Richard Jakubaszko *
Agricultura comercial embute, por definição, impacto ambiental, incluindo a redução da biodiversidade.
Assim, de certa forma, agricultura é poluição, mas os seres humanos precisam comer, e é por isso que se faz agricultura.
Uma coisa é ecossistema e outra é agrossistema. No ecossistema, a natureza equilibra-se com a interação de todos seus agentes: flora, fauna e microorganismos. Os ecologistas sabem que, nas visitas a santuários ecológicos, podem deixar, no máximo, como sinal de sua passagem por lá, as próprias pegadas. Qualquer resíduo, toco de cigarro ou lata de cerveja, é poluição.
No ecossistema puro os seres humanos não conseguiriam sobreviver, a vida nesse meio ambiente é opção de raros seres humanos, e a personagem Tarzan, mostrada nos cinemas, era apenas uma mensagem idílica.
Já no agrossistema não existe “ecossistema”. Quanto maior for a plantação, ou a pastagem, maior o desequilíbrio do “ecossistema”. Se a lavoura for invadida por qualquer inimigo natural concorrente, erva daninha, inseto ou fungo, será imediatamente combatido, para manter o agrossistema produtivo e rentável.
Nesse sentido tem sido fantástica a contribuição dos produtos fitossanitários para se manter a produção de alimentos de forma a atender às necessidades das populações. Porque há hoje no planeta 6 bilhões de bocas para alimentar. Éramos 2 bilhões e pouco no início do Século XX, e seremos 9 bilhões em 2.050. O que significa dizer que a situação vai piorar, considerando a ótica dos ambientalistas.
Agricultura moderna não é compatível com biodiversidade na forma idealizada pelos ecologistas. Há biodiversidade no solo, em plantio direto, mas não de agentes naturais que se alimentam daquilo que se plantou. Os invasores e as pragas aparecem sempre, encontram fartura de alimentos e nenhum agente predador. Reproduzem-se de forma explosiva. São mantidos sob controle pelos produtos fitossanitários.
Para usar menos produtos fitossanitários, a ciência agrícola criou a alternativa das plantas OGMs, mas há gente que é contra, sem nem saber o que é fazer agricultura e quais seus problemas e necessidades. Pedem, criticam e exigem, naquilo que consideram uma atitude de sabedoria, numa cautela previdente, os “estudos de impacto ambiental”. Há necessidade de se informar a esses exigentes ecologistas, minoria composta de barulhentos, que se outorgam de soberba, inclusive políticos oportunistas, e também jornalistas mal informados, que os OGMs já estão incluídos entre os assuntos mais estudados por todas as ciências e, pelo que se sabe, nada de ruim foi provado dentro daquilo que os ecologistas prevêem ou nos “ameaçam”.
Não se conhece nenhuma mutação humana ou animal, ou alterações diretas da natureza, que tenha ocorrido nesses quinze anos desde que os OGMs foram lançados e estão sendo usados e consumidos. Comparativamente às plantas nativas tradicionais sabe-se, hoje em dia, muito mais sobre as plantas OGMs.
No entanto, o politicamente correto prevalece entre políticos ambiciosos, demagogos e populistas, e nisto alguns governos são exemplos gritantes. Medidas judiciais têm sido aplicadas, algumas ortodoxas, com objetivo de proibir pesquisa, plantio, transporte ou embarque de plantas OGMs.
Ambientalistas brigam pela rotulagem dos alimentos. Será que a luta deles é ecológica? Ou apenas oportunismo? Solicita-se que os ecologistas tenham bom senso, que entendam de gente e do excesso de contingentes famélicos: que instalem ONGs para reduzir os índices de natalidade no planeta, na África, América Latina, Ásia e Índia. Isto já ajudaria bastante. Ou então, que sigam as recomendações de Malthus. Estas eram passadas aos responsáveis pelas políticas públicas de então, de que deveriam deixar os pobres e famintos entregues à própria sorte, pois se exterminariam.
Aos agricultores, ecologistas natos, resta a opção entre plantar transgênicos ou não. No Brasil, hoje um dos celeiros do mundo, encontra-se em curso uma corrente ampla de hipocrisias. As leis federais autorizam a pesquisa e o plantio de OGMs, mas a burocracia apoiada na hipocrisia emperra.
