domingo, 16 de setembro de 2012

sábado, 15 de setembro de 2012

Superando o impossível

Richard Jakubaszko
A incrível capacidade humana na busca da superação dos seus limites físicos, a tentativa da perfeição, a conquista do impossível. É isto o que o visitante do blog verá neste vídeo fantástico, ancorado no Youtube, que já está com milhões de pageviews.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O chororô da indústria canavieira



Richard Jakubaszko

Marketing da terra 
Carece de inteligência e bom senso o chororô estimulado pela cadeia do etanol de acusar o Governo Federal de praticar uma política de preços populista para a gasolina, com ameaças de “quebrar a Petrobrás”, ao mesmo tempo em que
reclama desses mesmos governantes de que não há uma política de preços para o etanol. É a política do bate-e-assopra.
Vejamos quais são os problemas, os paradoxos, incoerências e inconvenientes:

1º- Um concorrente nunca deve pedir ao seu principal opositor, que “aumente os seus preços”, o que é óbvio e elementar.

2º- O setor idealiza um faz de conta, na medida em que deseja o Governo Federal praticando preços “não populistas” para a gasolina ao mesmo tempo em que incentivaria preços remuneradores para o etanol. Faz sentido isso, quando sabemos que na cultura popular brasileira o preço dos combustíveis é um balizador da inflação? E que o Governo nesse momento luta para segurar a inflação ao mesmo tempo em que estimula a economia a crescer.

3º- Se o setor sucroalcooleiro imagina que isso possa acontecer, e que depois poderá produzir ainda mais açúcar para exportar, é porque tem gente desfocada na liderança do setor.

4º- O segmento parece precisar de um espelho, para perceber que multinacionais já dominam as agroindústrias de açúcar e álcool. Isto obriga ao segmento a ter uma nova postura.

5º- O chororô não convence. Reclamam as lideranças que, com os atuais preços do etanol, a indústria canavieira não tem capacidade para investir no aumento de produção industrial e muito menos na expansão das lavouras. Lembremos outro choramingo recente, de que não tinham como financiar estoques para a entressafra. O Governo Federal liberou dinheiro para financiar os estoques, e eles não foram suficientes, pois tivemos de importar etanol de milho dos EUA, uma vergonha nacional.

6º- Há uma briga de egos e de interesses divergentes entre as lideranças da cadeia do açúcar e etanol, prova maior disso foi a queda no início deste ano do presidente da União das Indústrias Canavieiras, Unica, Marcos Jank.

7º- Esquecem as lideranças do segmento que o etanol continua sendo subsidiado, na forma de garantia e reserva de mercado por participar com 20% na mistura da gasolina. É, portanto, um setor que já tem generosos benefícios do Governo Federal e da sociedade, mas deseja mais, almeja soluções amigas resolvidas nos tapetões do poder.

8º- Imaginam que os seus prospects futuros, o consumidor europeu, especialmente, não percebam essas manobras políticas. E sonham em exportar o etanol para a Europa, e também aos EUA, quando nem o mercado nacional conseguem abastecer. Desejam que os europeus saiam debaixo do chicote do mundo árabe, no fornecimento de petróleo e gasolina, para vir sorrir debaixo do chicote dos usineiros brasileiros.

9º- O setor sucroalcooleiro, com esse chororô, imagina pressionar o Governo Federal e os consumidores, com a possível ameaça do “pode faltar”, como fez na década de 1980, quando os automóveis tinham motores de usos exclusivos, ou gasolina ou etanol. Fingem esquecer, mas hoje os carros são flex fuel, e o consumidor tem a palavra final, conforme publicamos nesta seção, na edição anterior. Bastou os preços do etanol chegarem aos 70% da equiparação com os preços da gasolina, devido à desvantagem do poder calorífero do etanol e maior consumo por km rodado, o consumidor desprezou a questão ambiental da poluição nas áreas urbanas.

10º- As usinas deveriam investir parte de seus lucros, nesse momento, deveriam pensar em reduzir custos e aumentar a eficiência nas lavouras e nas indústrias, na fermentação mais eficiente, para produzir mais etanol por hectare, já que começou a melhorar a imagem do segmento por ser fornecedor de energia elétrica, por poluir menos os rios ao não jogar a vinhaça nos mesmos, e por não mais queimar a cana, praticando a colheita mecânica.
Ganham dinheiro queimando palha, usam menos fertilizantes e reduziram custos com a mão-de--obra. Estes três elementos por si só melhoraram as margens de lucros das usinas.

