quarta-feira, 14 de outubro de 2015

A Justiça Divina tarda, mas não falha.

Richard Jakubaszko
A Justiça Divina tarda, mas não falha. Parafraseio o radialista Mendes Ribeiro, em sua mais famosa locução, para dividir com os bataticultores, pesquisadores e amigos, a alegria do amigo José Alberto Caram de Souza Dias, do IAC/Campinas. Eis que ele me enviou, duas horas atrás, o e-mail abaixo, por si só explicativo.

Caro Richard
É com enorme alegria que lhe escrevo para informar que Comissão do Prêmio José de Castro, do CONSEA-SP, classificou a Tecnologia do Broto/Batata-semente em 1° lugar, na categoria de Pesquisa Científica. Prêmio relacionado com Segurança Alimentar e Redução de Desnutrição (combate a fome, gerando renda, sem grandes investimentos).

Você está sendo o primeiro amigo (conhecedor dessa tecnologia) a saber desse resultado.

Richard, por favor, veja que haverá um Cerimonial de Premiação na manhã do dia 16 (próxima sexta-feira). Por favor, se você puder estar presente para prestigiar esse momento, ficarei ainda mais feliz.

Estou preparando (reduzindo o texto – que serviu de base para concorrer a esse Prêmio) para lhe submeter à publicação na sua revista Agro DBO.

Essa premiação vem num momento em que os pesquisadores científicos, dos institutos de pesquisa do Estado de São Paulo, são considerados 50% a 70% inferiores (em teremos de salário) aos professores de universidades desse mesmo Estado. A qualificação e avaliação (a cada 4 anos pela Comissão Permanente de Regime de Tempo Integral) têm revelado que somos e exercemos atividades correlatas (iguais, senão a mais).

Essa premiação chega também no momento preciso e precioso, para reforçar a importância das pesquisas científicas, desenvolvidas e transferidas de forma a contribuir não apenas com o agroeconômico, mas também com o social e ambiental. Demonstra a importância da persistência na ciência. A primeira publicação que fiz sobre os trabalhos de pesquisa relacionada com a Tecnologia do Broto/Batata-semente datam de 1985 (30 anos – Souza-Dias & Costa, 1985. Summa Phytopathologica, 11(1):52-54)

Aproveito para anexar também o pôster que apresentei este ano no Congresso de Proteção de Plantas em Berlim, Alemanha (23 a 30 de Agosto 2015), sobre avanços em direção ao nosso pioneirismo na movimentação (importação – exportação) de “broto”, sem os tubérculos, para servirem como renovação de estoques básicos de batata-semente (livres de vírus). Menos frete internacional e maior segurança (proteção) vegetal (menos risco de movimentar pragas do solo – presentes na epiderme e polpa de tubérculos/batata-semente).

Agradeço sua atenção e amizade.
Abraço
Caram

José Alberto Caram de Souza Dias (Eng. Agr. PhD)
Pesquisador Científico - Virologista
APTA/IAC – CPD Fitossanidade
Campinas, SP


COMENTÁRIO DO BLOGUEIRO: *
Caram, repetindo o que disse a você, há alguns anos: quando os demais humanos nos ignoram em alguma coisa que tenhamos feito ou criado, não nos desesperemos. Quando nos troçam ou tentam nos humilhar, não devemos dar bola. Quando nos combatem, é porque ganhamos. E você, hoje, ganhou, meu amigo, parabéns.
* Adaptação de um pensamento de Mahatma Ghandi.
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terça-feira, 13 de outubro de 2015

Agro DBO: o fim do terreiro de café?

Richard Jakubaszko
A Agro DBO de outubro traz como matéria de capa a reportagem O fim dos terreiros?, do jornalista Rogério Furtado, em que mostramos a tecnologia da secagem de grãos em secadores modernos, rápidos e eficientes, além de mais baratos do que os centenários terreiros de café existentes nas tradicionais fazendas.

Outras tecnologias são exibidas na presente edição, como o da semente de cana, do jornalista José Maria Tomazela.

Demais destaques da edição:
a - entrevista com o presidente mundial da New Holland, que entende a produção de alimentos como o maior desafio do século XXI;

b - o jornalista Ariosto Mesquita mostra por que o produtor Iron de Lima Rodrigues  diversificou a sua produção, em Goiás, e, além de ser o maior produtor de tomate do país, planta milho, sorgo e tem pecuária de corte;

c - a jornalista Marianna Peres revela as estratégias de gestão dos produtores rurais do Brasil Central e do Paraná para o plantio da safra de verão, seja na compra de insumos, no travamento de parte da produção por plantar, e nas escolhas de épocas de plantio;

d - enquanto o pessoal trabalhava por aqui, fui até a Itália para ver a Expo Milão 2015, e descrevo em detalhes como foi esse "passeio";

e - Evaristo de Miranda registra num artigo o que acontece com as áreas de preservação do Matopiba, e numa matéria a seguir mostramos o livro Geografia da Pele, o 40º livro escrito e publicado por Evaristo.

No vídeo abaixo faço outros comentários sobre a edição de outubro da Agro DBO:

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segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Desafios e demandas para o agronegócio: o engenheiro agrônomo do futuro

Antonio Roque Dechen *  
Qual seria o cenário politico e econômico do Brasil se não tivéssemos a produção de alimentos que temos hoje? A agricultura e a agroindústria formam um dos segmentos mais complexos e dinâmicos da nossa economia. A recente crise mundial e, principalmente a brasileira, evidenciam a importância do agronegócio em nossa sustentabilidade e estabilidade econômicas. Este ano a produção de grãos deverá superar a marca de 200 milhões de toneladas, colocando o Brasil no seleto grupo de países que produzem uma tonelada de grãos por habitante (segundo dados da Agrocunsult/2015).
 
Nos acostumamos tão rapidamente com o sucesso do agronegócio brasileiro que temos a impressão de que sempre foi assim. Não nos lembramos de como era a nossa agricultura nos anos 70, época em que 35% população era rural e 65% urbana. Hoje a população rural é de 13% e a urbana 87%, e a produção de alimentos aumentou consideravelmente. A que devemos o desenvolvimento, sucesso e eficiência da agricultura brasileira?


