Richard Jakubaszko
Conforme já escrevi em outros artigos sobre agrotóxicos, “agricultura é poluição”. É que onde se faz agricultura deixa de existir ecossistema, passa a ser agrossistema. Tudo isso porque precisa-se alimentar uma população planetária crescente. Desta forma, entendo que o ser humano é o maior predador do planeta. E as pragas e doenças, quando descobrem uma lavoura, dito agrossistema, encontram alimento, sombra e tranquilidade, e nenhum inimigo natural, como ocorre num ecossistema. É comer e comer o dia inteiro, reproduzindo-se sob as bênçãos de nosso clima tropical. Caso não se use agrotóxicos eles podem reduzir de 40% a até 80% o que se pretendia colher, sejam frutas, verduras, legumes ou grãos. É prejuízo na certa, daí o uso dos agroquímicos, também chamados pelos puristas como defensivos agrícolas.
Separemos uma coisa, para o bom entendimento aos leigos daquilo que estou explicando: agrotóxicos seriam os remédios das plantas, enquanto os fertilizantes seriam os seus alimentos. É bom que se diga que fertilizantes são de origem mineral, e não são químicos, exceto o fertilizante nitrogenado, mas a “química” aí é mínima, pois o nitrogênio está no ar, na atmosfera que respiramos, e é “capturado” por processos químicos, através do uso de gases como catalisadores. Na soja, por exemplo, e em outras leguminosas, como o feijão, nem se usa fertilizante nitrogenado, pois se faz a inoculação nas sementes das plantas e estas fixam o nitrogênio, dispensando o N da fórmula do NPK.
Sobre os chamados “alimentos contaminados por agrotóxicos”, como falam as pessoas que mal conhecem o assunto, eles apenas repetem o que os outros dizem. A verdade é que na química, parafraseando Paracelso, um famoso médico e alquimista alemão da época da Renascença, a “dose faz o veneno”. Ou seja, tudo depende de quanto se ingere de um produto, seja químico ou alimento. Nesse sentido, se você tomar muita, mas muita água mesmo, até ela pode fazer mal e matar, e não falo aqui de se morrer afogado, não.
As doses de agrotóxicos são planejadas para matar insetos e não gente de sangue quente, e com peso milhares de vezes maiores do que o de um inseto.
Por exemplo: um inseticida tem uso desde 100 ou 200 g por hectare (1 hectare ou ha = 10.000 m2 ou seja, 100 x 100 metros) a até uns 2 kg, varia conforme o produto, e é diluído em água em quantidades de 200 a 500 litros de água a serem pulverizados por cada 1 ha. Então, faça o cálculo comigo, se 1 kg tem 1.000 gramas, e se 1 ha tem 10.000 m2, são despejados, sobre as plantas e também no solo, porque sempre há perdas, cerca de 0,10 mg por m2.
Ainda neste exemplo, perceba que numa área de 1 m2 de lavoura é possível se ter 5 kg de tomate, ou 3 kg de morangos, só para lembrar. Isto significa dizer que, cada tomate, ou morango, se for bem pulverizado, se terá depositado de 0,01 mg a 0,03 mg por fruta. E se vc consumir esse produto, lavando normalmente em água corrente, poderá, teoricamente, permanecer 0,001 mg por fruta. Considerando que a dose letal daquele veneno para uma pessoa, seja de 0,10 g por kg vivo, você teria que consumir 100 kg de tomate por dia multiplicado pelo seu peso, para ter uma dose letal... Estaria parcialmente certo, se você argumentar, que 2 ou 3 kg de tomate “envenenado” e não lavado poderá causar problemas de toxicidade a você, isto se você for um alérgico, como eu sou. Mas não mata, pode crer, no máximo poderia dar uma diarréia, ou coceiras, ou dor de cabeça. As formas que temos de nos prevenir contra isso é, primeiro, lavando os produtos, e, segundo, variando a alimentação, assim você nunca vai consumir o mesmo agrotóxico. Claro, nunca coma mais do que 5 kg do mesmo alimento no mesmo dia...
Assim fazendo a gente consegue morrer com mais de 100 anos, e poderemos tranquilamente morrer atropelados quando chegarmos lá. Afora isso, é importante ressaltar que, à exceção dos inseticidas organoclorados, que são cumulativos, uma das razões do seu banimento, os demais princípios ativos são metabolizados e eliminados do organismo humano pelas vias normais de excreção.
Li, dias atrás, uma declaração do pessoal técnico-agrícola da CEASA-SP que “os ingredientes ativos proibidos para uso agrícola, tais como inseticidas organoclorados (BHC, DDT, Aldrin, Dieldrin, Heptacloro etc.) e os fungicidas mercuriais, todos efetivamente banidos, não têm sido detectados nas análises e nem existem evidências de que estejam sendo usados no Brasil”. E se acontecer é caso de polícia, pode mandar prender.
Tem mais coisa
"Os agricultores brasileiros usam muitos agrotóxicos e por isso o Brasil é campeão mundial no uso de agroquímicos". A primeira afirmação é mentirosa, pois os agricultores brasileiros usam o necessário, até porque esses produtos são muito caros, em média um herbicida ou inseticida de primeira linha custa mais de US $ 20.00 por litro ou quilo. Se o leitor calcular que um agricultor médio ou pequeno tem no mínimo 80 ou 100 hectares dá para calcular as despesas de forma simples, não é? Ninguém gosta de jogar dinheiro fora. Usa-se porque é absolutamente necessário. Relembre o trem humano na foto lá de cima deste artigo.
Já a segunda crítica, de que somos campeões mundiais, essa é verdadeira, mas apenas no valor absoluto e no total utilizado no ano, pela simples razão de que somos um país continental, de dimensões gigantescas. Os EUA eram os campeões, até 2 anos atrás, e “perderam” essa posição porque passaram a usar lavouras transgênicas, que usam menos agrotóxicos, especialmente milho, soja e algodão. No Brasil estamos atrasados ainda nesse quesito, por culpa dos biodesagradáveis, que não querem nem uma coisa nem outra. Aliás, ninguém sabe o que eles querem...
