Carlos Eduardo Florence *
Memoro por quê? Pois, pois é. Barafustei doutor, explicativo e desditoso, por estes pormenores intrincados e agora assim repergunto no versado, incluso cismo, se concordaria ao ouvir tudo, tudo, até os diminutivos aumentados? Espere então, diferentemente despropositado em alguns versados e incluso improcedências, ao prosear delongas desmerecidas e importunar vosmesse, doutor. Mas se atendeu concordar, se vamos. Os que não forem se clareando nos principiados se melhorarão nos descaminhos, pois. Atente majoritário, Deus nos acompanha e, Soberano, a vida traça, Ele, em correições por serem.
Não, nem sei, mas vêm nestas ideias desacomandadas, outras incorretamente demais, como procederiam se atentassem como preferiria, carentemente, mas assumo assumidas e desmeditadas para não provocar tormentos descabidos. Preocupa não se não desproceder de início, pois meus inconscientisados que enxofro amargado, delegam vindouros de outros desvãos diversos, atrapalham os legados e falseiam os corretamentes. Se dá, veja! Não por intenção, mas por limitantes da cabeça inversada que marejo. No começo é igualmente seja qual potro redomão meus pensados, empaca nos encruzilhos destinados, mas depois que desarremeda pega passo e não furtiva mais, sim, não confunda.
Penso diminuto, meio pelo perverso, no procedente, imbuído de desfaltado e inseguro, por medíocre de ideias, para desdizer o que disse, pois é, sim, amedrontado, do eu mesmo ao vivo de viver, amomentados atuais sendo, como me comporto vindo tudo do que sobrou dos acontecidos ao achego e clareio no estampido mais acalmado para conferir ao achegado do aqui com o doutor remeto, porventura. Meço e repito, proponho ao senhor esperar pelos adiantadamentos dos depois e entenderá corretos os fins. Se aguardar os concedidos e proseados, os permanecidos ficam por minhas competências.
No desagravo, ocorre até os contraditos das impertinências miúdas minhas intentar, reticenteio provisório antes, para não errar depois. Asseguro como cabresteado se dessem os receios, pois é igualadamente se achegando ao tronco, mesmo como potranca no cio, arrodeando cercas a cata de cavalo inteiro. Poderia começar pela intuição pensada, seguir palavra sozinha, depois verter a sentença e por ultimado parir o sentido. É como o pensador maduro tange o verbo agir, mas desfaço de seguir as ocorrências. Prefiro o desmereço deste desconflito e direteio já no provento para clarear o incomodo e não ejacular anarquias da minha mente conflitada, bisonha de restolhos desmerecidos e ficar atrelado eu no pretérito dos ditos pelo detrás.
E tudo pairando nos indefinidos antes dos seus entendidos completos se darem em ser, paciência, mas prossigo. Ficam mais sugeridos os tais para, sem desavença, contar do princípio. Posso? E já desrespeitoso do autorizado antes pelo senhor firmar o sim, vou terminando o verbo e respondendo de pronto sem as anuências devidas. Coisas das sofreguidões que me desaguam nas melancolias lá das minhas terras e dos atrevimentos. Adesculpe, mas permeio.
Apitou no soturno, noite minguando, dia nascendo, maquinista fardado, imponência incluída no garboso e ajustado nas mesuras inúteis, revidei trajando angústia, desbotado de pretensão e motivo. Luzes apequenadas do meu lugarejo já dispostas a se desfazerem por descarência. Era, pois. Desconjurado eu emudecido no banco, só, do vagão. Partiríamos nas desventuras dos horários. Encolhido, amuado no meu eu capengando cismado, assim reverberando desespero na saída, muito sozinho fui ficando, calado, exatamente, viu (?) mas nem desperguntei para eu mesmo se queria assemelhado como no correto deveria, sim ou não? Mas se deu tal, se deu por se dando e empenhou de se dar, sem solução diferente, deu-se.
Falta de manejos, outras conjecturas alteradas de mudanças, nem desfiz fé de descer ali de novo, intentar volta à plataforma ainda embaixada de mim, aquietada, e, nos impraticados, fomos desprazerando. No decidido nem retruquei por ciência, partiu molengando o trem misto e se fez chacoalhando. Cargueiro e gente, destino, fumaça. Castigado no provento preparei os insólitos, no vagão quedado, sem desistência, mas também nada afeito aos empenhados, mas já apito dado nos rumamos, fomos nós. Sem solução alternada, solvemos na espicha. Era um puta que partir, partir sentido ao sempre, ao só, por jamais e outras terras. Me proteja Senhor e fosse o que Deus quisesse, mesmei. Escute e atente, moço. Nos demos eu e comboio, a sorte reverteu para sofrer de conjuntura sem folga ou intervalo e não reversava contar agora, de novo, pro doutor, se não tivesse angustiado de prosear os aborrecidos que vieram marmanjos a se darem adiantadamente nos seguidos que foram.