Na CTNBio, Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, órgão federal que controla a questão, os ecologistas parecem ganhar todas as batalhas, a instituição virou um palco político, e não há um debate sério da ciência como se deveria proceder nesse órgão, instituído justamente para a discussão científica. A ciência não tem mais voz dentro da entidade.
Os ambientalistas foram democraticamente convidados a participar dos debates, porém extrapolam suas funções. Algumas solicitações de autorização para realizar experimentos aguardam na pauta há dois anos. Existem, todavia, solicitações para realização de pesquisas e liberação comercial de sementes OGMs que aguardam há 10 anos uma autorização. Não há definição por conta da burocracia e da hipocrisia. Impedidos de brigar na justiça, diante da aprovação da lei dos transgênicos pelo Congresso Federal, os ecologistas adotam o “jeitinho brasileiro”, e protelam toda e qualquer decisão da CTNBio.
Os ecologistas, aliados a procuradores federais, travam experimentos e impedem a ciência de provar justamente o que apregoam, de avaliar os impactos ambientais e estudar a biotecnologia. Enquanto isso o Brasil se atrasa em termos de uso de novas tecnologias.
Apesar da intensa disputa, tanto nas esferas do judiciário e legislativo, e mesmo através da mídia, a agricultura brasileira tem dado sua contribuição – a preços competitivos - para atender às necessidades de alimentos no planeta. O Brasil se tornou nos últimos 15 anos um dos maiores exportadores de alimentos. Nesse período aumentou-se em 120% a produção de grãos – soja, milho, arroz, feijão, trigo – pois saímos de uma produção de 57 milhões de toneladas anuais para mais de 130 milhões de toneladas de grãos na safra 2006/07, produzidos numa área de cultivo que aumentou apenas 20%, de 52 para 62 milhões de ha.
Este significativo aumento de produção foi possível pelo aumento da produtividade. Já o aumento da produtividade foi viabilizado pelo uso adequado de tecnologias modernas das ciências agronômicas, entre elas sementes desenvolvidas e apropriadas para regiões tropicais, uso de produtos fitossanitários mais eficientes, e técnicas de plantio e conservação de solo, como o plantio direto.
No Brasil tornamos o cerrado brasileiro, área improdutiva que caminhava para ser uma autêntica savana africana, em imensa área produtora de alimentos. Esta conquista foi chamada pelo engenheiro agrônomo Norman Borlaug, prêmio Nobel da Paz, como a Revolução Verde do Século XX.
O futuro breve
Com a perspectiva do aquecimento do planeta, anunciada pelos cientistas, e causada pela emissão de CO2, teremos gigantescas mudanças na agricultura nas próximas décadas. O Brasil representa a provável última fronteira agrícola do planeta. Temos ainda mais de 200 milhões de ha de pastagens, das quais 90 milhões de ha são consideradas improdutivas e degradadas. Estas áreas serão utilizadas para a expansão da agricultura brasileira no plantio de grãos e frutas, e também de cana-de-açúcar para a produção de etanol, o biocombustível renovável. Tudo isso sem necessidade de “destruir” a Amazônia conforme nos acusam os meios ambientalistas internacionais.
Por oportuno, é importante informar que são acusações injustas, desprovidas de verdade. Há uma confusão jurídica nas leis brasileiras que denomina de “Amazônia Legal” várias regiões de estados vizinhos à Amazônia real. Estados como o Mato Grosso estão na Amazônia Legal sem pertencer à Amazônia real, quando é apenas região do Cerrado em mais de 80% de sua área.
As leis, originalmente aprovadas, pretendiam promover incentivos fiscais para essas regiões e acabaram criando um imbróglio judicial que agora é difícil de ser contornado, e mais difícil ainda de ser explicado ao público internacional quando a agricultura começa a ser implantada nessas regiões do cerrado brasileiro.
Adicionalmente, é vital esclarecer que a Amazônia não é o pulmão do planeta como querem fazer crer muitos ambientalistas. Quando muito a Amazônia poderá ser chamada de “ar condicionado” do planeta. Isto porque suas árvores são adultas e equilibram-se entre a absorção de CO2 e a emissão de oxigênio, a conhecida fotossíntese. Plantas novas são muito mais eficientes na absorção de CO2 e emitem mais oxigênio, função que a agricultura comercial de lavouras anuais como milho, soja, arroz, algodão etc., cumpre com altíssima eficiência.
A ciência tem demonstrado, através de análises por satélite, que regiões com solo degradado ou desértico são campeãs na emissão de calor, e colaboram para o aquecimento do planeta, ao contrário de regiões onde se pratica a agricultura comercial em largas extensões.