O ensino e pesquisa agrícola no Brasil tiveram inicio com a inauguração da Escola Imperial de Agronomia da Bahia em 1877 e da Estação Agronômica de Campinas em 1887 pelo Imperador D. Pedro II, instituições essas pioneiras em ensino e pesquisa e ainda jovens, 138 e 128 anos, respectivamente.


A revolução verde de Norman Borlaug nos anos 70, com o desenvolvimento de novas variedades de milho, com respostas a adubação, mudaram o cenário mundial de produção de alimentos. No Brasil, a conquista dos cerrados, uma das últimas fronteiras agrícolas, graças à transferência dos resultados de pesquisa, estabeleceu com sucesso a integração lavoura e pecuária. A adoção do sistema de plantio direto no Paraná mudou os paradigmas da agricultura brasileira. Hoje a agroenergia e os avanços da biotecnologia estão transformando e ampliando as oportunidades na agricultura e na bioindústria.


O Brasil, pela sua extensão territorial, disponibilidade de água, biomas diversos e condições climáticas favoráveis para a produção agrícola com grande diversidade de culturas, tem merecido atenção internacional, tornando-se referência na geopolítica da produção agrícola mundial.

Hoje o mundo exige a produção agrícola com sustentabilidade e rastreabilidade associadas à adequação ambiental. Portanto, para o Brasil se firmar nas posições de lideranças da produção agrícola será necessário também que seja líder na adoção de ações de sustentabilidade.


A Associação Brasileira de Agribusiness (ABAG), em recente congresso, adotou o tema “Sustentar é integrar”. Na abertura do evento, o presidente da Embrapa, Maurício Antonio Lopes, fez uma brilhante abordagem do “Futuro sob a lente do agronegócio”. A sustentabilidade será uma ação imperativa, sem ela não teremos mercados.
 
Como as nossas universidades, escolas e instituições de pesquisas estão se posicionando para a expressiva demanda de profissionais capacitados para este cenário futuro de alta tecnologia que nos espera?


Estamos preparados ou nos preparando para os trabalhos em rede de pesquisas e inovação, para a integração das cadeias produtivas, preparados para um sistema agroindustrial moderno, atentos às mudanças de comportamento e de hábitos da população urbana, preparados para a agregação de valor nos produtos agrícolas?


Nossos governantes estão atentos ou são sensíveis a essa novas demandas: apoiam e estimulam os setores de ensino e pesquisa agrícolas?

A economia brasileira só conseguiu destaque internacional graças ao sucesso de nossa agricultura, sucesso alcançado graças às boas práticas de base tecnológica e adoção de manejo sustentável de boas práticas agrícolas. Cabe, portanto, às instituições de ensino e pesquisa, a missão de continuar formando técnicos qualificados, e desenvolver novas tecnologias para cumprirem a nobre missão de semeá-las e garantir a sustentabilidade nos campos deste imenso Brasil.


Estamos em uma era de mudanças aceleradas, são enormes os impactos da revolução tecnológica. O Google, por exemplo, já lançou o carro autônomo. Mas não conseguiremos a autonomia de comida: os drones não trarão automaticamente alimentos do campo para a mesa sem o labor diário do agricultor e sem a participação dos profissionais de ciências agrárias no acompanhamento contínuo da produção agrícola e desenvolvimento de novas tecnologias.


Neste 12 de outubro, quando comemoramos o Dia Nacional do Engenheiro Agrônomo, nossos cumprimentos aos Engenheiros Agrônomos pela nobre missão de produzir alimentos e construir a paz. Norman Borlaug, Nobel da Paz em 1970, dizia: “Não se constrói a paz em estômagos vazios”.

 
* o autor é Presidente do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS), Professor Titular do Departamento de Ciência do Solo da ESALQ/USP, Presidente da Fundação Agrisus e Membro do Conselho do Agronegócio (COSAG-FIESP).

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sábado, 10 de outubro de 2015

Aécio é o pior perdedor da história do Brasil


Péssimo exemplo
Paulo Nogueira
Em meio a tantas incertezas, uma coisa é fato: Aécio é o pior perdedor da história do Brasil.

Faz já mais de um ano que ele não se dedica a outra coisa que não tentar derrubar, por meios grotescos, quem o derrotou.

 

Ele não teve grandeza em nenhum momento. Já começou tentando colocar em dúvida a lisura das urnas eletrônicas.
Depois procurou toda sorte de pretextos para contrariar a vontade expressa de 54 milhões de pessoas, e não parou mais.

Aécio é, hoje, um câncer para a democracia.

Se todos os derrotados se comportarem como ele, o Brasil vai se tornar um caos.

 

A explicação mais provável para esse comportamento é a mais simples: Aécio é um menino mimado.
Nunca teve que trabalhar, nunca teve que se esforçar. Nasceu numa oligarquia mineira que lhe deu tudo na boca desde sempre.

Ele é a própria negação da meritocracia. Não o ensinaram a pescar. Deram-lhe peixe a vida toda.

O avô Tancredo foi evidentemente um mau professor para ele, ou Aécio não seria o perdedor miserável que é.

Mais velho, FHC poderia ter ajudado mentalmente Aécio, mas está claro que nada fez.


Se a imprensa cumprisse seu papel de fiscalizadora com Aécio poderia tê-lo ajudado a aprimorar o caráter.

Mas também a mídia o mimou e protegeu sempre.

A única vez em que Aécio foi posto contra a parede numa entrevista foi no Jornal Nacional, na série de pinguepongues dos candidatos.

Perguntaram-lhe sobre o aeroporto particular que ele construiu perto de sua fazenda com dinheiro público.

Mas mesmo aí. Ele poderia ter simplesmente respondido a Bonner: “Ora, companheiro. Se isso fosse importante vocês do Jornal Nacional teriam coberto o assunto.”

Em mais um de seus crimes jornalísticos, o JN simplesmente ignorou o assunto.


Assim como desprezou meia tonelada de pasta de cocaína encontrada no helicóptero de um grande amigo de Aécio, o senador Perrela.

O objetivo aqui não foi preservar Perrela, mas Aécio. Vinculá-lo a reportagens sobre cocaína seria complicado na sua campanha eleitoral, dada sua fama.

