tipo de jogada estar ocorrendo sobre militares da ativa.
Há sinais concretos de que a maioria dos oficiais da ativa são legalistas, respeitadores da lei e da ordem. Muito mais que políticos, intelectuais, jornalistas, eles têm enorme apreço por sua reputação pessoal. Justamente por isso, são muito mais vulneráveis a esse tipo de pressão que um cidadão comum. É capaz de se sentirem constrangidos por apontamentos no SPC, alguma irregularidade fiscal, por algum erro administrativo em alguma licitação, qualquer episódio menor suscetível de ser escandalizado.
São fortes como instituição armada; vulneráveis como pessoas físicas pouco afeitas ao jogo de intrigas e pressões que cercam a política.
Há indícios – repito: indícios! – de que possa estar em andamento uma ofensiva similar à que dobrou figuras do Judiciário, visando obter adesões contra a normalidade democrática. Mas é importante ficar alerta a sinais que possam indicar algo nessa direção. As próprias Forças Armadas tem áreas especializadas em guerras híbridas.
* o autor é jornalista, editor do Jornal GGN
Publicado no https://jornalggn.com.br/noticia/depois-do-stf-o-risco-de-chantagem-contra-militares
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sexta-feira, 28 de setembro de 2018
Ele não!
Richard Jakubaszko
A campanha do "#Ele não" é internacional, é espontânea, não é apenas dos brasileiros. Veja como é isso nas manifestações previstas pelo mundo afora:
ONU - New York - Isso não!
França
Alemanha
Argentina
Canadá
Espanha
Portugal
Barcelona - Espanha
Brasil
Publicação do filho do bolsonazi no Instagram ironiza a campanha de combate a Jair Bolsonaro, liderada especialmente por mulheres, que irão às ruas para um amplo protesto no próximo sábado 29. O vereador Carlos Bolsonaro (PSL), filho do presidenciável, estampou no Instagram a imagem de um homem com um saco plástico na cabeça, ensanguentado e com a boca aberta, e no peito a hashtag #elenão, expressão utilizada por quem é crítico ao candidato Jair Bolsonaro.
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A campanha do "#Ele não" é internacional, é espontânea, não é apenas dos brasileiros. Veja como é isso nas manifestações previstas pelo mundo afora:
ONU - New York - Isso não!
França
Alemanha
Argentina
Canadá
Espanha
Portugal
Barcelona - Espanha
Brasil
Publicação do filho do bolsonazi no Instagram ironiza a campanha de combate a Jair Bolsonaro, liderada especialmente por mulheres, que irão às ruas para um amplo protesto no próximo sábado 29. O vereador Carlos Bolsonaro (PSL), filho do presidenciável, estampou no Instagram a imagem de um homem com um saco plástico na cabeça, ensanguentado e com a boca aberta, e no peito a hashtag #elenão, expressão utilizada por quem é crítico ao candidato Jair Bolsonaro.
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quinta-feira, 27 de setembro de 2018
5,6 milhões de eleitores não poderão votar, por causa da burocracia
Richard Jakubaszko
Exatamente isso, a burocracia determinou que quem não fizesse a inscrição biométrica teria o título cancelado. Confusões à parte, alguns eleitores, moradores de municípios que aderiram ao cancelamento, estão entre os títulos de eleitores cancelados, enquanto que em outros municípios, não.
Alguns partidos, como o PSB, semana passada solicitaram ao STF o cancelamento dessa determinação, faltava a decisão do ministro relator, Luiz Barroso. Ontem, ele decidiu que os títulos serão cancelados. Já se sabe que a ministra Rosa Weber, também do STF, mas atual presidente do STE, considera o cancelamento inevitável, porque implicaria em atrasos na programação e teria altos custos ao governo federal.
O que de fato importa é que 3,4 milhões de cidadãos brasileiros estão com sua cidadania cancelada, por terem tido seus títulos de eleitores cancelados. Entre eles eu, provavelmente, que tentei por duas vezes fazer o registro biométrico. Na primeira vez a fila estava muito grande, e desisti, demoraria de 2 a 2,5 horas. Na segunda vez, antevéspera do encerramento, levei todos os documentos, mas esqueci da conta de luz, ou equivalente, para fazer o registro. Não fiz a biometria. Viajei, esqueci do assunto, agora estou com meu título cancelado...
Ou não, porque recebo informações de várias pessoas de que a cidade de São Paulo, onde moro e voto, os cidadãos eleitores não terão seus títulos cancelados. Só vou ter certeza disso na hora de votar, porque no TRE não encontrei a informação para confirmar isso, ou não.
O STF teve a palavra final, não se fez justiça igualitária para os cidadãos brasileiros. Todos eles estão devidamente identificados, esses 3,4 milhões de eleitores brasileiros, apenas não possuem o registro de identificação biométrica, a maioria deles de classe social baixa (especialmente os do Nordeste), mal informados, conforme alegam os partidos.
Mais estupefato de tudo é saber que uma imensa de brasileiros poderão votar, mesmo não tendo feito a biometria, porque nos municípios em que moram não haveria a punição do cancelamento. Ou seja, é um cancelamento arbitrário, aleatório, em que o TSE, de ação federal, estabeleceu critérios para alguns municípios. Será que tem treta nesse negócio?
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Exatamente isso, a burocracia determinou que quem não fizesse a inscrição biométrica teria o título cancelado. Confusões à parte, alguns eleitores, moradores de municípios que aderiram ao cancelamento, estão entre os títulos de eleitores cancelados, enquanto que em outros municípios, não.