Quando se faz o cálculo médio, conforme a FAO / ONU, de kg ou litro por hectare usados de agrotóxicos, caímos para a 9ª posição, pois os EUA, Alemanha, França, Argentina, Itália, Espanha, Japão e Holanda, ganham de nós de goleada, em quantidade (peso) e em dólares.
E mesmo que fôssemos campeões no uso médio por hectare, a justificativa para isso seria mais do que lógica, pois somos o único país tropical dessa lista, onde os insetos proliferam espantosamente. É no calor que nasce mais mosquito, não é? Lá no hemisfério Norte o clima é frio, e não facilita a vida dos insetos, reduzindo com isso o uso dos venenos. Mas não é só isso, é que justamente por sermos um país tropical, ou de clima temperado, com sol abundante o ano inteiro, que podemos plantar na mesma área de terra duas lavouras por ano, safra de verão e safrinha de pré-inverno. Na média, acabam sendo 5 safras a cada 2 anos. Enquanto os americanos e os europeus só conseguem 1 safra por ano, pois no inverno não dá para plantar nada, é só gelo.
Outra acusação falaciosa que se faz hoje em dia, especialmente o pessoal da Anvisa, é que usamos no Brasil agrotóxicos que seriam “proibidos” nos EUA ou na Europa. O que ocorre, na verdade, é que são produtos sem pedido de renovação de registro na Europa ou EUA, porque as patentes venceram. Se não tem registro não pode vender. E aqui no Brasil também é assim. Mas isso é muito diferente de ter sido “proibido”. As empresas não renovam os pedidos de licença dos produtos com patente vencida para tentar “dificultar” a ação dos genéricos vindos da China, África do Sul, ou Israel. Os genéricos ficam sem “referências” de padrão para registrar produtos na Europa. No Brasil, como o Governo Federal estimula os genéricos, a importação é livre e solta. Temos, ainda, uma concorrência feroz disputando lavoura a lavoura a venda dos agrotóxicos, especialmente chineses, e são todos genéricos, os que se diz que foram “proibidos” na Europa.
Há um exemplo gritante ocorrendo no mercado brasileiro, o do inseticida metamidofós, recentemente proibido. É um produto altamente eficiente, apesar da alta toxicidade, para várias culturas (milho, soja, café, batata, algodão) e foi desenvolvido pela Bayer nos anos 1950, tinha o nome de Tamaron, e apenas a antiga Hokko, hoje Arysta, depois de vencida a patente, conseguiu sintetizar e fabricar o produto, com o nome de Hamidop. Concorreram no mercado brasileiro até a chegada dos genéricos, dentre outras empresas a Fersol. Quando os genéricos do gênero metamidofós entraram aqui no Brasil a Bayer já tinha no mercado internacional um produto mais efetivo, com menor toxicidade e provavelmente maior rentabilidade.
Além dos genéricos importados, a Fersol, empresa 100% brasileira, conseguiu sintetizar e fabricar o metamidofós aqui no Brasil, se não me engano desde os anos 1990, mas agora a Anvisa, numa ação intempestiva e ditatorial, por meio de portaria, sem ouvir ninguém, e tampouco sem direito de defesa, conseguiu proibir a fabricação e venda do metamidofós no Brasil, a partir de junho deste ano. Se não houver uma liberação há o perigo de a Fersol quebrar, pois era o seu principal produto.
A pergunta que fica no ar é: por que não proibiu antes? Proibir, aliás, nem é a pergunta certa, a pergunta justa é: por que liberou? Sim, porque a Anvisa é um dos 3 órgãos federais que autorizam e liberam a fabricação e venda.Primeiro libera, e autoriza, mas depois proíbe? Ora, onde estamos?
Tem alguma coisa errada nesse angu, e não é só propaganda ideológica contra agrotóxicos, não. Vejo que a Anvisa deve explicações aos agricultores brasileiros.
Ainda sobre os perigos dos agrotóxicos, uma garantia científica é confirmada pelo médico toxicologista Ângelo Zanaga Trapé, professor-doutor da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Campinas, Unicamp, dita em entrevista à rádio CBN (em 24.06.10): "Tenho 30 anos de trabalho em clínica pública de saúde e, em todos esses anos, jamais detectei um caso de intoxicação alimentar por essas substâncias", afirma ele.
Da minha parte afirmo que, se os agrotóxicos efetivamente fizessem tanto mal como apregoam seus inimigos, aconteceria ao contrário com a expectativa de vida média dos seres humanos, não é verdade? Essa média é cada vez maior, no planeta inteiro.
Portanto, consuma seus alimentos sem neuroses. E se você leu este artigo até aqui, saiba que não é exatamente tudo o que você precisava saber, pois tem muita ciência, mais tecnologia e legislação, amparando o uso dos agrotóxicos. Mas já foi um bom começo...
Portanto, lave antes, e seja feliz, pois se lavar fica bão!
_
Anos atrás uma grande campanha dizia que as batatas oferecidas ao mercado continham mercúrio provindo de adubos, como determinado por um laboratório de Araraquara.Como presidente do Sindicato da Indústria de Adubos,entrei em contacto com os analistas daquela cidade que me informaram que nunca haviam analisado tubérculo nenhum. Mas os produtores arcaram com grande prejuízo pela recusa das donas de casa em comprar batata dita contaminada. Boatos falsos mas alarmantes persistem até nossos dias, valendo um apelo para que nossa mídia investigue os fatos antes de divulgar falsidades, livrando-se da tentação de criar manchetes atraentes mas enganosas, em prejuízo de terceiros convertidos em "inocentes úteis".
ResponderExcluirFernando Penteado Cardoso
Richard,
ResponderExcluirum grande abraço
Luiz Fernando
Diretoria Agricola
São Fernando Açúcar e Álcool Ltda.
www.usinasaofernando.com.br
Richard,
ResponderExcluirSobre o conteúdo nem vou comentar, pois já falamos disso outras vezes.
