Recebi por e-mail o apelo abaixo, enviado pelo meu colega e amigo Moacir de Souza José, jornalista que é editor-executivo da revista DBO, conclamando a todos para uma mobilização a favor da aplicação e cumprimento das leis contra a irresponsabilidade no trânsito, especialmente aquela de consumir álcool e depois dirigir, pois a Lei Seca não anda funcionando adequadamente, nem para prevenir, muito menos para punir.
Leiam seu relato:
De Moacir de Souza José
Caros amigos:
Na noite do último domingo, dia 25 de setembro, estive na Paróquia do Parque São Domingos, zona oeste de São Paulo. Ali foi realizada uma missa de sétimo dia do falecimento de Miriam Afife José Baltresca e de Bruna Baltresca. Elas eram minhas primas, do lado da família de meu pai. Foram brutalmente mortas por um Golf preto, dirigido por Marcos Alexandre Martins, a possivelmente mais de 120 km por hora. Ele invadiu a calçada e as atropelou, na noite de sábado, 17 de setembro, a poucos metros do Shopping Villa-Lobos. Testemunhos da equipe de resgate do Samu e do próprio delegado do 14º Distrito Policial, dão conta de que ele estava embriagado. Uma tragédia.
Não foi a única morte por atropelamento por pessoa embriagada de que temos notícia, muito pelo contrário. Ganhou os noticiários dos jornais pelo ineditismo e pela amplitude do dano: matou duas pessoas da mesma família, mãe e filha.
Ao final da missa, meu primo Rafael Baltresca declarou que quer lutar para que as leis que regem esse tipo de crime sejam mudadas, pois são muito amenas. Além de tocar a própria vida em frente, é o que lhe resta fazer, uma forma de prestar uma homenagem à mãe e à irmã a quem tanto amava. E para que essa tragédia sirva como referência para algo melhor no futuro. Pediu o apoio de todos os presentes para que visitem a página do Facebook na internet “Não foi acidente” (www.facebook.com.br/naofoiacidente)
A ideia que surge da tragédia é a de que não podemos mais aceitar que esse tipo de crime seja considerado simplesmente “culposo”, sem a intenção de matar, e que o culpado consiga, através do pagamento de fiança ou outro recurso legal, ficar livre poucos dias depois.
É claro que não podemos qualificar Marcos Alexandre como um assassino frio e sanguinário. Mas também não podemos achar que foi um simples acidente. Como todos os atropelamentos e acidentes de carro causados por pessoas embriagadas, a irresponsabilidade é a marca principal. Existem campanhas freqüentes apelando para que as pessoas que beberem não dirijam; uma lei nacional instituiu o teste do “bafômetro”, para inibir pessoas que beberam e saíram com seus carros, impondo multas e outras penas de trânsito. Não estão sendo suficientes para evitar esse tipo de ocorrência.
A do “bafômetro”, por sinal, não tem servido para casos mais graves, já que o infrator tem o direito de se recusar a fazer o teste. Parece que no Canadá o teste é obrigatório. Chegaram à óbvia conclusão de que, pelo menos no caso de uma vida ceifada, o direito de recusa não deve prevalecer, já que o infrator foi preso em flagrante. Além do mais, a própria recusa já é uma admissão de que a pessoa tem algo a esconder!
Infelizmente, mais uma vez, parece que a saída mais plausível é a combinação de consciência e ameaça. Ameaça de uma pena mais dura, algo como ficar na cadeia até que a Justiça se posicione, sem possibilidade de recurso. Consciência não pelo lado de quem bebeu, mas de quem a está acompanhando.
É o que pregou o tio de Bruna, Manuel Silvino Ferreira Fernandes, na mesma paróquia: “Não deixem seus amigos dirigirem bêbados; tirem a chave do carro da mão deles; se recusem a entrar num carro que será dirigido por alguém bêbado. Isso ajudará a evitar novas tragédias, a salvar vidas”.
Quero ajudar Rafael nessa empreitada. Pelo laço familiar, mas também pela vontade de poder contribuir para construirmos um país mais justo e civilizado.
Se estiverem de acordo, visitem o site, participem e divulguem.
Obrigado
Moacir de Souza José
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