domingo, 7 de outubro de 2012

O temerário endividamento do brasileiro


Rogério Arioli Silva *
O assédio creditício a que têm sido submetidos os brasileiros não é desprezível e suscita dúvidas e indagações.
Estará acontecendo aqui nos trópicos o mesmo processo que levou os norte-americanos aos altos índices de endividamento e que acabaram mergulhando aquela economia numa incômoda e duradoura recessão? Não há unanimidade entre os economistas. Aqueles mais ligados ao sistema financeiro afirmam que não, porém os mais cautelosos alertam que a luz amarela já acendeu.

Muitos são os números capazes de comprovar esta ou aquela teoria e certamente a polêmica seguirá posta. Vamos a eles.  Na análise do endividamento em relação ao PIB, os brasileiros estão, de fato, muito mais tranquilos que os norte-americanos. Estes já atingem dívidas 200% acima do PIB enquanto aqueles estão recém chegando aos 50%. Ao observar os dados de comprometimento da renda a situação muda de figura: 23% da renda do brasileiro estão vinculadas ao pagamento de dívidas enquanto que, apenas 15% da renda do norte-americano encontram-se comprometidas.

Importante lembrar que a renda média mensal nos Estados Unidos é de U$ 4,4 mil enquanto no Brasil de apenas U$ 700,00. Também importa salientar que o comprometimento da renda, no caso do Brasil, concentra-se mais nas classes menos abastadas, atingindo 43% na classe C, que hoje representa mais de 100 milhões de pessoas.

Em relação ao número de famílias com dívidas, houve um pequeno recuo de 62,5% em agosto de 2011 para 59,8% em agosto deste ano. Como fato preocupante, sabe-se que o cartão de crédito é a principal fonte de endividamento das famílias brasileiras, seguido pelos carnês das lojas e, logo após, pelo financiamento de veículos. Vejam aqui uma das principais diferenças do endividamento das famílias norte-americanas em relação às brasileiras: lá as maiores dívidas são relacionadas a imóveis e aqui os bens de consumo duráveis e veículos são mais presentes.

No caso específico dos cartões de crédito percebe-se que existe uma bomba relógio armada para estourar no colo dos usuários menos desavisados.
Através da cantilena do “pagamento mínimo”, o futuro endividado mergulha insanamente num juro explosivo que poderia chegar a 238% ao ano, mas agora, graças à diminuição das taxas, atinge apenas 122%. Ou seja, é o inverso da antiga promoção varejista de “pague um e leve dois”. Configura-se, esta cilada financeira, num verdadeiro “pague dois e leve menos de um”.  No caso dos Estados Unidos os juros situam-se em torno de 2 a 5% ao ano, podendo chegar, a 17% numa situação-limite.

A agressividade da oferta de crédito é tanta que, segundo o Sistema Financeiro Nacional, a cada segundo são aprovados quinze novos financiamentos acima de mil reais no país.  Este fato demonstra que havia, de fato, um consumismo represado no Brasil, resultante dos anos de galopante inflação e baixo poder aquisitivo da maioria da população.  Bastou haver a estabilização econômica e este poder de consumo latente aflorou de maneira robusta e irreversível, segundo os mais otimistas. Melhor para as redes varejistas que viram seus faturamentos seguirem trajetórias ascendentes.

De todo modo, ficam evidentes as diferenças entre o endividamento dos norte-americanos em relação ao dos brasileiros, mas também existe um fator que não deve ser negligenciado: a falta de planejamento financeiro. Neste aspecto, a tomada de decisões brasileira escora-se na assertiva de que a prestação cabe no salário, na maioria das vezes sem considerar-se os juros e prazos de pagamentos. E aí se percebe nova armadilha: as lojas ofertando produtos com o mesmo preço à vista ou em doze parcelas. Esta “pegadinha” funciona muito bem por aqui, pois a matemática não faz parte da rotina nacional.

Por fim, importa comentar sobre pesquisa realizada há pouco tempo onde há evidente correlação positiva entre aqueles que sofrem “stress” por questões financeiras e o desenvolvimento de problemas de saúde. Importante que se diga que ficar doente também afeta diretamente o bolso, causando ainda mais problemas de endividamento, num círculo vicioso temerário e potencialmente nocivo.

* O autor é Engº Agrº e Produtor Rural no MT
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sábado, 6 de outubro de 2012

O futuro, como era projetado em 1954.

