Richard Jakubaszko
Mais uma vez o UOL publica matéria tendenciosa sobre as mudanças climáticas, como sempre de forma acrítica. O texto abaixo, grafado em preto, é da jornalista Julia Moióli, e faço comentários grafados em vermelho, com o objetivo de contestar cada uma das afirmações reproduzidas no UOL.
Por que os alimentos que você consome afetam o ar que você respira
Julia Moióli
Colaboração para Ecoa 22/07/2024 - Publicado no UOL
Até chegar à nossa mesa, os alimentos precisam ser cultivados, processados e transportados. Cada uma dessas etapas gera gases do efeito estufa (GEE), que são os principais responsáveis pelas mudanças climáticas.
Dados recentes da ONU (Organização das Nações Unidas) mostram que a agropecuária responde por 23% de todas as emissões globais de GEE - além de usar aproximadamente 70% da água doce captada do planeta e quase 40% da terra. (Aqui começa o grande busílis, que classifico como "a grande mentira do Século XXI", conforme registrei no livro "CO2 aquecimento e mudanças climáticas: estão nos enganando?". A agropecuária não representa 23% de todas as emissões globais de GEE, porque, na verdade, 97% de todas as emissões de GEE são feitas pela natureza (vulcões, mares, florestas, matéria orgânica em decomposição) enquanto apenas 3% dessas emissões são da responsabilidade das atividades humanas, sejam veículos urbanos e de transporte terrestre, aéreo e marítimo, lixões, e ainda de fábricas, queimadas. e até mesmo da respiração humana. O total de emissões calculado pelo CO2 Carbon Cycle, é de 200 bilhões de toneladas de CO2 equivalente por ano. Mas esse cálculo é estimativo, porque tem um viés de 20% para mais ou para menos, e isso em ciência é crítico, pois demonstra a falta de exatidão e a relatividade do que se trata. Fora isso, o CO2 representa 0,038% da nossa atmosfera, e nem na homeopatia isso é importante, até porque 0,038% não influencia e não muda o todo, é apenas uma fração quase insignificante, com zero depois da vírgula. Pode mudar dentro de uma estufa, mas não na atmosfera livre, a ponto de ser chamado de GEE causador do aquecimento. Como humanos, em média, aspiramos 7 litros de Oxigênio por minuto, e expiramos outro tanto de CO2 no mesmo tempo. O ser humano, e qualquer mamífero, é uma máquina de produzir CO2. Faça o cálculo e você verá que só a humanidade (em seus 8 bilhões de pessoas) exala 24 trilhões de litros de CO2 por ano.
Outra mentira absurda citada nessa história é de que a agropecuária "gasta" 70% da água doce "captada" no planeta via irrigação. Esse foi o cálculo feito por pesquisadores em Israel e Espanha, dois dos países mais secos do planeta. Eles calcularam que de toda a água dos rios nesses dois países tinham o consumo de 10% para uso humano residencial (fazer comida, tomar banho, lavar a roupa e a casa), 20% era consumido pelas indústrias, e 70% pela irrigação. Ora, quanto a humanidade consome da água de um rio? Apenas de 1% a 5%, conforme estudos científicos comprovados, portanto, de 95% a 99% da água de todos os rios chegam aos mares. Então, estamos falando de consumo "exagerado" de 70% de 5%? É risível isso, mas a mídia recita isso com frequência em várias matérias como argumento contra a agropecuária, mas o bom senso tem limite. Sem contar que apenas 10% da agropecuária brasileira é irrigada.)
Os principais gases liberados na atmosfera pela atividade são metano, óxido nitroso e dióxido de carbono, provenientes de:
* Processo digestivo do gado
* Fertilizantes agrícolas nitrogenados
* Transporte e refrigeração
* Produção de embalagens
* Desperdício de alimentos
* Desmatamento para expansão de terras agrícolas
"No Brasil, o desmatamento para a conversão do uso da terra é a principal contribuição do sistema agroalimentar para o aquecimento global", diz Luís Fernando Guedes Pinto, diretor executivo da Fundação SOS Mata Atlântica. "A queima das florestas joga grandes quantidades de gás carbônico na atmosfera."
De acordo com o MapBiomas, rede colaborativa formada por ONGs, universidades e startups de tecnologia que mapeia a cobertura e o uso da terra, a área ocupada pela agropecuária no território nacional cresceu 50% entre 1985 e 2022. (Mas a agricultura ocupa, hoje, apenas 7% da área total do território brasileiro. Sobre a emissão de metano pelos bovinos já publiquei neste blog muitos posts, mas este seria suficiente para derrubar o argumento falacioso dos ambientalistas: https://richardjakubaszko.blogspot.com/2023/07/o-metano-bovino-nao-e-importante-como.html )
O aumento de 95,1 milhões de hectares corresponde a uma área maior do que o estado do Mato Grosso, o terceiro maior do país. Quase dois terços dessa expansão são utilizados para pastagem, e 10% para a agricultura.
