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domingo, 19 de março de 2017

A carne é fraca II

Richard Jakubaszko

Recebi do amigo Maurílio Biagi Filho o e-mail abaixo, sobre a operação carne fraca e da postagem que fiz ontem aqui no blog. Pela importância da abordagem publico como um post, e não como comentário. Diz Maurílio:


Prezado Richard,
Parabéns pelo belo artigo.
Recebi do meu amigo ex-Ministro da Agricultura Antonio Cabrera a mensagem abaixo que achei muito apropriada e pertinente.

Na sexta-feira, lembrei-me do livro “Mauá, Empresário do Império”, do Jorge Caldeira.

Veio também a lembrança de que em 1989 o DNC (Departamento Nacional de Combustíveis) provocou falta de álcool com comprovados 300 milhões de litros em estoque (muito à época) só na região de Ribeirão Preto.


Coincidência: 98% dos carros vendidos eram a álcool, fato que incomodava em função da diminuição da venda de gasolina e da dificuldade do craqueamento nas refinarias.


O que aconteceu?

Quebrou a espinha dorsal do maior programa mundial de Energia Renovável.

De 98% caiu para ZERO alguns anos depois. À época, a omissão dos produtores que não escrevemos nenhuma linha a respeito disso, nenhum comunicado, não pressionamos... foi fatal.

Nesse momento, quero lembrar Martin Luther King: “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.”

Abaixo segue o texto do Cabrera.

Abraço,
Maurilio Biagi Filho
Maubisa
Presidente


O papelão dessa história das carnes
Por Antonio Cabrera, ex-Ministro da Agricultura

Como veterinário e tendo estado à frente do Ministério de Agricultura fiquei impressionado com o episódio das carnes: a maior operação da Polícia Federal e realizada simultaneamente em 6 estados.

Não só pela questão da qualidade de nossos alimentos, mas pelo estrago incalculável feito no difícil mercado internacional conquistado palmo a palmo de mais de 150 países onde estamos presentes.

A pecuária brasileira tem dimensões impressionantes, como a maior área de pastagem tropical do mundo, ocupando mais de 170 milhões de hectares e é responsável pela geração da maior parte da riqueza no campo.

Somos detentores do maior rebanho comercial do mundo, gerando mais de 7 milhões de empregos e a única atividade que está praticamente em 100% dos municípios. Se fechar, encerra as atividades de 49 diferentes segmentos industriais.

E agora?

Dois pontos importantes: sim, o primeiro é punir os responsáveis, sejam do setor público ou privado.

Mas é preciso entender que mais importante do que o combate a corrupção (que é essencial), é descobrir a razão desta praga que se espalha pelo Brasil. É hoje pior do que a febre aftosa foi em nossos rebanhos no passado.

Para entender este raciocínio, veja antes este vídeo, que faz uma pergunta fundamental:

Quem fiscaliza os fiscalizadores?

Como hoje temos um esforço para regular as pessoas desde o berço até o túmulo, este triste episódio da “Carne Fraca” já foi explicada por uma tese vencedora de um Premio Nobel,
a public choice:

Ela rompe a crença ingênua e romântica de que o cidadão que troca sua vida civil por um cargo público se transforma de demônio em santo. É como aceitar que um veterinário do setor privado é um monstro e um veterinário do setor público é um vestal.

Dito isto, por que não pensar no Brasil em certificadoras de qualidade privadas? Se uma certificadora privada fosse flagrada em suborno como este, ela não teria chance alguma de estar operando mais.

Já um órgão estatal monopolista não possui nenhum mecanismo forte como este para ser criterioso, e pior, a sua reserva de mercado continuará intacta.

Sim, passado este furacão, o mesmo serviço público continuará fiscalizando os nossos frigoríficos. Pelo contrário, confira se daqui a pouco o governo não anunciará mais recursos para a fiscalização pública dos alimentos!

Mas se o governo está realmente interessado no bem estar da população, por que não permitir a proliferação de certificadoras privadas concorrendo no livre mercado?

Isto possibilitaria uma regulação genuinamente concorrencial, na qual certificadoras privadas concorrendo entre si e com o serviço público (para aqueles que gostam do governo). A escolha soberana será do consumidor!

Por fim, este desastre reforçou o uso indevido dos recursos públicos formando as “campeãs nacionais”, que na realidade foram campeãs de doações eleitorais: em um mercado regulado pelo estado, só vence quem tem bons contatos na burocracia ou conhece pessoas poderosas.

