sábado, 22 de agosto de 2009

A entrega de Dona Marta


Roberto Barrreto, de Catende
Na seção São Paulo Reclama, página C2, na edição de 16 de agosto passado do jornal O Estado de São Paulo, em destaque, sob o título Propina no trânsito, há uma carta assinada pela senhora Martha M. que é um dos melhores retratos dos costumes que estamos cultivando onde se plantando tudo dá. Em resumo, explica dona Martha que no dia 30 de julho, às 19h30min, transitava o filho dela num automóvel, na Avenida Dr. Arnaldo, no Sumaré, quando foi parado por dois policiais porque estavam ilegíveis os números da placa traseira. Surpreso com o fato, pois nunca dera atenção à negligência, o motorista sugeriu como solução ir até sua residência, a dois quarteirões dali, para trocar de veículo. Os policiais, segundo ela, não só não aceitaram como fizeram uma conta rápida e informaram ao rapaz o valor da multa: 700 reais. O filho de dona Martha deve ter feito lá suas contas também e pensado rapidamente numa solução amigável. Agora, atenção, vai aí entre aspas ou ipsis litteris, como se dizia antigamente, as palavras da mamãe.
“Diante do silêncio dos policiais, sugeriu R$ 50. Silêncio novamente. Aumentou para R$ 70 e ouviu do policial que precisava consultar seu companheiro, que aceitou a proposta. Como ele não tinha essa quantia na carteira, os policiais o escoltaram até um caixa eletrônico, esperaram que o dinheiro fosse sacado, receberam-no e o deixaram ir embora com o carro irregular. Amedrontado, meu filho se sentiu obrigado a ceder a essa chantagem”.
Considerações a partir do fim do parágrafo anterior. A palavra chantagem, segundo o dicionário Houaiss, refere-se a ação de extorquir dinheiro ou favores, sob a ameaça de revelações escandalosas, verdadeiras ou não. O Aurélio, por sua vez, dá praticamente o mesmo significado ao termo, portanto, rigorosamente melhor seria o uso da velha e conhecida extorsão, a não ser que, no olhar do policial, fosse detectada a intenção de colocar um anúncio em jornais e revistas, quiçá na Internet, revelando o inaceitável desleixo, ilustrado pela foto do automóvel. Algo mais ou menos assim: Nunca faça como o filho de dona Martha! Placa ilegível, veículo apreendido! Aí, sim, chantagem, no duro, ou guincho. Feito o reparo, acrescente-se que o porta-voz da Polícia Militar, em resposta, informou que se instaurou uma investigação para apurar os fatos e que não se compactua com esse tipo de ação. Ótimo.
O fim a partir das considerações iniciais. Nem conheço dona Martha, porém, tenho certeza de que expôs sua indignação com a melhor das boas vontades, tanto que colocou a iniciativa sobre os ombros do próprio filho. Acontece muito, dona Martha, dado que estamos acostumados a pensar que a corrupção tem apenas um lado, enquanto mais do que sabido é que o processo exige dois. Há, inclusive, uma frase que entre nós ganhou fama na boca de um político paulista: é dando que se recebe. Outra coisa que dona Martha parece desconhecer é que, diante de um policial digno – existe -, não somente o carro seria guinchado para algum pátio público como seu filho seria enquadrado por tentativa de suborno. Muita gente deve achar que o filho de dona Martha seria um corruptor, mas é engano, essa figura não existe no Brasil.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

