Richard Jakubaszko
Abaixo um vídeo antológico com a história do povo brasileiro, em que o índio está na base. Darcy Ribeiro fez vários comentários ao longo do vídeo, assim como de convidados, sobre como a miscigenação formou o povo que hoje conhecemos. Evidentemente que é longo o vídeo, com mais de 4 horas, mas vale por um bom livro, e pode ser assistido em capítulos, ao gosto de cada um.
.
quinta-feira, 17 de julho de 2014
quarta-feira, 16 de julho de 2014
Frases famosas de Voltaire
Richard Jakubaszko
François Marie Arouet, mais conhecido como Voltaire, foi um escritor, ensaísta, deísta e filósofo iluminista francês. Conhecido pela sua perspicácia e espirituosidade na defesa das liberdades civis, inclusive liberdade religiosa e livre comércio.
Nascimento em 21 de novembro de 1694 e morte em 30 de maio de 1778 (aos 83 anos), em Paris.
Voltaire
foi um pensador que se opôs à intolerância religiosa e à
intolerância de opinião existentes na Europa no período em que
viveu. Suas ideias revolucionárias acabaram por fazer com que fosse
exilado de seu país de origem, a França O conjunto de ideias de
Voltaire constitui uma tendência de pensamento conhecida como
Liberalismo. Exprime, na maioria dos seus textos, a preocupação da
defesa da liberdade, sobretudo do pensar, criticando a censura e a
escolástica, como observamos na seguinte frase, escrita por Evelyn
Beatrice Hall (escritora inglesa, biógrafa de Voltaire) como
tentativa de descrever o espírito de Voltaire: “Não concordo com
nenhuma das palavras que me dizes, mas lutarei até com minha vida se
preciso for, para que tenhas o direito de dizê-las”. (Wikipédia)
Algumas pérolas filosóficas de Voltaire:
Para
saber quem controla sua vida, simplesmente descubra quem você não
tem permissão para criticar.
Todo
homem é culpado pelo bem que não fez!
Há
aqueles que só empregam palavras com o objetivo de disfarçar seus
pensamentos.
Deus
me defende dos amigos, que dos inimigos me defendo eu.
Uma
coletânea de pensamentos deve ser uma farmácia onde se encontram
remédios para todos os males.
O céu
nos tem dado duas coisas para contrabalançar as muitas dificuldades
da vida: a esperança e o sono.
Todas
as riquezas do mundo não valem um bom amigo.
A
esperança é um alimento de nossa alma, ao qual sempre se mistura o
veneno do medo.
A
felicidade é a única coisa que podemos dar sem possuir.
Posso
não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas
defenderei até a morte o direito de você dizê-las. *
*
Esta frase, em verdade, é de autoria de Evelyn Beatrice Hall ,
escritora inglesa que foi biógrafa de Voltaire, e tem sido atribuída
erroneamente a Voltaire).
A
incerteza é uma posição incômoda. Porém, a certeza é uma
posição absurda.
Nem
sempre podemos agradar, porém sempre podemos tratar de ser
agradáveis.
A arte
da vida consiste em fazer da vida uma obra de arte.
A
perfeição da própria conduta consiste em manter cada um a sua
dignidade sem prejudicar a liberdade alheia.
Tolerância
é a consequência necessária da percepção de que somos pessoas
falíveis: errar é humano, e estamos o tempo todo cometendo erros.
Tolerância
é a primeira lei da natureza, já que temos uma porção de erros e
fraquezas.
O
trabalho espanta três males: o vício, a pobreza e o tédio.
As
paixões são como as ventanias que incham as velas do navio. Algumas
vezes o afundam, mas sem elas não se pode navegar.
O
mundo está nas mãos daqueles que têm coragem de sonhar e de correr
o risco de viver seus sonhos.
A
paixão de dominar é a mais terrível de todas as enfermidades do
ser humano.
Quem
crê que o dinheiro faz tudo, acaba fazendo tudo por dinheiro.
Devemos
julgar um homem mais pelas suas perguntas do que pelas respostas.
Proclamo
em altos brados a liberdade de pensamento, e morte aos que pensam
como eu.
É
difícil libertar os tolos das correntes que eles veneram.
.
terça-feira, 15 de julho de 2014
Alimentação saudável, procure uma listonista...
Richard Jakubaszko
Ana Paula, mamífera humana com 2 aninhos e alguns meses, dá lição de vida e uma aula de comunicação; é uma doutorinha em simpatia; honesta em suas recomendações de que as pessoas tenham uma alimentação saudável.
O vídeo é notável! Ana Paula é lindinha! Por isso, procure uma listonista, ou seja lá o que isso for...
.
Ana Paula, mamífera humana com 2 aninhos e alguns meses, dá lição de vida e uma aula de comunicação; é uma doutorinha em simpatia; honesta em suas recomendações de que as pessoas tenham uma alimentação saudável.
O vídeo é notável! Ana Paula é lindinha! Por isso, procure uma listonista, ou seja lá o que isso for...
.
segunda-feira, 14 de julho de 2014
Belo Monte e a síndrome do atraso
Mauro
Santayana *
(Jornal
do Brasil) - A ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica, está
analisando pedido do Consórcio Norte Energia, responsável pela
construção da Usina de Belo Monte, para adiar a entrada, por mais
um ano, em operação da usina, que fica no Rio Xingu, no Pará.
Belo
Monte não é uma obra qualquer. Em potência instalada, será a
terceira usina hidroelétrica do mundo, depois da chinesa Três
Gargantas, e da binacional, brasileiro e paraguaia, Itaipu.
A
polêmica em torno de sua construção, é emblemática do ponto de
vista do processo de ocupação e aproveitamento da Amazônia, como
patrimônio de todos os brasileiros, e com relação à falta de
convergência que existe em nossa sociedade em torno dos objetivos
nacionais.
A
Amazônia precisa ser protegida, mas, ao mesmo tempo que deve ser
preservada, ela necessita de um projeto integrado e sinérgico de
desenvolvimento que abarque toda a região.
É
hipocrisia tentar impedir a construção, depois, sabotar o
aproveitamento hídrico, e finalmente, paralisar por dezenas de vezes
uma obra, da qual depende um país que tem uma das mais altas tarifas
de energia elétrica do mundo, e que concorre nesse quesito com
outros países no mesmo estágio de desenvolvimento, como se a região
à qual pertence, não sofresse há décadas, dos mesmos problemas
que afetam a Amazônia como um todo. Questões que derivam da
ausência - e não da presença - da mão organizadora e mobilizadora
do Estado.
É
preciso preservar a cultura indígena no Brasil? Sem dúvida alguma.