Talvez isso fosse bom negócio para os usineiros de antigamente, mas hoje em dia o que predominam são as multinacionais, e a sede de lucros com esses é muito maior.
Por isso, o chororô não convence.
E esse marketing, definitivamente, não funciona mais.

Publicado originalmente na revista Agro DBO / nº 37, setembro 2012 - Licença permitida de reprodução, desde que citada a fonte: www.agrodbo.com.br
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terça-feira, 11 de setembro de 2012

Carta aberta a FHC, que merece ir para os livros de história.

Richard Jakubaszko
A carta aberta, abaixo registrada, foi publicada em vários blogs, entre os quais no blog Limpinho e Cheiroso: http://novobloglimpinhoecheiroso.wordpress.com/2012/09/09/uma-carta-aberta-a-fhc-que-merece-ir-para-os-livros-de-historia/
Republico a carta, por concordar com a maioria de suas colocações.

Theotonio dos Santos, economista, cientista político e um dos formuladores da Teoria da Dependência. Hoje é um dos principais expoentes da Teoria do Sistema Mundo. Mestre em Ciência Política pela UnB e doutor notório saber pela UFMG e pela UFF. Coordenador da cátedra e Rede ONU/Unesco de Economia Global e Desenvolvimento Sustentável (Reggen).
O texto é um primor e contribui tanto para entender o quanto o governo do PSDB foi deletério para o Brasil como ajuda a impedir que a mídia tente “lavar branquinho” a história e produzir uma nova versão do que foram os anos FHC.

Theotonio dos Santos: Carta Aberta a Fernando Henrique Cardoso
Meu caro Fernando,
Vejo-me na obrigação de responder a carta aberta que você dirigiu ao Lula, em nome de uma velha polêmica que você e o José Serra iniciaram em 1978 contra o Rui Mauro Marini, eu, André Gunder Frank e Vânia Bambirra, rompendo com um esforço teórico comum que iniciamos no Chile na segunda metade dos anos 1960.

A discussão agora não é entre os cientistas sociais e sim a partir de uma experiência política que reflete, contudo, este debate teórico. Esta carta assinada por você como ex-presidente é uma defesa muito frágil teórica e politicamente de sua gestão. Quem a lê não pode compreender por que você saiu do governo com 23% de aprovação enquanto Lula deixa o seu governo com 96% de aprovação. Já discutimos em várias oportunidades os mitos que se criaram em torno dos chamados êxitos de seu governo. Já no seu governo vários estudiosos discutimos, o inevitável caminho de seu fracasso junto à maioria da população. Pois as premissas teóricas em que baseava sua ação política eram profundamente equivocadas e contraditórias com os interesses da maioria da população. [Se os leitores tiverem interesse de conhecer o debate sobre estas bases teóricas lhes recomendo meu livro já esgotado: Teoria da Dependência: Balanço e Perspectivas, Editora Civilização Brasileira, Rio, 2000]. Contudo, nesta oportunidade me cabe concentrar-me nos mitos criados em torno de seu governo, os quais você repete exaustivamente nesta carta aberta.

O primeiro mito é de que seu governo foi um êxito econômico a partir do fortalecimento do real e que o governo Lula estaria apoiado neste êxito alcançando assim resultados positivos que não quer compartilhar com você… Em primeiro lugar vamos desmitificar a afirmação de que foi o Plano Real que acabou com a inflação. Os dados mostram que até 1993 a economia mundial vivia uma hiperinflação na qual todas as economias apresentavam inflações superiores a 10%. A partir de 1994, todas as economias do mundo apresentaram uma queda da inflação para menos de 10%. Claro que em cada país apareceram os “gênios” locais que se apresentaram como os autores desta queda. Mas isto é falso: tratava-se de um movimento planetário.