AGU contesta Lei Antifumo de São Paulo

Richard Jakubaszko
E agora? Como é que vai ficar? Vamos ter de esperar o STF se pronunciar?
AGU contesta Lei Antifumo que vigora no estado de São Paulo
Norma que proíbe fumo em lugares públicos fechados seria inconstitucional, segundo parecer do órgão.
A Advocacia Geral da União (AGU) enviou, na última terça-feira (18) ao Supremo Tribunal Federal, um parecer que considera a Lei Antifumo do estado de São Paulo inconstitucional. O relator do documento, ministro Celso de Mello, afirma que o Estado invadiu competência própria da União.
Segundo o documento, embora a competência para legislar sobre saúde seja concorrente, compete à União editar normas gerais e aos Estados apenas a competência complementar ou suplementar. Assim, como já há lei federal dispondo sobre normas gerais, não poderia o Estado legislar.
A lei federal diz que os estabelecimentos devem manter ambientes próprios para fumantes, enquanto a lei do Estado proíbe que se fume em tais estabelecimentos.
Segudo a Agência Estado, o governo do Estado defendeu a legalidade da lei por meio de nota. Afirmou que o Brasil é signatário da Convenção da Organização Mundial de Saúde (OMS), que "é mais recente e restritiva do que a lei federal". "A Lei 13.541 dá pleno cumprimento ao tratado que determina que: "cada Parte adotará medidas eficazes de proteção contra a exposição à fumaça do tabaco em locais fechados".
_

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Sou fumante, não voto em Zé Serra.

Richard Jakubaszko
Tudo isso pela simples razão de que a campanha antitabagista do atual governador do estado de São Paulo é truculenta e nada tem de democrática. É nazi-fascista a forma como vem sendo aplicada. Torno-a, portanto, uma campanha ideológica e convido os fumantes a reagirem, a riscarem o nome de José Serra de suas intenções de voto em qualquer campanha futura. Faço sugestão até mesmo de adotarem a frase título deste libelo como adesivo em seus automóveis: "Sou fumante, não voto em Zé Serra". 

Aos não fumantes, e democratas também, convido-os a participarem dessa campanha, pois imaginem o que virá de proibição truculenta se tal homem público viesse a ocupar o cargo de mais alto mandatário deste nosso Brasil. Ele já proibiu até refrigerantes em cantinas de escolas públicas, sem contar o quentão em festas juninas nas mesmas escolas. Governar, para esse político, é uma questão de mandar, simplesmente proíbe e pronto, sempre se esconde atrás do "politicamente correto". 

Na medida em que o fumo é uma prática que não é defensável, em termos de saúde pública, aproveita para rechaçar os fumantes e os envia para os quintos dos infernos. É exclusão na cara dura, tudo porque ele não gosta mais de cigarros, ele que é um ex-fumante. A forma truculenta como a campanha vai sendo imposta é lamentável. Há um aparato policial e de fiscais visitando bares e restaurantes, como se fumante fosse um bandido. Não há o mínimo de bom senso, ou de lógica, parecemos um país europeu, não temos outros problemas sociais a serem resolvidos? 

O governador do Estado de São Paulo parece não ter mais nada de importante a fazer, além de correr atrás de fumante. É por isso que os portugueses começam a contar piadas de brasileiros, ora, pois, pois... 

Realmente, ficou dura a vida do fumante, pelo menos no estado de São Paulo, e isso tende a ser copiado por outros estados. É que a chamada fiscalização, o patrulhamento, é feito de forma exacerbada principalmente pelos ex-fumantes, que não assumem a sua fraqueza em relação à fumaça, da qual muitos ainda sentem saudades. Esquecem de que faz muito mais mal à saúde o CO2 emanado de seus automóveis. Experimentem colocar um automóvel funcionando num ambiente fechado de 4 x 4 metros por algumas poucas horas (duas horas é suficiente...) e coloquem lá dentro um ser humano ou animal. Vai morrer muito antes de acabar o combustível. Se colocassem 10 ou 20 pessoas fumando nesse mesmo ambiente fechado o máximo que aconteceria ao não fumante seria uma enxaqueca no dia seguinte. 

Com essas "tecnicalidades" o político Zé Serra não tem interesse em se preocupar, ele exerce seu poder, quer demonstrar "autoridade" ao proibir, acha que exibe "pulso forte" para comandar e para liderar ovelhas desorientadas. É dessa forma truculenta que iniciam as ditaduras, é dessa forma que iniciam os processos inquisitórios e as censuras. Imaginem as futuras proibições que viriam a caminho. 

"É proibido proibir" foi um libelo nos anos sessenta, tinha conotações políticas, até porque representava a única defesa das minorias, e fumante hoje em dia se torna parte de uma minoria. 

