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quinta-feira, 15 de março de 2012

Florestamania

Richard Jakubaszko
Recebo e-mail do Dr. Fernando Penteado Cardoso, onde ele questiona:
Será que alguém já avaliou o custo do tempo gasto com as infindáveis discussões sobre a legislação florestal? 
Será que alguém já examinou fotos espaciais para “sentir” a viabilidade de reflorestar parte de áreas ora produtivas?
Oxalá mais gente se preocupasse com a “viabilidade” das exigências.
Sobrevoando a NO de Alta Floresta não vi sinais de erosão nas margens não florestadas dos córregos e, ao mesmo tempo, concluí que jamais tais beiras virão a ser reflorestadas. Inviável.
Outra ideia me ocorre: um inventário dos próprios rurais dos governos.

Tecnicamente, e em termos ambientais, políticos e legais, ele mesmo responde, leiam abaixo o interessante artigo, publicado também na DBO Agrotecnologia de fev/mar/2012, que saiu esta semana.

Florestamania
Fernando Penteado Cardoso *
Foto abaixo: a utopia.
Estamos mistificados pela florestamania. Temos 400 milhões de ha de mata amazônica, sendo em grande parte inundável, montanhosa, pedregosa ou muito remota. Classificam como pecado ambiental aproveitar os 100 milhões de ha de terras altas, bem conformadas, agricultáveis e bem localizadas, além de beneficiadas por chuva, sol, calor e transporte fluvial, parte das quais já foi aberta.

Alegam que iria alterar o clima porque as chuvas vêm da floresta. Grande bobagem. Estão confundindo causa e efeito: as florestas existem porque chove e não ao contrário.  Será que 300 milhões de ha de terras impróprias para agricultura, recobertas de florestas, não seriam suficientes para promover os alegados benefícios?

É insensato planejar uma agricultura onde 80% das propriedades ficam ociosas, dispersando lavouras e habitações e aumentando distâncias, o que virá a elevar custos, além de dificultar o transporte, a assistência escolar e de saúde, bem como a garantia de segurança e justiça. Mesmo nas áreas de mata de transição, - com arvoredo leve e de fácil remoção, - reservar 35% representa um desperdício injustificável, em regiões privilegiadas onde os riscos climáticos são reduzidos.

O que seria, por exemplo, de Sorriso e de Lucas do Rio Verde em MT se houvéssemos seguido as limitações estabelecidas desde 1965?  Possivelmente teriam sido desperdiçadas a garra, a diligência e capacidade empreendedora da gauchada valente, responsável pela notável produção de hoje e, ainda, por cidades com IDH superior a 0,80.

Tudo isso, simplesmente, não existiria!

Para efeito histórico, científico e prazeroso, bastam áreas florestais limitadas, a serem desapropriadas e administradas pelo poder público, ao lado de matas particulares estimuladas por incentivos. Umas e outras conservariam a biodiversidade da coleção de espécies animais e vegetais.

Quanto ao vozerio internacional sobre florestas e clima, há que lembrar o empenho da União Nacional de Produtores-NFU, dos EUA, defendendo a tese das “fazendas aqui (EUA), florestas lá (Brasil e outros)” para limitar a produção de cereais e, assim, reduzir uma possível concorrência agrícola dos países tropicais. Eles têm razão de temer.

Assim mesmo vamos crescendo e desenvolvendo dentro do preceito:
Quando o Direito ignora a realidade, a realidade se vinga ignorando o Direito (G.Rupert)”. Tal verdade explica nosso convívio com leis inexequíveis, como sejam leis que “não pegam” no dizer popular.

Se a complexa, obscura e desiderativa legislação ambiental rural “não pegar”, talvez viremos a ser no século 21 o que foram os EUA no século 20, como referido por Norman Borlaug anos atrás e recentemente pela senadora  Marina Silva na ESALQ-USP, Piracicaba.

Uma coisa é certa: se a lei promulgada pelo governo militar dos anos 60 tivesse “pegado”, não teríamos a pujante agropecuária de hoje. É fácil conferir pelas fotos espaciais disponíveis.

