Fernando Brito *
O Estado brasileiro quebrou, confessa-o o próprio presidente da República.
Está na capa dos maiores sites de notícia, mas não sei se sobreviverão como manchetes até amanhã.
Afinal de contas, o que importa o Estado, este Leviatã maldito que querem nos fazer crer que destrói a prosperidade do país?
Que importa que ele seja quem dê escolha à imensa maioria das crianças?
Que importa que seja ele quem forme a imensa maioria dos professores, dos mestres, dos doutores deste país?
Ou que seja quem atenda, examine, cuide, opere e cure a imensa maioria da população.
Ou que pague o mercado, o remédio, o aluguel da multidão de aposentados deste país.
Não, ele é um bicho maligno, uma sanguessuga, que fica “no cangote” do empreendedor, do empresário, do madeireiro, do latifundiário, do empreiteiro, exigindo que eles recolham obrigações sociais, que deem banheiro para seus trabalhadores, que não lhes botem a dormir sobre tábuas, nem a beber água suja…
Este estado maldito, que faz pagar previdência da empregada, não bastasse o favor que se faz ao deixá-la comer a comida fria, na cozinha…
Importa apenas que não quebre para pagar os credores de suas dívidas. Uma bobagem de R$ 300 bilhões ao ano…
Aí, sim.
Calote, não; morte, sim, fome, sim, abandono também…
Nossos falsos nacionalistas, de camisetas verde-amarelas nos ensolarados domingos praianos jamais entenderiam Castro Alves e seu “antes te houvera roto na batalha que servirdes a um povo de mortalha”.
Vamos nos aproximando, exauridos, de uma imensa crise, como um navio que receberá pela popa o mar revolto e terrível. Não temos velas, não temos lastro, fazemos água por todos os porões.
Mas isto é uma bobagem: afogar-se-ão os das galés, não os das primeiras classes, dos conveses superiores.
Os dos porões não chegam ser bem gente como nós.
* o autor é jornalista, editor do blog Tijolaço.
Publicado em http://www.tijolaco.net/blog/o-naufragio-avisado/
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