Aécio acabou se convertendo na versão política brasileira daquele personagem de história em quadrinhos chamado Riquinho.

O exterior já denuncia isso. Implante no cabelo, branqueamento dos dentes, botox, tudo isso dentro da linha de figuras como Marta Suplicy e Ana Maria Braga.


A vaidade excessiva é a mãe de todos os vícios. Acrescente aí a superproteção e o resultado é uma personalidade catastrófica.

A irmã Andrea ajudou a construir um Aécio defeituoso. Os mineiros têm muito a contar sobre o papel de Andrea na vida de Aécio.

Era ela, por exemplo, que administrava as verbas de publicidade oficial quando ele era governador.


As rádios da família jamais deixaram de ser contempladas pelo dinheiro do contribuinte mineiro, algo que é indecente ainda que não ilegal.

No meio disso tudo, nesta louca cavalgada para sabotar quem o venceu, Aécio só não faz o que deveria fazer.

Não há registro de uma única coisa boa que ele tenha feito no Senado.

Há uma única coisa pior do que perder. É não saber perder.

É o triste caso de Aécio.

 
Publicado originalmente no blog DCM - Diário do Centro do Mundo: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/aecio-e-o-pior-perdedor-da-historia-do-brasil-por-paulo-nogueira/

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sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Mosquitos em profusão

Richard Jakubaszko
No início do século XX as autoridades sanitárias identificaram os mosquitos como causadores de endemias, mas eles vão voltar.
 

A CropLife Latin America, a entidade sul-americana congênere da brasileira Andef, enviou por e-mail o curioso cartaz desta página, informando que no dia 20 de agosto celebra-se o dia Mundial do Mosquito.

Curioso, porque é incomum comemorar-se o dia de algo, digamos, negativo, ou ruim, especialmente os mosquitos, transmissores de inúmeras doenças, muitas delas fatais ao homem. Nesse sentido, desconhecemos a existência do dia do assassino, ou do dia do assaltante, ou do estuprador, apesar de existir o dia da mentira, mas apenas como mera ironia, quando é praticada livre e impunemente.

Deixa de ser curioso, e demonstra certo interesse comercial, porque nessa data não devemos homenageá-los, ou presenteá-los, mas combatê-los com pesticidas para tentar manter baixo o seu nível de infestação.

De toda forma, informamos à CropLife Latin América que no Brasil os ambientalistas prepararam inadvertidamente um gigantesco futuro mercado consumidor para inseticidas específicos, conforme determina o Código Florestal, a serem usados nas APPs – Áreas de Preservação Permanente, a serem instaladas ao longo de cerca de 1.380.000 km de rios, riachos e córregos, que o Brasil dispõe, onde deverão estabelecer-se, além de cercas, com moirões e arames, os criatórios de mosquitos, especialmente nas áreas rurais. Multiplique-se essa quilometragem por dois, pois rios costumam sempre ter duas margens, uma de cada lado, evidentemente.

Para as áreas urbanas, onde passam os poluídos rios das cidades, o Código Florestal é omisso e não exige APPs, mas a falta de esgotos encarrega-se de estimular o ambiente criatório ideal dos celebrados mosquitos.

A dúvida que permanece é se haverá dias suficientes no calendário anual para celebrar as futuras gerações de mosquitos. Não adiantou nada, portanto, a descoberta dos sanitaristas no século passado.

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quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Café à beira de ser um bem escasso, diz Andrea Illy

Richard Jakubaszko
Recebo e-mail de Hélio Casale, entre feliz e eufórico com as notícias sobre o café que correm mundo.
Diz a notícia que me foi enviada que o capo da illy Café, Andrea Illy, previu que vai faltar café. Uma das causas apontadas seriam as tais das mudanças climáticas, mas nessa causa não ponho fé. O fator maior, em minha opinião, estaria no aumento do consumo, e o outro na falta de terras agricultáveis apropriadas para o cultivo do café. De toda forma, as projeções de Andrea Illy apontam para uns 5 anos de bonança na cafeicultura.

Café à beira de ser um bem escasso, diz Andrea Illy
O consumo mundial de café está aumentando, especialmente nos mercados emergentes, o que significa que a produção global tem de aumentar entre 40 a 50 milhões de sacas na próxima década. Só para termos uma ideia, isso é mais do que toda a produção do Brasil.

A advertência é de Andrea Illy, CEO da IllyCafe – uma empresa italiana de torrefação de café, sediada na cidade italiana de Trieste, que é também onde se encontra o segundo maior porto europeu do café. E a variedade arábica é a mais ameaçada, devido à subida das temperaturas a nível mundial, acrescentou em declarações à Bloomberg.
O café, recorde-se, apresenta-se sob duas grandes variedades - robusta e arábica –, sendo que a primeira é negociada em Londres e a segunda é a referência do mercado nova-iorquino.

O café tipo arábica, com um grão tido como "premium" e que é usado por marcas como a Starbucks, é o que mais tem sido castigado pelo aumento das temperaturas. Já o robusta – que é mais resiliente e robusto, como o nome indica – tem resistido melhor. O Brasil é o maior produtor de arábica e o Vietnã é o maior produtor de robusta.

A conter o necessário aumento de produção desta matéria-prima estão sobretudo dois fatores: a ameaça das alterações climáticas (a subida das temperaturas não ajuda à cultura de café) e os baixos preços a que negoceia atualmente – o que desencoraja os agricultores, a fazer lembrar o que se passa com o petróleo, cujas cotações em queda travam novos investimentos em explorações mais dispendiosas, como é o caso do pré-sal e das areias betuminosas.

E são precisamente estes problemas que estão esta semana em cima da mesa, para análise aprofundada por parte de produtores, responsáveis governamentais e representantes do setor, no Fórum Mundial do Café que decorre em Milão, destaca a Bloomberg.

As alterações climáticas ameaçam 25% da produção do Brasil, e produtores como a Nicarágua, El Salvador e México enfrentam também perdas potenciais, segundo um estudo do International Center for Tropical Agriculture, citado pela agência noticiosa. De acordo com o mesmo relatório, as zonas de produção deverão transferir-se para a América Central, para a região Ásia-Pacífico e para algumas áreas da África Oriental, onde as culturas podem desenvolver-se a altitudes mais elevadas.

