Richard Jakubaszko
Em circulação a Agro DBO nº 68 - julho 2015
O “cenário nebuloso”, conforme se pode constatar na matéria de capa desta edição da Agro DBO, em texto da jornalista Marianna Peres, pois os custos de produção aumentaram, devido a alta do dólar, o crédito do pré-custeio atrasou, as compras de insumos não se concretizavam e vislumbra-se uma valorização do real por ocasião da colheita no início do próximo ano. Tudo isso é suficiente para que se coloquem as barbas de molho, especialmente no Brasil Central, diante da queda de lucratividade na próxima safra, apelidada antecipadamente "de safra da insegurança".
Na soja, registramos matéria do jornalista Glauco Menegheti com o engenheiro agrônomo e agricultor Alisson Hilgemberg, de Ponta Grossa (PR), onde revelamos os segredos desse ganhador do concurso de produtividade do Cesb/2015, o Comitê Estratégico Soja Brasil, que obteve a quase inacreditável produtividade de 141,79 sc/ha.
Outro destaque da edição é o perfil de Olacyr de Moraes, autoria de José Maria Tomazela, que resume o empreendedorismo daquele que foi denominado de “o rei da soja”, morto em 16 de junho último, aos 84 anos.
Na entrevista do mês o presidente da Aiba, Júlio Busato, mostra os gargalos do oeste da Bahia em termos de logística, e também a preocupação com a prevista baixa lucratividade dos grãos para a próxima safra.
No artigo de Decio Gazzoni festeja-se a liberação de importação da Cultivance pela União Europeia, fato que permitirá aos agricultores o uso de cultivares de soja com aplicação de outro herbicida que não o glifosato; isto, de um lado, reduzirá a pressão por aumento de ervas daninhas resistentes, e, de outro lado, abre concorrência com a soja Intacta, gerando a expectativa de que um mercado mais competitivo entre os fornecedores de sementes possa trazer vantagens aos produtores.
Já Rogério Arioli aponta em seu artigo que o agro precisa investir mais em pesquisas e desenvolvimento de tecnologias, sob pena de não acompanhar a concorrência internacional, pois perderemos competitividade.
Comemoramos antecipadamente o 28 de julho, dia do agricultor, ou melhor, o "dia do produtor de alimentos", parabenizando o homem do campo pelo comportamento otimista e profissional, safra após safra, como o grande impulsionador do crescimento do Brasil, pois a crise não chegou e nem vai chegar às lavouras, se Deus quiser.
No vídeo abaixo o Tostão mostra outros detalhes da edição:
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quarta-feira, 15 de julho de 2015
terça-feira, 14 de julho de 2015
Silvio Costa: o discurso contra a incoerência.
Richard Jakubaszko
O discurso contra a incoerência. Palavras simples para desconstruir a "sofisticação" da hipocrisia reinante, um aglomerado de argumentos incoerentes. A sociedade, especialmente a classe média, imbecilizou de vez, terceirizou as ideias, chegou ao pensamento único, liderados por políticos sem nenhuma noção do que seja democracia. Aí, quando se conta a piada da construção do paraíso, quando se conhece o "vai ver o povinho e a classe média que vou botar lá", tem gente que acha incorreto...
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O discurso contra a incoerência. Palavras simples para desconstruir a "sofisticação" da hipocrisia reinante, um aglomerado de argumentos incoerentes. A sociedade, especialmente a classe média, imbecilizou de vez, terceirizou as ideias, chegou ao pensamento único, liderados por políticos sem nenhuma noção do que seja democracia. Aí, quando se conta a piada da construção do paraíso, quando se conhece o "vai ver o povinho e a classe média que vou botar lá", tem gente que acha incorreto...
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segunda-feira, 13 de julho de 2015
A revolução do comércio eletrônico
Marcos Sawaya Jank *
Apesar de os brasileiros estarem entre os cinco maiores
usuários de internet do mundo, o comércio eletrônico ainda é relativamente
pequeno no país. As pessoas utilizam cada vez mais a internet, mas ainda
compram pouco.
O mundo digital é a nova fronteira do comércio no mundo.
Todos os canais de comercialização de produtos e serviços estão sendo
impactados por essa revolução, cujo epicentro de expansão é a China.