No caso brasileiro, a nossa inflação girou, durante todo seu governo, próxima dos 10% mais altos. tivemos em seu governo uma das mais altas inflações do mundo. E aqui chegamos no outro mito incrível. Segundo você e seus seguidores (e até setores de oposição a seu governo que acreditam neste mito) sua política econômica assegurou a transformação do real numa moeda forte.

Ora Fernando, sejamos cordatos: chamar uma moeda que começou em 1994 valendo 0,85 centavos de dólar e mantendo um valor falso até 1998, quando o próprio FMI exigia uma desvalorização de pelo menos uns 40% e seu ministro da Economia recusou-se a realizá-la “pelo menos até as eleições”, indicando assim a época em que esta desvalorização viria e quando os capitais estrangeiros deveriam sair do País antes de sua desvalorização. O fato é que quando você flexibilizou o câmbio o real se desvalorizou chegando até a 4,00 reais por dólar. E não venha por a culpa da “ameaça petista”, pois esta desvalorização ocorreu muito antes da “ameaça Lula”. Ora, uma moeda que se desvaloriza quatro vezes em oito anos pode ser considerada uma moeda forte? Em que manual de economia? Que economista respeitável sustenta esta tese? Conclusões: O Plano Real não derrubou a inflação e sim uma deflação mundial que fez cair as inflações no mundo inteiro. A inflação brasileira continuou sendo uma das maiores do mundo durante seu governo. O real foi uma moeda drasticamente debilitada. Isto é evidente: quando nossa inflação esteve acima da inflação mundial por vários anos, nossa moeda tinha de ser altamente desvalorizada. De maneira suicida ela foi mantida artificialmente com um alto valor que levou à crise brutal de 1999.

O segundo mito, de acordo com suas declarações, seu governo foi um exemplo de rigor fiscal. Meu Deus: um governo que elevou a dívida pública do Brasil de uns 60 bilhões de reais em 1994 para mais de 850 bilhões de dólares quando entregou o governo ao Lula, oito anos depois, é um exemplo de rigor fiscal? Gostaria de saber que economista poderia sustentar esta tese. Isto é um dos casos mais sérios de irresponsabilidade fiscal em toda a história da humanidade. E não adianta atribuir este endividamento colossal aos chamados “esqueletos” das dívidas dos estados, como o fez seu ministro de Economia burlando a boa-fé daqueles que preferiam não enfrentar a triste realidade de seu governo. Um governo que chegou a pagar 50% ao ano de juros por seus títulos para, em seguida, depositar os investimentos vindos do exterior em moeda forte a juros nominais de 3% a 4%, não pode fugir do fato de que criou uma dívida colossal só para atrair capitais do exterior para cobrir os déficits comerciais colossais gerados por uma moeda sobrevalorizada que impedia a exportação, agravada ainda mais pelos juros absurdos que pagava para cobrir o déficit que gerava. Este nível de irresponsabilidade cambial se transforma em irresponsabilidade fiscal que o povo brasileiro pagou sob a forma de uma queda da renda de cada brasileiro pobre. Nem falar da brutal concentração de renda que esta política agravou drasticamente neste país da maior concentração de renda no mundo. Vergonha, Fernando. Muita vergonha. Baixa a cabeça e entenda por que nem seus companheiros de partido querem se identificar com o seu governo… te obrigando a sair sozinho nesta tarefa insana.

Terceiro mito – Segundo você, o Brasil tinha dificuldade de pagar sua dívida externa por causa da ameaça de um caos econômico que se esperava do governo Lula. Fernando, não brinca com a compreensão das pessoas. Em 1999, o Brasil tinha chegado à drástica situação de ter perdido todas as suas divisas. Você teve de pedir ajuda a seu amigo Clinton que colocou a sua disposição 20 bilhões de dólares do Tesouro dos EUA e mais uns 25 bilhões de dólares do FMI, Banco Mundial e BID. Tudo isto sem nenhuma garantia. Esperava-se aumentar as exportações do país para gerar divisas para pagar esta dívida. O fracasso do setor exportador brasileiro mesmo com a espetacular desvalorização do real não permitiu juntar nenhum recurso em dólar para pagar a dívida.

Não tem nada a ver com a ameaça de Lula. A ameaça de Lula existiu exatamente em consequência deste fracasso colossal de sua política macroeconômica. Sua política externa submissa aos interesses norte-americanos, apesar de algumas declarações críticas, ligava nossas exportações a uma economia decadente e um mercado já copado.