Alguns partidos, como o PSB, semana passada solicitaram ao STF o cancelamento dessa determinação, faltava a decisão do ministro relator, Luiz Barroso. Ontem, ele decidiu que os títulos serão cancelados. Já se sabe que a ministra Rosa Weber, também do STF, mas atual presidente do STE, considera o cancelamento inevitável, porque implicaria em atrasos na programação e teria altos custos ao governo federal.
O que de fato importa é que 3,4 milhões de cidadãos brasileiros estão com sua cidadania cancelada, por terem tido seus títulos de eleitores cancelados. Entre eles eu, provavelmente, que tentei por duas vezes fazer o registro biométrico. Na primeira vez a fila estava muito grande, e desisti, demoraria de 2 a 2,5 horas. Na segunda vez, antevéspera do encerramento, levei todos os documentos, mas esqueci da conta de luz, ou equivalente, para fazer o registro. Não fiz a biometria. Viajei, esqueci do assunto, agora estou com meu título cancelado...
Ou não, porque recebo informações de várias pessoas de que a cidade de São Paulo, onde moro e voto, os cidadãos eleitores não terão seus títulos cancelados. Só vou ter certeza disso na hora de votar, porque no TRE não encontrei a informação para confirmar isso, ou não.
O STF teve a palavra final, não se fez justiça igualitária para os cidadãos brasileiros. Todos eles estão devidamente identificados, esses 3,4 milhões de eleitores brasileiros, apenas não possuem o registro de identificação biométrica, a maioria deles de classe social baixa (especialmente os do Nordeste), mal informados, conforme alegam os partidos.
Mais estupefato de tudo é saber que uma imensa de brasileiros poderão votar, mesmo não tendo feito a biometria, porque nos municípios em que moram não haveria a punição do cancelamento. Ou seja, é um cancelamento arbitrário, aleatório, em que o TSE, de ação federal, estabeleceu critérios para alguns municípios. Será que tem treta nesse negócio?
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quarta-feira, 26 de setembro de 2018
“The Economist”: Bolsonaro é uma ameaça para Brasil e América Latina
A prestigiada revista britânica “The Economist”, conta o que a imprensa brasileira esconde: Bolsonaro é uma ameaça para Brasil e América Latina
A prestigiada revista britânica "The Economist" traz na capa desta semana o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) e diz que ele é uma ameaça, não só para o país, mas para toda a América Latina. Leia a seguir a tradução. Texto original, aqui
Deus é brasileiro”, diz um ditado que se tornou título de um filme popular. A beleza, riquezas naturais e a música do Brasil geralmente fazem com o país se apresente como singularmente abençoado. Mas, atualmente, os brasileiros devem se perguntar se, como a divindade no filme, Deus saiu de férias. A economia está um desastre, as finanças públicas estão sob pressão e a política está completamente podre. A criminalidade também aumenta. Sete cidades brasileiras estão entre as 20 mais violentas do mundo.
As eleições nacionais no próximo mês dão ao Brasil a chance de começar de novo. No entanto, caso, como parece muito possível, a vitória for para Jair Bolsonaro, um populista de direita, as coisas correm o risco de piorar. Sr. Bolsonaro, cujo nome do meio é Messias, promete a salvação. Na verdade, ele é uma ameaça para o Brasil e para a América Latina.
Bolsonaro é o mais recente em uma onda de populistas — de Donald Trump nos EUA, a Rodrigo Duterte nas Filipinas, passando por uma coalizão de esquerda-direita com Matteo Salvini na Itália. Na América Latina, Andrés Manuel López Obrador, um ‘instigador’ de esquerda, tomará posse no México em dezembro. O Sr. Bolsonaro seria uma adição particularmente desagradável ao clube. Se ele vencer, pode colocar em risco a própria sobrevivência da democracia no maior país da América Latina.
A amargura brasileira
Populistas ganham força a partir de queixas semelhantes. Uma economia fracassada faz parte dessas reclamações — e no Brasil, esse fracasso foi catastrófico. Durante a pior recessão de sua história, o PIB por pessoa retrocedeu em 10% no período de 2014–16 e ainda não se recuperou. A taxa de desemprego é de 12%. O prospecto das elites negociando entre elas mesmas e a corrupção são outros problemas decididamente graves no país. A série de investigações interligadas conhecidas como Lava Jato desacreditaram toda a classe política. Dezenas de políticos estão sob investigação. Michel Temer, que se tornou presidente do Brasil em 2016 depois que sua antecessora, Dilma Rousseff, foi impugnada por acusações não relacionadas, evitou julgamento pelo Supremo Tribunal apenas porque o Congresso votou para poupá-lo. Luiz Inácio Lula da Silva, outro ex-presidente, foi preso por corrupção e desqualificado de concorrer às eleições. Os brasileiros dizem aos pesquisadores que as palavras que melhor resumem o país são “corrupção”, “vergonha” e “decepção”.
O senhor deputado Bolsonaro explorou a fúria da população de forma brilhante. Antes dos escândalos da Lava Jato, ele era um congressista de sete mandatos do estado do Rio de Janeiro, com uma longa história de ser grosseiramente ofensivo. Ele disse que não iria estuprar uma congressista porque ela era “muito feia”; que preferiria um filho morto a um filho gay; e sugeriu que aqueles que vivem em assentamentos fundados por quilombolas são gordos e preguiçosos. De repente, essa disposição de quebrar tabus passou a ser interpretada como prova de que ele seria diferente dos usuais políticos de Brasília.