Achegaram corretos aprontamentos dos esperados e saída. Foi trem estradando moroso, nós no conjunto. Assim deu-se e apitou, por princípio viageiro, em novamente. Conto. A fuligem grossa da lenha queimada, tanto que o evaporado da caldeira ferventando resfolegados sujos visitou quem despedia dos embarcados, das plataformas acenando, em pé acompanhando os vagões puxados de per si um a um, a tristeza embarcada comigo, ao poente, a tiracolo.
Comboio procurando tino, indo nós, sequenciamos. Triste, traste, trem. Adeuses demos, eu sem provérbio ou motivo, a alma sofrida, ao nada de ninguém na estação por nós, comigo, e não podia ser diferentemente outras formas de ser, pois tudo por ausência de simpatias e afetos que restassem para adeusar. Os demais a despedirem se permaneciam em tais gentios seus apropriados, sinalizando adeuses, a cuspirem seus intuitos, limparem as desnecessidades encarvoadas das roupas sujadas, assuarem lágrimas fingidas ou sinceras nos lenços agitados, simbólicos, como ensinam as novelas velhacas, e tudo se desfez antes de sentirem saudades das ingratidões ou das justas. Perfez enxabida na estação uma porventura sem sentidos, olhando acabrunhada o desaparecer da solidão sumindo sumida sumiceira, apequenando miúda na perspectiva.
Na perspectiva mesmo igualmente a que o pintor desenha por horizontes desavistados ao desbotar no azul grená do fundo do seu quadro, como o resto era similar dos trilhos de não proceder mais enxergar de tão desmerecido restou desavistado, assumiu, sumiu, apitou, pois era como lhe garanto só trem de ferro e solidão.
Retirados os vagões sequenciados um por um atrás do outro, diminuindo, diminutos, um nada, definhando, confundidos nos chiados do resfolego enfumaçado como se nem existissem mais de existir, desfiguraram longe da estação parada no esquecimento. Ainda, esta última vez em que se fez afastar a máquina comboiando comigo embarcado, repelido, se pôs a me adverbiar para longe, para o indeciso, indefinido mesmo, cruel. Madrugada, certo? Perguntei sem repostado. Nem desanuviei no infinitivo e prosseguimos. Justo por ela adentrando o amanhecer, se me permite chamar por correto os aproximados das cinco horas, se tanto, este espaço etéreo e promíscuo da luz titubeada, mesquinha de plenitude a se ver ainda sem enxergar, brotando pávida no nascedouro das serras, esquecendo pelas tangentes os ilimitados dos frontões soberbos para desavistarem os aléns inacabados.
Hoje é memória, pode se dizer, repetida, do que se deu e sobrou cá comigo bem depois, amargurada era e deu-se exato ao contado como foi, escute só doutor. Refrega dolorida. Transcorreram as recordações ficadas e dou testemunho acabrunhado por se fazer hora de ser, tristura brava. Descidadeniei encarquilhado sem figuras de alegrias da minha terra naqueles justos, contragosto e nem pecado grosso confessava cometido, por descarrência e justiça, digo, fugi. Desertava de mim mesmo mais das razões sem fim corretas, só para desaprender a sofrer menos majorado de agonia. Ideava amiudados medos medonhos, mais menores, mas propus enxabido, neste então, destinar desacompanhado comigo.
Adiantando outros mais, encerrados os intempestivos da partida, avisado e ponha a saudade na algibeira, repito, na partida, relembro saindo, tanto se deu das estrelas derradeiras ainda intentarem minimizadas de proveitos e nortes, se estes existi-vessem nos firmamentos por mandos do Criador e tal se puseram a ser por descabidas das vistas enxergarem, pois encolhendo amedrontadas se fizeram pelo tamanho do sol guloso querendo estuprá-las fugitivas, começando a...., nem descrevo exato para não chorar molhando àquelas melancolias misturadas no fundão da porventura e das dobranças.