Mas é preciso também reconhecer, que aqui somos 200 milhões de
pessoas, e que, para as populações indígenas já foram reservados,
e entregues, mais de 100 milhões de hectares, ou 12,5% do território
brasileiro, o que torna o Brasil o país que mais terras dedica para
esse fim, entre todas as nações do mundo.
Da
mesma forma, é preciso reconhecer que o índio, infelizmente, depois
de sua aculturação, passa a ser, muitas vezes, mais um elemento da
degradação da região, na extração ilegal de madeira, no
assoreamento e contaminação de rios para a exploração de garimpos
clandestinos - como está ocorrendo na Terra Indígena Roosevelt - na
exploração e contrabando, em conluio com estrangeiros, da nossa
biodiversidade.
Com
planejamento, organização, e sobretudo, pleno exercício da
soberania do Brasil na região, é possível conciliar a proteção
da natureza e das populações indígenas, com a exploração
sustentável do patrimônio hídrico, das florestas, da mineração,
do turismo, da navegação. Para isso, basta que se associem a União,
os Estados da Região, a iniciativa privada nacional, e,
minoritariamente, capital estrangeiro, em uma grande empresa, com
dinheiro e estrutura suficiente para fazê-lo.
O
atraso de Belo Monte, no entanto, não é exceção no Brasil de
hoje. O país está coalhado de obras que tem sido sucessivamente,
repetidamente, paralisadas pela sabotagem ou impedidas pela justiça.
Muitas
vezes, uma mesma empreiteira brasileira trabalha, simultaneamente,
com uma grande obra no Brasil e outra no exterior. Enquanto, lá
fora, a obra sai dentro do cronograma, e com o preço inicialmente
previsto, aqui o atraso pode passar de um terço do prazo e o
orçamento se multiplicar por três ou cinco.
Por
que isso ocorre? Porque nos outros países, é impossível paralisar
por dezenas de vezes obras gigantescas, de bilhões e bilhões de
dólares de orçamento, que são essenciais para o progresso de um
país, por impunemente. Fazendo isso a cada vez que pequenos grupos -
manipulados ou não - se manifestam, como se fosse a coisa mais
natural do mundo.
Lá
fora, existe um mínimo de alinhamento estratégico entre os
diferentes setores da sociedade e do Estado, e os poderes
constituídos, para a execução, de forma permanente, perene, das
obras necessárias ao desenvolvimento nacional.
Acontece
um terremoto no Japão, e, em dias, as rodovias que foram avariadas
ficam prontas. Na China, prédios são construídos em 72 horas, e
cidades inteiras são erguidas - com ruas, sistemas de saneamento,
eletricidade, prédios públicos e residenciais - em menos tempo do
que é necessário para se construir um viaduto no Brasil.
Essa
situação, em que vem um e faz, e vem o outro e desfaz,
repetidamente, uma mesma obra, tem que acabar.
O
que prejudica um determinado governo também pode paralisar outros,
independente de orientação política, e enquanto nações
emergentes avançam, o Brasil, paralisado pela “síndrome do
atraso”, continuará dando um passo à frente e três para trás,
indefinidamente.
*
o autor é jornalista
Publicado
originalmente em
http://www.maurosantayana.com/2014/07/belo-monte-e-sindrome-do-atraso.html
domingo, 13 de julho de 2014
E que Copa, hein?
Richard Jakubaszko
Terminou a Copa 2014, a Copa das Copas! Parabéns aos alemães pelo campeonato. Eles estão felizes, e nós, brasileiros, lambemos nossas feridas. Já houve isso no passado, saibam os mais jovens. Mas não criou-se esse pessimismo que se observa por aí hoje em dia, que é nitidamente de interesse político-partidário.
Nos frustramos em 1950, quando perdemos em casa, em 1982 (na Espanha, quando éramos favoritos com aquele timaço do Telê) e até mesmo em 1998, na França, quando o time inteiro, começando pelo fenômeno, amarelou. Agora, na Copa das Copas, amarelamos de novo, mas diante de uma competente Alemanha.
Assim, tivemos a Copa da Copas, e não o propalado pessimismo do "Não vai ter Copa", misturando má política com nosso mau futebol. Foi uma das melhores Copas de todos tempos, conforme a imprensa internacional, de acordo com jogadores e turistas, por todos eles, endossados pela Fifa, e isso é uma das coisas que deveria nos orgulhar como brasileiros. Tivemos Copa no Brasil, sempre de estádios cheios, com excepcional média de gols, recorde de gols, e a Copa mais emocional de todos os tempos, considerando-se as diversas batalhas ocorridas na fase de grupos, depois nas oitavas, nas quartas de final e nas finais.
Saibam os brasileiros que temos um pequeno argentino que torce pelo Brasil, veja no vídeo abaixo, é engraçadíssimo!
Aos hermanos, uma homenagem, abaixo representada pela excepcional cantora Cláudia, que canta a lindíssima canção, quase um hino argentino, "Não chores por mim Argentina". Em 2018 tem mais...
Sobre a seleção canarinho, como sempre ocorre quando perdemos, baixam os espíritos críticos, e isso me lembrou de uma canção dos Demônios da Garoa, "Time perna de pau", com uma gozação sobre essa típica mania de a gente colocar a culpa no diretor, no técnico, mas de continuar a torcer para um time que mais perde do que ganha, e mesmo assim mantemos nossa paixão pelo time da gente e da seleção também.
Aos brasileiros: ânimo e coragem! Foi só uma competição esportiva. Devemos nos preparar para a Copa na Rússia, derrubando a Lei Pelé, extirpando os empresários de jogadores, criando escolinhas, proibindo monopólios de transmissão esportiva, para melhorar o futebol.
.
Terminou a Copa 2014, a Copa das Copas! Parabéns aos alemães pelo campeonato. Eles estão felizes, e nós, brasileiros, lambemos nossas feridas. Já houve isso no passado, saibam os mais jovens. Mas não criou-se esse pessimismo que se observa por aí hoje em dia, que é nitidamente de interesse político-partidário.
Nos frustramos em 1950, quando perdemos em casa, em 1982 (na Espanha, quando éramos favoritos com aquele timaço do Telê) e até mesmo em 1998, na França, quando o time inteiro, começando pelo fenômeno, amarelou. Agora, na Copa das Copas, amarelamos de novo, mas diante de uma competente Alemanha.
Assim, tivemos a Copa da Copas, e não o propalado pessimismo do "Não vai ter Copa", misturando má política com nosso mau futebol. Foi uma das melhores Copas de todos tempos, conforme a imprensa internacional, de acordo com jogadores e turistas, por todos eles, endossados pela Fifa, e isso é uma das coisas que deveria nos orgulhar como brasileiros. Tivemos Copa no Brasil, sempre de estádios cheios, com excepcional média de gols, recorde de gols, e a Copa mais emocional de todos os tempos, considerando-se as diversas batalhas ocorridas na fase de grupos, depois nas oitavas, nas quartas de final e nas finais.