De acordo com a comerciante suíça Volcafe, o mundo deverá ter um déficit de produção de café na ordem dos 3,5 milhões de sacas durante a campanha agrícola de 2015-16, que começa hoje, 2 de Outubro.

Já Michael R. Neumann, chairman dos curadores da Hans R. Neumann Stiftung, fundação associada à comerciante alemã Neumann Kaffe Gruppe, sublinha que o consumo mundial de café aumentará em um terço, para 200 milhões de sacas, até 2030. A produção, que este ano rondou os 144 milhões de sacas, terá então de aumentar bastante para atender a esta procura crescente.

Na campanha passada, o Brasil tinha já registrado uma redução da produção, em 6,4 milhões de sacas, face à época anterior – devido a um forte período de seca em 2014. Essa escassez levou a que os preços do arábica disparassem cerca de 50% no ano passado. No entanto, desde o início deste ano, as cotações já corrigiram 27%, uma vez que o real brasileiro tem estado a depreciar-se face ao dólar (aumentando a atratividade das exportações do país). Bloomberg
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quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Expo Milão 2015, uma exposição universal.

Richard Jakubaszko
Estive em viagem à Itália, em setembro último, para visitar a Expo Milão 2015, a exposição universal que está se realizando desde 1º de maio último e que vai se encerrar em 31 deste mês. Viajei a convite da CNH Industrial (Grupo Fiat), pois a New Holland, fabricante de máquinas agrícolas foi uma das patrocinadoras do gigantesco evento.
No vídeo abaixo conto particularidades e mostro alguns dos destaques da Expo Milão, uma mostra que deverá registrar cerca de 20 milhões de visitantes em 6 meses de funcionamento. Ao final do vídeo a árvore da vida, um espetáculo de som, luzes, água, beleza coordenada com precisão milimétrica de computadores.



Abaixo, uma bela foto que capturei (foi no susto...) da árvore da vida, na Expo Milão, um espetáculo inesquecível.




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segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Ditados populares


Richard Jakubaszko 
A sabedoria do povo está em seus ditados, alguns seculares, outros milenares.
Vejamos alguns:

É sério???
Eu juro... Logo que começares a andar com os dois pés se acaba a vida tranquila. Tudo que farás será ir à escola e trabalhar durante toda a vida. Por que achas que eu ainda caminho com as quatro pernas? 



O que cala nem sempre concorda, às vezes é apenas o desejo de não discutir com idiotas.

Ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro é fácil, o difícil é criar um filho, regar uma árvore e encontrar alguém que leia o livro.

Comunistas até que enriqueçam.
Feministas até que se casem.
Ateus até que o avião comece a cair.

Os fracos se vingam, os fortes perdoam, os inteligentes ignoram...

Não vivas dando explicações: teus amigos não necessitam delas, teus inimigos não acreditam nelas e os estúpidos não as entendem.

Se fazes um favor, nunca o recordes....
Se o recebes, nunca te esqueças.

Há três coisas na vida que uma vez que passam não voltam mais: o tempo, as palavras e as oportunidades.

A única luta que se perde é a que se abandona.

Sou a alegria de quem me ama, a tristeza de quem me odeia e a preocupação de quem me inveja.

Uma pessoa muda por três razões:
Aprendeu demasiadamente, sofreu o suficiente ou se cansou da mesmice...

Quem não sabe o que busca... Não se conforma com o que encontra!!!

Se não soltas o passado com que mãos agarrarás o futuro???

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domingo, 4 de outubro de 2015

Índia decola e mostra o rumo

Marcos Sawaya Jank *
Dentre os grandes países emergentes do mundo, a maior surpresa do momento tem sido a Índia.

O país vem melhorando sensivelmente os seus indicadores e fundamentos. Vai crescer 7,5% em 2015/16, ultrapassando a China. Nos últimos dois anos, em movimento literalmente oposto ao do Brasil, a Índia fez sucessivos cortes na taxa de juros, a inflação despencou de 10% para 5% ao ano, o déficit em conta corrente caiu de 4,5% para 1,5% do PIB e o investimento estrangeiro aumentou. Além disso, a Índia se beneficiou da forte queda do preço do petróleo — ela importa mais de 70% de suas necessidades —, de uma vibrante classe média que vai se consolidando e de um conjunto de políticas de estímulo aos negócios.

Curiosamente uma boa parte dos entraves da Índia é semelhante aos do Brasil: grandes escândalos de corrupção na atual década, dificuldade para implementar reformas estruturais e graves problemas de infraestrutura (falta de investimentos e marcos regulatórios inadequados). Mencionam-se também as legislações fiscais e trabalhistas bizantinas e inúmeros problemas relacionados com a indefinição de direitos de propriedades da terra, de imóveis etc.
 

Interessante que os dois países são também parecidos nas suas caraterísticas positivas, como a solidez da democracia e a presença de setores empresariais globais e criativos. Bons exemplos são as áreas de tecnologia de informação na Índia e o agronegócio no Brasil.

Entretanto, o maior desafio da Índia continua sendo como lidar com o seu imenso contingente populacional. Em 2022, a Índia vai ultrapassar a China como o país mais populoso do planeta, seis anos antes das previsões. Chama a atenção também a elevada desigualdade social, com mais de 300 milhões de indianos vivendo abaixo da linha de pobreza.

Por outro lado, se corretamente administrado, esse fator pode representar uma oportunidade, principalmente se considerarmos a imensa força de trabalho que vai ingressar no mercado. Metade dos 1,25 bilhão de indianos tem hoje menos de 25 anos, ao contrário da China, que está envelhecendo rapidamente em decorrência do período de uma criança por família.

O aumento da população e da renda per capita, a redução da desigualdade e a urbanização crescente podem gerar imensas oportunidades de crescimento e investimento no país. Com características singulares, a Índia certamente vai virar o próximo fenômeno mundial, depois da China.