Mas o estilo e mordacidade embutida estão ótimos. Valeu.
Coriolano Xavier
Tudo o que você precisa saber sobre agrotóxicos:
ResponderExcluir- como diz o Richard, e' poluicao
- como nao diz o Richard, sao dispensaveis, eu ja' mandei para o Richard uma lista imensa de fazendas organicas grandes, tamanhos tao grandes quanto as do Brasil, disponibilizo o arquivo para quem quiser, esta' em ingles escreva para gerson@machadobd.com
- estude www.agroeco.org para aprender sobre agroecologia e sobre formas sustentaveis e baratas de produzir alimentos sem agrotoxicos e com rendimentos demonstrados como 80% maiores em 57 paises: Agroecology and the right to food crop yield increase of 80% in 57 developing countries
http://www.un.org/apps/news/story.asp?NewsID=37704&Cr=farming
http://unscn.org/layout/modules/news/documents/Agroecology_press_release.pdf
- Pacientes sendo tratados contra o cancer e outras doencas degenerativas usando apenas alimentos so' obteem sucesso quando usam produtos sem agrotoxico de outra forma a concentracao de agrotoxicos e falta de nutrientes de produtos nao agroecologicos demonstradamente na experiencia de mais de 60 anos do www.gerson.org mostra que nao ha cura e todos que recomendam dieta de prevencao e cura recomendam organicos http://renegadehealth.com/blog/2011/11/02/what-is-the-best-diet-for-cancer-patients/
- comam o que quiser e' claro cada um tem o direito de escolher, eu escolho a natureza, gasto menos, colho mais, como melhor
- agrotoxico e' tecnologia obsoleta para gente mal informada
O Gerson, sugiro que você vá pescar lambari com anzol de borracha, meu amigo, a chance de resultado é maior. Está no lugar errado, o Richard está firme com os defensivos químicos.
ExcluirÔ Marcílio, já que vc não tem argumentos pra debater, deixa o Gerson quieto, ele sabe o que está fazendo, e tem os argumentos em que acredita. Ao invés de dar conselhos ao outros, vá vc pescar, e use minhocas, quem sabe vc consegue pescar nos poluídos rios urbanos...
ExcluirCaro Richard, seu blog é muito interessante e pretendo visitá-lo de tempos em tempos. Meus sinceros parabéns e meu respeito.
ExcluirGerson,
ResponderExcluirpelo visto cutuquei na ferida...
Gosto que me enrosco de um debate, acho que a gente aprende quando se ouve os contrários. Pelo visto vc só me convencerá numa próxima reencarnação, e a recíproca é verdadeira, né não?
Considero que fazendas agroecológicas só dariam certo, até certo ponto, em climas temperados, ou frios e protegidos, pois em ambientes tropicais é impossível.
Essa história de tratar doentes de cânceres com produtos orgânicos não tem comprovação científica, por favor, conte outra. Não se conhece nem a causa e nem tratamentos definitivos para os diversos cânceres, salvo raras exceções, quando detectados precocemente.
Agora, é piada falaciosa vc afirmar que os orgânicos possuem mais nutrientes, pois nessa área existem estudos científicos ingleses e frances provando extamente o contrário, conforme já publiquei aqui no blog. As plantas possuem inteligência e capacidade suficientes para absorver o que necessitam da terra, e se não houver nutrientes suficientes elas não se desenvolvem completamente, e seus frutos são, portanto, incompletos, não é questão nem de química, é de lógica elementar.
Sobre "escolher a natureza, gastar menos e colher mais", já fiz o desafio a vc, escreva um artigo a respeito que eu publico na DBO Agrotecnologia, e agora renovo o desafio. Das outras vezes vc tergiversou, passou a bola adiante e nada aconteceu. Vamos lá, mostre e argumente, dou espaço a todos, aqui na área de "comentários" vc não prova nada a ninguém...
E não mande nada em inglês, por favor...
Richard
Excluirum artigo recente pode ser do interesse dos seus leitores, veja http://www.naturalnews.com/z046701_pesticide_exposure_transgenerational_effects_insecticide.html onde e' mostrado que mesmo em pequenas doses o efeito de pesticidas pode influenciar negativamente 4 geracoes.
Com relacao aos seus comentarios acima, existe sim muita evidencia de cura de cancer com produtos organicos, por decadas, ver o trabalho de www.gerson.org ou por exemplo papers cientificos online baseados em tecnicas similares como por exemplo http://www.nutritionj.com/content/pdf/1475-2891-3-19.pdf (ver tabela 7 no exemplo de melanoma). Segundo a diretora do Instituto Gerson, Charlotte Gerson (nao sao parentes!), esta terapia nao funciona se forem usados produtos com pesticidas e fertilizantes quimicos, simplesmente porque a densidade nutricional e' deficiente e a toxicidade passa a ser concentrada. Claro vai haver artigos online de varias fontes tentando dizer o contrario, como cada um tenta puxar a sardinha para a sua brasa, sobre tal pratica apenas devemos ser criticos bem informados, leia tambem http://www.thrivemovement.com/debunking-debunkers.blog
Nao tenho tempo no momento de ficar traduzindo material de varias linguas para publicar na DBO Agrotecnologia mas sugiro que vc contacte pessoal da EMATER ligado 'a Agroecologia onde podera' encontrar subsidio para artigos interessantes e quem sabe o comeco de praticas melhores em fazendas grandes e pequenas no Brasil a exemplo do que ja' acontece em alguns paises.
SDS
Gerson Machado
Richard, parabens! Muito bom seu artigo e com comentários que retratam muito bem a situação atual que vive o setor de defensivos agrícolas ou agroquímicos o "remédio das plantas"
ResponderExcluirRichard.
ResponderExcluirFoi um dos melhores artigos que li sobre o assunto.
Merece ser reproduzido em outras mídias.
Vou sugerir à ANDEF.