* Eng. agr. sênior, ESALQ-USP, 1936.
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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

SONHAR OLHANDO ESTRELAS


SONHAR OLHANDO ESTRELAS
Norman Borlaug
*
“Sonhe
olhando para as estrelas.
Embora não possa tocá-las,
se você sonhar com intensidade,
você verá
que alguns desses sonhos
se tornarão realidade”.
Tradução: Fernando Penteado Cardoso

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REACH FOR THE STARS
Norman Borlaug
“Reach for the stars.
Although you cannot touch them,
if you reach them hard enough,
you will find
that you get a little star dust.”

* Norman Borlaug (1914-2009) era engenheiro agrônomo, americano, e ganhou o prêmio Nobel da Paz, em 1970, considerado como o pai da "revolução verde", que impulsionou a produção de alimentos no planeta, especialmente Ásia e África.
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domingo, 13 de setembro de 2009

Morre Norman Borlaug

Richard Jakubaszko

Recebi e-mails do Prof. Antonio Roque Dechen, diretor da ESALQ, e do Dr. Fernando Penteado Cardoso, presidente da Agrisus, comunicando a morte de uma das maiores personalidades do século XX, o engenheiro agrônomo Norman Borlaug, prêmio Nobel da Paz em 1970. Minha profunda admiração por esse cientista se traduziu na publicação de inúmeros textos de sua autoria na revista DBO Agrotecnologia, o mais recente é o texto originalmente publicado no New York Times, em agosto último, sob o título “Os Produtores Podem Alimentar o Mundo”, com tradução do Dr. Cardoso, com chamada de capa, e cuja reprodução está no site da revista: http://www.dboagrotecnologia.com.br/
Abaixo o informe do Prof. Roque e do Dr. Cardoso:

O MUNDO PERDE UM APÓSTOLO DO ALIMENTO
por Fernando Penteado Cardoso
O Brasil Perde um Grande Amigo. Faleceu em Dallas/TX/EUA na noite de 12 de Setembro o insigne agrônomo e cientista, apóstolo mundial do alimento, Dr.Norman Borlaug, vitima de câncer e suas complicações.

Grande amigo do Brasil, visitou o país desde a década de 1940 quando se dedicava ao melhoramento de variedades de trigo e procurava plantas diversificadas por todo o mundo, inclusive no Rio Grande do Sul, onde Beckman e associados se dedicavam à seleção desse cereal. Na década dos anos 1990 viajou diversas vezes para Sete Lagoas/MG para colaborar com a Embrapa na genética da variedade do milho de proteína de qualidade, conhecido por "Opaco 2".

Em 1995, a convite da empresa Manah S.A. percorreu a região do cerrado e pronunciou palestra a funcionários e produtores convidados, ocasião em que emitiu o inédito elogio de que "o que acabava de ver na recuperação do cerrado, transformando terras fracas em solos férteis de alta produtividade, era o maior acontecimento na história da agricultura do século XX, a nível mundial".

Retornou ao Brasil no inicio de 2004 por iniciativa própria, pois queria ver o que havia acontecido no cerrado. Em companhia do Prof. Ed Runge da Universidade Texas A&M e do Presidente da Fundação Agrisus F.Cardoso, percorreu os estados do Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais em S.Paulo, tendo feito palestra na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz-USP em Piracicaba e visitado o Reitor da Universidade de S.Paulo. Após presenciar a colheita de soja em Sapezal/MT, seguida de plantio de milho, ele confidenciou "este foi um dos dias gratificantes de minha vida".

Esteve presente à cerimônia da outorga do Prêmio Mundial do Alimento (World Food Prize), instituído por sua iniciativa, quando três agrônomos foram distinguidos pelo trabalho de recuperação do cerrado brasileiro: Alysson Paulinelli (ex Ministro da Agricultura, idealizador do Programa do Cerrado-PROCER na década de 1980), Edson Lobato (EMBRAPA-Cerrado, Planaltina/DF) e o americano Colin McClung (IRI, Matão/SP).

Em recente artigo publicado pelo New York Times em Agosto último, sob o título “Os Produtores Podem Alimentar o Mundo” ele volta a manifestar sua confiança na tecnologia ao afirmar que “melhores semente e fertilizantes, não mitos românticos, permitirão que assim o façam”.

Borlaug recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1970 e em seu país foi homenageado com a Medalha Presidencial da Liberdade (1977), a Medalha de Ouro do Congresso (2006) e a Medalha Nacional da Ciência (2007).

O mundo chora a perda de tão distinto agrônomo/cientista, um idealista preocupado com a produção mundial de alimento no presente e no futuro.
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