Basta dizer que o valor de vendas on-line da China (US$ 620
bilhões) já supera a soma dos valores dos Estados Unidos (US$ 380 bilhões) e da
Europa (US$ 228 bilhões). Quatro das dez maiores empresas de internet do mundo
são chinesas: Alibaba, Tencent, Baidu e JD.com, que estão em uma disputa
cerrada com as gigantes americanas (Google, Facebook, Amazon e Ebay).
Se mantiverem o crescimento dos últimos cinco anos, as
empresas chinesas em breve vão se tornar as maiores do mundo, seja pelo
potencial em termos de pessoas atingidas, seja pela oportunidade dos novos
segmentos que estão surgindo.
O fenômeno chinês aconteceu graças ao fabuloso mercado: hoje
são 525 milhões de usuários de internet via celular, principal veículo da
compra on-line. Ele também decorre das especificidades culturais e linguísticas
do País, além da reserva de mercado criada pela política pública, que
privilegiou as empresas nacionais.
Mas o principal fator foram as ferramentas inteligentes e de
fácil acesso que as empresas chinesas desenvolveram no comércio digital. A
China digital é extremamente avançada e os consumidores têm sede de inovações e
de novas experiências.
O setor da alimentação é um ótimo exemplo. Na China, mais de
50% dos compradores eletrônicos adquiriram alimentos on-line nos últimos três
meses, contra menos de 10% nos EUA. A preferência dos chineses pela compra
on-line de alimentos se explica pelas dificuldades de locomoção nas grandes
cidades e pela desconfiança em relação à qualidade dos produtos oferecidos nos
veículos tradicionais.
Os consumidores usam suas redes sociais para buscar ofertas
on-line, comprar, ranquear produtos e serviços e, acima de tudo, dividir as
suas ações e percepções com os amigos.
Comprar on-line virou uma forma de fazer novos amigos e
ganhar status. Trata-se de uma compra hiper-socializada, muito mais abrangente
que a tradicional visita ao shopping no final de semana. Gostemos ou não, é
assim que o mundo está evoluindo, pelo menos na região que concentra a maior
parte da população.
A grande disputa dos próximos anos não vai se dar entre as
grandes do mundo físico, mas sim pelo domínio do mundo digital. E essa
transformação vai atingir em cheio a área de propaganda e marketing. A China
hoje compra cada vez mais pela internet e redes sociais, e não mais através de
visitas a lojas, anúncios de televisão, mídia impressa ou telefone. A
recomendação dos amigos já é o principal fator de decisão na compra on-line,
que é amplamente difundida nas redes sociais. Em vez da artista da novela, quem
vai aconselhar sobre o que e onde comprar são os nossos amigos, sejam eles
reais ou virtuais.
* o autor é especialista em questões globais do agronegócio.
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sábado, 11 de julho de 2015
Fotos de bebês fofuras
Richard Jakubaszko
Os mamíferos humanos são uma graça, né não? Pena que crescem e ficam feios... Portanto, quando tiver um bebê à vista, deleite-se...
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Os mamíferos humanos são uma graça, né não? Pena que crescem e ficam feios... Portanto, quando tiver um bebê à vista, deleite-se...
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sexta-feira, 10 de julho de 2015
O brasileiro agora é nazista?
Richard Jakubaszko
É o que dá a entender o vídeo abaixo, uma denúncia que parece ter procedência diante do agressivo comportamento demonstrado por vários brasileiros nos últimos meses diante do que a mídia brasileira publica diariamente.
Para os mais jovens, especialmente aqueles que nasceram após o período da ditadura (1964-1984), o vídeo faz uma relação entre o Brasil de hoje e a Alemanha que elegeu e apoiou Adolf Hitler nos anos 1930, que antecederam a II Guerra Mundial, ao mesmo tempo em que se instalavam prisões dos nazistas, no que ficou conhecido depois como o Holocausto, onde mais de 6 milhões de judeus foram para as câmaras de gás.
Confira:
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É o que dá a entender o vídeo abaixo, uma denúncia que parece ter procedência diante do agressivo comportamento demonstrado por vários brasileiros nos últimos meses diante do que a mídia brasileira publica diariamente.
Para os mais jovens, especialmente aqueles que nasceram após o período da ditadura (1964-1984), o vídeo faz uma relação entre o Brasil de hoje e a Alemanha que elegeu e apoiou Adolf Hitler nos anos 1930, que antecederam a II Guerra Mundial, ao mesmo tempo em que se instalavam prisões dos nazistas, no que ficou conhecido depois como o Holocausto, onde mais de 6 milhões de judeus foram para as câmaras de gás.