Para o Brasil, essa oportunidade pode ser fenomenal. A Índia tem imensa deficiência de recursos naturais, principalmente terras aráveis e água limpa. Além disso, falta energia elétrica, metade da população vive na área rural em propriedades cujo tamanho médio é de apenas 1,2 hectare e as cadeias produtivas são profundamente fragmentadas e desorganizadas.

Em 2014, o Brasil e a Índia ocuparam, respectivamente, a sétima e a nona posição entre as maiores economias do planeta. Em 2030, estima-se que o Brasil continuará no mesmo lugar, porém a Índia vai chegar à terceira posição, logo atrás da China (primeira) e dos Estados Unidos (segunda).

Quando assumiu o posto, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, resumiu o seu imenso desafio com uma frase lapidar: "A Índia precisa de menos governo e de mais governança". Certamente não é só ela.


* Marcos S. Jank é especialista em questões globais do agronegócio.
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sábado, 3 de outubro de 2015

Dilma prometeu equívocos na ONU

Richard Jakubaszko

A presidente Dilma Rousseff anunciou, no último domingo de setembro, durante discurso na Conferência das Nações Unidas para a Agenda de Desenvolvimento Pós-2015, que o Brasil vai reduzir em 43% a emissão de gases do efeito estufa (GEE) e vai zerar o desmatamento ilegal até 2030.

Ora, em minha opinião, a presidente está muito mal assessorada na questão ambiental e prometeu inúmeros equívocos, aplaudidos pelos ambientalistas.

Nos últimos 8 anos tenho estudado em profundidade a questão ambiental, e acabei escrevendo durante 4 anos o livro título "CO2 aquecimento e mudanças climáticas: estão nos enganando?", lançado em agosto último.

Considero-me, portanto, apto a contestar as promessas e compromissos da presidente, conforme analiso a seguir, e que no livro estão com maior aprofundamento, além de riqueza de detalhes, inclusive citações bibliográficas, técnicas e científicas. Assim sendo, mostro a incoerência da presidente:

1º - a emissão de gases de efeito estufa possui medição imprecisa na escala planetária. São emitidos 200 bilhões de toneladas de GEE, ou 200 gigatoneladas. O viés da imprecisão atinge 20%, para mais ou para menos.

2º - O desconcertante nisso é que 97% de todas as emissões de GEE (CO2, metano, óxido nitroso e outros) são feitas pela natureza (vulcões, oceanos, florestas tropicais).

3º - o fato é que apenas 3% das emissões dos GEE são de causa humana, ou antropogênica, pelo uso de automóveis, fábricas, navios, aviões, criação de gado, plantio de arroz, lixões urbanos gigantescos, queimadas etc.

4º - o Brasil emite 460 milhões de toneladas por ano, ou seja, apenas meros e ridículos 0,25% das emissões de todos os países, especialmente se comparado aos desenvolvidos. É uma posição coerente com o nosso tamanho e importância, eis que movimentamos 1% do total das exportações, e temos uma das fontes mais limpas de produção de energia elétrica, através da hidroeletricidade, afora o fato de que cerca de 50% do nosso combustível automotivo é etanol, consumido puro ou em mistura de 27,5% na gasolina.

5º - se as assessorias da área ambientalista da presidente Dilma Rousseff encontraram uma fórmula mágica para reduzir as emissões feitas pela natureza, a promessa pode ser cumprida, caso contrário vai cair no vazio, assim como caiu no vazio a promessa de Lula durante a COP de Copenhague.

6º - se a promessa de Dilma refere-se a economizar apenas sobre as emissões antropogênicas, teríamos 43% de redução sobre 460 milhões de t, uma economia de 197,8 milhões de t, e a paralização das atividades comerciais do país. Como a promessa não especifica qual a base de dados para essa economia, ou redução, sou obrigado a esclarecer que nem uma e nem outra é possível, é uma utopia mais do que virtual. É uma promessa midiática, nada mais.

7º - CO2 é o gás da vida. Sem ele não existiriam plantas, pois através da fotossíntese as plantas sequestram o carbono da atmosfera, e sem plantas não existiria vida no planeta, pela absoluta falta de alimentos, seja para os animais, seja para a humanidade. Portanto, economizar o quê? Precisamos é economizar emissão de CO2 nas cidades, onde o dióxido de carbono inferniza a saúde das pessoas. Fora isso é piada.

8º - Em dezembro próximo teremos a COP21, em Paris, e os ambientalistas do IPCC pretendem consolidar a Agência Internacional Ambiental (AIA), órgão da ONU com poderes supranacionais, e que terá autorização expressa para impor sanções econômicas, políticas e até mesmo militares, aos países que desobedecerem as regras a serem criadas por eles mesmos. Uma ou duas queimadas poderão gerar ações como a implantação do corredor ecológico, que corta a Amazônia de Leste a Oeste.

9º - Duas ou três queimadas na Amazônia poderão também impor multas e sanções econômicas adicionais, como a proibição de o Brasil exportar carne. Afinal, não foi isso que fez a Agência de Energia Nuclear ao proibir o Irã de exportar petróleo, porque teimava em dar continuidade ao seu programa interno de energia nuclear?

10º - As denúncias sobre as ações da AIA são suposições, baseadas no histórico da AEN, e poderão determinar um regime de terror ao Brasil.

A NOTÍCIA DIVULGADA FOI A SEGUINTE: O Brasil vai reduzir em 43% a emissão de gases do efeito estufa (GEE) e vai zerar o desmatamento ilegal até 2030. Até 2025, o governo pretende reduzir a emissão em 37%. O governo vai investir ainda no reflorestamento de áreas degradas. Segundo a presidenta, serão restaurados e reflorestados 12 milhões de hectares; recuperadas 15 milhões de hectares de pastagens degradadas; integrados 5 milhões de hectares de lavoura, pecuária e floresta.

A presidenta falou também sobre a Conferência do Clima (COP 21), em dezembro, na capital francesa. “A Conferência de Paris é uma oportunidade única de construirmos uma resposta comum ao desafio global de mudanças do clima”, apontou.

“O Brasil tem feito grande esforço para reduzir as emissões de gases de efeito estufa sem comprometer nosso desenvolvimento econômico e nossa inclusão social”.


Matriz energética - Dilma anunciou metas para o setor energético, como alcançar 45% de fontes renováveis no abastecimento brasileiro como primeiro objetivo.