Para quem não sabe, o cigarro, apesar dos males que possa causar aos fumantes (o que não é generalizado e nem obrigatório), também tem seus pontos positivos, como, por exemplo, ser a principal forma de controlar a anemia ferropriva, quando o organismo não fixa ferro no sangue, mesmo a gente se alimentando corretamente. O cigarro é um dos mais importantes agentes para que se possa fixar no sangue o ferro tão necessário à nossa sobrevivência. Não existe fumante anêmico, sabiam disso, meus caros leitores? 

Assim, não são somente prejuízos que o cigarro nos traz. 

Afora o prazer de pitar, sem exageros é claro. 
Mas este texto não é para incentivar o fumo, é para criticar a violência policial e demagógica do governador Zé Serra. Isto porque ter de aguentar os seguranças e porteiros a nos dizer que na calçada do condomínio não se pode fumar é demais. 
Aconteceu comigo, estava a céu aberto na calçada do Sheraton Hotel, em São Paulo, pois dei uma escapada do auditório onde se debatiam os problemas do agronegócio no 8º Congresso da ABAG, e fui dar uma pitada. Fui advertido de que ali não poderia fumar, pois "é um condomínio fechado". Mandei chamar a polícia, pois dali não sairia. Estava a céu aberto, nem marquise tinha, mas a proibição teria de ser cumprida, segundo o vigilante segurança. 

Continuei fumando, não sai dali, mas fiquei pensando na frase do político mineiro José Maria Alckmin, ex-vice-presidente do Brasil, logo após a implantação da ditadura militar no golpe de 1964. Dizia ele que numa ditadura não tinha medo dos generais, mas dos soldados, cabos e sargentos que iriam cumprir ordens de tenentes autoritários, despreparados e mal informados. 

Aos fumantes recomendo reação e personalidade. Não cedam à passividade e nem se sintam culpados. Se estiverem com ideias de largar o cigarro, que abandonem o vício, mas pensem na forma como isso está sendo feito, semelhante a um ato de tortura. Ato digno de ditadores. Poderia ser de forma mais democrática, com separação de corpos de fumantes e de não fumantes, como, aliás, já estava sendo feito, principalmente em restaurantes. 

Mas desse jeito, na porrada e na truculência, não dá para aceitar. Faço o que me é possível: vou cabalar votos contrários ao político Zé Serra, pelo menos é democrático e civilizado, e sem violência. Com certeza, depois de perdida a eleição, o Zé Serra vai creditar a culpa pela futura derrota à "Bolsa Família".
_

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Obama Jackson

Richard Jakubaszko

A internet continua a mesma de sempre. Recebi e-mail da minha filha, Daniela Jakubaszko, a quase doutora (USP) em letras e comunicações que mora lá em casa, a foto abaixo, verdadeiro primor de trabalho talentoso dos especialistas em fotoshop. Mostra o futuro presidente dos EUA (a ser reeleito) em 2012, Obama Jackson, que andou visitando o ex-médico do Michael.


sábado, 1 de agosto de 2009

Orgânicos não são mais nutritivos que alimentos convencionais

por Fernando Penteado Cardoso *

E gastamos tanto tempo e dinheiro (inclusive público da ESALQ, do IAC e da EMBRAPA) com essa tecnologia.
(Grifos do autor)

Estudo
Orgânicos não são mais nutritivos que alimentos convencionais
Os alimentos orgânicos não são mais nutritivos do que aqueles produzidos da forma convencional, revelou uma grande revisão de estudos sobre o tema divulgada ontem no Reino Unido. O estudo não mediu outras vantagens dos orgânicos, como o não uso de agrotóxico e fertilizantes em seu cultivo.
Pesquisadores da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres alertaram que os consumidores estariam pagando preços mais elevados em parte por causa dos benefícios nutricionais dos orgânicos sem que haja comprovação científica de tais benefícios.
A revisão de 162 estudos sobre o tema, publicados ao longo dos últimos 50 anos, revelou que não há diferença significativa. “Um pequeno número de diferenças em nutrientes foi constatado entre os produtos orgânicos e os convencionais, mas sem nenhuma relevância em termos de saúde pública”, afirmou Alan Dangour, um dos autores do estudo. “Não há nenhuma evidência a embasar a escolha dos alimentos orgânicos sobre os convencionais por conta de sua superioridade nutricional”.
Foram estudadas 20 das 23 categorias nutricionais, entre eles, vitamina C, cálcio e ferro presentes em legumes, frutas e verduras. O mesmo foi constatado em carnes, laticínios e ovos.
Associações de produtores de orgânicos protestaram.