Exatamente como estava sendo, o sol espreguiçando pelos nevoeiros escondidos em seus infinitos nem pedia reparo de tanto se fazendo acalorado. E elas, estrelinhas, a se desmerecerem miúdas se deixaram ultimar em sobras, dormilitando apoucadas pelos colos do Senhor e ali infinitivas, devaneadas nos sonhos apagando, quedaram sumindo, lentas se puseram. Embarcamos meus juntados e eu, juntos, apoucadicos de penúria de quase nada eram e outras também amiudadas tiquiras de graças quase anuladas por desserventias, desdigo, comigo se puseram a ir. Trouxe a par, tudo em pencas de portantos, inúteis a bem dizer, se permite, dos quais não me descarreguei nunca por impotência, masoquismo, além de outros perfazimentos de poucas cismas e provimentos. Hábito de rebeldia abobada. Ameados, em conjunto, vinham na matula gorda de melancolia, o farnel dos desatrativos e mais umas circunstâncias grudadas.
Todavia não pôde se dar de não me desfalcar e vir junto, as angústias mais arrecheadas, a saudade de Leizinha, o último beijo, contragosto, o punhado de apreensões. Fartura de despropósitos? Penso que sim! Era. Creia doutor. Despropositei, ao partir, do loro, que vizinho acarinhava, o gato que se acomodaria quem chegasse ao abrigo, pois é dos intimados dos bichanos, e o cachorro Deus gostava dele e a rua acataria sem estorva ou desproceder. Por tudo embornado carregava ao lado, naquele dia, na mesma bruaca de desespero e no despedido e nos jamais, nem desconcorde ainda, mão apertada, peito desmedido, entravado completamente os por-motivos da moça do nunca mais, ela, a querer me ver. Vaticinou o finado. Os nãos, sem surpresa, por Leizinha se ficaram no passado, no sonho, saudade e desmeço de despalavrear mais por descarência certa de não querer lembrar no mote do sofrimento atentado. Veja o senhor.
Amargurou, confesso sem pejo, o trem apitou novamente, novamente outra vez e assim se viu o carcará, no provável de ser o que era quase impossível, pela distância afastada de tão longe de enxergar, amiudar das vistas garantidas e despontar alongada, a ave bonita, mas perversa nas cadências, sobre os seus imprevistos a cata das intransigências suas predadoras, carecia. Era gavião e se fazia para tanto, belo, definitivo, cumpridor das manhas da natureza mãe. Saga, voou baixo para caçar mais ajeitado e remoto, bonito, creia, lembrei que não sabia enfeitar o destino eu, como se dava a ser a destreza da ave, para fazer sorrir Leizinha.
A verdade se deu em sendo, cruenta, imperdoável, tanto sim que até a merda do bom senso vencera o não-sei-por-que-causa-das-razões (?) e ela, Leizinha, desfizera qualquer possibilidade de seriamos, seremos ou até..., esquece, agora se deu. Nem um talvez ou um futuro mesmou mais, no quem sabe, desdisse seca como aroeira brava, calou. Conjugou ela, marcando sinas, os verbos na voz passiva, cruenta, tempo intransigente sem subjuntivo, tempo dela do desencanto a me magoar, como ordena a gramática inútil do desamor, implacável, sem contradições prestáveis para desandar sonho e somente os esvaziados prover.
Alguns por si, em particípios presentes, irregulares e malditos, como são sempre e há de serem os fins, os verbos, as falas, o fado. Ela, em si, postada no alpendre, maldito, que a desapareceu na noite engolfada pela intransigência, renovou todas as declinações como eram as latinas mortas para selar as línguas sumidas e se fantasiou muda de nada. Sequer temperou ou melindrou com: um dia pode ser, quem sabe, ou aquele quiçá, petulante, cínico que fosse, mentirosamente mesmo, se a tal se desse um pode ser..., com o até quem sabe, provisório, um, por favor. Mas no repente agarrou-se no em-vão, não, não. Fechou a porta no infinitivo, acenou com o jamais, estipulou método, mania, tranca, porta serrada e caso encerrado.