Richard Jakubaszko
Uma interessante visão, projetada em 1954 pela General Eletric, há mais de meio século, portanto, do que seria o futuro que vivemos hoje. Recebi o vídeo, ancorado lá no Youtube, de Silvia Nishikawa, lá de São Gotardo, MG, pesquisadora incansável dessas novidades.
O vídeo erra em raras previsões, e acerta na maioria dos casos: num deles, prevê uma utópica lavadora de louças ultrassônica, sem o uso de água e sabão, que, em assombrosos e poucos segundos, higienizaria pratos e talheres após o jantar. Mas acerta em cheio nas TVs, video-conferências, telefones com bina, celulares e vídeos espiões. O curioso é que na época eles ainda não tinham ideia do que se poderia fazer com os computadores, o que não é também nenhuma novidade, pois um 'gênio' da IBM na época chegou a perguntar "para quê as pessoas precisarão de uma máquina dessas em casa?".

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sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Fotos testemunhais sobre o casamento

Richard Jakubaszko
Fotos testemunhais, muito pitorescas, apropriadas e engraçadas, sobre o antes do casamento, durante, e depois, já divorciados.

Solteira:
















Casada:




















Divorciada:




















Solteiro                        Casado                          Divorciado





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terça-feira, 2 de outubro de 2012

DENÚNCIA: queijos ralados Faixa Azul e Vigor estão estragados e contaminados.

Richard Jakubaszko

Em casa somos consumidores desses queijos ralados, tipo parmesão, desde os anos 1980. Usamos, em média, mais de 2 kg por mês, preferencialmente em saquinhos de 100 g, seja Faixa Azul ou Vigor. São fabricados pela mesma empresa, a Vigor, e são o mesmo queijo, a única diferença são as embalagens  / marcas e os preços, pois a Vigor é considerada uma marca de combate, com preço de 30% a 40% menor do que o Faixa Azul.

Nossos problemas começaram desde o ano passado. Na primeira vez que percebemos o problema com o Faixa Azul acreditamos, eu e minha mulher, que seria aquela partida, pois os queijos estavam no prazo de validade. O queijo, em várias embalagens, apresentava um cheiro de formol, mas não tinha aspecto alterado, pelo menos de forma visível. Depois de consumido, na macarronada ou sopa, ficávamos "conversando" com aquele cheiro desagradável. Mudamos de supermercado e voltamos ao Vigor. O problema continuava. Reclamamos junto ao 0800 da Vigor. Eles foram atenciosos, enviaram para minha casa 10 embalagens de 100 gramas, e retiraram 8 embalagens não utilizadas que estavam em nosso poder. Nas embalagens que nos enviaram havia o mesmo bom queijo de sempre.

Aparentemente o problema foi solucionado por alguns meses. Entretanto, na última partida comprada, agora em setembro 2012, de 15 embalagens de 100 g, todas elas apresentaram problemas, todas com datas de fabricação de agosto 2012 e de vencimento prevista para dezembro de 2012. Pior ainda: agora, além do sabor e aroma alterados, com o citado cheiro de formol, acre, haviam bolas de queijo esverdeado.

Com esta denúncia cumpro minha palavra, informada à atendente do 0800 da Vigor, meses atrás. Faço isso na expectativa de que seus acionistas, diretores e funcionários, tenham vergonha do que fazem, em vender um produto estragado de forma consciente e premeditada. E que fique claro que as compras desses queijos foram feitas em diversos supermercados de renome em São Paulo, como Extra, Pão de Açúcar, Sonda e Futurama. Não dá para acusar os varejistas de má conservação ou manuseio incorreto.

Não estou nem reclamando do alto preço cobrado por esses queijos, mas dos riscos à saúde de minha família. Para quem não sabe, informo que  infecções gastrointestinais causadas por queijos estragados costumam ser mais agressivas e violentas do que aquelas com peixe estragado. É risco de muito sofrimento e até de morte!

Antes de fazer esta denúncia aqui no blog fui fazer uma pequena pesquisa no Google, e não deu outra, há gente se queixando, e denunciando o problema.
O que faz a Anvisa nesses casos? Nada?
O problema não é só a fiscalização, ou de multas. É caso de polícia!

