Richard Jakubaszko
Acabei de ler o livro que tem o título em destaque neste post. Escrito por um professor da Universidade da Califórnia, Norman C. Ellstrand, catedrático em fisiologia das plantas, o autor esbanja ironia (e humor para americanos) para nos explicar que todos os vegetais "fazem sexo" com fins reprodutivos.
Não ficou claro pra mim a quais leitores Ellstrand pretendia atingir ao escrever a obra. A especialistas em fisiologia das plantas, com quase toda a certeza não. Mas a leigos a leitura de "Sexo na mesa da cozinha" pode se transformar quase em pesadelo, especialmente porque é um livro técnico e específico que foca em problemas únicos como as particularidades de reprodutibilidade de algumas culturas como beterraba branca, banana, abacate, tomate, canola, abóbora e milho, sempre com diversas citações bibliográficas. Entre uma e outra observação, o autor sempre demonstra as "dificuldades sexuais" dessas plantas para se reproduzirem, mesmo quando o método usado pela natureza para espalhar o pólen enviado pelos vegetais machos, considerando que a planta fêmea receptora esteja a 1 km ou mais de distância. Não chamaria a isso de sexo.
Em alguns capítulos, mas especialmente nos de milho e canola, Ellstrand comenta sobre os melhoramentos genéticos de plantas OGMs, sem deixar clara a sua posição, se é a favor ou contra, ou até mesmo de cautela, pois mantém confortável equidistância acadêmica, e aí é uma no cravo e outra na ferradura. O autor relata algumas opiniões de pânicos milenaristas apocalípticos divulgados por biólogos e ambientalistas, por exemplo, de que parentes silvestres dessas plantas ficariam com resistência aos mesmos herbicidas utilizados nas plantações comerciais. Confesso que nunca entendi essa crítica dos ambientalistas em relação aos OGMs, será que eles recomendariam o uso de glifosato para controle de milhos silvestres? Só se for, principalmente no caso específico do milho, que tem polinização cruzada com outras plantas, da possibilidade de um milho OGM transferir suas características para outras plantas silvestres, que não o milho. Mas que importância teria isso, seja agronômica ou econômica? Se alguém tem uma opinião bem clara e definida sobre isso, por favor comente e me esclareça, pois sou um mero jornalista especializado em agricultura que tive minha curiosidade pela leitura do livro diante do inusitado título.
O título do livro é inovador, criativo até, e pode chamar a atenção de estudantes de agronomia e biologia, apesar de não refletir a realidade do mundo vegetal. A certeza que fica é que Ellstrand segue à risca o aforismo de um amigo, citado por ele, que diz "Salve o mundo enquanto se diverte". Foi o que Ellstrand fez ao escrever esse intrigante e instigante livro, e nos finais de alguns capítulos exibe orgulhoso seus talentos culinários fornecendo exclusivas e domésticas receitas de saladas, panquecas, fritadas e outros pratos à base de legumes, frutas e vegetais.
O livro, com 299 pg, foi publicado no Brasil pela Editora Unesp, e pode ser adquirido pelos interessados através do e-mail atendimento.editora@unesp.br
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