* Engenheiro agrônomo (ESALQ, turma de 1936) e presidente da Agrisus - Fundação Agricultura Suntentável.
Fonte: Jornal Diário de S. Paulo – 31.07.2009
_
_

terça-feira, 28 de julho de 2009

Ah! Então tá explicado...

Richard Jakubaszko
A internet é gloriosa, nela circulam esses power points fantásticos de auto-ajuda ou bem humorados, de crítica política ou de fotos belíssimas. No link a seguir está um com a historinha exemplar e muito inteligente sobre como funciona a lógica dos políticos para se explicarem sobre suas trapalhadas. Vale a pena ver:

domingo, 26 de julho de 2009

Mozart parece que reencarnou...

Richard Jakubaszko
Marc Yu é o nome do garoto, tem 9 anos e é filho de mãe solteira, sino-americana. Desde os 2 anos de idade mostrou talento e genialidade. Se vc leitor não acreditar em reencarnação fica difícil de explicar. Parece que Mozart (ou será Liszt?) voltou... 
Dê uma olhada no vídeo desse link no Youtube: 
 

e se vc quiser saber mais sobre o garoto-prodígio, veja o site dele:
http://marc-yu.com/page4.html
Percebam que ele não usa partitura, é tudo de memória. Afora isso, não tenham dúvida, o ouvido é absoluto.
No Youtube existem outros vídeos e apresentações, procurem por Marc Yu, pesquisem especialmente também por "Lang Lang e Marc Yu". Lang Lang é considerado o mais virtuoso pianista chinês da atualidade, andou encantando o planeta durante as Olimpíadas no ano passado.
Um assombro!

_

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Você já comeu hoje? Agradeça a um agricultor!

Por Valdir Colatto
No mundo agitado em que vivemos quase não temos tempo para refletir sobre a importância da agricultura e da pecuária em nossas vidas. O alimento que chega à mesa, o sapato que calçamos, as roupas que vestimos, o combustível que move os veículos, enfim, boa parte do que consumimos e dos serviços que usufruímos são fruto direta ou indiretamente do esforço do produtor rural, profissional que trabalha sem saber se vai ser remunerado devido o risco de sua atividade. E para que tenhamos todo este conforto, precisamos reconhecer a importância daquele que transporta nossas riquezas e possibilita que a produção nacional chegue a nós.

Quando comemoramos o Dia do Agricultor e do Motorista - 25 de julho – celebramos duas atividades pouco reconhecidas e que tem relação direta no nosso dia-a-dia, pois se faltar o alimento ou ele não chegar como confortavelmente chega às prateleiras e à nossa mesa, causa um verdadeiro transtorno. Também nem sempre fica claro para o consumidor o porquê da alta nos preços dos alimentos, fruto de fatores econômicos, climáticos e logísticos. 

Os grandes vilões têm sido os preços exorbitantes do barril de petróleo, dos insumos e defensivos agrícolas, juros, além da alta carga tributária que obriga os produtores a repassarem aos consumidores custos cada vez mais elevados.
Embora seja pequena a incorporação de novas áreas destinadas ao plantio, devido às resoluções ambientais estarem cada vez mais rigorosas, a demanda por alimentos é crescente em todo o mundo. Aumentar a produtividade sem ampliar a área de cultivo depende diretamente do apoio à pesquisa, de uma política agrícola de longo prazo, da garantia do direito à propriedade e da recuperação de renda, crédito e tecnologia.
O Brasil precisa de uma agricultura sustentável do ponto de vista econômico e ambiental para manter o alto desempenho das nossas exportações. A garantia de renda ao produtor favorece a geração de empregos e fornecimento de alimentos aos brasileiros.
O setor produtivo brasileiro precisa se envolver na discussão da reformulação da legislação ambiental nacional. Precisamos modernizar a atual legislação, criada em 1965, remendada e unilateral, pois a preservação ambiental é necessária, sem dúvida, mas que prevaleça a harmonia entre a preservação e a produção rural.
Dentre estas e todas as situações suportadas hoje pelo produtor rural brasileiro, caberá sempre a indagação: “Você já comeu hoje?” Certamente sim, então “Agradeça a um agricultor”.  