Vejam denúncias semelhantes nos links a seguir:






COMENTÁRIO ADICIONAL AO POST, ENVIADO PELA VIGOR
Recebi hoje, 17 de outubro 2012, enviado por e-mail pelo jornalista Alexandre Inácio Machado, do Grupo JBS, acionista majoritário da Vigor, a seguinte mensagem:

Oi Richard, tudo bem?
Abaixo segue o posicionamento da Vigor sobre seu post.
Abs
Alexandre Inácio

A Vigor alimenta milhões de consumidores que, ao longo de décadas, atestam a qualidade e a confiança nas nossas marcas.

Gostaríamos de ressaltar que o processo tradicional de produção do queijo parmesão mantém rigorosamente os mesmos padrões há mais de 70 anos. Também é importante dizer que o que diferencia o queijo Faixa Azul do Vigor, além do tipo, é o tempo de maturação: Vigor é maturado 6 meses e Faixa Azul é maturado por 12 meses.

Após exaustivas análises, revisitamos toda nossa a cadeia de produção especialmente em relação ao material de embalagem, o qual pode ter resultado nesta alteração de produto. Um percentual marginal dentro de um total de milhões de embalagens comercializadas pode ter apresentado algum tipo de alteração que interfere no odor, sabor ou coloração do produto.

Como parte de nossa política de respeito ao consumidor, mantemos um serviço de atendimento (08007246433) que permanece sempre à disposição para orientação, informação e procedimentos no sentido de assegurar a reposição de produtos caso seja necessário.
Acreditamos que apesar dos inconvenientes podemos contar com a compreensão dos nossos consumidores pela longa história de qualidade e de confiança recíproca.

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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Maestro aos 3 anos de idade!

Richard Jakubaszko
Um espanto esse moleque de 3 anos de idade, que consegue "reger" uma orquestra que toca (no CD) o 4º movimento da 5ª Sinfonia (Heróica) de Beethoven. A memória musical da criança é prodigiosa, pois consegue antecipar-se em fração de segundos a vários movimentos musicais. Não erra um movimento da batuta! Rege a orquestra com o corpo e com a batuta, ou seja, parece ter em seu DNA alguma "experiência" anterior, de algo para nós inexplicável, mas mantém a espontaneidade de uma criança de 3 anos.
O vídeo vale como diversão dupla, pois a 5ª vem como gorgeta...

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domingo, 30 de setembro de 2012

Carro conceito do futuro, pela Volks China

Richard Jakubaszko
Conceito de carro do futuro, há um monte circulando por aí. Todo ano um fabricante faz um comercial pra TV e divulga suas ideias. Este, da Volkswagen da China, é original, ao menos isso...

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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O consumismo, por José Pepe Mujica.

Richard Jakubaszko
Recebi o vídeo abaixo, ancorado no Youtube, da parte de Renato Villela, da DBO, em que José Pepe Mujica, presidente do Uruguai, durante a Rio+20, faz um dos discursos (legendado) mais humanistas que já ouvi de um chefe de estado. Nada diferente do que tenho debatido aqui no blog, sobre o problema do excesso populacional do planeta e sobre a doença do consumismo. Entretanto, o presidente uruguaio diz isso com um brilhantismo invejável.
Assistam o vídeo, vale a pena.

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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Meu filho, um dia tudo isso será teu, entrevista para a TV DBO.

Richard Jakubaszko
Por ocasião do lançamento do livro "Meu filho, um dia tudo isso será teu", em setembro 2011, Fábio Lamônica e eu recebemos alguns amigos no estúdio da TV DBO, onde concedemos entrevistas, conversamos e bebemos com os muitos amigos e colegas da DBO Editores Associados. Foi uma festinha e tanto, inesquecível, registrada com carinho no vídeo abaixo, para que esses amigos possam relembrar com a gente aqueles bons momentos!

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Limite: DOIS GRAUS?



Luiz Carlos Baldicero Molion
ICAT/UFAL, Maceió, Alagoas

"Temos que controlar as emissões de carbono para manter a temperatura do planeta abaixo de 2°C", é a voz corrente, frase dita por muitos políticos e por muita gente, até cientistas ambientais, preocupada com o aquecimento global, que não sabe de onde tal frase surgiu.  Sob o ponto de vista da Física do Clima, essa afirmação é absolutamente ridícula! Usando modelos de clima, o IPCC criou uma fórmula com base no "ajuste" ("fitting") à curva de crescimento da concentração de gás carbônico (CO2 ). A fórmula é
Del T = 4,7 ln {CO2} - 26,9
onde Del T é a variação da temperatura média global forçada pela concentração de CO2 (baseada no que se crê que se sabe sobre absorção de radiação infravermelha pelo CO2 ), ln , a função matemática “logaritmo natural”, e o CO2 entre colchetes, a concentração do gás carbônico. 