Exatamente como desdigo agora, memorado, apitou o trem, me avisando o fim, o fato, o foi, desobediente, sinistro, indiferentemente partiu a partida, ponteou para o desatino sem ser outro diferenciado do sempre seu, meu eu junto, saudades de Leizinha e ele resfolegando como fazia saber bem. Gesticulou praieiro indo despreocupado, como são as ignorâncias dos trens de ferro, em desamores sempre, apitando agudo como só ele atende com sapiência os deméritos de acordar o silêncio. Vagueou ameno pelos arrabaldes eternos de seus destinos, transitando à frente, desfeito de artes, portando melancolias, sem arrogados ou paliativos. Se deu por ser, trajetando meta enfrentada, vascolejando pelos trilhados meeiros, visita catingas mesmas, velhas e amuadas, escuta o pio do nambu acomodado na tristonha dolência, mira o foco e brinca nos vargedos.
Por ser prudente e cansado das impertinências, altera os acomodados nas agruras subidas mais amolengado de sina e pelas descendentes desmiola afobando os passos aligeirados com o folego desatenuado, pois tem destino, trem segue. Era uma viajada viageira de princípio e raça, desforra deixada e eu indo. Acuda. Aponha cisma doutor, me atente. A vida, nos rasqueádos ritmados dos batentes começou a se desconstruir desexplicado nos meus a sós: blau-blatau, blau-blatau choramingavam as rodas nas emendas ruins dos trilhados e por se fazer a frente, seguiu, seguiu pelo pretérito imperfeito atrás conjugado na saudade de Leizinha restada.
Confesso que desprezado pelo cargueiro, indiferentemente, desconsiderado na soberba mesmada, ficava o amor, ficava ela, eu indo o vagão levando e conto triste assim mesmo do jeito que foi doutor. Fugia eu, as teimosias minhas, ela sobrou no só da camada grossa da melancolia minha, que debitei para a injustiça. Desadornei no realmente e batia um formigado subindo dos fígados para os desesperos que habitam remanchando perto do coração. Era um acuda sem socorro, sem pelo amor de Deus e só, e se dava só o trem, blau-blatau, blau-blatau, adeus, adeus, oh Deus, blau-blatau, oh trem, atrás, atroz, traz, ah! Trem.
Mas o tempo do verbo gente, do eu sem catimba conjugada ou métrica, nos fomos de sofrimento em procissão e fuga, amor em sempre de desejo e só vendo doutor o verde fora que não surtia efeito de me deslagrimar das saudades. O tal do que me consigo aqui dizer, de imediato, recontando as teimas pro senhor, não transpassa confirmar que sou um presente desmerecido que se desafina do que foi no passado, tanto como do que virá nas frentes a ser nesta cabeça endoidada de doido e como é comigo sempre sendo quando penso o que penso imitando ainda do que penso agora. Imagina. Persigo no persisto e aflijo. Creia. Creia, doutor. Para dar-se, nos resumos, tudo cala igual no atoleimado da mente e não sei se o que se foi é ou era? Se o que será é ou foi? E para não desmerecer o endoidecido, do agora, se era sendo ou sido, se o que foi será ou o que será seria? Doutor é e era nestes cipoais gravetados que meus desatinos desmereciam antes e desmerecem já agora.
E o trem cutucava as cataplasmas das minhas dúvidas, cismadas mesmas, e um vento amanhecido de orvalho tiquira fugindo para as serras tateou até amansado de enxugar minhas lágrimas, mas não ajudou por desmerecido de proventos. A teimosia e ou a tristeza ouviram o trilhar, blatacan-blatacan, moroso do sentido trilhando rumo, rodas surdas, eram do trem, despreocupas, acudiram meus tresloucados verbos do pensamento corricando passado. Com certeza repuxando ideias desmedidas, repetidas, grudadas, secas dos passadiços, atentavam no presente, voltejavam ao futuro, desesperançavam desassossegos, gestavam sem vicissitudes. Aponha prudência.
E o trem se fazia desobrigado de proventos. Apreciava mordiscando os lábios para chorar minguado, escondendo nos disfarces os olhados sem atentos nas delongas encurvadas margeando o gado solto, quebradas de picotos ganhando suas serras e estas pastejando reses inacabadas em camparias infinitas sem finados das medidas e ansiedades. Vidro esfumaçado da fresta da janela, brisa alongada das solidões sisudas, engarupando verdes desmedidos enfrentado os sós dos torneios sumidos lá para os confins dos sopés das vistas perdidas.