Confira:
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quarta-feira, 8 de julho de 2015
Comparando o Brasil de 2002 ao de 2013…
Hildengard Angel
Comparando o Brasil de 2002 ao de 2013… segundo a OMS, a
ONU, o Banco Mundial, o IBGE, o Unicef etc
Leiam e tirem as suas próprias conclusões…
1. Produto Interno Bruto:
2002 – R$ 1,48 trilhões
2013 – R$ 4,84 trilhões
2. PIB per capita:
2002 – R$ 7,6 mil
2013 – R$ 24,1 mil
3. Dívida líquida do setor público:
2002 – 60% do PIB
2013 – 34% do PIB
4. Lucro do BNDES:
2002 – R$ 550 milhões
2013 – R$ 8,15 bilhões
5. Lucro do Banco do Brasil:
2002 – R$ 2 bilhões
2013 – R$ 15,8 bilhões
6. Lucro da Caixa Econômica Federal:
2002 – R$ 1,1 bilhões
2013 – R$ 6,7 bilhões
7. Produção de veículos:
2002 – 1,8 milhões
2013 – 3,7 milhões
8. Safra Agrícola:
2002 – 97 milhões de toneladas
2013 – 188 milhões de toneladas
9. Investimento Estrangeiro Direto:
2002 – 16,6 bilhões de dólares
2013 – 64 bilhões de dólares
10. Reservas Internacionais:
2002 – 37 bilhões de dólares
2013 – 375,8 bilhões de dólares
11. Índice Bovespa:
2002 – 11.268 pontos
2013 – 51.507 pontos
12. Empregos Gerados:
Governo FHC – 627 mil/ano
Governos Lula e Dilma – 1,79 milhões/ano
13. Taxa de Desemprego:
2002 – 12,2%
2013 – 5,4%
14. Valor de Mercado da Petrobras:
2002 – R$ 15,5 bilhões
2014 – R$ 104,9 bilhões
15. Lucro médio da Petrobras:
Governo FHC – R$ 4,2 bilhões/ano
Governos Lula e Dilma – R$ 25,6 bilhões/ano
16. Falências Requeridas em Média/ano:
Governo FHC – 25.587
Governos Lula e Dilma – 5.795
17. Salário Mínimo:
2002 – R$ 200 (1,42 cestas básicas)
2014 – R$ 724 (2,24 cestas básicas)
18. Dívida Externa em Relação às Reservas:
2002 – 557%
2014 – 81%
19. Posição entre as Economias do Mundo:
2002 – 13ª
2014 – 7ª
20. PROUNI – 1,2 milhões de bolsas
21. Salário Mínimo Convertido em Dólares:
2002 – 86,21
2014 – 305,00
22. Passagens Aéreas Vendidas:
2002 – 33 milhões
2013 – 100 milhões
23. Exportações:
2002 – 60,3 bilhões de dólares
2013 – 242 bilhões de dólares
24. Inflação Anual Média:
Governo FHC – 9,1%
Governos Lula e Dilma – 5,8%
25. PRONATEC – 6 Milhões de pessoas
26. Taxa Selic:
2002 – 18,9%
2012 – 8,5%
27. FIES – 1,3 milhões de pessoas com financiamento
universitário
28. Minha Casa Minha Vida – 1,5 milhões de famílias
beneficiadas
29. Luz Para Todos – 9,5 milhões de pessoas beneficiadas
30. Capacidade Energética:
2001 – 74.800 MW
2013 – 122.900 MW
31. Criação de 6.427 creches
32. Ciência Sem Fronteiras – 100 mil beneficiados
33. Mais Médicos (Aproximadamente 14 mil novos
profissionais): 50 milhões de beneficiados
34. Brasil Sem Miséria – Retirou 22 milhões da extrema
pobreza
35. Criação de Universidades Federais:
Governos Lula e Dilma – 18
Governo FHC – zero
36. Criação de Escolas Técnicas:
Governos Lula e Dilma – 214
Governo FHC – 0
De 1500 até 1994 – 140
37. Desigualdade Social:
Governo FHC – Queda de 2,2%
Governo PT – Queda de 11,4%
38. Produtividade:
Governo FHC – Aumento de 0,3%
Governos Lula e Dilma – Aumento de 13,2%
39. Taxa de Pobreza:
2002 – 34%
2012 – 15%
40. Taxa de Extrema Pobreza:
2003 – 15%
2012 – 5,2%
41. Índice de Desenvolvimento Humano:
2000 – 0,669
2005 – 0,699
2012 – 0,730
42. Mortalidade Infantil:
2002 – 25,3 em 1000 nascidos vivos
2012 – 12,9 em 1000 nascidos vivos
43. Gastos Públicos em Saúde:
2002 – R$ 28 bilhões
2013 – R$ 106 bilhões
44. Gastos Públicos em Educação:
2002 – R$ 17 bilhões
2013 – R$ 94 bilhões
45. Estudantes no Ensino Superior:
2003 – 583.800
2012 – 1.087.400
46. Risco Brasil (IPEA):
2002 – 1.446
2013 – 224
47. Operações da Polícia Federal:
Governo FHC – 48
Governo PT – 1.273 (15 mil presos)
48. Varas da Justiça Federal:
2003 – 100
2010 – 513
49. 38 milhões de pessoas ascenderam à Nova Classe Média
(Classe C)
50. 42 milhões de pessoas saíram da miséria
FONTES:
39/40 – http://www.washingtonpost.com
42 – OMS, Unicef, Banco Mundial e ONU
37 – índice de GINI: www.ipeadata.gov.br
45 – Ministério da Educação
13 – IBGE
26 – Banco Mundial
Notícias, Informações e Debates sobre o Desenvolvimento do
Brasil: www.desenvolvimentistas.com.br
Publicado originalmente no blog: http://www.hildegardangel.com.br/?p=41715
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segunda-feira, 6 de julho de 2015
O golpe está em marcha
Programa da oposição é derrubar Dilma, custe o que custar; a
PF assina embaixo e o governo assiste.
As últimas estocadas da oposição provam estar em curso uma operação sistemática para derrubar a presidente Dilma.
Relembrando fatos. A investida desesperada às vésperas da eleição para incriminar Lula e a então candidata. Não deu certo. Recontem-se os votos, decretaram os derrotados. Parece piada, mas isso aconteceu. Também fracassou, tal qual a pecha de estelionato eleitoral! (Alguém esqueceu da desvalorização brutal da moeda em 1999?)
A essa altura, as acusações de roubalheira da Petrobras embaladas pela compra de uma refinaria pareciam cair do céu para um impeachment. Fiasco, até porque o negócio foi recomendado pelo Citibank e avalizado por um conselho composto de ricaços: Jorge Gerdau, Cláudio Haddad, Fábio Barbosa etc.
A história azedou ainda mais quando o executivo petroleiro Pedro Barusco contou que a corrupção estatal avançou no governo do PSDB, turbinada por uma lei que aboliu licitações. Detalhe: Barusco prometeu devolver centenas de milhões de dólares depositados no exterior. Mas a grana não era para o PT? Como estava na conta pessoal dele? Bem, isso não vem ao caso.
Aí surgiu a novela das pedaladas fiscais. Novo fracasso. Todos que conhecem a política mesmo superficialmente sabem que o Tribunal de Contas da União é um almoxarifado para acomodar políticos decadentes, uma espécie de prêmio de consolação para sabujos fiéis ""a favor ou contra, tanto faz. A coisa ficou mais incômoda quando descobriram que as pedaladas começaram na administração Fernando Henrique Cardoso.
Bem, sempre tem o pessoal do Moro e sua equipe de delações. Incrível: o Brasil é o único lugar teoricamente democrático em que candidatos a réus são informados de crimes pelo jornal, TV ou internet. O conteúdo, então, é de espantar.
"O doleiro [Alberto Youssef] não identifica com precisão a pessoa que o teria procurado para pedir ajuda, e deixa claro que não participou da campanha da presidente [...] Se não me engano, o pai dele tinha uma empreiteira. Não consigo lembrar do nome da empreiteira [...] O doleiro afirmou não saber se Felipe (acusado de ser o intermediário) buscou outros operadores. Questionado sobre o valor do dinheiro a ser internalizado, o doleiro respondeu: 'Acho que era em torno de R$ 20 milhões'". (FSP, 03/07, Pág. A4)
Tal depoimento, como se percebe robusto, cheio de evidências, em que o acusador ignora o nome do interlocutor, desconhece para quem ele trabalha e sequer sabe o valor exato da propina --tal depoimento está no processo que serviu de base para o PSDB pedir a cassação de Dilma!