Essa equação parte do princípio, também sem comprovação científica, que a concentração de CO2 era 280 ppmv na era pré-industrial e que a “sensibilidade climática” seja alta, 0,8 °C por W/m2, isto é, para cada 1 W/m2 adicionado pelo forçamento radiativo de CO2, a temperatura do planeta aumentaria de 0,8°C. É fórmula muito fácil de ser usada. Basta entrar com a concentração de CO2 que se “deseja” no futuro, a "concentração limite, o objetivo a ser alcançado",  e o resultado é o aumento de temperatura. Por exemplo, para obter os 2°C, essa concentração é CO2=460 ppmv, um aumento de 65%, com relação ao valor pré-industrial (???). Como se o clima do planeta fosse tão simples quanto isso, controlado apenas pela concentração de CO2 no ar.

A concentração de CO2 na atmosfera é controlada basicamente pelos oceanos e depende da temperatura da água. Se essa aumenta, os oceanos  emitem  mais CO2 para a atmosfera. Esse é o mesmo processo que controla a concentração do CO2 num refrigerante ou bebida gaseificada. Se a temperatura do liquido aumenta, ele expulsa o CO2 que está dissolvido e “fica sem gás”. A contribuição humana, 6 bilhões de toneladas de carbono por ano (GtC/a),  é muito pequena, desprezível, em face dos fluxos naturais dos oceanos, vegetação e solos para a atmosfera, que somam 200GtC/a, ou seja, apenas 3%, contra uma incerteza nos fluxos naturais de ±20%! A redução das emissões antrópicas de carbono não tem efeito algum sobre o clima não só por serem ínfimas, mas principalmente porque o CO2 não controla o clima global. Ao contrário, é o aumento da temperatura do planeta que força o aumento do CO2 na atmosfera terrestre.

Quanto mais leio e estudo, mais me convenço que o problema do aquecimento global é exclusivamente financeiro-economico e não climático. Não há “crise climática”. É um problema de segurança energética dos países industrializados que já não possuem uma matriz energética própria e dependem da importação, como é o caso da Inglaterra, país de onde provêm a maior parte do terrorismo climático e manipulação de dados.

Certamente, o maior problema que a humanidade vai enfrentar num futuro próximo é o aumento populacional, amplificado pelo resfriamento global nos próximos 20 anos.

A  História mostra que, toda vez que o clima se aqueceu, as civilizações, como Amoritas, Babilônios, Sumérios, Egípcios e Romanos, progrediram. O resfriamento do clima, ao contrário, sempre causou desaparecimento ou retrocesso de civilizações. Atualmente, um pequeno resfriamento global, com geadas severas, tanto antecipadas quanto tardias, seria muito ruim para a agricultura, pois acarretaria frustrações de safras e desabastecimento mundial com a população crescente. O Brasil não seria exceção. No último resfriamento, 1947-1976, o cultivo do café foi erradicado do oeste do Paraná em face das frequentes e severas geadas. É indispensável que o País se prepare para esse período ligeiramente mais frio, de 2010 a 2030, a que vai ser submetido.
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domingo, 23 de setembro de 2012

Contribuição das queimadas na Amazônia para o clima global


Luiz Carlos Baldicero Molion, PhD
A radiação solar atravessa as camadas da atmosfera e boa parte dela é absorvida pela superfície terrestre, que se aquece. Esta, por sua vez, emite radiação infravermelha (IV) que é absorvida por gases constituintes minoritários da atmosfera, como vapor d’água, gás carbônico (CO2) e metano (CH4), os chamados gases de efeito-estufa (GEE), e re-emitida em direção à superfície Essa é a definição do efeito-estufa e seria a explicação para o ar adjacente à superfície ser mais quente que o das camadas superiores da atmosfera. Assim sendo, quanto maior a concentração dos GEE, maior seria a absorção da radiação IV emitida pela superfície e mais quente ficaria o planeta. Ou seja, maior injeção de CO2 e CH4 na atmosfera tenderia a intensificar o efeito-estufa, que é o argumento fundamental do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (sigla em Inglês: IPCC) para justificar que foram as emissões de carbono, procedentes da queima de combustíveis fósseis e de florestas tropicais, responsáveis pelo aquecimento global observado nos últimos 50 anos.
Essa afirmação é questionável !