* Engenheiro agrônomo, deputado federal e presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária no Congresso
_

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Já está tudo escrito

Richard Jakubaszko
Recebi do meu amigo e engenheiro agrônomo Odo Primavesi, lá de São Carlos, SP, as figuras abaixo que comprovam que tudo já foi escrito pelo homem, pelo menos nas questões comportamentais humanas. Existem coisas, evidentemente, que acreditamos não terem sido ainda escritas, dúvidas para as quais a humanidade procura respostas, ou explicações, e para muitas delas damos conotação ou responsabilidade divina, mas com certeza essas coisas estão escritas nas estrelas, na infinitude do universo. É que ainda não aprendemos a ler...
No campo das terrenas temos:















quinta-feira, 16 de julho de 2009

A imagem do agronegócio nunca esteve tão ruim

Richard Jakubaszko 
Não há necessidade de ser leitor contumaz de jornais para perceber que a imagem do produtor rural anda uma verdadeira lástima entre a chamada opinião pública. Essa imagem, na verdade, nunca foi das melhores. O produtor rural brasileiro já foi confundido, em passado recente, com o Jeca Tatu. A síndrome do Jeca Tatu é herança de uma personagem na ficção do genial escritor e nacionalista Monteiro Lobato, que nos legou uma obra literária de inequívoca criatividade e altíssimo valor cultural, plenamente reconhecida.

A referida obra foi adaptada e distorcida, chegando ao cinema nos anos 50 e 60 com grande impacto. Com isso incentivou um viés de interpretação na chamada intelectualidade brasileira e entre os jornalistas urbanos, como formadores de opinião, na medida em que associou e materializou uma imagem pública do produtor rural brasileiro típico ao simplório, inculto, matreiro, caipira e tabaréu personagem Jeca Tatu. A distorção de imagem persistiu até o início dos anos 2000, quando se iniciou um desvanecimento desses sintomas em função do espetacular crescimento da agricultura brasileira, que trouxe repercussões notáveis na geração de renda, no crescimento do emprego e nos superávits da balança comercial.

Excluídos desse perfil de imagem destrambelhada sempre estiveram os usineiros, grandes pecuaristas e também os antigos barões do café. Faziam parte da elite e da nobreza, desde o império. Algum tempo atrás, e aos poucos, já na década dos 90, incluiu-se nessa relação de exceções os citricultores, e a esses se juntaram sojicultores e cotonicultores. Com riquezas circulando e exibindo-se despudoradamente deu-se ao setor a alcunha de agronegócio. No início dos anos 2000 houve momentos em que existiu boa imagem do produtor rural perante a opinião pública. Era visto como sujeito trabalhador e empreendedor, responsável por 40% do PIB brasileiro.


Entretanto, o encarecimento dos preços dos alimentos e as questões de renegociação de empréstimos e das demandas ambientais mudaram a imagem dos produtores rurais. Agora o produtor rural é sinônimo de caloteiro, é ganancioso e, além de tudo, de destruidor de florestas, que depreda o meio ambiente e está sempre pendurado nas tetas do governo. 

A mídia e os ambientalistas acusam os produtores por queimadas na floresta, de contaminar o solo, os rios, e por intoxicar os alimentos com excesso de uso de agrotóxicos e fertilizantes. Na imagem urbana e da mídia é o bandido da moda e da vez. A péssima imagem é atribuída aos produtores pelos ambientalistas com apoio total da grande imprensa, e de alguns políticos oportunistas. Triste e deturpada imagem, sem dúvida alguma. 