Parabéns
Enio Campoi
Grande Richard!
ResponderExcluirExcelente essa matéria. Vou reproduzi-la até cansar!
Alcides Scot
engenheiro agrônomo
COMENTÁRIO DO BLOGUEIRO:
Obrigado, meu amigo, teu comentário deixa minha alma feliz!
grande abraço!
Richard
Richard,
ResponderExcluirLi seu artigo. É bem esclarecedor. Estmos divulgando, pois se não massificar nunca vamos ganhar dos "ecodesagradáveis".
Por oportuno, veja nossa recente carta ao Ministro da Agricultura sobre o caso Metamidofos. Anexo.
Abs
Tulio de Oliveira
AENDA
COMENTÁRIO DO BLOGUEIRO:
Túlio
Não consegui abrir o anexo. Se não for longa posso publicar.
Oi, Richard! Faz tempo que não falo com vc, mas tou aqui agora pra dizer como gosto de ler o que vc escreve! Nesse assunto aí dos agrotóxicos, a polêmica ainda está longe de receber um ponto final, né? Mas li seu artigo e os comentários postados porque procuro, até onde dá, comprar e consumir produtos sem agrotóxicos e quis ver o que vc tinha a dizer sobre isso. Quando vou à feira ou ao mercado comprar legumes e frutas, sinto, de longe, o cheiro do agrotóxico nos alimentos. No prato, sinto o sabor, digamos, esquisito, de uma forma nítida - e acho muito desagradável. Aqui em casa ninguém percebe esse cheiro e sabor, mas eu, sim. E acho que, se o produto usado altera o aroma e o sabor natural do alimento, não tá certo. Se faz realmente mal ou não, ainda não sei, de fato, mas eu particularmente não gosto de sentir que o tomate que vou comer tá com um cheiro e um gosto que lembram remédio e não tomate. E, pra mim, essa sensação é nítida e marcante. Portanto, continuo preferindo os orgânicos.
ResponderExcluirRichard, quero sinceramente parabenizá-lo pelo seu esclarecedor artigo. Precisamos mostrar para a opinião pública que os fertilizantes e os defensivos agrícolas têm o propósito de alcançar altos rendimentos dos produtos agrícolas. A planta necessita de nutrientes, seja ele de origem mineral ou orgânica. A planta absorve os elementos na forma iônica, seja o NO3-, H2PO4-, Ca2+, e a origem destas formas não influenciam no seu desenvolvimento, mas sim o seu fornecimento adequado. A fonte orgânica tem suas vantagens em relação as propriedades físicas do solo, o que é demonstrado em muitos trabalhos científicos.
ResponderExcluirCom relação aos defensivos agrícolas, uso aqui uma analogia do Eduardo Daher (Diretor Executivo da Andef), se meu filho está doente e o médico receita um antibiótico, não vou arriscar a vida de meu filho e negligenciar o tratamento. Da mesma forma, eu tenho uma filha chamada soja, por exemplo, se há algum ataque de praga ou doença, não vou arriscar minha produção. Lembro aqui, que para os defensivos, existe o tempo de carência, quando respeitado, os riscos de qualquer natureza se tornam nulos.
Valter Casarin
Ana Luiza,
ResponderExcluirhá uma certa confusão no mercado, sobre essa questão do cheiro. Os produtos (alimentos) que mais possuem esse cheiro a que vc se refere são a cenoura, chuchu, beringela, abobrinha, pimentão, tomate e até mesmo algumas folhosas. Esse cheiro, que muitas vezes lembra a mofo, ou umidade, na verdade é isso mesmo, mofo. É transmitido aos alimentos citados pelos engradados de madeira utilizados pelos produtores rurais. Esses engradados são confeccionados com madeira "verde", ainda com alta umidade, e o cheiro a que vc se refere é esse, de umidade e mofo, e não de agrotóxicos.
Há uma lei federal recente que deverá substituir o uso de engradados de madeira por plástico ou papelão, mas o mercado tem um prazo para se acomodar e atender as exigências da lei. O problema do engradado de plástico é que é muito mais caro do que o de madeira, apesar de retornável. O de papelão não é retornável, obviamente.
Muita informação de uma vez só, mas me pareceu lógica a série dos argumentos apresentados. Achei incrível, nada como ler a opinião de um especialista, sobre o cheiro que parece de veneno no tomate, chuchu e cenoura, que a gente percebe, e se engana, porque é umidade... Interessantíssimo!
ResponderExcluirParabéns, belo texto!
Conceição Kriestovcs, professora de matemática, aposentada.
Richard
ResponderExcluir-a causa do cancer ja' e' conhecida ha' decadas, bem como varias solucoes existem baseadas em desintoxificacao, nutricao, energia/eletricidade, nutraceuticos etc, todas custam muito barato e nao sao interessantes para os fabricantes dos mesmos componentes quimicos usados nos seus agrotoxicos voce deve ver o filme http://en.wikipedia.org/wiki/The_Idiot_Cycle
-Quanto 'a sua oferta para publicar um artigo, que ja' havia respondido, sera' feito em tempo oportuno entretanto qualquer pessoa interessada no assunto pode entrar em contato como pesquisar na Internet ou buscar por exemplo os (infelizmente) pouquissimos especialistas da Emater.
-Quanto ao seu comentario sobre os artigos sobre densidade nutricional de organicos e nao organicos em quase 70% de 100 estudos publicados mundialmente sobre o assunto a superioridade dos organicos foi comprovada. O que precisamos entender alem disso e' que uma analise dos solos em producao agroecologica x convencional mostram manutencao de densidade nutricional em agroecologia x deterioracao em outros metodos, ou custo maior para recuperar a produtividade, portanto menos sustentaveis.