Saibam os brasileiros que temos um pequeno argentino que torce pelo Brasil, veja no vídeo abaixo, é engraçadíssimo!
Aos hermanos, uma homenagem, abaixo representada pela excepcional cantora Cláudia, que canta a lindíssima canção, quase um hino argentino, "Não chores por mim Argentina". Em 2018 tem mais...
Sobre a seleção canarinho, como sempre ocorre quando perdemos, baixam os espíritos críticos, e isso me lembrou de uma canção dos Demônios da Garoa, "Time perna de pau", com uma gozação sobre essa típica mania de a gente colocar a culpa no diretor, no técnico, mas de continuar a torcer para um time que mais perde do que ganha, e mesmo assim mantemos nossa paixão pelo time da gente e da seleção também.
Aos brasileiros: ânimo e coragem! Foi só uma competição esportiva. Devemos nos preparar para a Copa na Rússia, derrubando a Lei Pelé, extirpando os empresários de jogadores, criando escolinhas, proibindo monopólios de transmissão esportiva, para melhorar o futebol.
.
Voa liberdade
Richard Jakubaszko
Mais uma de Jessé, "Voa liberdade", um clássico dos anos 70, um pouco esquecido, e também desconhecido dos mais jovens.
.
Mais uma de Jessé, "Voa liberdade", um clássico dos anos 70, um pouco esquecido, e também desconhecido dos mais jovens.
.
sexta-feira, 11 de julho de 2014
O exemplo de superação da "mulher mais feia do mundo"
Richard Jakubaszko
A história da "mulher mais feia do mundo" é uma lição de vida para quem acha que tem "problemas". Não tenho dúvidas de que é um dos maiores exemplos de superação de que tive conhecimento em minha vida. Por mais que se alimente essa mulher não irá engordar, e jamais será "normal", pois ela não tem líquido amniótico, nunca irá pesar mais do que os 29 kg que tem hoje, tornando-a "feia" diante de padrões estabelecidos.
Assista ao vídeo abaixo (que já passou do 1,2 milhão de cliques), em palestra no TED, e surpreenda-se, além de aprender como é que se faz uma limonada com um limão estragado e muito azedo.
Depois, pense o que vc faria, se estivesse no lugar dela. E compare com o que vc faz com os seus próprios e repetitivos problemas e limitações.
.
A história da "mulher mais feia do mundo" é uma lição de vida para quem acha que tem "problemas". Não tenho dúvidas de que é um dos maiores exemplos de superação de que tive conhecimento em minha vida. Por mais que se alimente essa mulher não irá engordar, e jamais será "normal", pois ela não tem líquido amniótico, nunca irá pesar mais do que os 29 kg que tem hoje, tornando-a "feia" diante de padrões estabelecidos.
Assista ao vídeo abaixo (que já passou do 1,2 milhão de cliques), em palestra no TED, e surpreenda-se, além de aprender como é que se faz uma limonada com um limão estragado e muito azedo.
Depois, pense o que vc faria, se estivesse no lugar dela. E compare com o que vc faz com os seus próprios e repetitivos problemas e limitações.
.
quarta-feira, 9 de julho de 2014
Enfim, Barbosa, vão te deixar em paz.
Moacir de Souza José *
Ontem, terça-feira, 8 de julho, no Mineirão, só jogamos bola nos primeiros 10 minutos de jogo. E um pouco no segundo, talvez porque a Alemanha não precisasse mais se importar com uma marcação mais forte.
A derrota pôs fim a uma campanha fraca, possivelmente a pior de todas as copas – mesmo em comparação à de 1994, quando fomos campeões nos pênaltis contra a Itália de Roberto Baggio.
Ontem, os canarinhos estavam mais perdidos do que cego em tiroteio... Não jogaram para o Neymar; não jogaram para a torcida, não jogaram para as crianças (#jogapramim); jogaram para os alemães. Facilitaram a vida deles, incompreensivelmente. Esqueceram-se de que estavam diante de um fortíssimo adversário. Esqueceram-se de que a Alemanha – assim como fez a Holanda sobre a Espanha na primeira partida do Grupo H, ganhando de 5x1 – pratica o futebol-nocaute. Sim, aquele em que o time se aproveita da fraqueza do outro e liquida o jogo com uma sequência de golpes certeiros.
Tomamos 5 gols em 18 minutos; 4 gols em 6 minutos... Nunca havia se visto, numa semifinal de Copa do Mundo, um primeiro tempo terminar em 5x0 para alguma equipe... Depois, já relaxados (mas não desatentos), no segundo tempo, os alemães marcaram mais dois gols, para nosso desespero. Por que, uma vez constatada a incapacidade de reação para diminuir a diferença significativamente, a preocupação passou a ser a humilhação... Mas não teve jeito. Felizmente, numa das poucas jogadas de ataque de Oscar (uma das grandes decepções desta seleção, que só jogou bem a primeira partida), fizemos o chamado gol de honra. Era o mínimo, para não aumentar ainda mais a nossa vergonha.
E olha que o goleiro Neuer, um dos melhores (se não o melhor) desta Copa, ficou bravo com o gol que tomou!
Não dá nem para dizer que a torcida presente ao estádio usufruiu de uma partidaça de futebol, com tantos gols. A facilidade com que os alemães marcaram os cinco primeiros gols foi revoltante. O primeiro, então, foi de uma facilidade inacreditável. O atacante Muller, goleador, perigoso, hábil e tudo o mais que possamos acrescentar de qualidades, ficou sozinho na área, sem marcação qualquer, enquanto quatro jogadores brasileiros se amontoavam à sua frente. Usando de certa maldade, até o Jô marcaria aquele gol... Ou, destilando ironia, era o gol que o Fred sonhava fazer...
A falta de marcação sobre os alemães foi tamanha que até dá para desconfiar... Por qual razão a seleção brasileira marcou em cima em todos os outros jogos – principalmente contra o Chile e a Colômbia, adversários bem menos perigosos – e deixou a poderosa Alemanha jogar à vontade? Será que o Felipão não deu essa orientação ao time? Não é possível. Fala-se, agora, em “apagão”...
