Carlos Eduardo Florence *
Por ter-se criado o inexplicável, fruto do acasalamento entre o real e a menopausa, jamais ideológico, portanto, mesmo na ausência de demanda afetiva, formatado para ser de absoluta coerência e lógica existencial, tanto que aflorado foi em prosa e verso entre alguns meandros não esnobes de sabor utópico, com suaves tons de entropia, mas não paranoica.
Criado, simplesmente como inexplicável, deu-se compulsivamente a reprocessar a fórmula abstrata mais convencional e simples, buscando sempre a esperança como meta e sonho. Poderia parecer de início algo sem sentido, mas como sempre o tempo foi mais categórico no processo e solução, como deixou muito claro ele, inexplicável, antes de envolver-se afetivamente com o abstrato e a luxuria.
Nesta linha, seu intento sempre fora trabalhar sistematicamente com hipóteses e prognósticos entre o potencial desconhecido do inconsciente coletivo como antítese à informalidade psicológica da taturana antes de medrar-se em libélula. Eram os melhores elementos com que poderia contar na solidão distante em que se encontrava o inexplicável então, por serem poucas as fantasias, muito escassas, mas que necessitaria no contexto, disponíveis somente no único local onde as imaginações se escondiam depois que os menestréis engravidavam os arpejos.
Neste tópico, empreendeu o inexplicável de forma isolada e metódica, como de seu feitio, trabalho persistente pesquisando os fundamentos essenciais para confirmar se as cores do firmamento poderiam ser reutilizadas após resgatadas delicadamente do arco íris disponíveis e em seguida divididas rápida e necessariamente em sons suaves ou se teria de retroceder ao inacabado e contrapor somente tons maiores para enaltecer o encerramento da sinfonia. Pode recorrer a estes procederes desta forma, como autor, pois o método dialético histórico já havia sido testado de forma suficientemente convincente.
Assim, o objetivo seria evitar os devaneios, que deveriam se estender compulsivamente naquele espaço estreito entre o nada e perjúrio, para rebrotar em inúmeros arranjos compostos das alegrias entrelaçadas de sete anéis saturnianos de desejos e duas nostalgias, com suaves toques de saudades. Se confirmados, estes manejos robustos seriam fortes aportes para uma implosão enorme e assim consolidar a esperança, produto extremamente carente no cotidiano e, portanto demanda de todos envolvidos naquelas circunstâncias. O processo se deu. Gotículas de arco íris foram tomando cores de saudade e então entremeadas às camadas de sonhos delicadamente espargidas, amoldaram-se à alegria permitida pelas libélulas revoando em protestos aos esquecimentos dos sofrimentos pelos traumas regressivos das formas larvais revoltantes pelas quais foram obrigadas a atravessar.
Em resumo, só assim criaram-se circunstâncias para se solucionar o conflito existencial entre o paradoxo do unicórnio demandando fortuna em vez da felicidade, embora permitindo suas alegres relações homossexuais extrovertidas com o arco íris. Em contrapartida, por esta dicotomia materialista, o inexplicável utilizou o tempo do verbo no gerúndio, o que revoltou sobremaneira os demais envolvidos: a saudades, a esperança, o paradoxo, a nostalgia, a luxúria e a dialética. Todos pediram ao gerúndio tempo paciência, assim as formas se acomodaram em azul depois do retrocesso.
* o autor é economista, blogueiro, escrevinhador, e diretor-executivo da AMA - Associação dos Misturadores de Adubos.
Publicado em http://carloseduardoflorence.blogspot.com.br/
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