Independentemente do crescimento da agricultura brasileira, a questão do aquecimento ambiental obrigará os órgãos de pesquisa no Brasil a desenvolver novos cultivares que suportem as altas temperaturas. Em paralelo teremos uma migração de culturas. O café, por exemplo, que nas décadas de 70 e 80 subiu alguns paralelos no mapa mundi, fugindo de geadas severas nos estados do Sul, deverá retroceder, em busca de temperaturas mais amenas.
Métodos convencionais de inovação agropecuária, como o melhoramento genético e o controle químico de pragas – que têm sido os principais instrumentos de adaptação dos organismos utilizados na agropecuária – deverão ser atualizados de forma revolucionária.
Mudanças nas temperaturas e umidades nos vários agrossistemas podem intensificar os estresses bióticos, com aparecimento de pragas – insetos e microrganismos – até então sem expressividade ou de importância secundária, com danos ao sistema de produção e na qualidade dos alimentos, além de inúmeros riscos impossíveis de serem previstos na questão da segurança alimentar.
O Brasil, através de seus agricultores e sua imensa rede de pesquisadores, tem dado mostras de que está apto e profissional para atender às necessidades de alimentos provocadas pelo aumento populacional do planeta. Desejamos fazer agricultura com sustentabilidade e total preservação do meio ambiente, um direito inalienável para as gerações futuras. Contamos, para atingir esses objetivos, com a parceria das indústrias de produtos fitossanitários, de fertilizantes, sementes e de máquinas agrícolas, pois, de resto, podemos afirmar com otimismo que o Brasil continuará produzindo mais e mais alimentos enquanto houver sol e fotossíntese.
_
quinta-feira, 27 de dezembro de 2007
Os mitos amazônicos
Richard Jakubaszko *
A Amazônia está na ordem do dia e é tema predileto da mídia. Por sua importância como reserva florestal global, pela depredação irregular e sem controle, o debate é emocional, bate nas raias da histeria e assume foro de verdade, quase mítico, de que deveria ser intocável, quiçá eternizada.
Para a sociedade brasileira é intangível a sustentabilidade e a biodiversidade do gigante, e se desconhece o que lá existe. Paradoxalmente vivem hoje na Amazônia 23 milhões de pessoas, num ambiente inóspito à vida humana moderna.
Desconhecem os ambientalistas, e também a mídia, de que cana-de-açúcar não se adapta ao regime de chuvas e de umidade da região amazônica, pois não produz a sacarose.
Desconhecem os europeus, e todos os demais citados, que cana-de-açúcar não suporta transporte superior à distância de 50 km depois de colhida.
Desconhecem-se os custos de implantação de lavouras de soja, e de que é economicamente inviável queimar-se floresta e destocar raízes para plantar soja.
Paralelo à barulhenta guerra que se processa na mídia, entre ambientalistas e desenvolvimentistas, a fome espreita a humanidade. Especialistas prevêem que a situação vai piorar: faltam áreas novas no planeta para aumentar o plantio de alimentos. Onde tem terra não tem água. Ou é terra coberta permanentemente por gelo. Será impossível atender os novos consumidores, frutos do aumento demográfico, aos quais se agregam populações asiáticas em acelerado processo de urbanização e inclusão social, que deixam de produzir para consumo próprio no campo e tornam-se consumidores urbanos de alimentos importados, pois seus países – China, Índia, Bangladesh, Paquistão, Indonésia – não têm capacidade de produzir alimentos nos volumes requeridos.
Se ocorrer o previsto “aquecimento global”, ameaçado por Al Gore e pelos cientistas do IPCC, comprovando que “há males que vêm para o bem”, com o degelo das capotas polares surgirão imensas áreas hoje cobertas de gelo na Rússia, Canadá, China, Groelândia, e de alguns países nórdicos, aptas para a agricultura, para aplacar a fome. Mas isso é apenas mais uma futurologia. Na futurologia, aliás, deveria haver espaço para a criação de ONGs direcionadas e focadas na questão demográfica, pois estamos indo para o vinagre pelo excesso de gente. Não há porque é uma questão que envolve o debate de uma série de dogmas religiosos e a natureza da sexualidade humana.
Antes da fome, propriamente dita, que também é da natureza humana, haverá a especulação desenfreada dos preços, encarecendo os alimentos, numa previsível carestia planetária.