Que alimentos têm maior impacto nas mudanças climáticas?
"No nosso modelo de uso da terra no Brasil, a pecuária é, sem dúvida, a maior emissora", responde Giampaolo Queiroz Pellegrino, pesquisador da Embrapa Agricultura Digital.
No mundo, a atividade responde por 14,5% das emissões globais anuais. Para se ter uma ideia, dados recentes do IPCC indicam que o setor de transportes emite 15% dos GEE do mundo.
Na pecuária, o destaque negativo vai para a produção de carne e leite bovinos, que responde por mais de 60% dos gases de efeito estufa emitidos pelo setor, especialmente por conta do desmatamento e dos gases envolvidos no processo de digestão feito pelos animais. Em seguida, vem a produção de suínos, de frangos, de búfalos e de pequenos ruminantes.
Por que consumir vegetais é mais saudável para o planeta?
As emissões de gases do efeito de estufa provenientes de alimentos de origem vegetal são, em média, de 10 a 50 vezes menores do que as de produtos de origem animal, segundo estudo publicado na revista Science. O cultivo de frutas, vegetais e cereais também utiliza menos energia, terra e água.
Como as emissões dos alimentos podem ser reduzidas?
"Costumamos dizer que a agricultura é vilã e vítima das mudanças climáticas", diz Pellegrino, da Embrapa Agricultura Digital. "Isso porque ela tanto contribui para a emissão de gases de efeito estufa como sofre o impacto do aquecimento global."
Nesse caso, é possível virar o jogo. "Se realizada de forma consciente, [a produção de alimentos] pode se tornar aliada na redução das emissões globais também, sequestrando carbono da atmosfera e armazenando-o no solo", diz Guedes Pinto, da SOS Mata Atlântica.
O Plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono), política pública criada em 2011, é um exemplo de iniciativa nesse sentido. Ele estabeleceu ações para ampliar práticas agropecuárias sustentáveis, como recuperação de pastagens degradadas, integração entre lavoura, pecuária e floresta, fixação biológica de nitrogênio e tratamento de dejetos animais, entre outras.
Qual é o impacto do desperdício de alimentos?
Segundo a ONU, quase 1 bilhão de toneladas de comida - o equivalente a 17% de toda produção - vai para o lixo todos os anos. Ou seja, uma quantidade considerável de GEE foi emitida na produção, e recursos como água e energia foram desperdiçados.
Apenas nos Estados Unidos, o desperdício anual de alimentos representa 170 milhões de toneladas métricas de emissões de gases de efeito estufa, de acordo com a Agência de Proteção Ambiental americana (EPA). Isso equivale às emissões anuais de GEE de mais de 40 usinas alimentadas a carvão.
Cortar produção, transporte e apodrecimento desse excedente de comida pode reduzir as emissões globais em até 8%, diz a ONU.
Iniciativas individuais ajudam?
De acordo com os especialistas consultados por Ecoa, considerando os atuais efeitos das mudanças climáticas, o mundo precisa de ações amplas e urgentes. Mas cada um pode contribuir um pouco mudando seus hábitos. "Podemos reduzir nossas emissões com um consumo mais sustentável, mais focado em produtos in natura, de preferência orgânicos, e menos em industrializados", acredita Pellegrino, da Embrapa Agricultura Digital. (Queria saber se o pesquisador Pellegrino da Embrapa é vegano ou vegetariano. Ou esse é o objetivo dos ambientalistas: tornar cada ser humano um vegano? Até recentemente esse objetivo era subliminar, mas agora está explícito!).
Outras sugestões da ONU são:
Aposte em uma alimentação balanceada e rica em vegetais: uma dieta vegetariana pode reduzir a pegada de carbono em até 500 quilogramas de CO2 por ano. (Da ONU e do IPCC a gente já sabia do objetivo, a humanidade terá de se tornar vegana para "salvar o planeta" do aquecimento. Que proposta ridícula!)
Não desperdice comida: planeje melhor as compras e o preparo e fique atento ao descarte - compostagem é uma alternativa mais verde
Use sacolas retornáveis nas compras. (Outra proposta infantil. O problema do planeta é a superpopulação, e 8 bilhões de bocas consumindo vai tornar tudo pior do que já está, mas os ambientalistas não debatem controle demográfico. Aliás, os ambientalistas e a mídia não querem debater nada. Os ambientalistas querem ganhar dinheiro com o pânico que criaram, e a mídia bate palmas, de forma acrítica. É vergonhosa e lastimável essa campanha ambientalista, um ato de terrorismo, apenas isso.)
Fonte: Fernando Guedes Pinto, diretor executivo da Fundação SOS Mata Atlântica; Giampaolo Queiroz Pellegrino, pesquisador da Embrapa Agricultura Digital; Harvard T.H. Chan School of Public Health; ONU, Resources for the Future; revista Science; e USDA.
Veja mais em https://www.uol.com.br/ecoa/faq/como-os-alimentosafetam-o-clima.htm?cmpid=copiaecola
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