Você se lembra do pequeno açougue da esquina? Hoje, é só Friboi, Seara...

Não tenha dúvida, a carne é fraca quando o Estado é forte.
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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Queda de braço na cafeicultura: venceu a indústria, vai ter importação de café


Richard Jakubaszko
Recebi no início desta noite o comunicado abaixo, da assessoria de imprensa do Ministério da Agricultura, sobre a aprovação da Camex para importação temporária de café conilon, contrariando a opinião quase generalizada dos cafeicultores:


Comitê vinculado à Camex aprova por unanimidade importação de cota do café conilon
Medida vale por quatro meses para um volume de 1 milhão de sacas.
Brasília (15/02/2017) - O Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex), vinculado à Câmara de Comércio Exterior (Camex), aprovou nesta terça-feira (15) a isenção do imposto de importação de café robusta (conilon), que tinha alíquota de 10%, para cota de até 1 milhão de sacas de 60 kg de café conilon. A medida tem prazo de quatro meses, de fevereiro a maio. A cota mensal será de até 250 mil toneladas.

O Gecex aprovou também a elevação da alíquota de 10% para 35% de toda a importação de café verde (arábica e conilon) no montante que exceder a cota determinada.

O próximo passo é a publicação da Análise de Risco de Praga (ARP) no Diário Oficial da União, que já está concluída para o Vietnã. O país é o segundo maior produtor de conilon, depois do Brasil.


A desoneração do café foi encaminhada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, na semana passada, à Camex. O Brasil é o maior exportador mundial de café nas variedades arábica e robusta (conilon). A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apurou estoques de café conilon no Espírito Santo, Rondônia e Sul da Bahia, entre 1,5 milhão a 1,7 milhão de sacas, insuficientes para atender a necessidade da indústria.


Um dos alertas sobre a necessidade de garantir a oferta do produto foi feito pelo diretor do Sindicato Nacional da Indústria do Café Solúvel, Agnaldo de Lima, ao afirmar que “se o Brasil não cumprir as cotas de exportação, compradores internacionais buscarão outros fornecedores de solúvel de outros países”.

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quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Os desafios para uma agricultura sustentável

Maurício Carvalho de Oliveira
Os brasileiros, no geral, não conhecem a fome. Fome que em épocas de guerras devastou populações na Europa e na Ásia e assombrou inumeráveis famílias nos Estados Unidos, principalmente durante o período da depressão americana, agravado pela quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em 1929.

Pavor que nunca experimentamos, mas que constantemente assola vastas populações no continente africano, em países como o Haiti e ainda contingentes de sul-americanos. Espectro esse que a humanidade necessita, de forma ética, democrática e cooperativa, prevenir e remediar.

Prevenir e remediar a fome significa produzir alimentos para uma população mundial crescente e em um quadro de demanda per capta também crescente, principalmente em proteína animal (carnes, lácteos e ovos), sem se esquecer da demanda por fibras e biocombustíveis. Esse é um dos grandes desafios do século XXI, cenário onde o Brasil se apresenta como um dos mais relevantes atores.

Para tanto, governo e sociedade devem atuar de forma cooperativa para colocar em prática políticas que permitam que a agropecuária aplique os estoques tecnológicos já existentes, ao mesmo tempo que possibilite a rápida ampliação dos conhecimentos científicos que sustentem as novas demandas sociais e preservem a qualidade ambiental.

A agropecuária, como qualquer atividade humana, não pode ser concebida dissociada do meio ambiente. A agropecuária, que alimenta o planeta, sustenta também diversos serviços ambientais por meio dos conhecidos agroecossistemas. É importante ressaltar que no Brasil, tem-se ainda cerca de 60% de nossos biomas preservados. Natureza virgem.

Cabe, ainda assim, a esta atividade humana a responsabilidade de produzir mais e mais alimentos. Alimentos para nós brasileiros e alimentos para um mundo faminto. De acordo com a ONU, seremos, até o ano 2050, cerca de 9 bilhões de pessoas vivendo neste planeta.

Temos no Brasil grandes extensões de terras agricultáveis, temos água e chuva em abundância, temos luz, tecnologias e empreendedores agrícolas nas pequenas, médias ou grandes propriedades, sem distinção, prontos para enfrentarem mais esse desafio.

Em face dessa realidade, e com vistas a dar mais um passo em direção à sustentabilidade no processo de produção agropecuária, o governo federal aperfeiçoou no Plano Agrícola 2013/2014, instrumentos para viabilizar a expansão da chamada Agricultura de Baixa Emissão de Carbono.