A recusa de seus neoliberais de promover uma política industrial na qual o Estado apoiava e orientava nossas exportações. A loucura do endividamento interno colossal. A impossibilidade de realizar inversões públicas apesar dos enormes recursos obtidos com a venda de uns 100 bilhões de dólares de empresas brasileiras. Os juros mais altos do mundo que inviabilizava e ainda inviabiliza a competitividade de qualquer empresa.

Enfim, um fracasso econômico rotundo que se traduzia nos mais altos índices de risco do mundo, mesmo tratando-se de avaliadoras amigas. Uma dívida sem dinheiro para pagar… Fernando, o Lula não era ameaça de caos. Você era o caos. E o povo brasileiro correu tranquilamente o risco de eleger um torneiro mecânico e um partido de agitadores, segundo a avaliação de vocês, do que continuar a aventura econômica que você e seu partido criaram para este país.

Gostaria de destacar a qualidade de seu governo em algum campo mas não posso fazê-lo nem no campo cultural para o qual foi chamado nosso querido Francisco Weffort (este então secretário geral do PT) e não criou um só museu, uma só campanha significativa. Que vergonha foi a comemoração dos 500 anos da “descoberta do Brasil”. E no plano educacional onde você não criou uma só universidade e entrou em choque com a maioria dos professores universitários sucateados em seus salários e em seu prestígio profissional.

Não Fernando, não posso reconhecer nada que não pudesse ser feito por um medíocre presidente. Lamento muito o destino do Serra. Se ele não ganhar esta eleição vai ficar sem mandato, mas esta é a política. Vocês vão ter de revisar profundamente esta tentativa de encerrar a Era Vargas com a qual se identifica tão fortemente nosso povo. E terão de pensar que o capitalismo dependente que São Paulo construiu não é o que o povo brasileiro quer. E por mais que vocês tenham alcançado o domínio da imprensa brasileira, devido suas alianças internacionais e nacionais, está claro que isto não poderia assegurar ao PSDB um governo querido pelo nosso povo.

Vocês vão ficar na nossa história com um episódio de reação contra o verdadeiro progresso que Dilma nos promete aprofundar. Ela nos disse que a luta contra a desigualdade é o verdadeiro fundamento de uma política progressista. E dessa política vocês estão fora. Apesar de tudo isto, me dá pena colocar em choque tão radical uma velha amizade.

Apesar deste caminho tão equivocado, eu ainda gosto de vocês (e tenho a melhor recordação de Ruth), mas quero vocês longe do poder no Brasil. Como a grande maioria do povo brasileiro. Poderemos bater um papo inocente em algum congresso internacional se é que vocês algum dia voltarão a frequentar este mundo dos intelectuais afastados das lides do poder.
Com a melhor disposição possível, mas com amor à verdade, me despeço.
Theotonio dos Santos
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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Separando a gema da clara, genial!

Richard Jakubaszko
A genialidade das coisas simples. Bom, façam vocês, pra ver se funciona... Como dizia a mensagem enviada pelo Zé Maria Fernandes dos Santos, pesquisador e "embaixador" do Instituto Biológico de São Paulo, que foi quem me enviou essa novidade, "a gente passa anos estudando a física e as ciências e vem essa coreana aí e dá um baile na gente"...
http://sorisomail.com/partilha/292462.html.
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domingo, 9 de setembro de 2012

Replantando árvores na Austrália

Richard Jakubaszko
Original e criativo o replantio de árvores de médio porte em áreas urbanas, como tem sido feito na Austrália, por intermédio de uma máquina projetada especialmente para isso. 
Vejam o vídeo:
http://sorisomail.com/partilha/269580.html 
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sábado, 8 de setembro de 2012

Carta resposta do MMA aos 18 cientistas brasileiros

Richard Jakubaszko
Registro abaixo a retórica e inconsequente carta-resposta do Ministério do Meio Ambiente ao "Carta aberta à presidente Dilma", esta publicada por este blog em maio último e que poderá ser lida no link: http://richardjakubaszko.blogspot.com.br/2012/05/carta-aberta-presidente-dilma-rousseff.html
Não há conteúdo, nem no discurso tradicional dos ambientalistas, e muito menos na defesa dos chavões dos discursos.
 "KLUTE OU KLINK, O PASSADO CONDENA"
Criação - Maurício Porto