Para os brasileiros desesperados para se livrarem de políticos corruptos e traficantes de drogas assassinos, o Sr. Bolsonaro se apresenta como um xerife sensato. Cristão evangélico, ele mistura o conservadorismo social com o liberalismo econômico, ao qual ele se converteu recentemente. Seu principal conselheiro econômico é Paulo Guedes, que foi educado na Universidade de Chicago, um bastião de ideias de livre mercado. Ele defende a privatização de todas as empresas estatais brasileiras e a simplificação “brutal” dos impostos. O senhor deputado Bolsonaro propõe reduzir o número de ministérios de 29 para 15 e colocar generais no comando de alguns deles.
Sua fórmula está ganhando apoio. As pesquisas apontam que ele possui 28% dos votos. Bolsonaro é claramente o favorito em um cenário com muitos candidatos ao primeiro turno das eleições de 7 de outubro. Este mês, ele foi esfaqueado no estômago em um comício, o que o confinou em um hospital. Isso só o tornou mais popular — e protegeu-o de um exame mais minucioso pela mídia e seus oponentes. Se enfrentar Fernando Haddad, o candidato do Partido dos Trabalhadores (sigla de Lula, e de esquerda) no segundo turno ao final do mês, muitos eleitores de classe média e alta, que culpam Lula e o PT acima de tudo pelos problemas do país, poderiam ser atraídos para os braços de Bolsonaro.
A tentação de Pinochet
O público não deve ser enganado. Além de suas visões sociais não liberais, Bolsonaro tem uma admiração preocupante com a ditadura. Ele dedicou seu voto para destituição de Dilma Rousseff ao comandante de uma unidade responsável por 500 casos de tortura e 40 assassinatos durante o regime militar brasileiro (1964 a 1985). O companheiro de chapa de Bolsonaro é Hamilton Mourão, um general aposentado que, no ano passado, trajando seu uniforme, contemplou que o exército poderia intervir para resolver os problemas do país. A resposta do Sr. Bolsonaro ao crime é, na verdade, matar mais criminosos — embora, em 2016, a polícia tenha matado mais de 4.000 pessoas.
A América Latina já experimentou com a mistura de políticas autoritárias e economia liberal. Augusto Pinochet, um governante brutal do Chile entre 1973 e 1990, foi aconselhado pelos “Chicago Boys”, amantes do livre mercado. O grupo ajudou a estabelecer o terreno para a prosperidade relativa de hoje no Chile, mas a um custo humano e social terrível. Os brasileiros apresentam um certo fatalismo sobre a corrupção, resumido na frase “rouba, mas faz”. A população do Brasil não deve se enganar pelo Sr. Bolsonaro — cuja máxima poderia se transformar em “eles torturaram, mas agiram”. A América Latina conhece todos os tipos de homens fortes, a maioria deles terríveis. Para evidências recentes, apenas olhe para os desastres na Venezuela e na Nicarágua.
Bolsonaro pode não ser capaz de converter seu populismo em ditadura ao estilo de Pinochet — mesmo que quisesse. Porém, a democracia do Brasil ainda é jovem. Até mesmo um flerte com autoritarismo é preocupante. Todos os presidentes brasileiros precisam de uma coalizão no Congresso para aprovar legislação. O senhor Bolsonaro tem poucos amigos políticos. Para governar, ele poderia ser levado a degradar ainda mais a política, potencialmente pavimentando o caminho para alguém ainda pior.
Em vez de cair nas promessas vazias de um político perigoso, na esperança de que ele possa resolver todos os seus problemas, os brasileiros devem perceber que a tarefa de curar sua democracia e reformar sua economia não será fácil nem rápida. Algum progresso foi feito — como a proibição de doações corporativas a partidos e o congelamento de gastos federais. Muito mais reformas são necessárias. O senhor Bolsonaro não é o homem para fornecê-las.
Publicado no Brasil, traduzido, em https://osamigosdopresidentelula.blogspot.com/2018/09/a-prestigiada-revista-britanica.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed:+blogspot/Eemp+(Os+Amigos+do+Presidente+Lula)
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A prestigiada revista britânica "The Economist" traz na capa desta semana o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) e diz que ele é uma ameaça, não só para o país, mas para toda a América Latina. Leia a seguir a tradução. Texto original, aqui
Deus é brasileiro”, diz um ditado que se tornou título de um filme popular. A beleza, riquezas naturais e a música do Brasil geralmente fazem com o país se apresente como singularmente abençoado. Mas, atualmente, os brasileiros devem se perguntar se, como a divindade no filme, Deus saiu de férias. A economia está um desastre, as finanças públicas estão sob pressão e a política está completamente podre. A criminalidade também aumenta. Sete cidades brasileiras estão entre as 20 mais violentas do mundo.
As eleições nacionais no próximo mês dão ao Brasil a chance de começar de novo. No entanto, caso, como parece muito possível, a vitória for para Jair Bolsonaro, um populista de direita, as coisas correm o risco de piorar. Sr. Bolsonaro, cujo nome do meio é Messias, promete a salvação. Na verdade, ele é uma ameaça para o Brasil e para a América Latina.
Bolsonaro é o mais recente em uma onda de populistas — de Donald Trump nos EUA, a Rodrigo Duterte nas Filipinas, passando por uma coalizão de esquerda-direita com Matteo Salvini na Itália. Na América Latina, Andrés Manuel López Obrador, um ‘instigador’ de esquerda, tomará posse no México em dezembro. O Sr. Bolsonaro seria uma adição particularmente desagradável ao clube. Se ele vencer, pode colocar em risco a própria sobrevivência da democracia no maior país da América Latina.