Tal política vem ao encontro das demandas da sociedade quando, em sua essência, busca aliar a produção de alimentos à sustentabilidade de uso dos recursos naturais. Instrumentos que viabilizam, de forma econômica, a recuperação de áreas de pastagens degradadas, a expansão e melhoria do Sistema Plantio Direto, a integração de atividades como a pecuária, a agricultura e as florestas, em uma mesma área, ampliar áreas irrigadas e outras tecnologias que protegem os nossos solos, as nossas águas e ao mesmo tempo, produz riqueza e garante segurança alimentar.

Entretanto, para que esta semente gere frutos duradouros, precisa de melhoramentos contínuo ao longo dos anos e, mais importante ainda, o apoio direto e indireto de toda a sociedade na construção de um futuro saudável e de paz, e não dessa visão dicotomizada dos que procuram inculcar na população, um antagonismo entre produção agropecuária e preservação ambiental.

A agricultura é capaz de cumprir ambas as funções. Para tanto, é necessário contar com regras claras e compatíveis com a realidade do campo e de cada propriedade em particular. Regras definidas em bases agronômicas, científicas. Não regras ditadas por burocratas iluminados de Brasília, ou de ambientalistas que desconhecem o labor do campo, a arte e a ciência envolvidas na produção agropecuária e o valor do pão nosso de cada dia.

* O autor é Engenheiro Agrônomo e Chefe da Divisão de Agricultura Conservacionista – Mapa
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sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Os pesadelos do agronegócio

Richard Jakubaszko
A edição novembro/dezembro 2010 da DBO Agrotecnologia traz como tema de capa artigo de minha autoria intitulado "Os pesadelos do agronegócio".
É uma resposta, em forma analítica, dos ataques diretos e indiretos que os produtores rurais andam recebendo nos últimos tempos. Destaquei 3 pesadelos dos produtores rurais: primeiro, o novo Código Florestal, segundo, os novos índices de produtividade, e terceiro, o câmbio. Isoladamente representam um pesadelo, mas em conjunto podem ter efeitos mais devastadores do que um tsunami.

Escrevi, no editorial:
É fato que algo deve ser feito em relação às questões ambientais, no mínimo para que as futuras gerações tenham sustentabilidade. Mesmo considerando que muitos cientistas desmentem a tese do aquecimento por gases de feito estufa, verificam-se alguns desequilíbrios ambientais preocupantes, incluindo nisto a extrema poluição e degradação da qualidade de vida nas grandes cidades, e também de biomas naturais antes sadios. Ou, ainda, de eventos extremos cada vez mais frequentes.
Entretanto, que se tenha ponderação e bom senso nas propostas de soluções.

Muita coisa pode ser posta a perder, porque temerosas intenções e levianas atitudes dos ambientalistas, amplamente apoiadas pela mídia, no afã de "proteger o meio ambiente", e na busca da sustentabilidade, poderão engessar a capacidade produtiva de alimentos através de uma legislação anacrônica como a do Código Florestal. Há um forte componente emocional nessa "guerra midiática", onde se mistura boas intenções e acusações injustas, porque improcedentes. Isto empurra a sociedade urbana, e também os legisladores, ao clima de punições e proibições dirigidas aos produtores rurais, apontados como os grandes culpados do que vem acontecendo.
Sobre este espinhoso tema discorre a matéria de capa desta edição. As acusações dos delitos são conhecidas, divulgadas de forma massiva pela mídia. Assim, registramos neste artigo uma análise e defesa de todo este imbróglio, sem deixar de admitir, no entanto, que o fazemos com alguma ótica também emocional.
Richard Jakubaszko
Editor e publisher

PS: A revista foi postada nos correios na semana anterior ao Natal. Aos que ainda não são assinantes reforço a informação de que a assinatura é gratuita para agricultores, agrônomos e técnicos agrícolas, mediante preenchimento de questionário no site da revista - www.dboagrotecnologia.com.br - onde a matéria está publicada em arquivo PDF, ou ainda em fliptop http://www.portaldbo.com.br/PageFlips/revistaagro/Default.asp?id=revistaagro&ed=28  onde vc clica na capa da revista e depois folheia a revista como se a tivesse em suas mãos. Quando desejar ampliar, para possibilitar a leitura, neste folheio virtual, clique nos links laterais e vc terá a página ampliada. Boa leitura!
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