A principal causa disso tudo é a ação e o discurso de algumas das lideranças rurais, de mentalidade ultrapassada, e que representam os produtores em algumas associações, entidades e federações. Ou essas lideranças mudam ou precisam ser renovadas. Deve-se colocar em seu lugar gente com uma visão moderna, focada na solução não apenas dos problemas em curto prazo, mas a médio e longo prazo. 

Aos produtores cabe boa parte da culpa, por haver falta de união, por não ter associações representativas, e por se deixar liderar por sindicalistas profissionais que se locupletam em federações estaduais ditas da agricultura. São lideranças sem expressividade ou projeção nacional, cuja arrogância e rompante espanta aos mais crédulos. Atraem, com isso, a antipatia da mídia, estimulada pelos ambientalistas. Essas “lideranças” têm em sua companhia alguns deputados e senadores pertencentes à chamada bancada ruralista, e esta também se tornou alvo preferido da mídia, por representar os mais “tenebrosos” interesses capitalistas do “agronegócio”. O agronegócio, na visão da mídia, só visa o alto lucro.

Chegaram, produtores e parlamentares, a ser chamados de vigaristas pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Este, apesar dos berros e reclamos de senadores e de deputados, não caiu. O governo federal, na maioria das vezes, por não conseguir identificar de forma clara e adequada quais as causas dos problemas rurais, apresenta soluções ou encaminhamentos a estes problemas e às políticas públicas dentro daquilo que pensa ser o mais correto. Invariavelmente erra porque é mal assessorado e mal aconselhado pelas chamadas lideranças que atuam no cenário rural.
Sem dúvida alguma, é tempo de mudar isso. E só há um caminho: união! União através de um associativismo profissional e transparente, como exigem os tempos modernos. O amplo espaço dedicado pela grande imprensa, que repercute opiniões de ambientalistas radicais, cada vez mais irá fortalecer e consolidar uma péssima imagem do produtor rural perante os brasileiros.
_

sábado, 11 de julho de 2009

Abaixo o impedimento no futebol

Richard Jakubaszko 
Há dias em que acordo com o espírito contestatório e provocativo da personagem Emília, de Monteiro Lobato. Acho que é isso, pois li na infância a quase totalidade dos livros deste mestre da literatura brasileira, aliás, aprendi praticamente a ler nos livros de Lobato, já que residi do 0 aos 6 anos na Chácara do Visconde, em Taubaté, SP, hoje conhecida como Sítio do Pica-pau amarelo. 

Pois Emília me daria razão, se estivesse entre nós, ao propor pelo fim da regra do impedimento no futebol. A questão é clara, em meu modo de entender: o gol não é o objetivo do jogo? Por que então se tenta impedir ou dificultar a alegria maior do futebol com uma regra restritiva e que gera inúmeras injustiças, que provoca tanta polêmica e ainda tem a capacidade de truncar o jogo? O impedimento destrói a credibilidade de juízes de futebol, em especial dos bandeirinhas. As mães desses profissionais são recomendadas às profundezas dos infernos toda vez em que um lance é marcado em clima de incerteza. 

De certo seu time de futebol já fez gols por intermédio de jogadores que estavam em situação de impedimento, ou na "banheira". Entretanto, com toda a certeza seu time também levou gols assim, gols que mudaram a história do jogo e até de um campeonato. Pura injustiça! Bom, só não é injustiça quando a seleção brasileira faz um gol aos 47 minutos do segundo tempo, e ganha o jogo contra a Argentina. Claro, em total impedimento... 