E o desplante desacomodava acomodando nos murmúrios das tristezas amargas, mas se pontuava melhormente nas restingas quebradiças das grotas faceiras e Deus não improcedia, mas no então nem mesmo descomandava. Invadiam os indefinidos, estes, desesperos meus. Ponha fé, por enquanto, no quanto desembolso o lenço. Atentava o apito que se fazia repetir por motivos seus, do maquinista, do Senhor e das curvas cismadas. Briosa, despreocupada e sorridente, confundindo-se com o além do imaginário e serras, bate pelo lado de fora da fresta uma angústia alvissareira. Mastigo o imaginário na ponta do solfejo, deslumbro e meço a porventura. Acato-a por incompetência e hábito, abro a janela, mas ela prefere descer pelo mesmo teto de onde não se arredam subjetivos meus. Junto, do além-inconsciente, Leizinha, que se faz em si, pronta e bela, por ser sempre, atentando ao meu lado da agrura, promíscua, apeia na cadeira e enfeita a frente aparada à ansiedade e mesura. Se dá e veja! Parelha de sobeja e paradoxo desarticula o verbo e desentrosa os motivos.
Atento nos desatentos por falta de envergadura e corretivos. Acomodo a paixão imaginária às fantasias entre a minissaia grená, meu desejo, banco frontal, no meados da angústia sorridente acalorada e da demência despreparada. Colorido nos olhos esgarçados sorriu-me saindo Leizinha encantada do sumiço como se o pretérito não houvera. Mudara o imaginário, tanto que quando me mandou desistir, alisou o cachorro ao lado, arrumou os cabelos longos, puxou a minissaia para insinuar as pernas nuas, lindas, e envolta em sublime e desejo não se propôs ou condescendeu desenroscando do meu desespero. Mas sem pejo ou conceito, nem não pergunto por que encarnara do infinito, acomodou sorriso, se fez a mesma, incrustada em minha angústia e azul. O apito chama a atenção de uma roça rala de milho seco no compasso de quebra sem pressa e, juntado a par, como são os havidos nos cerrados, por contas dos acontecidos, desvia para o provável esquerdando, sem meditados, um veado campeiro a cata de seus outros portantos.
Cismei das imagens vistas chegando de atropelo nos meus exatos e os nãos das turras intimadas, minhas, da cabeça descompassada e vadia e não sabia o que merecer mais atentos, se seriam os proventos na angústia, magrela, mordendo fundo, Leizinha me acossando para não mascar o freio, o veado, infinitivo, indefinido no provável dos motivos próprios e transmudados nos delírios, enquanto o trem sinuoso trilhava mais outros tantos para aconchegar minhas melancolias. Afogueou o provérbio e me perdi destemperando. Justo assim sendo, repito senhor, não duvide, pois se davam os dados. Não discordei, jamais interroguei por descabimento e sobrosso, creia doutor ou postergo os ditos. O maquinista apita suave, tentando me restabelecer em algum finito. Pouso em ponto morto.
Trem não desmente ou discute, transita. Segue. É trem, só trem, trem trilha entre trilhos. Perguntaria até, permitiria invadir-me se não me agradecesse e agradasse em detalhes e solfejos. Não é, mas existe, pois quando não existia, estava nos compensatórios sem saber que iria acontecer. Não descobriria até porque e como começaria adorar a loucura e acarinhar a demência.
Atento e saúdo o imaginário das ideias, ou me proíbo e desfaço da mulher juntada ou acaricio a fêmea caramelada em minha doce suave alienação? Para esquecê-la teria de me desfazer, contrariado, da insensatez aparceirada? Nem pense. No vazio das soluções preferi me apegar ao infinito e solicitude, acomodando o deixa para lá e ver o trem balancear na cadência meus divagados e seja o que o destino cumprir nos seus intentados e imprevistos. Arremedo e pontuo sem prerrogativa. Uma brisa competente e sorrateira sussurrou-me, ou doido ou cínico, pairado escutei sem resposta, nem apavorei. O blatacam concordou em trilogia e nós seguimos como o tempo insistia. Olho bem aos fundos dos azuis celestes e se Deus não apareceu é porque levou as estrelas menores para repousar Prossigo.