Finalmente, os consumidores esclarecidos quando dados a opcao de comerem alimentos sem agrotoxico x com agrotoxico por precos similares (em Minas Gerais a Emater ja' demonstrou, por exemplo, em varios locais producao de tomates agroecologicos com rendimentos MUITO maiores e custos muito menores do que aqueles usando agrotoxicos) sempre escolhem os sem agrotoxicos e esta e' uma tendencia mundial. Como disse antes, a tecnologia de agrotoxicos e' obsoleta e para gente mal informada que faz parte, conscientemente ou nao, do "ciclo de idiotas" mencionado no filme acima. E de idiotas o planeta esta' cheio, inclusive Professores Doutores.
Well over 100 studies have been published comparing the nutrient content of organic and conventional food grown on similar soils in the same region. The results show that organic foods are nutritionally superior in about two-thirds of the "matched pair" cases, and moreover, the magnitude of the differences clearly favor organic production systems.
http://www.organiccenter.org/reportfiles/Nutrient_Content_SSR_Executive_Summary_FINAL.pdf
http://www.organic-center.org/reportfiles/Ecofarm_2009_Science.pdf
http://www.renegadehealth.com/cancer/closeout.html
http://renegadehealth.com/blog/2011/11/02/what-is-the-best-diet-for-cancer-patients/
http://publications.imva.info/index.php/e-books/e-book-winning-cancer.html
http://www.hacres.com/pdf/documents/research-carrot-juice-full.pdf
http://www.knowthecause.com/
http://www.nutritionaloncologyresearchinstitute.com/
http://cancerisnotadisease.com/
http://www.naturalnews.com/033806_GMO_videos.html
http://www.cancerisafungus.com/
http://www.cancertutor.com/
Gerson Machado, PhD
Richard:
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho de esclarecimento sobre temas dessa relevância. A propósito do seu interesse pelo tema das mudanças climáticas, manifestado em artigos anteriores, envie-me um endereço postal, para que eu lhe envie um exemplar de meu livro "A fraude do aquecimento global: como um fenômeno natural foi convertido numa falsa emergência mundial", publicado em 2009 e prefaciado pelo Dr. Luiz Carlos Molion.
Geraldo Luís Lino
"Ecodesagradáveis" e "ecochatos" são todos papagaios das WWF e GREEN PEACE da vida. Eles só sabem repetir o que os mestres mandam.
ResponderExcluirhttp://www.acresusa.com/events/11conf/Conf11Brochure_web.pdf
ResponderExcluirThe Acres U.S.A. ConferenCe is the premier event nationwide for commercial-scale sustainable and organic agriculture.
Over a thousand people from around the world gather together to tap the knowledge of some of agriculture’s brightest minds.
Interactive, In-Depth & Practical Lectures & Workshops
Learn organic and non-toxic farming from the nation's leading eco-farmers and consultants
Oi Richard,
ResponderExcluirGostei do artigo e estou de acordo. Não entendo disso, mas me baseio em fatos facilmente constatáveis, como o aumento da expectativa de vida, citado no artigo. Além do mais, depois do ocorrido recentemente na Europa (a tal da bactéria que andou causando mortes) vê-se que produtos orgânicos são mais vulneráveis, já que o problema se originou dos orgânicos. Prefiro um veneninho calculado do que uma bacteriazinha fdp...
Abraços
Zé
Richard, peço licença para informar ao José Roberto que foi esclarecido pela mídia, semanas depois do incidente, que o problema não foi originado nos orgânicos, cf. noticiado.
ExcluirMarcílio,
Excluiressa pra mim é nova. Os jornais, pelo contrário, confirmaram que a fonte contaminação foi no broto de feijão orgânico vendido na Alemanha, e exportado para toda a Europa e até mesmo EUA e Canadá. A controvérsia, que não ficou claro, é se era Escherichia Coli ou Salmonella.
Olá Richard, se o negócio é artigo em Inglês, aqui tem um que relata alguns fatos baseados em pesquisa de mercado. Abraço.
ResponderExcluirEuropeans Voting with Their Wallets for Non-Organic Products By Jaclyn Sindrich
Managing Editor
October 31, 2011
If sales figures are any indication, Europeans are deciding in growing numbers that organic food isn’t worth the additional expense.
The organic industry in the UK – the EU’s third-largest organics market – is in the midst of a three-year-long slump, as consumers favor conventionally farmed products amid the global economic downturn. The drop in sales of organics might also reflect an increasing acceptance of modern agriculture.
Sales of organic food have been tumbling in the UK since 2009 and interest in the market is waning in other EU countries as well, analysts say. UK organic sales fell nearly 6% to $2.79 billion in 2010, following a 12.9% decline in 2009, although the rate of decline has slowed in recent months, says the Soil Association. Farmers are responding to decreasing demand and abandoning organic: The conversion to organic-farmed fields is down two-thirds since 2007, according to the Department for Environment, Food and Rural Affairs.
“It’s a declining market. Not a lot of people are talking about it,” analyst Matthew Phillips of Phillips McDougall said in an interview. “You can’t get as high of a yield with an organic product as you can with a product that is protected by either chemicals or biotechnology.”
Countries such as Sweden still show strength in the sale of organics, but they are niche markets compared to Germany, Italy and the UK, says Dominic Dyer, chief executive of the Crop Protection Association.
“People are watching more carefully what they spend on food and are more inclined to question some of the values of the organic sector,” Dyer said in an interview with Farm Chemicals International. “It’s going on in Germany; it’s going on in France; it’s going on in the Netherlands.”
In Germany, the organic food industry more than doubled in sales from 2000 to 2007, but has been sluggish recently, as more consumers opt for cheaper, conventionally farmed products rather than pay more for organics, which can command a 40% premium.
Bad press could be having an impact as well. This past summer, bean sprouts from an organic farm in Germany were to blame for the world’s largest E. coli outbreak to date. More than 60 people were killed, thousands more were infected, and the outbreak made headlines across the globe.
The 2009 Food Standards Agency report also played a significant role in swaying the public against organics, Dyer says. The report, which attracted heavy media attention, states flatly that there are “no independent authoritative statements on the nature and importance of differences in content of nutrients and other nutritionally relevant substances … in organically and conventionally produced foodstuffs.”