Mas, e se fosse o contrário? Por que então não se muda essa regra? Perguntei isso a diversos amigos, alguns fanáticos por futebol. Nenhum deles foi capaz de esboçar qualquer argumento a favor da manutenção dessa regra do futebol, por si só, em meu modo de entender, e também, provavelmente, no raciocínio de Emília, apesar dela ser uma boneca de pano que nunca manifestou interesses nesses assuntos lúdicos. Com a queda dessa regra as estatísticas demonstrariam que a média de gols por jogo iria aumentar de forma significativa, e com isso ganham o futebol, os jogadores e torcedores. E não esqueçamos dos juízes e suas progenitoras...
Se você concorda com essa ideia que, aliás, de nova não tem nada, até que é bem antiga, divulgue e lute por ela, quem sabe os dirigentes da FIFA decidam por fazer alguns testes. No mínimo isso. O futebol ficaria mais bonito e alegre, e cheio de gols. Quer coisa mais chata do que um 0 x 0? Coloque a sua opinião aqui neste blog, nos "comentários", seja a favor ou contra, talvez a gente descubra alguma razão para a manutenção dessa regra maluca.
_

domingo, 5 de julho de 2009

Emoções em fotografias


Richard Jakubaszko

"Viver não é esperar a tempestade passar... é aprender como dançar na chuva."

Recebi as fotos abaixo do meu amigo engenheiro agrônomo José Maria Fernandes dos Santos, que cada vez mais se transmuta num poeta de alma grandiosa e iluminada. A cada foto dei uma definição. Um título, digamos assim. Acrescentei algumas de meus arquivos, pois desejava há muito tempo fazer algo assim aqui no blog, e vinha colecionando as imagens pacientemente. A soma de fotos é uma enciclopédia da vida em termos de sentimentos e emoções. Confiram: 

















INOCÊNCIA, OU PUREZA?




















 
 
DOR
 
 








 

DIVINDADE












 

COMPANHEIRISMO












 







COMPAIXÃO















AMIZADE
  






















CONFIANÇA 











FÉ EM DOSE DUPLA














 


AMOR












 


ABANDONO
     
CONVIVÊNCIA PACÍFICA
 















 
 
TRISTEZA
 
















SOLIDÃO
 

sábado, 4 de julho de 2009

O que a fome vai fazer com o mundo

Richard Jakubaszko

A fome vai provocar muitas mudanças no planeta. Aliás, a fome já está fazendo muitas mudanças. Ela faz a diferença.
Por isso a importância da agricultura.
Por isso a importância de se valorizar quem produz alimentos. E não de se tentar criminalizar e punir o agricultor, a maioria deles, saibam os urbanos ignorantes, é ambientalista nato.
Os urbanos cospem no prato em que comem.
Por isso a necessidade de se replanejar o crescimento demográfico no planeta.
As mudanças climáticas acirram as necessidades, provocam imigrações. Isso é consequência do egoísmo e do preconceito. Da má distribuição de riquezas.
Consequência do desequilíbrio sem volta, da bestialidade consentida.
A pobreza é a pior de todas as formas de racismo e de preconceito social. Os imigrantes são rejeitados, escorraçados. A Europa e os países ricos tentam defender-se, votam em líderes conservadores, neoliberais da direita fascista que prometem “soluções” e pioram ainda mais as condições de milhões de inocentes. Esses seres humanos, tais e quais formigas esfomeadas, fogem do que está muito ruim. Buscam a sobrevivência, mas adentram em outros infernos dantescos.
O vídeo abaixo traz fotos impressionantes sobre as imigrações clandestinas, e que ocorre nesse momento pelo mundo afora, inclusive no Brasil, e ainda registra alguns dados estatísticos. Tem a música abissal de Manu Chao. Vejam no Youtube, e tenham uma boa reflexão a respeito. São apenas 3 minutos de horrores. O que podemos fazer?

">

sábado, 27 de junho de 2009

Amemos, acima de tudo.

Richard Jakubaszko
Recebi da minha amiga Heidi Charlotte H. Gärtner, do Axial Participações e Projetos, uma colaboradora contumaz deste blog, o texto abaixo, sem título, que tem uma análise interessante sobre o amor, sentimento que é estudado e dissecado pelos seres humanos desde imemoriais tempos em que a humanidade tomou consciência de sua existência. Portanto, deleitem-se:
_
Por Nahman Armony *
Quem pensa que a felicidade está em receber o amor de alguém se engana. Amar traz muito mais benefícios do que ser amado. Na hora em que amamos, somos tomados por uma energia poderosa, que nos enche de entusiasmo, de alegria. Amar faz de nós pessoas melhores, nos torna capazes de apreciar a vida, capacidade que não perdemos nem se formos abandonados.