A amargura brasileira
Populistas ganham força a partir de queixas semelhantes. Uma economia fracassada faz parte dessas reclamações — e no Brasil, esse fracasso foi catastrófico. Durante a pior recessão de sua história, o PIB por pessoa retrocedeu em 10% no período de 2014–16 e ainda não se recuperou. A taxa de desemprego é de 12%. O prospecto das elites negociando entre elas mesmas e a corrupção são outros problemas decididamente graves no país. A série de investigações interligadas conhecidas como Lava Jato desacreditaram toda a classe política. Dezenas de políticos estão sob investigação. Michel Temer, que se tornou presidente do Brasil em 2016 depois que sua antecessora, Dilma Rousseff, foi impugnada por acusações não relacionadas, evitou julgamento pelo Supremo Tribunal apenas porque o Congresso votou para poupá-lo. Luiz Inácio Lula da Silva, outro ex-presidente, foi preso por corrupção e desqualificado de concorrer às eleições. Os brasileiros dizem aos pesquisadores que as palavras que melhor resumem o país são “corrupção”, “vergonha” e “decepção”.
O senhor deputado Bolsonaro explorou a fúria da população de forma brilhante. Antes dos escândalos da Lava Jato, ele era um congressista de sete mandatos do estado do Rio de Janeiro, com uma longa história de ser grosseiramente ofensivo. Ele disse que não iria estuprar uma congressista porque ela era “muito feia”; que preferiria um filho morto a um filho gay; e sugeriu que aqueles que vivem em assentamentos fundados por quilombolas são gordos e preguiçosos. De repente, essa disposição de quebrar tabus passou a ser interpretada como prova de que ele seria diferente dos usuais políticos de Brasília.
Para os brasileiros desesperados para se livrarem de políticos corruptos e traficantes de drogas assassinos, o Sr. Bolsonaro se apresenta como um xerife sensato. Cristão evangélico, ele mistura o conservadorismo social com o liberalismo econômico, ao qual ele se converteu recentemente. Seu principal conselheiro econômico é Paulo Guedes, que foi educado na Universidade de Chicago, um bastião de ideias de livre mercado. Ele defende a privatização de todas as empresas estatais brasileiras e a simplificação “brutal” dos impostos. O senhor deputado Bolsonaro propõe reduzir o número de ministérios de 29 para 15 e colocar generais no comando de alguns deles.
Sua fórmula está ganhando apoio. As pesquisas apontam que ele possui 28% dos votos. Bolsonaro é claramente o favorito em um cenário com muitos candidatos ao primeiro turno das eleições de 7 de outubro. Este mês, ele foi esfaqueado no estômago em um comício, o que o confinou em um hospital. Isso só o tornou mais popular — e protegeu-o de um exame mais minucioso pela mídia e seus oponentes. Se enfrentar Fernando Haddad, o candidato do Partido dos Trabalhadores (sigla de Lula, e de esquerda) no segundo turno ao final do mês, muitos eleitores de classe média e alta, que culpam Lula e o PT acima de tudo pelos problemas do país, poderiam ser atraídos para os braços de Bolsonaro.
A tentação de Pinochet
O público não deve ser enganado. Além de suas visões sociais não liberais, Bolsonaro tem uma admiração preocupante com a ditadura. Ele dedicou seu voto para destituição de Dilma Rousseff ao comandante de uma unidade responsável por 500 casos de tortura e 40 assassinatos durante o regime militar brasileiro (1964 a 1985). O companheiro de chapa de Bolsonaro é Hamilton Mourão, um general aposentado que, no ano passado, trajando seu uniforme, contemplou que o exército poderia intervir para resolver os problemas do país. A resposta do Sr. Bolsonaro ao crime é, na verdade, matar mais criminosos — embora, em 2016, a polícia tenha matado mais de 4.000 pessoas.
A América Latina já experimentou com a mistura de políticas autoritárias e economia liberal. Augusto Pinochet, um governante brutal do Chile entre 1973 e 1990, foi aconselhado pelos “Chicago Boys”, amantes do livre mercado. O grupo ajudou a estabelecer o terreno para a prosperidade relativa de hoje no Chile, mas a um custo humano e social terrível. Os brasileiros apresentam um certo fatalismo sobre a corrupção, resumido na frase “rouba, mas faz”. A população do Brasil não deve se enganar pelo Sr. Bolsonaro — cuja máxima poderia se transformar em “eles torturaram, mas agiram”. A América Latina conhece todos os tipos de homens fortes, a maioria deles terríveis. Para evidências recentes, apenas olhe para os desastres na Venezuela e na Nicarágua.
Bolsonaro pode não ser capaz de converter seu populismo em ditadura ao estilo de Pinochet — mesmo que quisesse. Porém, a democracia do Brasil ainda é jovem. Até mesmo um flerte com autoritarismo é preocupante. Todos os presidentes brasileiros precisam de uma coalizão no Congresso para aprovar legislação. O senhor Bolsonaro tem poucos amigos políticos. Para governar, ele poderia ser levado a degradar ainda mais a política, potencialmente pavimentando o caminho para alguém ainda pior.
Em vez de cair nas promessas vazias de um político perigoso, na esperança de que ele possa resolver todos os seus problemas, os brasileiros devem perceber que a tarefa de curar sua democracia e reformar sua economia não será fácil nem rápida. Algum progresso foi feito — como a proibição de doações corporativas a partidos e o congelamento de gastos federais. Muito mais reformas são necessárias. O senhor Bolsonaro não é o homem para fornecê-las.