Para completar a mistificação, aparece a entrevista do delegado geral da Polícia Federal ao "Estado de S. Paulo". Somos informados que na democracia da jabuticaba existem quatro poderes: o Executivo, o Legislativo, o Judiciário e a...Polícia Federal. "O ministro da Justiça não é o seu chefe?", perguntam as repórteres. Resposta: "O ministro da Justiça é o responsável pela PF, mas na esfera administrativa. As ações da PF na esfera de investigação são feitas no limite da lei".
Pelo jeito, a mesma lei que muda votações na Câmara ao sabor de um presidente que dispensa comentários; deixa impunes sonegadores graúdos da Receita; fornece habeas corpus a banqueiros selecionados; prende antes de julgar e vem transformando o Supremo Tribunal Federal num órgão tão decisivo quanto cerimônias de chá na Academia Brasileira de Letras.
E o governo, o ministro da Justiça, não têm nada a dizer antes que seja tarde?
Artigo de Ricardo Melo, publicado na Folha de São Paulo.
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As últimas estocadas da oposição provam estar em curso uma operação sistemática para derrubar a presidente Dilma.
Relembrando fatos. A investida desesperada às vésperas da eleição para incriminar Lula e a então candidata. Não deu certo. Recontem-se os votos, decretaram os derrotados. Parece piada, mas isso aconteceu. Também fracassou, tal qual a pecha de estelionato eleitoral! (Alguém esqueceu da desvalorização brutal da moeda em 1999?)
A essa altura, as acusações de roubalheira da Petrobras embaladas pela compra de uma refinaria pareciam cair do céu para um impeachment. Fiasco, até porque o negócio foi recomendado pelo Citibank e avalizado por um conselho composto de ricaços: Jorge Gerdau, Cláudio Haddad, Fábio Barbosa etc.
A história azedou ainda mais quando o executivo petroleiro Pedro Barusco contou que a corrupção estatal avançou no governo do PSDB, turbinada por uma lei que aboliu licitações. Detalhe: Barusco prometeu devolver centenas de milhões de dólares depositados no exterior. Mas a grana não era para o PT? Como estava na conta pessoal dele? Bem, isso não vem ao caso.
Aí surgiu a novela das pedaladas fiscais. Novo fracasso. Todos que conhecem a política mesmo superficialmente sabem que o Tribunal de Contas da União é um almoxarifado para acomodar políticos decadentes, uma espécie de prêmio de consolação para sabujos fiéis ""a favor ou contra, tanto faz. A coisa ficou mais incômoda quando descobriram que as pedaladas começaram na administração Fernando Henrique Cardoso.
Bem, sempre tem o pessoal do Moro e sua equipe de delações. Incrível: o Brasil é o único lugar teoricamente democrático em que candidatos a réus são informados de crimes pelo jornal, TV ou internet. O conteúdo, então, é de espantar.
"O doleiro [Alberto Youssef] não identifica com precisão a pessoa que o teria procurado para pedir ajuda, e deixa claro que não participou da campanha da presidente [...] Se não me engano, o pai dele tinha uma empreiteira. Não consigo lembrar do nome da empreiteira [...] O doleiro afirmou não saber se Felipe (acusado de ser o intermediário) buscou outros operadores. Questionado sobre o valor do dinheiro a ser internalizado, o doleiro respondeu: 'Acho que era em torno de R$ 20 milhões'". (FSP, 03/07, Pág. A4)
Tal depoimento, como se percebe robusto, cheio de evidências, em que o acusador ignora o nome do interlocutor, desconhece para quem ele trabalha e sequer sabe o valor exato da propina --tal depoimento está no processo que serviu de base para o PSDB pedir a cassação de Dilma!
Para completar a mistificação, aparece a entrevista do delegado geral da Polícia Federal ao "Estado de S. Paulo". Somos informados que na democracia da jabuticaba existem quatro poderes: o Executivo, o Legislativo, o Judiciário e a...Polícia Federal. "O ministro da Justiça não é o seu chefe?", perguntam as repórteres. Resposta: "O ministro da Justiça é o responsável pela PF, mas na esfera administrativa. As ações da PF na esfera de investigação são feitas no limite da lei".
