Richard Jakubaszko
Na última quinta-feira participei de um já tradicional almoço mensal com 6 amigos, no velho (102 anos) Filet do Moraes, no centro de São Paulo, com muito alho no filet. Além de trocas de informações sobre o mercado, filosofia, futebol, idiossincrasias humanas, fofocas e outras inutilidades, entrou na pauta das conversas a corrupção política e o balde entornou com divergências de opiniões entre um dos participantes e eu, claro, não poderia ser diferente.
Estivemos longe das vias de fato, porque civilizados, ou domesticados que somos, mas o ambiente esquentou e quase azedou a cerveja. Os demais tentavam filosofar sobre algumas questões pontuais, colocando panos quentes, mas a verdade é que o almoço terminou sem acordo de opiniões e cada um foi embora com sua própria verdade. Meu contendor das tertúlias políticas saiu do filet do Moraes tão irado que esqueceu de pagar sua cota parte do almoço... Entreveros como esse, tão comuns hoje em dia, demonstra o quanto o Brasil anda vagando sem rumo, sem liderança, sem qualquer estratégia, rumo ao precipício, com a boiada em disparada, fazendo muita poeira e barulho. Nessa disputa midiática de políticos que andam apenas olhando para 2018, brasileiros e amigos esquecem da fraternidade comensal para debater a corrupção generalizada, como se esta fosse única e individualizada ou então generalizada e atávica, e aí embolam-se as opiniões adversativas. O problema, nesse caso, e em todos os outros, é que há um ódio no ar, flutuando, e quem tem opinião contrária ao do outro transforma-se em inimigo, porque as discussões viram confronto de dogmas monolíticos e inquebrantáveis. Daí, gera o famoso e hilário "não tenho culpa de sempre ter razão", o que não é exclusividade dos jovens. Os mais velhos conservaram essa imbecilidade, hoje exacerbada.
Há o quase consenso de que os políticos são reféns da grande mídia, que é quem comanda o espetáculo da hipocrisia moralista, e constrói a agenda do executivo, de um governo que abriga a maior quadrilha de escroques que se tem notícia na história desta nação. E tudo isso comandado pela hipocrisia da moralidade dos procuradores em combater seletivamente a dita corrupção, matéria prima que chegou na bagagem dos portugueses com balangandãs, colares e quinquilharias para entregar as nossos índios. Os portugueses alegam até hoje que não sabiam onde iriam aportar com suas caravelas, mas vieram preparados para tudo, inclusive fazer lobby com indígenas ou ETs.
Hoje, encontrei na internet um vídeo com depoimento do jornalista Luis Nassif, sobre a Lista de Janot, em que ele expressa cheio de indignação um pouco do que tentei explicar aos comensais do nosso alho-mensal fraternal, sem obter o efeito que desejava, por isso envio a todos, como sobremesa, algumas palavras que deixei de expressar, pois o Nassif resumiu o imbróglio muito bem, e eu assino embaixo.
No frigir dos ovos, tenho uma certeza, nada ainda resolvido, pois somos todos culpados, e somos todos perdedores, e nem poderemos todos migrar para o Canadá, aconteça o que acontecer. Eu vou ficar por aqui, independentemente das desgraças futuras, pra ajudar a endireitar essa nossa hipocrisia moralista, cujas origens remonta a hábitos e tradições luso-católico-judaico-afrodescendente, amálgama da massa cultural tupiniquim quase analfabeta, politicamente falando, é claro. É a nossa moral juvenil, própria dos adolescentes.
Divirtam-se com a ira do Nassif, que é minha também.
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