Existe, portanto, a necessidade do plantio de alimentos em novas áreas nos próximos anos, da qual o cerrado brasileiro não terá, isoladamente, como garantir esse suporte, a não ser com a ajuda de novas tecnologias que tragam aumentos substanciais na produtividade.
A chamada integração lavoura-pecuária, onde a agricultura recupera áreas degradadas de pastagens chegará ao limite de ocupação em menos de 10 anos, no máximo, em decorrência da necessidade de novas áreas para plantio de alimentos.
O engenheiro agrônomo Fernando Penteado Cardoso, presidente da Agrisus – Fundação Agricultura Sustentável apresentou proposta de se aproveitar áreas amazônicas, terras de floresta para plantio de alimentos. Propõe ele o aproveitamento de 1/3 a 1/4 da floresta para o plantio de alimentos, pois “será incoercível”, como diz ele, essa necessidade diante do aumento demográfico e dos novos consumidores.
É uma idéia pra lá de corajosa, devemos admitir.
Na ausência de debates em profundidade, seja através da imprensa ou da comunidade científica, entrevistei o Dr. Fernando, e este, debaixo de seus 93 anos de experiência, analisa essa alternativa de forma clara e objetiva nas páginas da revista DBO Agrotecnologia, edição outubro/novembro 2007, matéria que está disponível em arquivo PDF através do site da revista: www.dboagrotecnologia.com.br
Pelo potencial de polêmica que carregam as afirmações desse também mitológico engenheiro agrônomo, eis que foi fundador da Manah, e presidente da empresa por mais de meio século, decidimos na redação já apresentar um primeiro contraditório, a cargo do também engenheiro agrônomo Odo Primavesi, da Embrapa, um dos 17 brasileiros signatários do relatório do IPCC, portanto, um ambientalista convicto.
Acabou se transformando numa entrevista-debate, em profundidade, que irá enriquecer os espíritos sedentos de informação e ao mesmo tempo carentes de opiniões referenciais sobre o tema, lembrando que a mitologia amazônica é tratada de forma emocional na mídia.
O resultado é uma avalanche de informações técnicas travadas entre esses dois especialistas, ambos otimistas, mas preocupados de forma responsável com questões ambientais e com a sustentabilidade da agricultura, além da sobrevivência da humanidade, ainda que em campos opostos na forma de como concretizar o milagre.
Na matéria citada pode-se ler opinião de qualidade à luz das ciências agronômicas, distante da histeria emocional como é praticada através da mídia, que repete erros crassos da história humana. Felizmente, tudo isso sem o perigo de sermos levados às fogueiras como já se praticou no passado. Porém, como registra o Dr. Fernando P. Cardoso, “o manejo sustentável da floresta amazônica, com exploração das madeiras maduras, é uma expressão desiderativa”.
Na mesma edição há um artigo do jornalista e técnico agrícola Milton Pomar, “Encruzilhada perigosa - o consumo asiático de alimentos preocupa”, que hoje ocupa a gerência-geral da BWP S/A na China, uma empresa Brasif. Ele alerta sobre os perigos do alto custo de alimentos no futuro-breve, por conta da imensa legião de asiáticos em processo de urbanização e de inclusão social.
Devemos refletir profundamente sobre os mitos amazônicos. De outro lado, já que brasileiro gosta tanto de leis, dever-se-ia votar e aprovar uma, determinando que opiniões de nonagenários de notório saber devessem, no mínimo, ser discutidas em pleno Congresso Nacional.
Proibida a entrada de agrônomo
Richard Jakubaszko
A placa estava lá, na porteira da fazenda, ameaçadora: “Proibida a entrada de agrônomo”. Quem a lia ficava intrigado, e intimamente se perguntava o que acontecera, afinal de contas, para tal proibição estar lá dependurada.
Essa é uma história já antiga, tida como verdadeira, e foi contada pelo advogado e especialista cartorial Dr. Antônio Albergaria Pereira, cujo irmão, já falecido, meteorologista do Instituto Agronômico de Campinas, também conhecido como Dr. Albergaria, que relatava sobre o desatino de um fazendeiro lá do norte do Paraná que não tinha grandes estudos, mas era proprietário de uma bela e rentável propriedade, onde criava gado de corte e fazia um pouco de agricultura para servir de alimento aos animais, vendendo ao mercado o que sobrava.