O que não dá para negar é que a ausência do quarto zagueiro Thiago Silva, capitão do time até então, foi mais danosa para o time do que a ausência de Neymar... Contra a Alemanha, não tomar gols era mais importante do que tentar algum, dada a superioridade tática e de qualidade dos adversários. A atuação de Dante foi absolutamente desastrosa. Pareceu-me perdido em campo. E David Luiz, nosso herói na partida contra a Colômbia, com um golaço de falta, além de outro contra o Chile (na verdade, foi gol contra), infelizmente achou que poderia continuar sendo o super-homem e ir para o ataque e tentar resolver o jogo; ajudou a aumentar o buraco da defesa, que também teve em Fernandinho outra decepção. Sem falar em Maicon, que, no mínimo, deveria ter esticado a perna desesperadamente para tentar evitar o 16º gol de Klose...
É, talvez tenha sido melhor assim. Afinal de contas, teremos de aprender com os erros, convencer-nos de que não é possível um time de futebol se apoiar num só jogador, ainda que seja o craque do time. De que não dá para jogar bem sem um meio de campo entrosado e eficiente; de aprendermos a jogar quando marcados sob pressão (o México que o diga); de termos mais preparo emocional para jogar em casa; e, finalmente, de que não pode dar certo um time onde os defensores é que marcam os gols e os atacantes ficam na defesa...
* o autor é jornalista, editor-executivo da revista DBO
.
Pena
que você já morreu Barbosa, porque, se estivesse vivo e ainda que nunca
apagasse de sua memória a derrota que sofremos para o Uruguai no Maracanã em
1950, depois do futebol-desastre apresentado pela seleção brasileira diante da
Alemanha na Copa do Mundo de 2014, também no Brasil, sentiria que a tua
tragédia parecerá pequena.
Por que pelo menos, até onde sei, jogamos bola naquele dia em que você sofreu o gol de Giggia faltando pouco mais de 10 minutos para sermos campeões do mundo.Ontem, terça-feira, 8 de julho, no Mineirão, só jogamos bola nos primeiros 10 minutos de jogo. E um pouco no segundo, talvez porque a Alemanha não precisasse mais se importar com uma marcação mais forte.
A derrota pôs fim a uma campanha fraca, possivelmente a pior de todas as copas – mesmo em comparação à de 1994, quando fomos campeões nos pênaltis contra a Itália de Roberto Baggio.
Ontem, os canarinhos estavam mais perdidos do que cego em tiroteio... Não jogaram para o Neymar; não jogaram para a torcida, não jogaram para as crianças (#jogapramim); jogaram para os alemães. Facilitaram a vida deles, incompreensivelmente. Esqueceram-se de que estavam diante de um fortíssimo adversário. Esqueceram-se de que a Alemanha – assim como fez a Holanda sobre a Espanha na primeira partida do Grupo H, ganhando de 5x1 – pratica o futebol-nocaute. Sim, aquele em que o time se aproveita da fraqueza do outro e liquida o jogo com uma sequência de golpes certeiros.
Tomamos 5 gols em 18 minutos; 4 gols em 6 minutos... Nunca havia se visto, numa semifinal de Copa do Mundo, um primeiro tempo terminar em 5x0 para alguma equipe... Depois, já relaxados (mas não desatentos), no segundo tempo, os alemães marcaram mais dois gols, para nosso desespero. Por que, uma vez constatada a incapacidade de reação para diminuir a diferença significativamente, a preocupação passou a ser a humilhação... Mas não teve jeito. Felizmente, numa das poucas jogadas de ataque de Oscar (uma das grandes decepções desta seleção, que só jogou bem a primeira partida), fizemos o chamado gol de honra. Era o mínimo, para não aumentar ainda mais a nossa vergonha.
E olha que o goleiro Neuer, um dos melhores (se não o melhor) desta Copa, ficou bravo com o gol que tomou!
Não dá nem para dizer que a torcida presente ao estádio usufruiu de uma partidaça de futebol, com tantos gols. A facilidade com que os alemães marcaram os cinco primeiros gols foi revoltante. O primeiro, então, foi de uma facilidade inacreditável. O atacante Muller, goleador, perigoso, hábil e tudo o mais que possamos acrescentar de qualidades, ficou sozinho na área, sem marcação qualquer, enquanto quatro jogadores brasileiros se amontoavam à sua frente. Usando de certa maldade, até o Jô marcaria aquele gol... Ou, destilando ironia, era o gol que o Fred sonhava fazer...
A falta de marcação sobre os alemães foi tamanha que até dá para desconfiar... Por qual razão a seleção brasileira marcou em cima em todos os outros jogos – principalmente contra o Chile e a Colômbia, adversários bem menos perigosos – e deixou a poderosa Alemanha jogar à vontade? Será que o Felipão não deu essa orientação ao time? Não é possível. Fala-se, agora, em “apagão”...
O que não dá para negar é que a ausência do quarto zagueiro Thiago Silva, capitão do time até então, foi mais danosa para o time do que a ausência de Neymar... Contra a Alemanha, não tomar gols era mais importante do que tentar algum, dada a superioridade tática e de qualidade dos adversários. A atuação de Dante foi absolutamente desastrosa. Pareceu-me perdido em campo. E David Luiz, nosso herói na partida contra a Colômbia, com um golaço de falta, além de outro contra o Chile (na verdade, foi gol contra), infelizmente achou que poderia continuar sendo o super-homem e ir para o ataque e tentar resolver o jogo; ajudou a aumentar o buraco da defesa, que também teve em Fernandinho outra decepção. Sem falar em Maicon, que, no mínimo, deveria ter esticado a perna desesperadamente para tentar evitar o 16º gol de Klose...
É, talvez tenha sido melhor assim. Afinal de contas, teremos de aprender com os erros, convencer-nos de que não é possível um time de futebol se apoiar num só jogador, ainda que seja o craque do time. De que não dá para jogar bem sem um meio de campo entrosado e eficiente; de aprendermos a jogar quando marcados sob pressão (o México que o diga); de termos mais preparo emocional para jogar em casa; e, finalmente, de que não pode dar certo um time onde os defensores é que marcam os gols e os atacantes ficam na defesa...
* o autor é jornalista, editor-executivo da revista DBO
.
terça-feira, 8 de julho de 2014
Acabou a Copa prá nós!
Richard Jakubaszko
Foi humilhante o 7 x 1 que tomamos da Alemanha. Mérito e competência do alemães, e ineficiência nossa. Fica o registro e o exemplo para a história.
Ninguém jamais saberá explicar essa derrota.
A verdade é que o tal do "profissionalismo" não nos levou a nada. A seleção travou depois do primeiro gol. Levamos mais 4 gols depois de poucos minutos. Normal do futebol levar mais um ou dois. Mas 4 gols na sequência?
Não tem explicação.
