Richard Jakubaszko
A gente se depara com tanta imbecilidade sem importância social publicada na blogosfera que acabamos não dando a devida importância às maiores imbecilidades, e que representam enorme influência na sociedade, especialmente nos jovens, despreparados para enfrentar ou contestar essas falácias. Pois o título deste post diz muito sobre como anda a neurose ambiental, já que algum purista moralista resolveu investir na crítica aos vídeos pornôs, porque eles provocariam a emissão de dióxido de carbono, tanto quanto países inteiros.
Na falta de assunto o articulista apoiou-se numa pesquisa realizada na França, mostra alguns números estatísticos de vídeos pornôs, e ao final, de forma politicamente correta, dissimula seu moralismo ao opinar que não é o fato de ser contra ou a favor do uso de vídeos, e adverte que as pessoas têm de fazer uma espécie de "escolha de Sofia", porque podem aparecer restrições aos tais vídeos e às nossas vontades...
Abaixo o texto da notícia, que é impagável, porque pretende ser séria e responsável.
Pesquisa
A tecnologia digital tem um impacto ambiental invisível, mas os pesquisadores sugerem que ela pode ser muito, muito importante, então é melhor você tirar as mãos do laptop se não quiser ser um criminoso climático.
Assistir a filmes adultos representa mais de 4% de todas as emissões de dióxido de carbono associadas às tecnologias digitais, diz um novo estudo.
“Crise climática: O uso insustentável do vídeo online”, um relatório publicado pelo instituto de pesquisa francês The Shift Project, destaca que a pornografia representa 27% de todos os vídeos vistos on-line.
Além disso, os vídeos online - uma das formas mais comuns de entretenimento online - geram 60% do tráfego mundial de dados, com base nas estimativas de 2018.
Em outras palavras, isso significa que eles respondem por 300 milhões de toneladas de emissões de CO2 por ano (resultantes do consumo de energia), com a emissão de pornografia pouco abaixo de 100 milhões de toneladas - quase tanto quanto a Bélgica e o Kuwait.
Os autores apontam que “ver vídeos pornográficos no mundo em 2018 gerou emissões de carbono da mesma magnitude que a do setor residencial na França”.
Enquanto isso, os serviços de vídeo sob demanda, como Netflix ou Amazon Prime, geraram o mesmo volume de emissões de gases de efeito estufa que toda a economia do Chile.
Estima-se que as tecnologias digitais consumam 9% a mais de energia a cada ano, mas a situação só vai piorar com a disseminação mais ampla de vídeos de resolução cada vez maior.
Os autores propõem praticar a "sobriedade digital" - ou seja, reduzir o uso e o tamanho dos vídeos. Isso exigiria a implementação de certos regulamentos, que deveriam ser precedidos de um debate público.
Eles escrevem: “Do ponto de vista da mudança climática e outros limites planetários, não é uma questão de ser “a favor” ou “contra” pornografia, telemedicina, Netflix ou e-mails: o desafio é evitar um uso considerado precioso de ser prejudicado pelo consumo excessivo de outro uso considerado menos essencial. Isso faz com que seja uma escolha social ser arbitrada coletivamente para evitar a imposição de restrições aos nossos usos contra nossa vontade e às nossas custas”.
Publicada originalmente em:
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