Publicado no Brasil, traduzido, em https://osamigosdopresidentelula.blogspot.com/2018/09/a-prestigiada-revista-britanica.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed:+blogspot/Eemp+(Os+Amigos+do+Presidente+Lula)
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terça-feira, 25 de setembro de 2018
FHC e Lula: a inveja por trás da tragédia brasileira
Luis Nassif *
Há pessoas movidas pela ambição. Outras, pela luxúria, pela gula. Há os avaros e os irados, os preguiçosos e os soberbos. Mas nenhum pecado capital é mais inútil que a inveja, dizem os filósofos.
Desde os primórdios da civilização, filósofos e pensadores estudam o fenômeno da inveja e a pulsão do invejoso.
De Ovídio (43 da era cristã):
A inveja habita no fundo de um vale onde jamais se vê o sol. nenhum vento o atravessa; ali reinam a tristeza e o frio, jamais se acende o fogo, há sempre trevas espessas [...]. A palidez cobre seu rosto, seu corpo é descarnado, o olhar não se fixa em parte alguma. Tem os dentes manchados de tártaro, o seio esverdeado pela bile, a língua úmida de veneno. Ela ignora o sorriso, salvo aquele que é excitado pela visão da dor [...]. Assiste com despeito o sucesso dos homens e esse espetáculo a corrói; ao dilacerar os outros, ela se dilacera a si mesma, e este é seu suplício.
De Bacon (1561-1626)
O homem que não tiver virtude própria sempre invejará a virtude dos outros. A razão disso é que a alma humana nutre-se do bem próprio ou do mal alheio, e aquela que carece de um, aspira a obter o outro, e aquele que está longe de esperar obter méritos de outrem, procurará nivelar-se com ele, destruindo-lhe a fortuna.
De Spinoza (1632)
“O ódio que afeta o homem de tal modo que ele se entristece com a felicidade de outrem e, ao contrário, se alegra com o mal de outrem”
Os seres humanos são invejosos por natureza, isto é, se alegram com a fraqueza dos seus semelhantes e, ao contrário, se entristecem com as suas virtudes.
Cada um se alegra mais com a contemplação de si mesmo, quando contempla em si mesmo qualquer coisa que pode negar aos outros.
Ficará triste se suas ações, comparadas às dos outros, são de menor importância. Se esforçará para afastar esta tristeza, interpretando mal as ações dos outros ou ornando as suas o mais que puder.”
Os frutos da inveja
A inveja é inútil? Errado!
Há dois episódios clássicos, em que a inveja permitiu a criação de grandes obras.
O arquiteto e pintor Bramante tinha uma inveja mortal de Michelangelo. Considerava a pintura dos tetos seu ponto fraco. E empenhou-se em conseguir para Michelangelo a pintura da Capela Sistina, só para comemorar seu fracasso. O resultado foi uma das obras primas da humanidade.
O presidente Fernando Henrique Cardoso tinha inveja antecipada, o receio de que o sucesso de seu sucessor, fosse quem fosse, explicitasse a mediocridade do seu governo.
Primeiro, comemorou intimamente a eleição de Lula em 2002, só para celebrar seu fracasso. Em 2006, com o mensalão, julgou que a hora chegara. Não encampou a campanha do impeachment porque queria ver Lula sangrando até à morte política. Lula escapou e, nos anos seguintes, completaria uma das obras primas da política moderna, um combate à miséria que entrou para a história da civilização.
Aí nasceu o sentimento de inveja. Mais que isso, jamais se desculpou por não ter impedido o sapo barbudo de ter alcançado um status, como homem de Estado, ao qual ele sequer chegou perto, enquanto presidente.
Desde então, transformou a destruição de Lula, não apenas do legado, da memória, da história, mas da própria liberdade de Lula, em objetivo único, pouco importando os meios.
Quando veio a Lava Jato, FHC usou de toda sua influência para que Dilma caísse e Lula fosse preso. Perdeu! A prisão conferiu a Lula o componente trágico, épico que faltava para o coroamento de sua carreira política. Para se equiparar a Nelson Mandela faltava apenas o martírio da prisão política. Grandes políticos, juristas, intelectuais, cidadãos do mundo, viram Lula como preso político e vieram a Curitiba prestar suas homenagens.
FHC é suficientemente preparado para entender o suicídio de reputação que perpetrou. Essa é a sua tragédia pessoal. Não tem dimensão para os grandes gestos e, ao mesmo tempo, tem discernimento sobre os fatos que ajudam a construir a história de cada um. Como Salieri do filme, sabe identificar os lances de genialidade da pessoa invejada.
No fim de sua longa caminhada, não tem mais os conselhos sábios de Sérgio Motta e de Ruth Cardoso para interromper essa escalada temerária, não apenas o ponto final na sua biografia, a exposição crua de seu caráter, de seu descompromisso com o país, como o risco que traz para a democracia e para o próprio Brasil.
Cada vez mais, aos olhos do mundo, é reconhecido como o símbolo maior da inveja, um Salieri em relação a Mozart, Segóvia (sem a genialidade do mestre) em relação a Villa Lobos, superando os grandes invejosos brasileiros: Silvio Romero em relação a Machado de Assis, Carlos Guilherme Motta em relação a Sérgio Buarque.
Seu artigo de ontem, equiparando a candidatura de Fernando Haddad à de Bolsonaro é a prova definitiva de seu caráter. É evidente que não foi um gesto de desespero para salvar a candidatura de Geraldo Alckmin, que jaz na tumba política, nem salvar o PSDB, que sempre foi um mero instrumento para o exercício do seu ego.