Felipão errou, ninguém tem dúvidas. Vai pagar pelo erro, com enorme ostracismo. Ousou enfrentar a Alemanha de igual pra igual, baseado no espírito de que teríamos 11 Neymars em campo, todos motivados. Nem 11 Neymars, muito menos 11 Amarildos. Felipão errou de novo ao não mexer na seleção depois do segundo gol, e aí não deu tempo de mais nada. O Brasil travou, e precisamos de muita reflexão para saber os porquês de tudo isso. Mas jamais encontraremos respostas, apenas teorias conspiratórias.
O futebol, lamentavelmente, está direcionado e organizado por interesses comerciais, empresariais, pessoais e coletivos. Dos jogadores da seleção 2014 apenas um joga no Brasil (Fred), e que não jogou quase nada nesta Copa.
Outros, como David Luís, entregaram-se, esforçaram-se, mas não poderiam dar solução aos problemas coletivos. Neymar foi só um acidente de percurso. Assim como Thiago Silva. As presenças deles hoje não nos garante que teríamos outro resultado.
O que precisamos, agora, é bola pra frente. Lamber as feridas de forma bem rápida, e nos organizar, como povo e sociedade, sem culpar a quem não tem responsabilidades pela derrota.
Tristes, frustrados, humilhados, todos estamos assim, mas são coisas do esporte e do futebol, resultados que não devem repercutir ou influenciar sobre a nossa vida em família, nos negócios, nas empresas ou na sociedade.
De certa forma o sentimento de derrota e de frustração é útil e positivo, nos faz crescer e amadurecer como sociedade, diante das perdas emocionais. O resto é infantilidade, de querer encontrar culpados. Erros foram cometidos, da comissão técnica, dos jogadores, da torcida e da mídia, mas somos, na verdade, todos culpados, por sermos excessivamente otimistas, especialmente em futebol.
Ainda estou tentando entender o que aconteceu hoje. Foi acachapante, isso é inegável.
A blogosfera internacional vai aproveitar, aliás, já começou...
.
Foi humilhante o 7 x 1 que tomamos da Alemanha. Mérito e competência do alemães, e ineficiência nossa. Fica o registro e o exemplo para a história.
Ninguém jamais saberá explicar essa derrota.
A verdade é que o tal do "profissionalismo" não nos levou a nada. A seleção travou depois do primeiro gol. Levamos mais 4 gols depois de poucos minutos. Normal do futebol levar mais um ou dois. Mas 4 gols na sequência?
Não tem explicação.
Felipão errou, ninguém tem dúvidas. Vai pagar pelo erro, com enorme ostracismo. Ousou enfrentar a Alemanha de igual pra igual, baseado no espírito de que teríamos 11 Neymars em campo, todos motivados. Nem 11 Neymars, muito menos 11 Amarildos. Felipão errou de novo ao não mexer na seleção depois do segundo gol, e aí não deu tempo de mais nada. O Brasil travou, e precisamos de muita reflexão para saber os porquês de tudo isso. Mas jamais encontraremos respostas, apenas teorias conspiratórias.
O futebol, lamentavelmente, está direcionado e organizado por interesses comerciais, empresariais, pessoais e coletivos. Dos jogadores da seleção 2014 apenas um joga no Brasil (Fred), e que não jogou quase nada nesta Copa.
Outros, como David Luís, entregaram-se, esforçaram-se, mas não poderiam dar solução aos problemas coletivos. Neymar foi só um acidente de percurso. Assim como Thiago Silva. As presenças deles hoje não nos garante que teríamos outro resultado.
O que precisamos, agora, é bola pra frente. Lamber as feridas de forma bem rápida, e nos organizar, como povo e sociedade, sem culpar a quem não tem responsabilidades pela derrota.
Tristes, frustrados, humilhados, todos estamos assim, mas são coisas do esporte e do futebol, resultados que não devem repercutir ou influenciar sobre a nossa vida em família, nos negócios, nas empresas ou na sociedade.
De certa forma o sentimento de derrota e de frustração é útil e positivo, nos faz crescer e amadurecer como sociedade, diante das perdas emocionais. O resto é infantilidade, de querer encontrar culpados. Erros foram cometidos, da comissão técnica, dos jogadores, da torcida e da mídia, mas somos, na verdade, todos culpados, por sermos excessivamente otimistas, especialmente em futebol.
Ainda estou tentando entender o que aconteceu hoje. Foi acachapante, isso é inegável.
A blogosfera internacional vai aproveitar, aliás, já começou...
.
O Brasil ganha de todos os Cês
Richard Jakubaszko
A blogosfera anda enlouquecida e desvairada com a Copa das Copas. Leiam agora o que anda circulando por aí...
O Brasil ganha de todos os Cês
![]() |
Vai Brasil! |
O Brasil ganha de todos os Cês
Brasil ganhou da Croácia, que começa com a letra C
Ganhou de Camarões, que começa com C
Ganhou do Chile, que começa também com a letra C
Ganhou da Colômbia, que também começa com C...
E hoje vai jogar Calemanha...
Quem vai ganhar?
Depois, só fica faltando a Cholanda ou a Cargentina...
.
segunda-feira, 7 de julho de 2014
Alarmismo da mídia e do mercado é eleitoral
Richard Jakubaszko
Recomendo
de forma enfática a leitura da entrevista abaixo, publicada no
Brasil Econômico. Desconstrói
o pessimismo político e partidarizado que se assiste e lê na mídia
diariamente, de natureza eleitoral.
Pessimismo que gerou o “Não vai ter Copa”.
O Brasil
não vai acabar, conforme apregoam esses profetas do apocalipse.
O
Brasil é hoje o país do pleno emprego, ao contrário das economias
europeias e dos EUA. Se a situação fosse tão ruim, como
trombeteiam na mídia, quem estaria gerando tantos empregos?
A
resposta está na entrevista abaixo.
“Crescimento
de 2% do PIB é padrão normal”
diz
Fernando Nogueira Costa
Por
Ana Paula Grabois
O
economista da Unicamp critica comparação do Brasil aos emergentes.
Para ele, o país deve ser comparado aos que já têm indústria
madura, onde o desempenho da economia está em média em 2% ao ano.
“Criam
alarmismo para tirar proveito político”, diz o economista Fernando
Nogueira Costa sobre as avaliações negativas do mercado
![]() |
"Criam
alarmismo para
tirar proveito político",
diz o economista
Fernando Nogueira Costa
sobre as avaliações
negativas do mercado
Foto: Patricia Stavis
|
Economista
da Unicamp, Fernando Nogueira Costa é otimista com os rumos que o
país tem tomado e diz que o crescimento em torno de 2% é normal e
comparável ao dos países maduros. Ex-professor no Doutorado da
presidenta Dilma Rousseff, ele defende uma visão de longo prazo para
os projetos e investimentos em curso no Brasil, citando que o pré-sal
deverá tornar o país o sexto maior produtor mundial de petróleo.