Pelo jeito, a mesma lei que muda votações na Câmara ao sabor de um presidente que dispensa comentários; deixa impunes sonegadores graúdos da Receita; fornece habeas corpus a banqueiros selecionados; prende antes de julgar e vem transformando o Supremo Tribunal Federal num órgão tão decisivo quanto cerimônias de chá na Academia Brasileira de Letras.
E o governo, o ministro da Justiça, não têm nada a dizer antes que seja tarde?
Artigo de Ricardo Melo, publicado na Folha de São Paulo.
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domingo, 5 de julho de 2015
À imitação de Jim Jones
Mino Carta
Publicado em Carta Capital, em 29/06/2015
http://www.cartacapital.com.br/revista/856/a-imitacao-de-jim-jones-5165.html?ref=yfp
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O espetáculo de insensatez, hipocrisia e prepotência
prossegue implacável. E o drama desliza para a tragédia.
Lula enfrenta a verdade factual, o Oráculo de Delfos cuida
de fugir dela.
Dúvidas, incógnitas, dilemas se apinham nesta nossa terra
infeliz, embora destinada à felicidade, e não me refiro à importância da
mandioca. Por que figuras como os presidentes das duas maiores empreiteiras do
País, com endereço certo e sabido, são presos sob acusação a ser provada? E por
que o Supremo não se manifesta a respeito: conivência ou covardia? Ou o
ministro da Justiça, infatigável em suas omissões: covardia ou incompetência?
Ah, sim, a Justiça na versão brasileira...
Vamos lá, este é só o começo. Por que Câmara e Senado são os
domínios de dois sátrapas de passado largamente duvidoso? Incompetência do
próprio Poder Legislativo e, também, clamorosa, do Executivo? E, na indagação,
não caberia também a covardia?
Em frente. Por que setores da Polícia Federal se prestam a
um jogo que desrespeita princípios básicos da Justiça e serve à casa-grande?
Por ignorância, sincero reacionarismo ou ódio de classe? Ódio ao PT, portanto,
na crença granítica e definitiva de seu esquerdismo?
E ainda. Por que a mídia permanece em campanha maciça contra
o governo, na tentativa de justificar tanto a ideia do impeachment da
presidenta quanto o envolvimento de Lula na Lava Jato? E que mudaria em relação
à crise econômica e à insensatez dominante se afastadas Dilma e a ameaça de
retorno de Lula em 2018? Por que, a despeito da minha aversão a teorias
conspiratórias, às vezes sou assaltado por turvas suspeitas?
E por que o senador José Serra reedita o velho projeto
tucano de privatização da Petrobras ao visar agora o pré-sal? Serra anos atrás
declarava-se, em benefício dos meus ouvidos, mais esquerdista que Lula: estaria
eu de escuta equivocada e a palavra seria entreguista? Por que o tucanato
aprecia tanto as privatizações, quem sabe na esteira daquela das comunicações
comandada por Fernando Henrique, a maior e mais escancarada roubalheira da
história do País? Privatizar o pré-sal não configura puro entreguismo, a
rendosa genuflexão do súdito?
Prossigo. Por que o noticiário das falcatruas da Fifa, de reconhecida
inspiração brasileira, sumiram do noticiário das Organizações Globo, donas de
um poder único na história mundial? Valeria dirigir a pergunta ao senhor
Hawilla da Traffic (nome excelente, diga-se)? Será que, como Marco Polo Del
Nero, os filhos do colega Roberto Marinho se abalariam a viajar ao exterior? E
por que o resto da mídia não se interessa pelo assunto?
Adiante. Por que o
ministro Mercadante, bom de discurso, como sublinha Lula, não sai País afora
para defender o governo diuturnamente agredido? E por falar no governo, por que
aumentar os juros na conjuntura dramática que atravessamos? E por que Dilma
descumpre as promessas da campanha eleitoral, como diz Lula com todas as
letras?
O ex-presidente, aquele cujo retorno em 2018 se tornou pesadelo
da casa-grande, no último dia decidiu falar, e fez a oportuna autocrítica do
PT, que seria da competência, do próprio, hesitante partido. É bom que Lula
fale, porque até ontem, no vácuo do seu silêncio, a mídia tratou de colocar-lhe
na boca palavras jamais pronunciadas, ou inventar situações jamais ocorridas.