As análises das bolhas de ar aprisionadas no gelo de Vostok (Antártica) revelaram que as temperaturas dos interglaciais de 130 mil, 240 mil e 340 mil anos atrás estiveram 6°C a 10°C mais elevadas que as atuais, porém as concentrações de CO2 eram inferiores a 300 partes por milhão (ppm). Nos últimos 150 anos, registros de temperatura indicaram que temperaturas mais altas ocorreram na década de 1930, também com concentrações de CO2 inferiores a 300 ppm. Devido à intensificação da atividade industrial pós-guerra, as emissões de CO2 aumentaram significativamente entre 1945 e 1976, porém a temperatura média global diminuiu nesse período. A temperatura global aumentou a partir daquele último ano, mas, desde 1998, a temperatura tem se mantido estável, embora a concentração de CO2 tenha aumentado gradativamente  atingindo 390 ppm. Como se pode perceber, a temperatura global não é controlada pelo CO2 e, sim, o contrário, a concentração de CO2 no ar aumenta depois de a temperatura do ar aumentar.

Os fluxos naturais de CO2, dos oceanos, vegetação e solos para a atmosfera, estão estimados em 200 bilhões de toneladas de carbono por ano (GtC/a), com uma incerteza de ±  40 GtC/a (±20%). As atividades humanas emitem cerca de 7 GtC/a, ou seja, cerca de 3% dos fluxos naturais. Portanto, as emissões antrópicas globais são ínfimas, desprezíveis em face da incerteza quanto aos fluxos naturais. Segundo o inventário brasileiro de GEE (MCT, 2009), estima-se que tenham sido emitidas 0,6 GtC/a em 2005, ou seja, 8,6% dos fluxos antrópicos. Desses, foi dito que 80% foram provenientes das atividades agrícolas e mudanças no uso dos solos em todo território nacional, dos quais 58% foram a parcela de mudanças no uso da terra e florestas, correspondente a 0,35 GtC/a, isto é, cerca de 5% das emissões antrópicas em todo planeta. Esse número está superestimado, pois utiliza uma densidade de biomassa da floresta igual a 430 toneladas por hectare (t/ha), quando a região que está mais sujeita ao desmatamento, o sul da Amazônia, tem uma densidade de biomassa  de 150 t/ha, ou menor.

Portanto, um número mais próximo da realidade, admitindo que a área desmatada tenha sido estimada corretamente e 100% de eficiência na queima e emissão de carbono, que é irreal, teria sido 0,12 GtC/a, um terço da estimativa publicada. Segundo o INPE/MCT, em 2005, a área desmatada foi 18 mil km2 e, em 2010, foi inferior a 7 mil km2

Mesmo considerando os valores superestimados, as emissões amazônicas deveriam ter sido reduzidas, proporcionalmente, a 40% das emissões estimadas oficialmente em 2005 (0,14GtC/a), ou seja, 2% dos fluxos emitidos pelas atividades humanas. A estimativa seria ainda menor se for considerado que a maior parte do carbono está nas grandes árvores, que não são queimadas e, sim, retiradas e vendidas. E o mercado consumidor é externo ao país: Oriente, UE e EEUU! Mencione-se, de passagem, que as emissões globais de carbono aumentaram de 5,9% em 2010.

É de conhecimento geral que a Floresta Amazônica viva, com seus 550 milhões de hectares, retira da atmosfera, por meio da fotossíntese, pelo menos 10% de todo carbono emitido pelas atividades humanas (0,7GtC/a), contra uma estimativa realista de emissão por queimadas de 0,7% (0,05GtC / 7GtC), um saldo deveras positivo que não tem sido considerado em acordos internacionais como o Protocolo de Kyoto, por exemplo. 

Deve-se acabar com o desmatamento,  não pelo CO2 que as queimadas injetam na atmosfera, pois o CO2 não é um gás poluente ou tóxico, não controla a temperatura global e não pode provocar mudanças climáticas. Mas, sim, pela perda de biodiversidade dessa floresta e pelo impacto que o desmatamento causa ao meio ambiente local, em particular a erosão dos solos e o assoreamento dos rios, mudando a qualidade da água e da vida aquática. É importante reafirmar que não se deve confundir mudanças climáticas com conservação ambiental. Esta é extremamente necessária para a sobrevivência da espécie humana no Planeta, independente de seu clima se aquecer ou se resfriar!