Por Editoria do Alerta em Rede
24 de agosto de 2012

O secretário de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Carlos Augusto Klink, enviou ao climatologista Ricardo Felício, professor do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), uma réplica à carta aberta enviada à presidente Dilma Rousseff por 18 cientistas brasileiros, alertando-a sobre a desorientada política seguida pelo País no tocante às questões climáticas. Na resposta, Klink, um dos graduados representantes do aparato ambientalista internacional inseridos no governo brasileiro, desqualifica e repudia o documento dos cientistas, ao mesmo tempo em que denota a orientação internacionalista que tem influenciado a política nacional para os assuntos climáticos, em um tom que destoa da reorientação que o Governo Dilma tem conferido à sua política ambiental.

Encaminhada por Felício à presidente e divulgada publicamente, antes da conferência Rio+20, a carta aberta teve ampla repercussão, sendo comentada pela mídia que cobria o evento e postada nos sítios de entidades científicas, como a Sociedade Brasileira de Geofísica e a Associação Brasileira de Estudos do Quaternário. Entre os signatários, destacavam-se o geólogo Kenitiro Suguio, professor emérito da Universidade de São Paulo (USP), os climatologistas Luiz Carlos Molion, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), o geólogo João Wagner Alencar Castro, chefe do Departamento de Geologia e Paleontologia do Museu Nacional, e outros. O geólogo Geraldo Luís Lino, do conselho editorial deste sítio, também integrou a lista.

Na réplica, o secretário Klink faz o que chama uma “refutação veemente” do argumento principal da carta aberta, o de que as discussões sobre as mudanças climáticas não estão sendo pautadas por motivações científicas, mas ideológicas, políticas, econômicas e acadêmicas restritas. Em 29 parágrafos, ele produz um verdadeiro monumento ao pensamento burocrático, com argumentos redundantes e circulares e um texto abstruso, que, em sua maior parte, não apenas não oferece qualquer contestação séria à argumentação dos cientistas, como se limita a repetir chavões e lugares comuns retirados de textos padrões da literatura ambientalista.

Um exemplo é o parágrafo 22, que afirma:

Deve-se ter em conta que a base científica sobre mudança do clima está relacionada ao entendimento mais abrangente e profundo da variabilidade climática natural. Nesse sentido, a variabilidade climática natural deve ser entendida no contexto das variações naturais relacionadas a causas naturais. Por outro lado, a Mudança do Clima é influenciada pelo elemento antrópico, o qual constitui o foco da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. O IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas] leva em consideração elementos antrópicos e naturais conjuntamente.

De fato, é difícil entender o que autor quis dizer ao afirmar que “a variabilidade climática natural deve ser entendida no contexto das variações naturais relacionadas a causas naturais”. Este simples trecho sugere que a missiva deve ter sido composta com o clássico recurso “ctrl-c + ctrl-v”, e de forma algo descuidada, pois é pouco crível que um cientista que detém um Ph.D. em Biologia não tenha percebido a falta de sentido da frase.

Entretanto, apesar da “veemente” refutação de Klink à carta aberta, uma leitura atenta da sua réplica permite demonstrar que, como afirma o texto dos cientistas, a política climática nacional tem, mesmo, motivações alheias aos fatos científicos. Ele próprio admite, no parágrafo 24:

(…) Com o atual nível de conhecimento científico não é possível separar de maneira categórica o que pode ser atribuído à mudança do clima e o que advém de fenômeno natural. Ainda não é possível associar categoricamente os fenômenos atmosféricos severos ao aquecimento global. E reconhece-se também que os avanços científicos constatados pelo IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas], como aqueles utilizados nos exemplos citados anteriormente, por vezes são utilizados de maneira equivocada ou deturpada por aqueles que desejam tornar o fenômeno do aquecimento global como um guarda-chuva para todos os tipos de problemas ambientais. O Governo Brasileiro não se associa a esse tipo de conduta baseada em visão alarmista. Pelo contrário, se pauta na análise serena e embasada dos fatos políticos e científicos associados ao fenômeno.