To date, there are no cases of human health problems resulting from GMOs, a statistic backed by the World Health Organization.
“I think we’ve seen a growing interest in GM technology,” Dyer says. He points to the example of BASF’s new GM potato, which is resistant to the late-blight disease that wipes out up to 20% of the global potato harvest every year.
“The organic industry, by opposing [technology] in principle, is looking like it’s putting its head in the sand and not really dealing with the problem, and I don’t think that’s helping the industry’s reputation either,” he adds.
The German chemical giant applied for EU approval of the table potato, called Fortuna, earlier this week, and expects to bring it to market in 2014/15.
Como Engenheiro Agrônomo, segue abaixo minha opinião:
ResponderExcluirQuando o negócio for agrotóxico (ou defensivos agrícolas), estes deveriam ser utilizados somente após diagnóstico "in loco" do Engenheiro Agrônomo e da emissão do Receituário Agronômico, mediante análise deste profissional. Assim resolveríamos com certeza o problema de resistência de pragas, doenças e plantas daninhas a defensivos agrícolas e também o problema de resíduos de agrotóxicos nos alimentos, etc.
Metas de venda de agrotóxicos impostas aos vendedores das revendas, aplicações do tipo "cheirinho" no embalo de outros produtos antes de haver o problema e de produtos não registrados para tal fim é o que faz com que os agrotóxicos sejam o grande vilão na agricultura. Veja, por exemplo, o que aconteceu com o caso da resistência bacteriana a antibióticos: simplesmente impuseram a exigência da Receita Médica no ato da venda de antibióticos na farmácia. Não se vende mais antibiótico sem que haja a consulta e a prescrição médica. Como resultado, grande parte do problema resolvido. O mesmo deveria acontecer no caso dos agrotóxicos. Porém, enquanto houver metas a serem cumpridas nas revendas e não houver fiscalização, infelizmente as coisas serão assim. Outro exemplo clássico é o caso do desrespeito ao nível de controle das pragas, em especial da lagarta da soja, por exemplo. Pesquisas de órgãos oficiais, como EMBRAPA, afirmam que a soja tolera 30% de desfolha no estágio vegetativo. O que acontece é que o agricultor quando vê um furo na folha já aplica inseticida. Assim, acaba aplicando 4, 5, 6 vezes durante o ciclo da cultura. Afirmo com convicção que está sendo aplicado uns 60% a mais veneno do que realmente necessitam as grandes culturas. Reforço aqui mais uma vez que agrotóxico só deveria ser permitido aplicar mediante autorização do Engenheiro Agrônomo, assim como ocorre no caso do médico, no exemplo do antibiótico referido anteriormente. Não deve haver esse negócio do agricultor chegar na revenda e dizer: "Eu quero tal produto". Isso é errado e contra a lei. Outro ponto crítico é o fato de profissionais desqualificados para tal função, como técnicos agrícolas prescreverem defensivos agrícolas. Será se entendem sobre mecanismo de ação/manejo de resistência, seletividade, toxicologia, entomologia, fitopatologia, etc., etc.??? Sugiro ao Richard uma reportagem na revista DBO abordando todo os assuntos deste comentário. Como Engenheiro Agrônomo e produtor rural, sei do que estou me referindo. Abraço!
Se alguém quer saber sobre segurança dos agrotóxicos, recomendo a leitura do que consta na embalagem da isca Mirex-S (excelente). Ali a indústria tira o dela da reta (eu avisei!) e pronto, está resolvido o problema da segurança. Se o usuário não leu (!) ou não seguiu as instruções, problema dele...
ResponderExcluirQuanto mais vivo, mais aprendo. Nos meus 75 anos de idade jamais li algo tão esclarecedor e com tamanha síntese, afora a eloquência, sobre assunto tão complexo, e ainda com debates de gente esclarecida. Isso é democracia!
ResponderExcluirParabéns!, foi uma aula e tanta. Aula magna!
Joaquim Pedro de Assis, Recife
Se for comparar a dita "eficiência da agricultura "moderna" com a tradicional, ver-se-á que se forem considerados todos os componentes da produção atual, ela não tem nenhuma vantagem sobre aquela de outrora, pois teríamos que computar os custos das indústrias química, mecânica, das cadeias de distribuição, etc., pois isso tudo era feito pelo próprio agricultor, assim como seus insumos eram todos dele mesmo. Ao contrário de hoje, que o agricultor é um mero tratorista que assume os riscos, não tem salário nem qualquer direitos e todos os seus insumos e a produção estão não mãos de grandes conglomerados que ditam todas as regras do setor. Essa engrenagem só funciona através de subsídios à indústria através dos impostos pagos por nós, logo, até mesmo esse custo deveria entrar na coparação.
ResponderExcluirflavio
Flávio,
ResponderExcluira grande vantagem da agricultura moderna, que usa tecnologias, é o aumento absurdo da produtividade. De um lado, isso barateia o alimento, e, de outro, reduz a necessidade de usar mais terras, por exemplo, áreas de floresta. Esse é o ponto nevrálgico, poupar terras para o futuro, e preservar o meio ambiente.
Engana-se vc ao pensar que o agricultor é um mero tratorista que assume riscos.
O Brasil, ao contrário da Europa e dos EUA, não subsidia seus agricultores. Por isso saímos de uma população rural de 70% nos anos 1970, para menos de 10% agora em 2012. Onde está o subsídio? Só trabalha com o agro quem tem competência e assume riscos, e estes são maiores do que os dos empresário urbanos, pois tem o clima, às vezes amigo, mas por vezes inimigo.
