Richard Jakubaszko
Trecho do editorial do Jornal da Tarde, na sua última edição, no dia 31 de outubro de 2012:
“A submissão acrítica ao fascínio da velocidade sem rumo devolve a
humanidade a uma crescente incapacidade de pensar e vai reduzindo a vida a
uma sucessão de reações automatizadas de sobrevivência onde somos nós
que, em bando, servimos às máquinas e não elas que nos acrescentam à
individualização, à segurança e ao confronto material ou espiritual”.
Comentários do blogueiro:
Parafraseando David Ogilvy, "gostaria de ter escrito isso".
Entretanto, devo dizer, não nas condições que originaram a necessidade de publicação do editorial. Se o texto é brilhante, por explicar e em parte justificar o fim de uma das mais talentosas publicações impressas do jornalismo brasileiro, assim como o foram em seu tempo O Pasquim, Jornal do Brasil, Gazeta Mercantil, Correio da Manhã, Última Hora, Correio do Povo, e as revistas Senhor, Realidade, O Cruzeiro, Manchete, Visão etc. e etc., é verdadeira a análise ao apontar a imbecilidade dos telespectadores, especialmente estes, mas o editorial não citou explicitamente se a TV ou a internet, ou esse conjunto, foram os responsáveis pelo fim do vespertino mais criativo de São Paulo. Inegavelmente, a pequena presença publicitária foi a grande responsável pelo fim do JT.
Quero dizer, com isso, em minha opinião, que o principal responsável pelo fim do JT é, majoritariamente, o mercado publicitário, jamais os leitores. Evidentemente que parte dessa responsabilidade deve ser atribuída e dividida entre os administradores do jornal, do dept. comercial do jornal, por erros cometidos, e até mesmo da ausência de um amplo mercado de leitores, mesmo em São Paulo, para acompanhar / entender / gostar do conteúdo editorial do JT, e até mesmo as oscilações da qualidade editorial do JT em suas diversas fases, as quedas de tiragens, esse seria o conjunto das causas do fim do JT, mas as agências de propaganda são as maiores responsáveis, por não entenderem dos processos de se produzir conteúdo jornalístico de qualidade e por sempre procurarem premiar com as suas verbas publicitárias as enormes quantidades de leitores / telespectadores, e nunca a qualidade e a qualificação destes, que sempre será uma minoria.
Muita dignidade na despedida do Jornal da Tarde, enorme elegância, na foto da primeira página, no agradecimento, e mesmo no editorial. O JT não será a última publicação de alta qualidade editorial a desaparecer, com toda a certeza.
A mediocridade prevalece sempre.
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