* Luiz Carlos Baldicero Molion Luiz Carlos Baldicero Molion é bacharel em Física pela USP e doutor em Meteorologia – e Proteção Ambiental, como campo secundário – pela Universidade de Wisconsin, Estados Unidos. Concluiu seu pós-doutorado no Instituto de Hidrologia, em Wallingford, Inglaterra, em 1982, na área de Hidrologia de Florestas. É associado do Wissenschaftskolleg zu Berlin (Instituto de Estudos Avançados de Berlim), Alemanha, onde trabalhou como pesquisador visitante de 1989 a 1990.
Molion tem mais de 30 artigos publicados em revistas e livros estrangeiros e mais de 80 artigos em revistas nacionais e congressos, em particular sobre impactos do desmatamento da Amazônia no clima; climatologia e hidrologia da Amazônia; causas e previsibilidade das secas do Nordeste; mudanças climáticas globais e regionais; camada de ozônio e fontes de energias renováveis. Foi cientista-chefe nacional de dois experimentos com a NASA sobre a Amazônia. Aposentou-se do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE/MCT), onde foi diretor de Ciências Espaciais e Atmosféricas, como Pesquisador Titular III. Entre 1990 e 1992, foi presidente da Fundação para Estudos Avançados no Trópico Úmido (UNITROP), Governo do Estado do Amazonas, em Manaus, onde desenvolveu pesquisas sobre desenvolvimento sustentado, em particular o biodiesel, combustivel renovável feito de óleos de palmáceas nativas.
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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Gente é pra brilhar



Richard Jakubaszko
Recebi um texto creditado a Nelson Mandela, enviado pelo leitor do blog Gerson Machado, que afirma que gente deve brilhar. Entretanto, nosso compositor e poeta tupiniquim Caetano Veloso já abordou o tema em sua letra e música "Gente" em que registra, também, que "gente é pra brilhar". Não é que os dois têm razão! Texto por texto, prefiro a poesia de Caetano, além de ser mais "antiga", com quase toda a certeza. Ou não? Mas o texto de Mandela tem seu brilho!


Seu jogo pequeno não serve ao mundo
Nelson Mandela
"Nosso medo mais profundo não é que sejamos inadequados.
Nosso medo mais profundo é que sejamos poderosos além da medida.
É nossa luz, não nossa escuridão, que mais nos assusta.
Podemos perguntar-nos, ‘quem sou eu para ser brilhante, lindo, talentoso e fabuloso?’
Na verdade, quem é você para não ser? Você é um filho de Deus.
Seu jogo pequeno não serve ao mundo.
Não há brilho em se encolher para que outras pessoas não se sintam inseguras ao seu redor.
Nós todos somos feitos para brilhar, como as crianças fazem.
Nascemos para tornar manifesta a glória de Deus que está dentro de nós.
Não é apenas em alguns de nós, é em todo mundo.
E conforme deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas permissão para fazer o mesmo.
Conforme nos libertamos do nosso próprio medo, nossa presença automaticamente liberta outros".



Gente

Caetano Veloso

Gente olha pro céu

Gente quer saber o um

Gente é o lugar
De se perguntar o um
Das estrelas se perguntarem se tantas são
Cada, estrela se espanta à própria explosão
Gente é muito bom
Gente deve ser o bom
Tem de se cuidar
De se respeitar o bom
Está certo dizer que estrelas
Estão no olhar
De alguém que o amor te elegeu
Pra amar
Marina, Bethânia, Dolores,
Renata, Leilinha,
Suzana, Dedé
Gente viva, brilhando estrelas
Na noite
Gente quer comer
Gente que ser feliz
Gente quer respirar ar pelo nariz
Não, meu nego, não traia nunca
Essa força não
Essa força que mora em seu
Coração
Gente lavando roupa
Amassando pão
Gente pobre arrancando a vida
Com a mão
No coração da mata gente quer
Prosseguir
Quer durar, quer crescer,
Gente quer luzir
Rodrigo, Roberto, Caetano,
Moreno, Francisco,
Gilberto, João
Gente é pra brilhar,
Não pra morrer de fome
Gente deste planeta do céu
De anil
Gente, não entendo gente nada
Nos viu
Gente espelho de estrelas,
Reflexo do esplendor
Se as estrelas são tantas,
Só mesmo o amor
Maurício, Lucila, Gildásio,
Ivonete, Agripino,
Gracinha, Zezé
Gente espelho da vida,
Doce mistério
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