Ex-vice-presidente
da Caixa Econômica Federal e ex-diretor executivo da federação
nacional das instituições bancárias, a Febraban, Nogueira Costa
critica as avaliações negativas do mercado — que qualifica de
“alarmismo ilusório” de motivação eleitoral. E chama os
economistas-chefes dos bancos privados de “bobos da corte”: “Eles
são mais realistas que o próprio rei, vendem muito mais ideologia
do que o silêncio. E chega nessa época, ficam fomentando o
alarmismo”.
Como
o sr. vê a atual situação da economia brasileira, com baixo
crescimento e juro em patamar alto de 11%
Historicamente,
a taxa de juro não é alta, se olharmos o juro real, de cerca de
4,5%. Sobre a economia, de 2020 a 2022, quando o Brasil comemorar o
bicentenário (da independência), haverá condições para o
crescimento sustentado em longo prazo e vamos entrar na próxima
década em ótimas condições. Vivemos uma fase de investimentos que
darão resultado em longo prazo. É uma fase de maturação de
investimentos.
Em
infraestrutura?
Não,
falo do marco histórico do pré-sal.
Isso
vai demorar um pouco para dar resultado
Já
em 2018, no máximo em 2020, a Petrobras já produzirá 4 milhões de
barris/dia. Com os outros produtores, chegará a 5,2 milhões de
barris/dia. O Brasil vai caminhar nesse investimento desde agora, na
próxima década e na década dos anos 30 deste século, e se tornará
o sexto maior produtor de petróleo do mundo. Qualquer pessoa que
tomar decisão econômica, seja pessoa física ou jurídica, tem que
olhar o longo prazo. Não pode ficar olhando a campanha eleitoral, o
curto prazo, que não vai tomar decisões para a frente. Esse é um
período em que o mercado enxerga com miopia, vê de perto, mas não
vê longe. O mercado precifica mal as ações da Petrobras. Para os
assalariados, que não são especuladores profissionais, está na
hora de comprar essas ações para ter resultado na próxima década,
quando terminar o ciclo de vida profissional. Outro investimento
fundamental a maturar em 2018, em 2020, é Belo Monte, a terceira
maior hidrelétrica do mundo, que dará conforto ao crescimento
sustentado sem carência de energia. E tem as concessões em curso na
logística. Foi muito importante a Copa para ter um pacote de
abrangência nacional, como a reforma dos aeroportos. Foi uma
oportunidade histórica muita mal compreendida por quem tem visão de
curto prazo e politiza excessivamente a economia. Nem politiza,
partidariza no mal sentido. Criaram um alarmismo para tirar proveito
político.
A
Copa deu gás às obras de infraestrutura?
Não
tenho a menor dúvida. Reformar e construir estádios em escala
nacional dá um sentido de unidade. O Maracanã não tinha uma
reforma como essa há 60 anos. O Mineirão também não tinha há
muito tempo. No fim de semana, você ficava vendo futebol, o maior
evento brasileiro, e admirando os outros países. O custo é
relativamente muito baixo, ao contrário do alarmado. O BNDES
financiou R$ 3,5 bilhões. Em termos relativos, é muito pouco face
ao benefício. E o BNDES financiou R$ 8,5 bilhões em mobilidade
urbana. É positivo para sinalizar uma nova fase, existe uma visão
de estadista da presidenta Dilma. O resultado não será no mandato
dela, será a partir de 2018.
O
sr. fala dos resultados desses investimentos?
Sim,
são decisões de longo prazo. Os economistas brasileiros e os homens
de negócios ficaram muito acostumados com essa visão de conjuntura.
Em termos históricos, é um alarmismo falso porque se você observar
com isenção, a taxa de inflação está sob controle. Nos últimos
quatro anos, ficou dentro da meta e totalmente sob controle. E aí se
faz um carnaval político em torno disso.
Mas
a inflação em 12 meses está no teto da meta…
Na
série temporal da inflação, se olharmos o que foi no passado, está
sob controle e caiu muito abaixo da média histórica. É um patamar
muito baixo.
O
sr. vê um exagero sobre a questão do controle de preços?
É
óbvio que é por causa da campanha política, centrada para derrubar
o governo. É uma união de forças para tentar vencer as eleições.
O problema é o que, na economia, se chama de profecia
autorrealizável. Você contamina as expectativas diariamente. Os
empresários que não enxergarem com isenção, que não virem no
longo prazo a oportunidade que é investir no país, acabam adiando
as decisões e o resultado, no curto prazo, fica ruim. Passamos por
um período muito mais difícil por causa dessas decisões
paralisadas, em vez de investir.
O
pessimismo, que o sr. diz ter fundo eleitoral, contaminou os
empresários?
Sim,
contaminou. As pessoas não têm coragem de falar. Um aspecto
extremamente importante do livro do Thomas Piketty (“O capital no
século 21”) é que ele mostra, em série históricas, que os
países capitalistas maduros crescem muito pouco. O crescimento no
mundo, historicamente, é muito baixo. Ter um crescimento do PIB de
2% ao ano é o padrão normal. Só que é desonestidade intelectual,
em muitos casos, comparar com China ou Índia.
Qual
seria o nosso parâmetro de comparação?
Estamos
muito mais próximos de capitalismos maduros, Europa e Estados
Unidos, do que dos países emergentes. O Brasil já passou desse
patamar da indústria nascente. O Brasil foi o país que, até 1980,
mais cresceu no século 20. Pela taxa média, foi mais de 10% ao ano.
Desde então, foram duas décadas perdidas. Depois, teve algum
período de taxas maiores após de anos de recessão. Foi a 7,5% em
2010, mas houve uma recessão em 2009. Em 2004, estava tendendo a 6%
e o Banco Central freou e acabou crescendo 5,71%. Em 2003, tinha
ocorrido a freada para arrumação e foi de 1,5%. O crescimento da
renda per capita no mundo foi menor que 2% ao ano, segundo o Piketty.
Isso com concentração da riqueza. Ele diz que a renda do capital
cresce muito mais do que a renda das pessoas, cerca de seis ou sete
vezes mais. Porque o crescimento da renda do trabalho é muito baixo.
O
sr. acha que essa é uma questão esquecida na discussão econômica?
O
debate no Brasil está há vários anos extremamente pobre porque
essa coisa do tripé é uma bobagem. Qualquer manual de macroeconomia
fala que há quatro instrumentos de política econômica. Então,
qualquer política econômica de qualquer ideologia vai usar os
quatro: política monetária, política cambial, política fiscal e
controle de capital. Não tem mais o que fazer. Se você reduzir o
debate a isso, ter que subir mais um pouco os juros ou ter que baixar
mais o câmbio, é de uma pobreza intelectual tremenda e que perde
essa perspectiva histórica, que é estratégica.