A despeito das incertezas, o secretário justifica a linha de ação adotada pelo governo com base no famigerado “Princípio da Precaução”, um dos dogmas centrais da ideologia ambientalista, que assume a existência de riscos e a necessidade de ações preventivas, mesmo sem evidências concretas que fundamentem as restrições tecnológicas e econômicas associadas à aplicação do princípio. Como afirma o parágrafo 5:

De acordo com o Princípio da Precaução constante na Convenção [Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, da qual o autor se jacta de o Brasil ter sido o primeiro signatário - n.e.], as Partes devem adotar medidas de precaução para prever, evitar ou minimizar as causas da mudança do clima e mitigar seus efeitos negativos. Quando surgirem ameaças de danos sérios ou irreversíveis, a falta de plena certeza científica não deve ser usada como razão para postergar essas medidas, levando em conta que as políticas e medidas adotadas para enfrentar a mudança do clima devem ser eficazes em função dos custos, de modo a assegurar benefícios mundiais ao menor custo possível.

Considerando-se que as fontes energéticas favorecidas pelos ambientalistas para substituir os combustíveis fósseis, especialmente, a energia solar e a eólica, têm custos bem superiores às fontes tradicionais, tal argumento demonstra, de forma inequívoca, as contradições da argumentação ambientalista, na qual Klink se baseia.

No parágrafo 8, o secretário deixa antever uma das principais motivações do governo brasileiro para a adesão incondicional à agenda da “descarbonização” da economia, ao afirmar:

O Brasil apresenta um enorme potencial para se firmar como uma economia de baixo carbono, pois as iniciativas com maior potencial de redução de emissões estão nos setores de mudança do uso da terra e florestas e na agropecuária, que são setores responsáveis pela maior parte das emissões nacionais, diferentemente dos países industrializados e grandes emissores como China e Índia, que terão que diminuir a dependência dos combustíveis fósseis em sua matriz energética.

Ou seja, parece evidente uma intenção de se aproveitar uma “vantagem comparativa” do País, para atrair interesses e recursos financeiros para uma “economia de baixo carbono” baseada na extração de recursos naturais – estratégia que, se for plenamente implementada, poderá agravar ainda mais a já crítica tendência de desindustrialização precoce que acomete a economia nacional.

No parágrafo seguinte, Klink reforça tal impressão, ao mencionar dos recentes relatórios elaborados para estimar tais potenciais da economia brasileira: Caminhos para uma Economia de Baixa Emissão de Carbono no Brasil, realizado pela Consultoria McKinsey & Company, e Estudo de Baixo Carbono para o Brasil, pelo Banco Mundial. A origem dos estudos denota que as autoridades nacionais estão engajando firmemente o País nessa agenda internacional ditada pelos centros de comando do aparato ambientalista, em grande medida, motivadas por uma visão financeira de curto alcance, que desconsidera os sérios impactos negativos de tal orientação.

Embora não seja possível fazer um prognóstico sobre os rumos da política climática nacional, a presença de Klink na secretaria do MMA responsável por ela sugere que a ênfase “aquecimentista” ainda se fará sentir por algum tempo.

Por seu lado, o secretário tem um vasto currículo de atuação internacional no setor, junto a ONGs importantes e órgãos como o Banco Mundial, Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e outros. Ele é cofundador e ex-presidente do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), filial do Woods Hole Research Center (WHRC) estadunidense, uma das ONGs mais ativas na divulgação de notícias sensacionalistas sobre a “devastação” da Amazônia. O WHRC foi fundado pelo biólogo George M. Woodwell, um dos principais mentores das campanhas ambientalistas mais visíveis e bem-sucedidas, desde o banimento do DDT, nas décadas de 1960-1970, passando pelo banimento dos clorofluorcarbonos (CFCs), na década seguinte, e pela campanha de promoção do aquecimento global como emergência global, que resultou na criação do IPCC e do estabelecimento do Protocolo de Kyoto.