Quantas vezes você já ouviu lamentos como o que abre a música de Antonio Maria (1921-1964), cantada por Maysa (1936-1977): "Ninguém me ama, ninguém me quer / Ninguém me chama de meu amor"? Muitas, não? As palavras podem até ter sido outras, mas o significado se repete: "Ah, como eu queria ser amado...". Agora, quantas vezes você ouviu alguém dizer "Ah, como gostaria de amar alguém"? Estou certo de que foram poucas.
_
Claro que quando duas pessoas se amam torna-se problemático separar o "amar" do "ser amado". Com frequência, porém, se acredita que a felicidade está mais em receber do que em dar amor. Engano, pois as delícias de amar superam as de ser amado. Ser o foco do amor de alguém é muito bom, mas tem mais a ver com uma posição passiva, uma satisfação vaidosa, uma felicidade que vem de outro e dele depende. A alegria de ser amado não é plena, não é visceral. Já o amar é algo que nos pertence, que nasce em nossas entranhas e nos enche o peito de um júbilo transbordante, que ativa nossas moléculas em direção ao ser amado, que provoca uma alegria que nasce e mora em nós mesmos, que nos torna melhores, mais capazes de apreciar a vida, mais generosos, com disposição infinita para viver e realizar.
_
Ser amado é um empréstimo; amar é um capital. Quando o amor pelo outro nasce de nós ele transborda para o mundo. Os versos que se seguem, de Poema do Amor Universal, de minha autoria, expressam este pensamento: "Eu amo/ E ao amar/ Posso amar mais ainda/ Posso estender meu amor em comprimento e profundidade / Sem deixar de amar a quem amo".
_
Quando sou amado, meu viço depende do outro. Quando amo, ele depende de mim mesmo. Não é fácil distinguir o amar do ser amado quando ocorre esta feliz conjunção de sentimentos. Se amamos e somos amados, ocorre uma retroalimentação, uma potenciação que eleva o amor aos píncaros. Ser amado estimula o amar, e vice-versa. Ao dissecar esse conjunto, porém, vemos que amar nos torna mais fortes, plenos e criativos do que ser amados. Se minha flama depende de ser amado eu a perderei quando aquele que me amou se for. Se ela depende de meu próprio amor, eu a manterei ainda que seja abandonado. Meu sofrimento não matará minha capacidade para a alegria, mesmo que a tristeza venha a ocultá-la, pois possuo uma potência dentro de mim. Já se meu amor depende do amor do outro, minha alegria vem dele, eu não a possuo, ela apenas me é concedida em usufruto, e por isso eu a perderei quando o perder.
_
Por tudo isso, amar nos torna mais fortes que ser amados. E, quando somos correspondidos, o amor que já existe em nós se torna ainda mais pujante. É diferente de amar só por ser amado. Não havendo um núcleo de amor autônomo, o vigor murchará quando o outro se for, só restando desespero, desânimo, impotência. Portanto, amemos acima de tudo. Amemos àqueles que nos amam, mas nos lembremos disto: amar nos traz mais benefícios do que sermos amados. Não vale a pena amar quem não nos ama, mas também não é suficiente amar só porque somos amados. É preciso que o amor parta de nós. Assim, a capacidade de sermos alegres, vivermos criativamente, sentirmo-nos felizes se mantém latente. Ainda que hiberne por um período, mais cedo ou mais tarde acordará.
_ * Nahman Armony, médico psicanalista, é membro da Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle (Spid), do Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro e da Federação Internacional das Sociedades Psicanalíticas. Publicou, entre outros livros, Borderline: Uma Outra Normalidade. E-mail: nahman@uol.com.br
_

quinta-feira, 25 de junho de 2009

PÍLULA DO DIA (pode ser tomada à noite)

por Roberto Barreto, de Catende

Os papanatas do Senado respiram aliviados, a farra é legal, a dinheirama sai do processamento de dados.

RBdC
_