Ela classificou os objetivos como “ambiciosos”. O segundo objetivo é a participação de 66% da fonte hídrica na geração de eletricidade. Em terceiro, 23% da energia deverá ser gerada de fontes eólica, solar e biomassa. O Brasil quer ampliar a eficiência energética em 10%.

O etanol carburante e outras fontes derivadas da cana-de-açúcar responderão por 16%b do total da matriz energética.

Confira outras metas:
Sobre uso da terra e a agropecuária

1º – o fim do desmatamento ilegal no Brasil;
2º – a restauração e o reflorestamento de 12 milhões de hectares;
3° – a recuperação de 15 milhões de hectares. de pastagens degradadas;
4º- a integração de 5 milhões de hectares de lavoura-pecuária-florestas.

Na área de energia
1º – a garantia de 45% de fontes renováveis no total da matriz energética.

Note-se que no mundo a média é de apenas 13% nessa participação. E, na OCDE, de 7%;
2º – a participação de 66% da fonte hídrica na geração de eletricidade;
3º – a participação de 23% das fontes renováveis – eólica, solar e biomassa – na geração de energia elétrica;
4º – o aumento de cerca de 10% na eficiência elétrica.
5º – a participação de 16% de etanol carburante e de demais fontes derivadas da cana-de-açúcar no total da matriz energética.

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sexta-feira, 2 de outubro de 2015

O G-20 e o risco dos desequilíbrios financeiros

As análises e propostas que têm caracterizado todas as cúpulas do G-20, inclusive a recente reunião dos ministros das finanças e presidentes de bancos centrais, em Istambul, têm sido distorcidas pela alegada centralidade das chamadas “contas correntes”. Em suma, o mundo é dividido em países com excedentes comerciais e países com déficits comerciais. Os primeiros, automaticamente, se tornam credores em relação aos últimos.

O G-20 considera estes “desequilíbrios globais” como sendo a origem das grandes crises passadas e recentes. Em seus comunicados finais, com frequência, os desequilíbrios em conta corrente são considerados como sinônimos de desequilíbrios globais.

Naturalmente, não se trata de uma mera questão de terminologia, mas de políticas econômicas e monetárias efetivas. Fazendo isto, antes de tudo, se subestimam os “desequilíbrios financeiros”, cada vez mais perigosos e destrutivos.

Consequentemente, o remédio e o retorno a um estado de equilíbrio seria obtido, simplesmente, pressionando-se os países superavitários para revalorizar as suas moedas e aumentar o seu consumo interno, pondo em movimento políticas que visam “manter competitivas” algumas moedas, principalmente, o dólar estadunidense.
 

A avaliação das contas correntes é uma abordagem que se baseia nas relações comerciais bilaterais, passando por cima do fato relevante do domínio atual de um sistema financeiro globalizado, independente e indócil, assim como evasivo diante de todo e qualquer controle por parte dos Estados nacionais.

Não se considera o papel desempenhado por um determinado país nos mercados internacionais de empréstimos, comércio e intermediação financeira. Na prática, portanto, tentam-se justificar as políticas monetárias de “flexibilização” da Reserva Federal estadunidense e seus efeitos desestabilizadores sobre as moedas e economias dos países no resto do mundo.

A centralidade incorreta atribuída às contas correntes é o resultado de uma ideia distorcida de poupança e financiamento. A poupança é um recurso produzido e não consumido, e deve ser, logicamente, planejada para financiar investimentos produtivos de um determinado país. Infelizmente, muitas vezes, tais financiamentos são orientados para atividades especulativas, em lugar de proporcionar fluxos de caixa e capacidade de acesso à liquidez, inclusive, por meio de empréstimos.

Sob essa ótica, os bancos criam e emitem títulos, independentemente do volume dos seus depósitos.

Esta não é uma distinção trivial, considerando que os grandes bancos e outras instituições financeiras são capazes de criar liquidez e crédito em quantidade e qualidade quase ilimitadas. A melhor evidência disto é a criação contínua de derivativos financeiros, que, na versão “de balcão” (ou OTC, de over-the-counter), são mantidos fora dos balanços.

Apesar disto, alguns deles, com as devidas etiquetas de garantias “triplo A” fornecidas pelas notórias agências classificação de risco, são estranhamente adquiridos por grandes bancos, como garantias para a obtenção de empréstimos do “Fed” do Banco Central Europeu (BCE).

Assim, as dívidas de um país não são baseadas na poupança de outro, mas, em grande medida, por decisões de portfólio dos grandes operadores financeiros internacionais. E aqui, também, entra em questão o risco do crédito como uma questão não necessariamente ligada à situação das contas correntes.

Embora não seja tarefa fácil, a compreensão do problema implica na necessidade de se trabalhar por um acordo no âmbito do G-20 para a introdução de regras claras e rigorosas para os grandes bancos “muito grandes para quebrar”, para o sistema bancário “sombra” e para toda a finança globalizada que inunda o sistema com produtos financeiros de qualidade mais que duvidosa.

Se não se colocar a devida atenção nos desequilíbrios financeiros, alguns países manterão a prerrogativa de gerar “excessos de flexibilidade financeira” – uma maneira extravagante de se descrever a criação de liquidez e empréstimos em áreas de risco. Assim aconteceu no setor imobiliário dos EUA, com as famigeradas hipotecas subprime, cujo estouro foi o detonador da grande crise de 2007-2008. Infelizmente, tais práticas se mantiveram em meio à crise e depois dela, com as maciças injeções de liquidez proporcionadas pela “facilitação quantitativa” do Tesouro estadunidense, inclusive, fora dos próprios EUA. Em realidade, nos últimos anos, os créditos em dólares a não residentes no país cresceram a uma taxa mais elevada do que o crédito interno.

Para aqueles que, como nós, muitas vezes solitariamente, têm destacado os perigos das bolhas financeiras e da finança sem controle, não deixa de ser um alento o fato de que o Banco de Compensações Internacionais (BIS), representado pelo diretor do seu Departamento Econômico e Monetário, Claudio Borio, tenha chegado às mesmas conclusões, pedindo que o G-20 enfrente o risco sistêmico representado pelos desequilíbrios financeiros e a excessiva liquidez global.