O trem não desmerece e investe caminho e reta. Nasceu trem por destino, competência e sina. Pensei, prazer? Respondeu moroso, Blatacam, blatacam, carinhoso, me desconcertava. Divago, esqueço os trilhos, as estrelas, Deus. Acamo a angústia no espaldar da poltrona dura, seca e, por proverbio ou providência, atento para as displicentes pernas lindas, empertiga os seios do corpo esbelto, saudades, desejo, era ela inteira e sonho. Me excitam gestos displicentes, provocar queria, quis, proveu, insinuou, fingiu que não ouvia meus delírios, se fez, Leizinha, sim e era, foi-se, permitiu-se integral e a despi nua, para engravidarmos os infinitos e aos ledos irresponsáveis. Quem diria que não estaria em lá e em mim. Se músico retornaria em ré, (atrás) para o sol iluminar-me em mi (mim). Pensamentinho medíocre, doutor. Prosa de desgovernado. Solfejo meus indecisos e afino o arbítrio. Penso, logo existo, Descartes. Devaneio, logo persisto, qualquer alguém. Eu, por absurdo, não sei se sou ou enlouqueço, logo não desisto. Converso em inconscientes desfigurações e Leizinha traduz em indecifráveis libras nossas parábolas inexistentes concretas, enquanto eu estiver apaixonado, demente, ela ausente.
Fomos. Creia. O trem se ganha no rastejar molenga dos interstícios indiferentes, mas responsáveis pelos passos e prováveis. Ninguém advinha o que nos espera, nem o trem, o maquinista só ponteia, sequer Leizinha, eu nem diga. O veado fincou altivo no provável e voltou para o imaginário. É lindo. Não distingo os intangíveis, veado, o imaginário, sol afrontando, Deus nos infinitos, Leizinha transitando entre o absurdo, o passado, no banco da frente, com as alegrias do inexistente e as pernas dos meus desejos. O trem apita para me pedir sorriso ou pleonasmo. Esgarço um premonitório displicente. Conversamos atabalhoadamente, Leizinha conosco, eu comigo, ela com meus arbítrios, ninguém assume, ficções, meus sonhos. Outra vez e ainda o apito transluz meditativo que a curva da ponte carece aviso e que posso derrapar para a esquizofrenia. Melindro o que será do gato que larguei na minha casucha. Felinos são mais inteligentes e pragmáticos, se apaixonam pelas circunstâncias e lugares, desmerecem as almas, os sonhos, as amantes.
O provável que me acossa para instigar o futuro se faz inteiro, por não existir, fingindo, irônico, que pode acontecer. Louco me acalanto simplesmente no imperdoável, embora sempre faça questão de considerá-lo fiel, confiável e ainda imutável, pois creio ao infinito no provável como na gravidade ou em milagres. Sou um idiota crente profundo de fé, perseverança e autofagia mental incrédulo. Não interessava nada no então, caso contrário pediria para as rodas retornarem à estação e com certeza não soubesse nem para que.
Doutor, mais dois dedos de prosa e folgo o senhor. Sem saber dos porquês, instigava Leizinha meus intrincados pejorativos e indesejados. Assim foi e com cadência de eternamente iguais me puseram a desacorçoar. Acredite e ponha tento. No paragrafo seguinte anotei na solidão, por justificativa e método, bem no ameiado do lenço agitado no adeus colhido, uma gota de lágrima inteirinha que dividi ao meio. A lágrima-meada da ponta de cima, tão nobre quanto, foi repartida igualzinha para engravidar-se do azul e ver se pariria um retorno. A metade sobrante figurou guardada, sem presteza, para remarcar a impotência e até envelhacou amarfanhada para não deixar a saudade secar. Foi em sendo bem assim mesmo, até que me dei por só, chorando e sumindo de mim e o trem encarrilhou sem soberba, como sempre, neste fim de linha da capital. Juntado eu junto vivo por estas beiras. Vim como vim eu mesmo nestes acontados que lhe propus por conta ir desfazendo, mais para me desafogar do que por pertinência de merecer juízo.
Só para finar os encerramentos, reconto que partiu tudo acarregado, dos que trouxe comigo, embornado, como detalhei nos minuciosos, da estação ficada na angústia, onde se é de ser a outra ponta desta estrada e destas rimas, o fim-de-linha de Desafogo do Pontão, nascedouro meu e, no então, juntado ao nunca-mais, se Deus dispusesse, como dispôs. Lá descamba ainda, salvo se pelos ameados de desconhecimentos meus se puseram diferentes, Leizinha, suas indiferenças, latitudes desapegadas, meus desconsolos e os desmerecidos. Foi e é.
Agradeço e fecho os atentamentos do senhor para meus despropósitos. Tome o café, que vai esfriar, diferentemente de como renegam minhas manias, por favor, doutor.
* o autor é economista, blogueiro, escrevinhador, e diretor-executivo da AMA – Associação dos Misturadores de Adubos.
Publicado em https://carloseduardoflorence.blogspot.com/2020/01/recital-em-melancolia-madrugada-sem.html
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