Além disso, Klink foi coordenador de programas na The Nature Conservancy do Brasil, filial de uma das ONGs ambientalistas mais poderosas do mundo, e é membro do comitê científico do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB). Este último, criado em 1998, se dedica à “capacitação e formação de pessoas ligadas à conservação ambiental”, sendo uma organização típica do aparato ambientalista, tendo em sua diretoria atual representantes de ONGs estreitamente vinculadas ao ambientalismo internacional, como o Instituto Socioambiental (ISA) e o Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC). Entre os seus financiadores, destacam-se a Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID), a Fundação Ford, a União Europeia e a Gordon and Betty Moore Foundation.

Em 2006, o IEB foi uma das ONGs com as quais a USAID articulou o programa Iniciativa para Conservação da Bacia Amazônica (ABCI, na sigla em inglês), elaborado para coordenar ações de ONGs ambientalistas e indigenistas nacionais e internacionais, provendo-os de recursos de “governança ambiental”, dentro de uma estratégia geral para “esterilizar” o desenvolvimento socioeconômico da região. Em meados de 2007, uma denúncia do Movimento de Solidariedade Ibero-americana (MSIa) levou o governo brasileiro a exigir explicações da agência estadunidense, que foi obrigada a suspender o programa por algum tempo, enquanto o reformulava e o reiniciava de outra forma.


Fonte: Alerta em Rede
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sexta-feira, 7 de setembro de 2012

É emocionante voar rasante

Richard Jakubaszko
Emocionante voo rasante sobre a América, vale a pena viajar no "14 BIS" (como será que foi filmado? Em asa delta? Um Jet Sky aéreo?) e sentir as emoções de um piloto.

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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Banksy, o mais famoso dos anônimos.

Richard Jakubaszko
Banksy é um artista anônimo, grafiteiro, talentoso, e, o que é mais instigante aos ingleses: ninguém sabe quem é. Anda pelo mundo afora, especialmente na Inglaterra, com sua arte subversiva e crítica, que desconstrói. Há apostas nas casas lotéricas inglesas para saber quando será descoberto, e quem será esse anônimo artista, se homem ou mulher, jovem ou velho, se imigrante. 
Abaixo uma amostra grátis do talento de Banksy.
Quem desejar mais informações, digite Banksy no Google é uma festa!

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Como se constrói um paradigma


Richard Jakubaszko
A construção de um paradigma (um padrão, ou referência), pode ter inúmeras causas, mas há uma explicação teórica (e prática) interessante em relação a certos comportamentos.
A história abaixo é eloquente por si só.
 
Um grupo de cientistas colocou cinco macacos em uma gaiola e, no meio desta, uma escada com bananas em cima.

Toda vez que um dos macacos começava a subir a escada, um dispositivo automático fazia jorrar água gelada sobre os demais macacos.

 
Passado certo tempo, toda vez que qualquer dos macacos esboçava um início de subida na escada, os demais o espancavam (evitando assim a água gelada).

Obviamente, após certo tempo, nenhum dos macacos se arriscava a subir a escada, apesar da tentação.

Os cientistas decidiram então substituir um dos macacos. A primeira coisa que o macaco novo fez foi tentar subir na escada. Imediatamente os demais começaram a espancá-lo.

Após várias surras o novo membro dessa comunidade aprendeu a não subir na escada, embora jamais soubesse por que.
Um segundo macaco foi substituído e ocorreu com ele o mesmo que com o primeiro. O primeiro macaco que havia sido substituído participou, juntamente com os demais, do espancamento.

Um terceiro macaco foi trocado e o mesmo (espancamento, etc.) foi repetido. Um quarto e o quinto macaco foram trocados, um de cada vez, com intervalos adequados, repetindo-se os espancamentos dos novatos quando de suas tentativas para subir na escada.

O que sobrou foi um grupo de cinco macacos que, embora nunca tenham recebido um chuveiro frio, continuavam a espancar todo macaco que tentasse subir na escada.
Se fosse possível conversar com os macacos e perguntar-lhes por que espancavam os que tentavam subir na escada... Aposto que a resposta seria:
“Eu não sei – essa é a forma como as coisas são feitas por aqui”.
Esse comportamento, essa resposta, não te parece familiar?

Não perca a oportunidade de compartilhar isto com outros, pois eles podem estar se perguntando por que continuamos a fazer o que fazemos se existe outra forma de fazê-lo.

Somente duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. E não estou seguro quanto ao primeiro.”
Albert Einstein. 
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