Tratar Haddad como candidato radical – secundado pelo inacreditável Merval Pereira - não é meramente fake news de período eleitoral. Depois das últimas manifestações de militares, é um petardo bidirecional que equipara ambos às vivandeiras dos quartéis de 1964.
O primeiro alvo é o 2º turno. A eleição será decidida pela taxa de rejeição dos candidatos. A intenção de ambos é aumentar a rejeição a Haddad, não agora, mas no 2º turno, quando enfrentar a besta.
O segundo alvo certamente é o estamento militar.
Vencendo Haddad, poderá vir na forma de um novo parlamentarismo, a exemplo do pacto que garantiu a posse de Jango. Ou simplesmente na ponta de baionetas. Ou alguém ainda acredita que o fundo do poço já foi alcançado? É nesse campo que FHC faz sua semeadura do mal.
Dias atrás, reuniram-se em São Paulo diversos intelectuais ativistas dos direitos humanos nos governos FHC e Lula. Combinaram uma visita a FHC para convencê-lo da necessidade imperiosa do grande pacto em defesa da democracia. O artigo de FHC comprovou a inutilidade da iniciativa.
As sementes da inveja
Em que pedaço da memória estão as sementes desse sentimento invencível que aprisionou FHC e poderá colocar em risco o futuro da democracia do Brasil?
Velhos militantes da campanha do Petróleo é Nosso, testemunhas do papel relevante dos generais Felicíssimo e Leônidas Cardoso, respectivamente tio e pai de FHC, me contaram lá atrás, antes que FHC ousasse voos políticos, da decepção do tio Felicíssimo com o sobrinho, visto por ele como muito ambicioso e desapegado das causas públicas. Seria o olhar de condenação do pai, do tio? Seria a constatação cruel de que, sem o amparo de uma família ilustre, sem o estudo e as facilidades que o acompanharam, Lula foi o estadista que pai e tio cultuariam?
Dos psicanalistas ao homem comum, há o desafio permanente de decifrar a inveja. E se vê o retrato de FHC refletido no espelho de todas as definições sobre a inveja.
O poeta Miguel Unamuno chega a afirmar:
“A inveja é mil vezes mais terrível do que a fome, porque é fome espiritual”.
Psicanalista estudiosa da inveja, Melanie Klein anotou a diferença entre a inveja e o impulso invejoso:
“Inveja é o sentimento raivoso de que outra pessoa possui e desfruta algo desejável – sendo o impulso invejoso o de tirar este algo ou de estragá-lo” .
Os psicanalistas dizem que a inveja é provocada pela pulsão de morte da própria pessoa. FHC caminha para o fim com o coração cada vez mais duro, como pão amanhecido. E valerá para ele a fábula de Klein:
Em certa ocasião, em que um homem extremamente invejoso de seu vizinho, recebe a visita de uma fada, que lhe dá a possibilidade de realizar um único desejo. Disse a fada ao homem: peça o que desejar, desde que seu vizinho receba em dobro. O invejoso em seguida responde: quero que me arranque um olho.
O olho arrancado de nação de FHC será Bolsonaro.
Eleito Bolsonaro, sobre os escombros do país FHC dará seu grito de vitória, de harpia impiedosa, apresentando o fim da democracia como desfecho da obra de Lula.
* o autor é jornalista, editor do Jornal GGN
Publicado em https://jornalggn.com.br/noticia/fhc-e-lula-a-inveja-por-tras-da-tragedia-brasileira-por-luis-nassif
.
Há pessoas movidas pela ambição. Outras, pela luxúria, pela gula. Há os avaros e os irados, os preguiçosos e os soberbos. Mas nenhum pecado capital é mais inútil que a inveja, dizem os filósofos.
Desde os primórdios da civilização, filósofos e pensadores estudam o fenômeno da inveja e a pulsão do invejoso.
De Ovídio (43 da era cristã):
A inveja habita no fundo de um vale onde jamais se vê o sol. nenhum vento o atravessa; ali reinam a tristeza e o frio, jamais se acende o fogo, há sempre trevas espessas [...]. A palidez cobre seu rosto, seu corpo é descarnado, o olhar não se fixa em parte alguma. Tem os dentes manchados de tártaro, o seio esverdeado pela bile, a língua úmida de veneno. Ela ignora o sorriso, salvo aquele que é excitado pela visão da dor [...]. Assiste com despeito o sucesso dos homens e esse espetáculo a corrói; ao dilacerar os outros, ela se dilacera a si mesma, e este é seu suplício.
De Bacon (1561-1626)
O homem que não tiver virtude própria sempre invejará a virtude dos outros. A razão disso é que a alma humana nutre-se do bem próprio ou do mal alheio, e aquela que carece de um, aspira a obter o outro, e aquele que está longe de esperar obter méritos de outrem, procurará nivelar-se com ele, destruindo-lhe a fortuna.
De Spinoza (1632)
“O ódio que afeta o homem de tal modo que ele se entristece com a felicidade de outrem e, ao contrário, se alegra com o mal de outrem”
Os seres humanos são invejosos por natureza, isto é, se alegram com a fraqueza dos seus semelhantes e, ao contrário, se entristecem com as suas virtudes.
Cada um se alegra mais com a contemplação de si mesmo, quando contempla em si mesmo qualquer coisa que pode negar aos outros.