População rural de menos de 10% morando no campo, mas e toda a rede que citei e que hoje substitui o que o agricultor fazia antigamente e com total autonomia, todas as pessoas envolvidas nas indústrias citadas, mais as redes de distribuição, sistema bancário(desnecessário à época),etc. Há estudos que apontam para quase uma equivalência se forem computadas todas as pessoas envolvidas. E quem disse que, se fossem investidos todos os esforços no aperfeiçoamento de técnicas tradicionais e que perduraram séculos a fio sem destruir o ambiente, não se poderia ter a produção tão grande como a atual, já que a produtividade é relativa. Comparemos a energia gasta para produzir 1 Kg de soja(toda ela, desde as horas de trabalho nas indústrias,bancos,etc.)e veremos que a dita eficiência é uma falácia, apenas enriquece o conglomerado oligopolista que controla toda a cadeia alimentar mundial. O ex. típico é a soja da monsanto, cujo faturamento na última década foi extratosférico graças à venda casada do veneno e da semente. E agora já há esgotamento do sistema com invasoras resistentes, mas é claro que já há outro produto salvador para substituí-lo e tornar o conglomerado ainda mais rico.
ResponderExcluirflávio
Richard, gostei muito do seu artigo, mas ele está um pouco incompleto, na desmistificação da neurose da extrema intoxicação por agrotóxicos (que na verdade eu chamo de defensivos agrícolas!). Esta neurose é estimulada pelo mito do bom selvagem, resquício de uma fase do romantismo chamada arcadismo, que pregava o retorno à natureza.
ResponderExcluirNa década de 1980 eu trabalhava em saúde pública, no combate a insetos vetores urbanos, justamente no setor de ensaios toxicológicos dos diferentes inseticidas, para prevenir eventuais resistências dos insetos-alvo aos inseticidas utilizados.
Da mesma forma que na agricultura, para fins de controle de vetores utilizamos três grupos de inseticidas: carbamatos, organofosforados e piretróides, todos com ação anticolinesterásica, os dois primeiros mais efetivos em virtude de ação prolongada, enquanto que o último grupo (que na verdade, atualmente estava representado por ésteres do ácido crisantêmico, ao invés do extrato da Pirisa-Piretro!), apesar de poco efeito residual, tinha excepcional efeito "knock down", ou seja, matava rapidamente.
Uma coisa importantíssima que desonestamente é omitida pelos grupos de ecochatos, radicalmente contrários ao uso de inseticidas nas lavouras, é que há um período mínimo entre a colheita do fruto ou do legume e a última aplicação de inseticida, e que todos os grupos químicos atualmente empregados são fotossensíveis, se degradando pela simples exposição ao UV presente nos raios de Sol, degradação esta que estimávamos na média em cerca de 40% da efetividade média por dia de exposição. Desta forma, no seu tomate hipotético que tivesse, digamos 0,02 mg de inseticida logo após a aplicação (=20 microgramas), como demanda um período mínimo de 5 dias até a colheita, neste 5º dias teria no máximo 1,55 microgramas na colheita. Lógico que até chegar a mesa do consumidor o processo de degradação do inseticida não pararia, decaindo ainda mais, a níveis indetectáveis a não ser com equipamentos especialíssimos. Como você pode perceber, temos que desmistificar esta neurose que se formou em torno dos inseticidas, condenando a todos indiscriminadamente pelo erro dos organoclorados, campanha que só posso imaginar favorecer a MONSANTO e seus transgênicos.
Richard, gostei muito do seu artigo, mas ele está um pouco incompleto, na desmistificação da neurose da extrema intoxicação por agrotóxicos (que na verdade eu chamo de defensivos agrícolas!). Esta neurose é estimulada pelo mito do bom selvagem, resquício de uma fase do romantismo chamada arcadismo, que pregava o retorno à natureza.
ResponderExcluirNa década de 1980 eu trabalhava em saúde pública, no combate a insetos vetores urbanos, justamente no setor de ensaios toxicológicos dos diferentes inseticidas, para prevenir eventuais resistências dos insetos-alvo aos inseticidas utilizados.
Da mesma forma que na agricultura, para fins de controle de vetores utilizamos três grupos de inseticidas: carbamatos, organofosforados e piretróides, todos com ação anticolinesterásica, os dois primeiros mais efetivos em virtude de ação prolongada, enquanto que o último grupo (que na verdade, atualmente estava representado por ésteres do ácido crisantêmico, ao invés do extrato da Pirisa-Piretro!), apesar de poco efeito residual, tinha excepcional efeito "knock down", ou seja, matava rapidamente.
Uma coisa importantíssima que desonestamente é omitida pelos grupos de ecochatos, radicalmente contrários ao uso de inseticidas nas lavouras, é que há um período mínimo entre a colheita do fruto ou do legume e a última aplicação de inseticida, e que todos os grupos químicos atualmente empregados são fotossensíveis, se degradando pela simples exposição ao UV presente nos raios de Sol, degradação esta que estimávamos na média em cerca de 40% da efetividade média por dia de exposição. Desta forma, no seu tomate hipotético que tivesse, digamos 0,02 mg de inseticida logo após a aplicação (=20 microgramas), como demanda um período mínimo de 5 dias até a colheita, neste 5º dias teria no máximo 1,55 microgramas na colheita. Lógico que até chegar a mesa do consumidor o processo de degradação do inseticida não pararia, decaindo ainda mais, a níveis indetectáveis a não ser com equipamentos especialíssimos. Como você pode perceber, temos que desmistificar esta neurose que se formou em torno dos inseticidas, condenando a todos indiscriminadamente pelo erro dos organoclorados, campanha que só posso imaginar favorecer a MONSANTO e seus transgênicos.
Roberto Ferreira da Costa - Rio de Janeiro-RJ
Roberto,
Excluirtenho vários artigos aqui no blog sobre questões dos agrotóxicos. O mais antigo está em 2007, é o "Agricultura é poluição", que foi publicado num relatório da FAO. Vc o encontra na aba lateral direita do blog, clicando nas flechinhas dos anos e meses, até chegar em 2007, dezembro.
Tenho outros textos, como "O veneno está à mesa", desconstruindo o documentário do mesmo título. Tem o "A Anvisa, a quem serve?". Para encontrar esses artigos, vá na parte inferior do blog, na aba lateral direita, e procure em "Tags" o termo Anvisa, que vão aparecer pelo menos uma meia dúzia de textos sobre o tema, ou agrotóxicos, e aí vai ter mais. Recomendo ainda o "Por que há maus jornalistas? É porque existem certos professores", que é de janeiro de 2011.