O
crescimento baixo de hoje não tem nada de anormal?
É um
padrão de crescimento que vai se sustentar no longo prazo. Não
voltaremos a ter as taxas dos anos 50, ou do milagre econômico. Se
forçar a economia a ir nesse ritmo de maior crescimento, de 5%, 7%
ao ano, provavelmente vai ter inflação. E aí vai frear. A opção,
adotada nos outros países, é manter a economia estabilizada, sem
inflação, com taxa de desemprego baixo. Por que crescer muito? Qual
é a lógica de demanda, de crescimento, de rendas altas? Geralmente
é porque se quer taxa de desemprego baixa.
E
já estamos com essa taxa baixa.
As
mudanças estruturais, que o país está construindo com efeitos
extremamente benéficos para a qualidade de vida, vão se consolidar
na próxima década. E se faz esse alarmismo de curto prazo — se
faz agora e vão fazer em 2018. Em toda época eleitoral, se faz um
alarmismo ilusório.
Quais
mudanças estruturais?
A
diversificação setorial. Com a industrialização anterior, no
pós-guerra, o Brasil se tornou uma economia altamente diversificada
entre os países emergentes, com uma estrutura muito mais sofisticada
do que a grande maioria desses países. E o Brasil está caminhando
para se tornar um capitalismo maduro. A grande mudança estrutural
que vai pegar na próxima década e nas seguintes é que o Brasil vai
se tornar uma economia de petróleo. Um produtor e exportador de
petróleo. Bem administrado, isso tende a resolver os problemas de
balanço de pagamentos. Com a legislação já aprovada, vai se criar
um fundo social com a riqueza soberana, com base nesse petróleo, e
vai se dar uma oportunidade de melhorar a qualidade da educação e
da saúde, não é só a quantidade. A quantidade, já estamos
enfrentando. Isso tudo não se resolve em um governo, mas terá
condição de se resolver a longo prazo. E com a continuidade dos
programas de financiamento, o déficit habitacional deve acabar até
2030.
Ou
seja, é preciso enxergar no longo prazo?
Falta
essa visão de longo prazo no debate. Ano eleitoral é um ano de
oportunidade para se discutir o país. O que tem que ser colocado, e
a imprensa tem um papel chave nisso, é a visão de longo prazo. Vai
aprovar quem vai cuidar apenas da estabilização ou quem vai
investir no longo prazo? Isso é uma decisão a ser tomada. Se quer
baixar a inflação de 6% para 3,5% ao ano, isso vai aumentar a taxa
de desemprego. Nessa onda de demagogia política, a pessoa não é
honesta intelectualmente em falar isso, porque vai provocar
desemprego se baixar a inflação para 3,5%. No que a sociedade vai
se beneficiar disso? Vai beneficiar quem tem emprego garantido, quem
tem renda, quem tem poder de compra. É o tipo de coisa que não se
fala.
Como
sair desse cenário de expectativas de menos consumo e investimento?
É o
que chamei de profecia autorrealizável, a pessoa mente, mente, acha
que aquilo é verdade e passa a tomar decisão com base em mentira.
Isso
se reverte após a eleição?
Lembre-se
da experiência da eleição de 2002. O que se dizia era que ou o
José Serra se elegia, ou seria o caos. Esse era o refrão durante
todo o ano: “O Lula vai ser uma catástrofe, vai haver fuga de
capital”. Sou testemunha ocular porque participei do governo desde
janeiro de 2003.
Como
vice-presidente da Caixa?
Exatamente.
Eu lembro que, na Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), os
banqueiros eram muito reticentes. Eu era representante da Caixa na
Febraban. Imediatamente depois de arrumada a casa, começamos a
conceder crédito. Começamos com o crédito consignado e o único
banco que acompanhou foi o BMG. Quando o Banco Santos quebrou e os
bancos privados foram comprar a sua carteira, viram que era um
excelente negócio. Tínhamos feito as reformas para fazer a retomada
do crédito imobiliário, paralisado desde 2004. A partir de 2005,
deslanchou o crédito imobiliário e quebramos todos os recordes.
Quando se assume um governo fora dessa pressão política, da
eleição, e se faz políticas públicas acertadas, se colhe
resultado. Ninguém achava possível acabar com a miséria no Brasil.
O país já está caminhando para isso. Mas não é fazer demagogia e
falar que isso se resolve em quatro anos. Nenhum problema secular vai
acabar em quatro anos, nem em oito ou dez. Estou otimista porque, na
próxima década, boa parte dos problemas estará caminhando para ser
solucionada.
A
confiança foi retomada após a posse do então novo governo?
No
segundo semestre de 2003, o crédito direcionado — operações do
BNDES, crédito imobiliário da Caixa e crédito agrícola do Banco
do Brasil — cresceu mais que os recursos livres. Geralmente, os
bancos públicos fazem também o crédito de recursos livres , mas os
bancos privados têm mais peso. Quando o crédito cresce, a economia
começa a funcionar e, com a demanda de crédito, os bancos privados
vão atrás. Então você consegue retomar a economia e aumenta a
confiança.
O
mercado reage negativamente à reeleição de Dilma. Há algo que
constitua um risco em um eventual segundo mandato?
Isso
é pura ideologia. Conheço os meus colegas, a minha corporação.
Também convivi com banqueiros durante quatro anos e meio na
Febraban. Os economistas-chefe são os bobos da corte, são mais
realistas que o próprio rei, eles vendem muito mais ideologia do que
o silêncio, eles são os mais ideólogos. E chega nessa época, eles
ficam fomentando o alarmismo. É uma coisa puramente ideológica
porque eles protegem a escola deles. Eles querem derrubar a Dilma
porque a Dilma não é da escola deles. Fui professor da Dilma no
Doutorado da Unicamp. Claramente, eles estão derrubando uma escola
de pensamento. O problema é que não é só ideologia. Os
empregadores e a mídia ficam muito impressionados com as opiniões
deles e passa a ser uma profecia que se autorrealiza. Isso é o mais
grave: tomar decisões equivocadas baseadas em ideologia.
Vai
mudar algo se a Dilma for reeleita?
Acho
que vai. É necessário rejuvenescer os quadros de governo, dos
ministérios.
O
ministro Guido Mantega sairia da Fazenda?