Publicado originalmente no site da MSia  http://msiainforma.org/espanol-el-g-20-y-el-riesgo-de-desequilibrios-financieros/

COMENTÁRIO DO BLOGUEIRO:
O que não dá para entender é a imensa hipocrisia que grassa pela mídia e pelo mundo afora: os EUA imprimem dólares adoidados, sem nenhuma base ou lastro, seja no padrão ouro ou qualquer outro, e ainda desvalorizaram a sua moeda para manter competitividade com o yuan chinês. E o Brasil é que está "quebrado", mesmo sendo o segundo maior credor dos EUA, depois da China, além de credor do FMI. E ainda temos 10 bilhões de dólares de superavit neste ano, até setembro, na nossa balança comercial. Durma-se com esse barulho...

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Semeadura direta: onde estamos?

Ciro Antonio Rosolem *
Quando nossos ancestrais Neolíticos começaram a cultivar hortas próximas às residências, na transição de caça/coleta para agricultura, faziam furos na terra, ou “arranhavam” a terra com instrumentos de madeira. Assim, enterravam as sementes. As primeiras ferramentas eram constituídas de uma armação sustentando uma estaca de madeira. Com a domesticação de animais como os bois de tração, ao redor de 6.000 AC, na Mesopotâmia, a tração humana foi substituída pela tração animal.


Com o tempo, o trabalho mecânico do solo se tornou a regra no cultivo das plantas e no controle de mato, possibilitando que cada vez menos pessoas sustentassem cada vez mais pessoas. O próximo grande desenvolvimento ocorreu ao redor de 3.500 AC, quando Egípcios e Sumérios criaram um arado colocando uma chapa de ferro sobre uma cunha de madeira, que podia “afofar” a camada superficial do solo. No século XI, os Europeus usavam uma evolução deste implemento, que incluía uma lâmina curva, chamada aiveca, que revolvia completamente o solo. Nos Estados Unidos, em 1837 um ferreiro chamado John Deere desenvolveu um arado de aiveca de aço muito mais eficiente, possibilitando o preparo de solos até então inutilizáveis, onde hoje se encontra o “Corn belt” (cinturão do milho) americano, uma das áreas mais produtivas do mundo. Assim, a mecanização continuou até o início do século passado, com o desenvolvimento de muitas ferramentas que permitiram o uso mais intensivo do solo.

Entretanto, o uso intensivo do solo começou a cobrar seu custo. Grandes tempestades de areia foram observadas nos Estados Unidos, na década dos 1930s, expondo a vulnerabilidade do sistema com agricultura baseada no arado, uma vez que o vento levava a camada mais fértil do solo. A partir disso se começou a falar em sistemas conservacionistas e preservação da cobertura do solo. O movimento foi muito estimulado com a publicação do livro (controverso na época) “Plowman’s Folly” (Insanidade do agricultor), em 1943, pelo agrônomo americano Edward Faulkner, que contestava a necessidade do arado. Suas proposições radicais encontraram mais suporte com o desenvolvimento de herbicidas como o 2,4-D, atrazina e paraquat – depois da segunda guerra, assim como do glifosato um pouco depois. Assim, a pesquisa e o uso de métodos modernos de semeadura direta tiveram enorme impulso durante os anos 1960s. Considerando o papel fundamental da aração no cultivo das plantas e controle do mato, foi necessária praticamente a reinvenção de praticamente todos os aspectos da produção agrícola. Fundamentalmente, as semeadoras especialmente projetadas, que vem constantemente evoluindo, assim como novos herbicidas, são duas das tecnologias que permitiram a prática da semeadura direta em escala comercial.

No grande esforço desenvolvido para alimentar uma população crescente e que se urbaniza, a agricultura tem se expandido, feita de diversos modos que convivem e atendem objetivos específicos. Até o momento o desenvolvimento da agricultura tem retardado a concretização da previsão de Malthus – a fome.


Entretanto, o enorme crescimento e intensificação que tem sido necessários exercem pressão sobre o ambiente, há perigo de degradação do solo, de assoreamento e/ou eutroficação de cursos d’água, poluição de águas subterrâneas e, por fim, perda da sustentabilidade. Nos Estados Unidos o alerta foi dado pelas tempestades de areia, no Brasil, a erosão no Paraná e desertificação de áreas agrícolas no Rio Grande do Sul. Em todas estas situações, a semeadura direta veio como salvadora. Teve como pioneiros, no Brasil, Manoel Henrique (Nonô) Pereira, Herbert Bartz e Frank Dijkstra.

Veja bem, semente é semeada, então dizemos semeadura direta para milho, soja, algodão, feijão etc., e dizemos plantio direto para cana-de-açúcar, eucalipto e outras espécies que são plantadas (com mudas). Então, a semeadura direta veio como um socorro para áreas problemáticas. Logo se percebeu que um fator fundamental no sistema era a presença de palha na superfície, protegendo o solo. Isto diminui a variação térmica, reduz a erosão, conserva água, melhora a saúde do solo, reduz trabalho, energia e custos, reduz o transporte de sedimentos e fertilizantes para lagos e rios. Estas vantagens resultaram em grande crescimento das áreas cultivadas em semeadura direta. No Brasil são, hoje, mais de 30 milhões de hectares.


Embora nos Estados Unidos se encontre área semelhante em alguns anos, não se trata de semeadura direta permanente, como é o caso brasileiro. Assim, o Brasil é o país com maior área em semeadura direta. Isso é necessário, pois, para competir, precisamos realizar mais de uma safra por ano, o que seria inviável sem a semeadura direta.

Mais recentemente, a preocupação com as emissões de gases de efeito estufa vem exercendo grande pressão sobre a agricultura, uma vez que existem estimativas de que de 15 a 30 % das emissões teriam sua origem na cadeia do agronegócio. Neste cenário, mais uma vez a semeadura direta vem como ferramenta fundamental, tanto no atendimento das necessidades de alimento, matérias primas e energia, como na mitigação dos efeitos dos gases de efeito estufa. Semeadura direta sequestra carbono. Evita que o CO2 seja emitido para a atmosfera. E o efeito não é pequeno, podendo chegar a mais de 2 t/ha/ano. A ONU estima que a semeadura direta já tenha evitado a emissão de 681 Mt CO2 desde 1974, sendo 146 Mt somente no Brasil, desde 1992. Não é pouco! No Brasil, dentro do plano de Agricultura de Baixo Carbono, se espera que a expansão do sistema direto adicione mais 500 kg/ha por ano de carbono ao solo, diminuindo um pouco mais a emissão.