No artigo acima me referi aos organoclorados, e em outros sobre a fotodecomposição dos agroquímicos, mas seria um preciosismo de minha parte insistir nessas tecnicalidades, até porque, o blog é de interesse genérico, direcionado para "não especialistas", e, convenhamos, vc é mais do que um especialista na área. Por isso, me alegra que tenha gostado do texto.
O MISTICISMO EM TORNO DOS AGROTÓXICOS
ResponderExcluirDesde o século XIV as cidades europeias eram fedorentas, insalubres e enormes focos de epidemias, doenças as mais diversas, por causas totalmente desconhecidas da população da época, o que contrastava com o ambiente relativamente mais saudável dos campos na periferia.
Mantendo-se estas péssimas condições sanitárias até pelo menos o século XVIII, as colônias descobertas na América, com sua natureza exuberante, atraíram a atenção da mitologia europeia, como de retorno a um Jardim do Éden bíblico, com seus índios aparentemente mais fortes e saudáveis, tudo reforçando o mito do bom selvagem, segundo o qual tudo originado deste Éden bíblico é sublime, em contraponto com a degradação e corrupção de artigos e ambientes provenientes da cultura humana.
O século XIX reforçou o mito por sua incontrolável epidemia de tuberculose, gerando até uma “escola” dentro do romantismo, chamada arcádica, uma clara referência aos poetas-pastores da Arcádia, com sua proposição de fuga das cidades (fugere urbe).
Já em meados do século XX, no pós-guerra tivemos as filosofias da “nova era”, com seu ingênuo ideal de retorno às origens, a uma vida mais simples e ligada à natureza, rejeitando os artificialismos da civilização.
É exatamente nesta utopia de fuga da realidade que se insere a neurose da sociedade moderna, em torno dos agrotóxicos, dos transgênicos, etc.
E tem outra coisa, Roberto: com o novo Código Florestal, que obriga a deixar crescer matinhos em beiras de rios, córregos e fios d'água, vai voltar a febre amarela e uma mosquitaiada que vai dar medo...
ExcluirRichard
ResponderExcluirum novo livro interessante sobre este tema antigo:
The Myths of Safe Pesticides
Andre Leu
Learn about:
• The “Rigorously Tested” Myth
• The “Very Small Amount” Myth
• The “Breakdown” Myth
• The “Reliable Regulatory Authority” Myth
• The “Pesticides Are Essential to Farming” Myth
#7335 • Softcover • 168 pages • $16.95
--http://www.acresusa.com/media/downloads/Winter-2015-Acres-USA-Book-Catalog.pdf
SDS
Gerson
Richard, ainda sobre o livro do Andre Leu, achei varias entrevistas interessantes e o livro tem os dados mostrando rendimento e varios beneficios; nao ha' mais logica ou escala/sustentabilidade no caminho atual de pesticidas e nao reposicao das variaveis chave nos ecosistemas...
ExcluirSDS
Gerson
===
--https://www.youtube.com/watch?v=YAtAkE5PrVk
The Myths of Safe Pesticides: Agriculture Without Pesticides 2min
===
--https://www.youtube.com/watch?v=YAtAkE5PrVk
The Myths of Safe Pesticides: Pesticides Today 5min
Published on Oct 14, 2014
The chemical-based conventional agriculture industry claims that the synthesized concoctions they sell as pesticides, herbicides, and insecticides are safe when used as directed, but does the scientific evidence truly support their assertions? Organic agriculturist and lecturer André Leu delves into a wealth of respected scientific journals to present the peer-reviewed evidence that proves the claims of chemical companies and pesticide regulators are not all they seem. Leu translates technical jargon into layman's terms to break down the five most repeated myths about pesticide use: independent scientific analysis shows that pesticides are not at all as safe as industry leaders and regulatory agencies claim. The pesticide industry argues that human agriculture, and thereby the global population itself, cannot survive without using pesticides and herbicides, but Leu warns that human health is at great risk unless we break free of their toxic hold and turn to more natural methods of pest and weed regulation.
Learn about:
The “Rigorously Tested” Myth
The “Very Small Amount” Myth
The “Breakdown” Myth
The “Reliable Regulatory Authority” Myth
The “Pesticides Are Essential to Farming” Myth
This is a brief interview with André Leu, author of The Myths of Safe Pesticides.
===
--https://www.youtube.com/watch?v=lBrxUFVbakE
Andre Leu - The Myths of Safe Pesticides - Common Ground Country Fair 2014 56min
===
--https://www.youtube.com/watch?v=YAtAkE5PrVk
Dr. Mercola Interviews Andre Leu on His Book, "The Myths of Safe Pesticides" 25min
--http://articles.mercola.com/sites/articles/archive/2014/12/28/safe-pesticides-myth.aspx
The Myth of Safe Pesticides
Story at-a-glance
There are about 80,000 registered chemicals used. Of these, only a few hundred are actually tested for safety
What little safety testing is done is considered inadequate by most toxicologists
Most chemicals are tested only in isolation. In real world application however, most of them are using combination, and no one’s testing for the synergies between chemicals
One of the simplest and most effective strategies to avoid exposure to toxic pesticides is to eat organic food
===
Excelente artigo Richard!!! Parabéns novamente!!!
ResponderExcluirSeria interessante atualizar o mesmo agregando novas informações sobre o assunto.
Concordo duplamente com o anderphoenix, Richard. O artigo é excelente e o assunto deve ser revisitado face às novidades, como "lei do Veneno", publicações mais recentes, novos mandatários etc. E ninguém melhor que você para sintetizar tudo em uma leitura esclarecedora e agradável. Parabéns ainda pelo espaço democrático e atencioso para com as ideias divergentes, sempre necessárias.
ResponderExcluir