Ficará triste se suas ações, comparadas às dos outros, são de menor importância. Se esforçará para afastar esta tristeza, interpretando mal as ações dos outros ou ornando as suas o mais que puder.”
Os frutos da inveja
A inveja é inútil? Errado!
Há dois episódios clássicos, em que a inveja permitiu a criação de grandes obras.
O arquiteto e pintor Bramante tinha uma inveja mortal de Michelangelo. Considerava a pintura dos tetos seu ponto fraco. E empenhou-se em conseguir para Michelangelo a pintura da Capela Sistina, só para comemorar seu fracasso. O resultado foi uma das obras primas da humanidade.
O presidente Fernando Henrique Cardoso tinha inveja antecipada, o receio de que o sucesso de seu sucessor, fosse quem fosse, explicitasse a mediocridade do seu governo.
Primeiro, comemorou intimamente a eleição de Lula em 2002, só para celebrar seu fracasso. Em 2006, com o mensalão, julgou que a hora chegara. Não encampou a campanha do impeachment porque queria ver Lula sangrando até à morte política. Lula escapou e, nos anos seguintes, completaria uma das obras primas da política moderna, um combate à miséria que entrou para a história da civilização.
Aí nasceu o sentimento de inveja. Mais que isso, jamais se desculpou por não ter impedido o sapo barbudo de ter alcançado um status, como homem de Estado, ao qual ele sequer chegou perto, enquanto presidente.
Desde então, transformou a destruição de Lula, não apenas do legado, da memória, da história, mas da própria liberdade de Lula, em objetivo único, pouco importando os meios.
Quando veio a Lava Jato, FHC usou de toda sua influência para que Dilma caísse e Lula fosse preso. Perdeu! A prisão conferiu a Lula o componente trágico, épico que faltava para o coroamento de sua carreira política. Para se equiparar a Nelson Mandela faltava apenas o martírio da prisão política. Grandes políticos, juristas, intelectuais, cidadãos do mundo, viram Lula como preso político e vieram a Curitiba prestar suas homenagens.
FHC é suficientemente preparado para entender o suicídio de reputação que perpetrou. Essa é a sua tragédia pessoal. Não tem dimensão para os grandes gestos e, ao mesmo tempo, tem discernimento sobre os fatos que ajudam a construir a história de cada um. Como Salieri do filme, sabe identificar os lances de genialidade da pessoa invejada.
No fim de sua longa caminhada, não tem mais os conselhos sábios de Sérgio Motta e de Ruth Cardoso para interromper essa escalada temerária, não apenas o ponto final na sua biografia, a exposição crua de seu caráter, de seu descompromisso com o país, como o risco que traz para a democracia e para o próprio Brasil.
Cada vez mais, aos olhos do mundo, é reconhecido como o símbolo maior da inveja, um Salieri em relação a Mozart, Segóvia (sem a genialidade do mestre) em relação a Villa Lobos, superando os grandes invejosos brasileiros: Silvio Romero em relação a Machado de Assis, Carlos Guilherme Motta em relação a Sérgio Buarque.
Seu artigo de ontem, equiparando a candidatura de Fernando Haddad à de Bolsonaro é a prova definitiva de seu caráter. É evidente que não foi um gesto de desespero para salvar a candidatura de Geraldo Alckmin, que jaz na tumba política, nem salvar o PSDB, que sempre foi um mero instrumento para o exercício do seu ego.
Tratar Haddad como candidato radical – secundado pelo inacreditável Merval Pereira - não é meramente fake news de período eleitoral. Depois das últimas manifestações de militares, é um petardo bidirecional que equipara ambos às vivandeiras dos quartéis de 1964.
O primeiro alvo é o 2º turno. A eleição será decidida pela taxa de rejeição dos candidatos. A intenção de ambos é aumentar a rejeição a Haddad, não agora, mas no 2º turno, quando enfrentar a besta.
O segundo alvo certamente é o estamento militar.
Vencendo Haddad, poderá vir na forma de um novo parlamentarismo, a exemplo do pacto que garantiu a posse de Jango. Ou simplesmente na ponta de baionetas. Ou alguém ainda acredita que o fundo do poço já foi alcançado? É nesse campo que FHC faz sua semeadura do mal.
Dias atrás, reuniram-se em São Paulo diversos intelectuais ativistas dos direitos humanos nos governos FHC e Lula. Combinaram uma visita a FHC para convencê-lo da necessidade imperiosa do grande pacto em defesa da democracia. O artigo de FHC comprovou a inutilidade da iniciativa.
As sementes da inveja
Em que pedaço da memória estão as sementes desse sentimento invencível que aprisionou FHC e poderá colocar em risco o futuro da democracia do Brasil?
Velhos militantes da campanha do Petróleo é Nosso, testemunhas do papel relevante dos generais Felicíssimo e Leônidas Cardoso, respectivamente tio e pai de FHC, me contaram lá atrás, antes que FHC ousasse voos políticos, da decepção do tio Felicíssimo com o sobrinho, visto por ele como muito ambicioso e desapegado das causas públicas. Seria o olhar de condenação do pai, do tio? Seria a constatação cruel de que, sem o amparo de uma família ilustre, sem o estudo e as facilidades que o acompanharam, Lula foi o estadista que pai e tio cultuariam?
Dos psicanalistas ao homem comum, há o desafio permanente de decifrar a inveja. E se vê o retrato de FHC refletido no espelho de todas as definições sobre a inveja.
O poeta Miguel Unamuno chega a afirmar:
“A inveja é mil vezes mais terrível do que a fome, porque é fome espiritual”.