É uma
questão de geração. Até os próprios ministros que estão no
governo desde o início do governo Lula estão desgastados
pessoalmente. Politicamente, é uma coisa que chamamos de fadiga
material. Faz parte da vida reconhecer que uma geração passou e que
tem que abrir espaço para uma nova geração. Tem quadros novos que
podem perfeitamente assumir. Por exemplo, o Nelson Barbosa
(ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda). Tem
experiência, passou por lá, é um quadro novo, supercompetente,
pode assumir. O próprio Tombini (Alexandre Tombini, presidente do
Banco Central) é um quadro novo e competente. Tem nomes dentro do
PT, dos aliados, do mundo acadêmico. Posso falar por mim, posso me
aposentar da Unicamp, mas já tem professores que eu formei, uma
outra geração muito competente, que está assumindo
responsabilidades e que tem plenas condições de trabalhar em
governo. Dentro do próprio governo houve muita contratação de
profissionais extremamente competentes nesse período, no Ipea, no
Banco Central, nos bancos públicos, e que podem assumir. Acho que
vai haver uma troca de gerações. Pelo que eu conheço da Dilma e de
pessoas que ela respeita, eu acho que vai haver. É natural, não
vejo com espanto, está na hora. Qualquer pessoa sensata percebe que
está na hora de trocar. O ministro Guido Mantega já quebrou o
recorde de permanência no cargo e superou a do ex-ministro Pedro
Malan. É preciso novas ideias, novos discursos. Tem que entender que
a Dilma tem essa visão de estadista, de que o ponto de chegada não
vai ser em 2018, vai ser em 2022. Eu tomo isso como simbólico. O
Brasil tem que estar no bicentenário como a quinta maior economia do
mundo, produtora de petróleo, com recursos para investir em educação
e em saúde e aproveita ainda o bônus demográfico até 2030 e que
pode esticar até 2040.
Haveria
alguma mudança ou ajuste na condução da política de um eventual
segundo mandato?
Se
espera e foi criado um certo consenso de que os preços dos
combustíveis vão subir mais. No cenário mundial, há algo que todo
mundo sabe, mas ignora no debate: ainda estamos em uma conjuntura de
crise mundial, a maior crise desde 1929. E vai durar muitos anos a
crise na Europa, e os Estados Unidos vão levar tempo para retomar a
economia. A China e a Índia são outro caso, com mercados internos
imensos. A China está fazendo uma coisa que a Índia ainda não fez
e que o Brasil fez até os anos 60, a urbanização. A população
urbana ultrapassou a população rural na China um ano ou dois anos
atrás. No Brasil, isso ocorreu em 1970. É outro tipo de economia. E
a China tem 400 milhões de consumidores, o maior mercado interno
mundial. Não dá para comparar com outros países. Comparar o Brasil
com o Chile não tem o menor sentido também, é uma economia grande
e outra pequena. E se pegar economias grandes, como Estados Unidos,
Brasil, e pegar o porte que vai ser a China, daqui a pouco os Estados
Unidos estarão pequenos, porque não crescem. Esse tipo de debate é
o que antigamente se chamava de abordagem estruturalista, de quais
são as mudanças estruturais importantes que vão dar um crescimento
sustentado com decisões tomadas já no presente, mas com reflexo na
próxima década.
O
sr. vê algum tema que a Dilma possa mudar em um eventual segundo
mandato?
Ela e
todo o governo que assumir vão tentar manter taxa de desemprego
baixa e a inflação sob controle. E ainda bem que a taxa de
desemprego ainda está muito baixa. O crescimento habitacional está
excelente em termos históricos e esse vai se manter. Depois que
passar essa grita, basta ter uma retomada externa que o Brasil — o
maior produtor e exportador de alimentos do mundo — vai dar uma
retomada na exportação. E tem muito fôlego ainda para consumo no
Brasil, porque ainda virá mais mobilidade social. Tem espaço para
expandir largamente o mercado interno. Outro equívoco no debate,
tanto em economia quanto em política e sociedade, é ser
extremamente voltado aos centros metropolitanos. As opiniões são
emitidas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Já morei anos nas duas
cidades, as frequento e hoje moro em Campinas. Essa visão
ultrapessimista de que a qualidade de vida está horrorosa, dos
engarrafamentos, é dessas cidades. E vai melhorar porque vai ter
investimento em infraestrutura e metrô. Mas isso não é a vida que
predomina no resto do país. Todas as capitais têm um trânsito
infernal, mas as metrópoles não chegam à metade da economia
brasileira. Há críticas ao financiamento de veículos, mas somos um
país que é metade da América do Sul. São 5,6 mil municípios, com
um potencial de crescimento extraordinário no interior. Há
interiorização do desenvolvimento, regiões desenvolvidas em São
Paulo, em Minas.
A
redução da desigualdade vai continuar?
Esse
debate é equivocado. O livro do Piketty mostrou isso. Aconteceu algo
extremamente importante, que foi a redução da desigualdade da renda
do trabalho. Mas a desigualdade de riqueza, em nenhum país do mundo,
seja capitalista ou socialista, se resolveu. O 1% dos mais ricos cada
vez mais concentra riqueza. É preciso continuar com políticas
públicas para diminuir a desigualdade de renda. Nos EUA e na China,
a ênfase é de igualdade de oportunidades, de o cidadão ter
condição de melhorar o padrão de vida através principalmente de
uma educação maciça de qualidade. Não vai significar que ele vai
enriquecer e todo mundo vai ficar igual. Na história humana, sempre
tiveram os poderosos e isso nunca diminuiu. Quando diminuiu, houve
duas guerras mundiais, uma grande depressão e uma hiperinflação na
Europa.
Para
o nível de pobreza que o Brasil tinha, as políticas sociais foram
importantes?
Para
aumentar a sociedade de consumo, é importante diminuir a
desigualdade da renda e dar mobilidade social. Outra coisa é
discutir se isso vai dar justiça social em termos de igualdade de
propriedade, de riqueza. A sociedade vai mudando em qualidade à
medida que vai conquistando direitos civis, políticos, sociais. Eu
acho que o século 21 vai ser de conquista de direitos econômicos.
Porque o capital de origem trabalhista, dos fundos de pensão, está
se tornando cada vez mais importante no mundo capitalista. Os
partidos de origem trabalhista, criados a partir de sindicatos, estão
ficando cada vez mais importantes. A social-democracia europeia e
nórdica deu as melhores condições de vida do mundo por causa de
vários partidos socialistas e sociais-democratas de origem
trabalhista. Isso leva, em longo prazo, a mudanças qualitativas, não
é uma revolução súbita, como foi a revolução na Rússa ou na
China. É uma mudança ao longo do tempo, não sei se neste ou no
próximo século. Baseado na experiência histórica, as conquistas
dos direitos vão aumentar cada vez mais.
.
Assinar:
Postagens (Atom)