A placa deu o que falar, na cidade e na região. Consta que teve até passeata contra a tal placa, com protestos e discursos de agrônomos da região, acompanhados de amigos, parentes e simpatizantes da causa. Esses atos de protestos foram feitos na porteira da fazenda, ao pé da tal placa, mas o fazendeiro não apareceu para se explicar ou justificar. A sede da fazenda ficava distante da porteira, as reclamações pareciam não adiantar.
Os ouvintes dos lamentos se resumiam a passarinhos que passavam e aos bois que estavam no pasto vizinho à porteira, de tão bucólico e tranqüilo que era a região. Ninguém se atrevia a subir lá e retirar “a mardita da placa”, como já era chamado o aviso. Até porque, mais ou menos ao lado da tal placa tinha outra, mais ameaçadora: “cuidado, touro muito bravo”. Por conta de doença grave e inesperada o fazendeiro foi obrigado a colocar a fazenda sob os cuidados de um sobrinho, até porque não tivera filhos.
Esse sobrinho, seu preferido entre muitos outros, tivera estudos financiados pelo fazendeiro e formara-se em agronomia, mas não conseguia trabalho na região. O tio, em decorrência da doença, hospitalizou-se para sofrer delicada cirurgia e seguir tratamento dado pelos médicos. Deixou a fazenda aos cuidados do sobrinho, em quem tinha alta confiança como pessoa, mas desconhecia seus talentos profissionais.
Muitos meses depois, já restabelecido de sua doença, o fazendeiro retornou à fazenda, propriedade, aliás, que pretendia deixar como herança ao sobrinho predileto, intenção que inclusive já havia sido colocada em prática no testamento que mandou redigir e assinou perante testemunhas quando hospitalizado. Na administração da fazenda, o jovem sobrinho cometera muitos tropeços administrativos e inovações técnicas apressadas, quase levando-a à bancarrota, além de assumir postura nada elogiável em relação aos proventos que advinham da propriedade, e de efetuar as compras mais disparatadas possíveis, atitudes que deixaram o tio em situação embaraçosa e com diversas dívidas.
Arrependido de sua decisão, o tio retomou a administração e posse de fato da propriedade, expulsou o sobrinho da fazenda, depois de fazer um longo e crítico discurso, e cancelou o testamento. Por isso a placa foi afixada na porteira da fazenda com aqueles dizeres, mensagem dirigida apenas ao sobrinho ingrato e incompetente, mas que a classe agronômica entendia como ofensiva aos dignos e dedicados profissionais da categoria.
Contam amigos do fazendeiro que ele deu-se por feliz de não ter ido em frente com o que havia se proposto, de efetuar doação em vida do patrimônio ao sobrinho, conforme planejara, pois nesse caso poderia não haver volta.
O fazendeiro dessa ilustrativa história havia sido alertado por parentes, mas não dera ouvidos ao que considerava fofoca e inveja, e via nisso um certo “interesse” de outros parentes.
Certo dia, os agrônomos se armaram de um trio elétrico e foram logo cedo lá para a “fazenda da placa mardita”, como já ficara conhecida a propriedade. E fizeram um barulho infernal. Dessa feita não houve jeito de não reparar na barulheira dos agrônomos, que exigiam, enfurecidos, a imediata retirada da placa, sob ameaça de processo judicial. O fazendeiro apareceu e explicou aos reclamantes que “o aviso tá no singular”, não é válido para todos os agrônomos, e “tem endereço certo para um único agrônomo”, que já estava informado verbalmente por ele da proibição, e que “a placa está ali na porteira para o caso dele se esquecer do aviso que eu dei”.
Consta que a placa ficou lá, dependurada, "exibida", e ameaçadora, por muitos e muitos anos.
O texto acima foi extraído e adaptado do livro “Meu filho, um dia tudo isso será teu”, a ser lançado em breve, e que trata de como transmitir vocação e aptidão para o trabalho na área rural, além de contar segredos de como fazer a transmissão de patrimônios aos herdeiros.
A placa estava lá, na porteira da fazenda, ameaçadora: “Proibida a entrada de agrônomo”. Quem a lia ficava intrigado, e intimamente se perguntava o que acontecera, afinal de contas, para tal proibição estar lá dependurada.