Psicanalista estudiosa da inveja, Melanie Klein anotou a diferença entre a inveja e o impulso invejoso:
“Inveja é o sentimento raivoso de que outra pessoa possui e desfruta algo desejável – sendo o impulso invejoso o de tirar este algo ou de estragá-lo” .
Os psicanalistas dizem que a inveja é provocada pela pulsão de morte da própria pessoa. FHC caminha para o fim com o coração cada vez mais duro, como pão amanhecido. E valerá para ele a fábula de Klein:
Em certa ocasião, em que um homem extremamente invejoso de seu vizinho, recebe a visita de uma fada, que lhe dá a possibilidade de realizar um único desejo. Disse a fada ao homem: peça o que desejar, desde que seu vizinho receba em dobro. O invejoso em seguida responde: quero que me arranque um olho.
O olho arrancado de nação de FHC será Bolsonaro.
Eleito Bolsonaro, sobre os escombros do país FHC dará seu grito de vitória, de harpia impiedosa, apresentando o fim da democracia como desfecho da obra de Lula.
* o autor é jornalista, editor do Jornal GGN
Publicado em https://jornalggn.com.br/noticia/fhc-e-lula-a-inveja-por-tras-da-tragedia-brasileira-por-luis-nassif
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domingo, 23 de setembro de 2018
Guedes admite acordo Temer-Bolsonaro para reformar a Previdência
Fernando Brito *
Sem destaque, na coluna de Sonia Racy, no Estadão, mais uma pérola do “Posto Ipiranga” econômico de Jair Bolsonaro: apoiar a ideia de um acordo com o moribundo Michel Temer para que este fique com a impopularidade de uma reforma previdenciária:
Paulo Guedes, na sua última conversa com investidores antes de Jair Bolsonaro pedir silêncio – aconteceu na gestora [de fundos] GPS, terça-feira. fez observação bastante significativa. Informou ser possível que o candidate do PSL, caso vença o pleito, ajude Temer a aprovar a reforma da Previdência antes do fim do ano. “Se ele fizer isso, e e bom para ele fazer isso, o avião que vamos pegar não cai na minha cabeça”, atirou, duvidando de que o sucessor de Temer, qualquer que seja, consiga votar a reforma no primeiro trimestre.
Mesmo que seja uma impossibilidade política, com um governo derrotado, a um mês e meio do final do mandato, este senhor sugere, simplesmente, um a aplicação de um crime de estelionato sobre a população.
Estelionato, mesmo, coisa de gente de mau-caráter, que acha que os “otários” vão achar que é “culpa do Temer” aquilo que é desejo de Bolsonaro que, aliás, passou à reserva remunerada aos 33 anos, ao eleger-se vereador.
Será isso que o tal “mercado” chama de segurança econômica?
No meu tempo chamava-se de molecagem.
* o autor é jornalista, editor do blog Tijolaço.
Publicado no Tijolaço: http://www.tijolaco.com.br/blog/guedes-admite-acordo-temer-bolsonaro-modificar-previdencia/
.
Sem destaque, na coluna de Sonia Racy, no Estadão, mais uma pérola do “Posto Ipiranga” econômico de Jair Bolsonaro: apoiar a ideia de um acordo com o moribundo Michel Temer para que este fique com a impopularidade de uma reforma previdenciária:
Paulo Guedes, na sua última conversa com investidores antes de Jair Bolsonaro pedir silêncio – aconteceu na gestora [de fundos] GPS, terça-feira. fez observação bastante significativa. Informou ser possível que o candidate do PSL, caso vença o pleito, ajude Temer a aprovar a reforma da Previdência antes do fim do ano. “Se ele fizer isso, e e bom para ele fazer isso, o avião que vamos pegar não cai na minha cabeça”, atirou, duvidando de que o sucessor de Temer, qualquer que seja, consiga votar a reforma no primeiro trimestre.
Mesmo que seja uma impossibilidade política, com um governo derrotado, a um mês e meio do final do mandato, este senhor sugere, simplesmente, um a aplicação de um crime de estelionato sobre a população.
Estelionato, mesmo, coisa de gente de mau-caráter, que acha que os “otários” vão achar que é “culpa do Temer” aquilo que é desejo de Bolsonaro que, aliás, passou à reserva remunerada aos 33 anos, ao eleger-se vereador.
Será isso que o tal “mercado” chama de segurança econômica?
No meu tempo chamava-se de molecagem.
* o autor é jornalista, editor do blog Tijolaço.
Publicado no Tijolaço: http://www.tijolaco.com.br/blog/guedes-admite-acordo-temer-bolsonaro-modificar-previdencia/
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sábado, 22 de setembro de 2018
Fotos de crianças, lindas!
Richard Jakubaszko
Desculpem o pleonasmo do título, porque criança é sempre linda, né não?
As crianças das fotos abaixo são mais lindas ainda.
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Desculpem o pleonasmo do título, porque criança é sempre linda, né não?
As crianças das fotos abaixo são mais lindas ainda.
Sapato emprestado, né? |
Anjinho... |
Japinha alegríssimo |
O que é que eu faço agora? |
Abraço gostoso! |
Achei! São meus! |
Ai, ai, ai, cabritinha... |
Aqui debaixo não tá fazendo frio, não! |
Tua mão eu não aperto! |
Estou sonhando como vai ser o futuro... |
O problema é que nós não sabemos ler... |
Será que esse bolo vai ficar gostoso? |
Fofuras... |
Acorda japinha! |
Solidariedade... |
Tô pronta pra festa, vamos lá? |
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