Assim, a semeadura direta pode melhorar o sequestro de carbono no solo. Mas não basta, como se pensava, apenas produzir muita palha. Trabalhos divulgados recentemente demonstram que, mesmo sem a produção de quantidades enormes de palha, é possível aumentar o carbono estável do solo com a introdução de nitrogênio no sistema, seja por leguminosas ou fertilizantes, em solos corrigidos com calcário e/ou gesso, com pouca acidez. Quanto mais aprendemos, mais virtudes descobrimos na semeadura direta, mais motivos para que a adoção ao sistema seja estimulada.

O fato é que a agricultura exerce impacto no ambiente e na biodiversidade. Assim, considerando a capacidade finita de nosso planeta, sabemos que produzir talvez não seja suficiente. Os agricultores precisam produzir comida, fibras e energia de alta qualidade, conservar os recursos naturais e faturar o suficiente para viver, além de ser socialmente justos com seus empregados em com a comunidade. A semeadura direta é um sistema que tem potencial para ajudar muito na realização desta visão de agricultura mais sustentável. Entretanto, sabemos que o sistema depende de tecnologias modernas, como máquinas, defensivos agrícolas e fertilizantes cada vez mais eficientes. Isto tudo é necessário para a sustentabilidade da agricultura e para que a sociedade possa usufruir dos benefícios da semeadura direta.

* o autor é Vice-Presidente de Estudos do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS) e Professor Titular da Faculdade de Ciências Agrícolas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (FCA/Unesp Botucatu).

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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

O país sem justiça tem jeito? Com esses políticos?

Richard Jakubaszko

Parecemos uma terra de ninguém, cheia de forasteiros que apenas desejam encher seus butins. Os problemas são recorrentes, não sou eu que estou pessimista ou desanimado. Já parei de ler jornais, isso me fazia muito mal, pra cabeça e pra saúde.
Hoje em dia temos de aguentar essa imbecil guerra entre os políticos. Um acusa o outro, de corrupto, incapaz, ineficiente, sempre de olho nas próximas eleições. O pior é que tem gente, nos dois lados, que acredita que é tudo verdade. Ou que tudo é mentira.

Agora, o que é um espanto, o presidente da Câmara dos Deputados, faz chantagem com o governo federal, ameaça derrubar vetos da presidência em projetos de lei se não ocorrer a legalização de doações de empresas aos partidos... Nem é decisão do governo, foi o STF quem proibiu, mas o legislativo faz chantagem, e os jornais repercutem. Realmente, como dizia Tom Jobim, o Brasil é um país para entendidos... E de cabeça pra baixo! É um país de macunaímas...

Dirão que democracia é assim mesmo, sempre parece com o caos, ou quase isso. A verdade é que os direitos dos cidadãos não andam sendo respeitados. Basta que um delator qualquer diga que fulano recebeu propina e, pronto, o denunciado vai em cana, e vai ficando preso, até resolver, ele mesmo, sob uma pressão psicológica imensa, fazer uma delação premiada... 

Se fosse com você, o que você faria? Tem gente que confessa que estuprou, esquartejou e escondeu o corpo da própria mãe, basta que seja aquilo que o ouvidor e procurador desejava ouvir...

Pois aguarde, um dia essa "justiça" pode chegar em você, e você é que vai ter de provar que é inocente, não é o delator que tem de provar que a denúncia dele é real e verdadeira. Denunciou, saiu na mídia, tá lascado. A não ser que a mídia apoie seu grupo de ação, aí a mídia esconde, omite o seu nome, e tudo continua como dantes.
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segunda-feira, 28 de setembro de 2015

A caminhada da vida

Richard Jakubaszko
Recebi do amigo Hélio Casale um desses power points antigos, desses que nem se vê mais, sobre a caminhada da vida. Dou repeteco para algumas paisagens que vieram juntas, pela beleza expressa nas imagens, e pela singeleza do texto.


A caminhada da vida
Susana Carizza
Impossível atravessar a vida sem que um trabalho não saia mal feito.
Sem que uma amizade não cause decepção
 

Sem padecer de alguma doença  
Impossível atravessar a vida sem que um amor nos abandone
Sem perder um ente querido
 

Sem se enganar em um negócio  
Esse é o custo de viver  
O importante não é o que acontece, mas como você reage.  
Você cresce quando não perde a esperança, nem diminui a vontade, nem perde a fé.  
Quando aceita a realidade e tem orgulho de vivê-la.


Você cresce quando aceita seu destino, e, mesmo assim...
Tem garra para mudá-lo, quando aceita o que ficou para trás...
Construindo o que tem pela frente, e planejando o que está por vir.
Cresce quando se supera, se valoriza e sabe dar frutos.
Cresce quando abre caminhos, assimila experiências e semeia raízes.
Cresce quando se impõe metas, sem se importar com comentários nem julgamentos.
Cresce quando dá exemplos, sem se importar com desdém, quando você cumpre seu trabalho.
Cresce quando é forte de caráter, sustentado por sua formação, sensível por temperamento.
E humano por natureza. 


Cresce quando enfrenta o inverno, mesmo que perca as folhas.
Cresce quando colhe flores, mesmo que tenham espinhos.
Cresce quando marca o caminho, mesmo que se levante o pó.
Cresce quando é capaz de lidar com resíduos de ilusões.
Cresce ajudando a seus semelhantes, conhecendo a si mesmo, e dando à vida mais do que recebe.
 

A criação do texto é atribuída a Susana Carizza. 

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sábado, 26 de setembro de 2015

Fotos de lindas flores

Richard Jakubaszko
Suprema manifestação da criatividade divina, flores e mais flores, deleite seu espírito e inspire-se. Qual a sua preferida? Se você fosse uma flor, qual seria?

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