Essa é uma história já antiga, tida como verdadeira, e foi contada pelo advogado e especialista cartorial Dr. Antônio Albergaria Pereira, cujo irmão, já falecido, meteorologista do Instituto Agronômico de Campinas, também conhecido como Dr. Albergaria, que relatava sobre o desatino de um fazendeiro lá do norte do Paraná que não tinha grandes estudos, mas era proprietário de uma bela e rentável propriedade, onde criava gado de corte e fazia um pouco de agricultura para servir de alimento aos animais, vendendo ao mercado o que sobrava.
A placa deu o que falar, na cidade e na região. Consta que teve até passeata contra a tal placa, com protestos e discursos de agrônomos da região, acompanhados de amigos, parentes e simpatizantes da causa. Esses atos de protestos foram feitos na porteira da fazenda, ao pé da tal placa, mas o fazendeiro não apareceu para se explicar ou justificar. A sede da fazenda ficava distante da porteira, as reclamações pareciam não adiantar.
Os ouvintes dos lamentos se resumiam a passarinhos que passavam e aos bois que estavam no pasto vizinho à porteira, de tão bucólico e tranqüilo que era a região. Ninguém se atrevia a subir lá e retirar “a mardita da placa”, como já era chamado o aviso. Até porque, mais ou menos ao lado da tal placa tinha outra, mais ameaçadora: “cuidado, touro muito bravo”. Por conta de doença grave e inesperada o fazendeiro foi obrigado a colocar a fazenda sob os cuidados de um sobrinho, até porque não tivera filhos.
Esse sobrinho, seu preferido entre muitos outros, tivera estudos financiados pelo fazendeiro e formara-se em agronomia, mas não conseguia trabalho na região. O tio, em decorrência da doença, hospitalizou-se para sofrer delicada cirurgia e seguir tratamento dado pelos médicos. Deixou a fazenda aos cuidados do sobrinho, em quem tinha alta confiança como pessoa, mas desconhecia seus talentos profissionais.
Muitos meses depois, já restabelecido de sua doença, o fazendeiro retornou à fazenda, propriedade, aliás, que pretendia deixar como herança ao sobrinho predileto, intenção que inclusive já havia sido colocada em prática no testamento que mandou redigir e assinou perante testemunhas quando hospitalizado. Na administração da fazenda, o jovem sobrinho cometera muitos tropeços administrativos e inovações técnicas apressadas, quase levando-a à bancarrota, além de assumir postura nada elogiável em relação aos proventos que advinham da propriedade, e de efetuar as compras mais disparatadas possíveis, atitudes que deixaram o tio em situação embaraçosa e com diversas dívidas.
Arrependido de sua decisão, o tio retomou a administração e posse de fato da propriedade, expulsou o sobrinho da fazenda, depois de fazer um longo e crítico discurso, e cancelou o testamento. Por isso a placa foi afixada na porteira da fazenda com aqueles dizeres, mensagem dirigida apenas ao sobrinho ingrato e incompetente, mas que a classe agronômica entendia como ofensiva aos dignos e dedicados profissionais da categoria.
Contam amigos do fazendeiro que ele deu-se por feliz de não ter ido em frente com o que havia se proposto, de efetuar doação em vida do patrimônio ao sobrinho, conforme planejara, pois nesse caso poderia não haver volta.
O fazendeiro dessa ilustrativa história havia sido alertado por parentes, mas não dera ouvidos ao que considerava fofoca e inveja, e via nisso um certo “interesse” de outros parentes.
Certo dia, os agrônomos se armaram de um trio elétrico e foram logo cedo lá para a “fazenda da placa mardita”, como já ficara conhecida a propriedade. E fizeram um barulho infernal. Dessa feita não houve jeito de não reparar na barulheira dos agrônomos, que exigiam, enfurecidos, a imediata retirada da placa, sob ameaça de processo judicial. O fazendeiro apareceu e explicou aos reclamantes que “o aviso tá no singular”, não é válido para todos os agrônomos, e “tem endereço certo para um único agrônomo”, que já estava informado verbalmente por ele da proibição, e que “a placa está ali na porteira para o caso dele se esquecer do aviso que eu dei”.
Consta que a placa ficou lá, dependurada, "exibida", e ameaçadora, por muitos e muitos anos.
O texto acima foi extraído e adaptado do livro “Meu filho, um dia tudo isso será teu”, a ser lançado em breve, e que trata de como transmitir vocação e aptidão para o trabalho na área rural, além de contar segredos de como fazer a transmissão de patrimônios aos herdeiros.
Assinar:
Postagens (Atom)