Por exemplo, após a
fala sobre o “volume morto” em que Dilma e ele teriam caído no momento, de
verdade ouvida em um encontro do ex-presidente com religiosos. Bordou-se a
partir daí, nas páginas impressas, no vídeo e pelos microfones radiofônicos, a
história do dissabor da presidenta, duramente alvejada pela frase do criador.
Não é que os barões midiáticos e seus sabujos primem pela imaginação. De todo
modo, o enredo é outro. Foi Lula, dias atrás, quem levou a Brasília para uma
conversa com Dilma uma pesquisa que mostrava a queda de ambos na preferência
popular. Para comentar: “Companheira, estamos no volume morto”.
Se Lula se dispõe a dizer o que pensa, tira a bala da boca
das crianças fantasiosas, desobedientes contumazes à verdade factual. Melhor
inventar, ou silenciar a respeito das mazelas tucanas, e mesmo das patetices.
Fernando Henrique Cardoso, diante de uma plateia que o encara como o Oráculo de
Delfos, admite que também seu instituto, igual ao de Lula, recebeu doações de
várias empresas, com a diferença seguinte: “Nós não fazemos política”.
E a plateia? Engole, como se não fosse político todo gesto
ou palavra de FHC. Sem contar que o inefável esquece ter recebido uma doação de
uma empresa pública, a Sabesp, que lida com o dinheiro de todos nós, e, isto
sim, é totalmente irregular. Para dizer pouco. Mas quem se incomoda, em meio a
um festival de desfaçatez e hipocrisia?
Gostaria, aliás, de ter lido, além da informação correta,
também algum saboroso comentário a respeito da patética aventura venezuelana de
um grupelho de senadores tucanos e democratas, mais um peemedebista, um do PPS
e outro do PSD, Sérgio Petecão (mais um nome excelente). Visitavam Caracas,
para apurar os atentados aos direitos humanos cometidos pela corja bolivariana,
sem terem dado até hoje mostras de se preocupar com o comportamento pífio da
nossa Comissão dita da Verdade e com a confirmação, tudo indica ad
aeternitatem, de uma lei da anistia imposta pela ditadura.
Permaneceram em Caracas nada além de seis horas, regressaram
pomposamente ao pretender terem sido barrados a caminho do centro da cidade por
um engarrafamento de trânsito provocado para tanto e por uma manifestação
convocada para apedrejá-los. Do ataque e das pedras falta qualquer prova,
quanto ao engarrafamento, de fato houve, provocado, no entanto, pelo trânsito
indiferente, infenso ao mais tênue propósito político. Em outros tempos, o
episódio patético teria merecido relatos humorísticos, hoje impedidos, creio
eu, pelo emburrecimento progressivo.
Refiro-me à época em que uma marchinha carnavalesca cantava
tirou o seu anel de doutor/ para não dar o que falar/, a PRK-30 era um
impagável programa radiofônico, Millôr Fernandes nos brindava com seu Pif Paf e
Péricles com o Amigo da Onça em O Cruzeiro, Silveira Sampaio ridicularizava os
graúdos sem perder a elegância e enfim chegaria Chico Anysio com seu
extraordinário Show. Refiro-me apenas a alguns exemplos de refinado humor.
Nada sobrou. A quadra atual é macambúzia, a cerração tão
densa que já não enxergamos o Cruzeiro do Sul e, logo abaixo, Castor e Pólux. É
o breu, e nele estão claras apenas a falta de liderança, aterradora, e a
insensatez e a ignorância da maioria, a repetir, multiplicado ao inverossímil,
o fenômeno que redundou no suicídio coletivo liderado, décadas atrás, por certo
e malfadado Jim Jones.
A lembrança da tragédia, absurda até a estupidez, sugere-me,
entre tantas, mais uma pergunta: se a lei prevê um acordo de leniência, por que
não aplicá-lo se preciso for, a bem do País, no caso das empreiteiras envolvidas
na Lava Jato? Provadas as acusações, punam-se os culpados, está claro, e sem
concessões ou resguardos. Salvem-se, porém, as empresas, que garantem trabalho
e progresso.
Publicado em Carta Capital, em 29/06/2015
http://www.cartacapital.com.br/revista/856/a-imitacao-de-jim-jones-5165.html?ref=yfp
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