segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

O estado de direito e o estado de direita


Mauro Santayana 
É curiosa a situação que vive hoje o Brasil.

Estamos em plena vigência de um Estado de Direito?

Ou de um “estado” de direita, que está nos levando, na prática, a um estado de exceção?

Afinal, no Estado de Direito, você tem o direito de ir e vir, de frequentar um bar ou um restaurante, ou desembarcar sem ser incomodado em um aeroporto, independente de sua opinião.

No estado de direita, você pode ser reconhecido, insultado e eventualmente agredido, por um bando de imbecis, na saída do estabelecimento ou do avião.

No Estado de Direito, você pode cumprimentar com educação o seu vizinho no elevador, desejando-lhe um Feliz Ano Novo.

No estado de direita, você tem grande chance de ouvir como resposta: “tomara que em 2016 essa vaca saia da Presidência da República, ou alguma coisa aconteça com essa cadela, em nome do Senhor.”

No Estado de Direito, você pode mandar “limpar” o seu computador com antivírus quando quiser.

No estado de direita, você pode ficar preso indefinidamente por isso, até que eventualmente confesse ou invente alguma coisa que atraía o interesse do inquisidor.

No Estado de Direito, você tem direito a ampla defesa, e o trabalho dos advogados não é cerceado.

No estado de direita, quebra-se o sigilo de advogados na relação com seus clientes.

No Estado de Direito, a Lei é feita e alterada por quem foi votado para fazer isto pela população.

No “estado” de direita, instituições do setor público se lançam a promover uma campanha claramente política – já imaginaram a Presidência da República colhendo assinaturas na rua para aumentar os seus próprios poderes? – voltada para a aprovação de um conjunto de leis que diminui – em um país em que 40% dos presos estão encarcerados sem julgamento – ainda mais as prerrogativas de defesa dos cidadãos.

No Estado de Direito, você é protegido da prisão pela presunção de inocência.

No estado de direita, inexistem, na prática, os pressupostos da prisão legal e você pode ser detido com base no “disse me disse” de terceiros; em frágeis ilações; do que “poderá” ou “poderia”, teoricamente, fazer, caso continuasse em liberdade; ou subjetivas interpretações de qualquer coisa que diga ao telefone ou escreva em um pedaço de papel - tendo tudo isso amplamente vazado, sem restrição para a “imprensa”, como forma de manipulação da opinião pública e de chantagem e de pressão.

No Estado de Direito, você pode expressar, em público, sua opinião.

No estado de direita, você tem que se preocupar se alguém está ouvindo, para não ter que matar um energúmeno em legítima defesa, ou “sair na mão”.

No Estado de Direito, os advogados se organizam, e são a vanguarda da defesa da Lei e da Constituição.

No estado de direita, eles deixam agir livremente - sem sequer interpelar judicialmente - aqueles que ameaçam a Liberdade, a República e os cidadãos.

No Estado de Direito, membros do Ministério Público e da Magistratura investigam e julgam com recato, equilíbrio, isenção e discrição.

No estado de direita, eles buscam a luz dos holofotes, aceitam prêmios e homenagens de países estrangeiros ou de empresas particulares, e recebem salários que extrapolam o limite legal permitido, percebendo quase cem vezes o que ganha um cidadão comum.

No Estado de Direito, punem-se os corruptos, não empresas que geram riquezas, tecnologia, conhecimento e postos de trabalho para a Nação.

No estado de direita, “matam-se” as empresas, paralisam-se suas obras e projetos, estrangula-se indiretamente seu crédito, se corrói até o limite o seu valor, e milhares de trabalhadores vão para o olho da rua, porque a intenção não parece ser punir o crime, mas sabotar o governo e destruir a Nação.

No Estado de Direito, é possível fazer acordos de leniência, para que companhias possam continuar trabalhando, enquanto se encontram sob investigação.

No estado de direita, isso é considerado “imoral”.

Não se pode ser leniente com empresas que pagam bilhões em impostos e empregam milhares de pessoas, mas, sim, ser mais do que leniente com bandidos contumazes e notórios, com os quais se fecha “acordos” de “delação premiada”, mesmo que eles já tenham descumprido descaradamente compromissos semelhantes feitos no passado com os mesmos personagens que conduzem a atual investigação.

No Estado de Direito, existe liberdade e diversidade de opinião e de informação.

No estado de direita, as manchetes e as capas de revista são sempre as mesmas, os temas são sempre os mesmos, a abordagem é quase sempre a mesma, o lado é sempre o mesmo, os donos são sempre os mesmos, as informações e o discurso são sempre os mesmos, assim como é sempre a mesma a parcialidade e a manipulação.

No Estado de Direito você pode ensinar história na escola do jeito que a história ocorreu.

No estado de direita, você pode ser acusado de comunista e perder o seu emprego pela terceira ou quarta vez.

No Estado de Direito você pode comemorar o fato de seu país ter as oitavas maiores reservas internacionais do planeta, e uma dívida pública que é muito menor que a dos países mais desenvolvidos do mundo.

No estado de direita você tem que dizer que o seu país está quebrado para não ser chamado de bandido ou de ladrão.

No Estado de Direito, você pode se orgulhar de que empresas nacionais conquistem obras em todos os continentes e em alguns dos maiores países do mundo, graças ao seu know-how e capacidade de realização.

No estado de direita, você deve acreditar que é preciso quebrar e destruir todas as grandes empresas de engenharia nacionais, porque as empresas estrangeiras – mesmo quando multadas e processadas por tráfico de influência e pagamento de propinas em outros países – “não praticam corrupção”.

No Estado de Direito você pode defender que os recursos naturais de seu país fiquem em mãos nacionais para financiar e promover o desenvolvimento, a prosperidade e a dignidade da população.

No estado de direita você tem que dizer que tudo tem que ser privatizado e entregue aos gringos se não quiser arrumar confusão.

No Estado de Direito, você pode defender abertamente o desenvolvimento de novos armamentos e de tecnologia para a defesa da Nação.

No estado de direita, você vai ouvir que isso é um desperdício, que o país “não tem inimigos”, que as forças armadas são “bolivarianas”, que “o Brasil nunca vai ter condições de enfrentar nenhum país poderoso, que os EUA, se quiserem, invadem e ocupam isso aqui em 5 minutos, que o governo tem que investir é em saúde e educação”.

No Estado de Direito, é crime insultar ou ameaçar, ou acusar, sem provas, autoridades do Estado e o Presidente da República.

No estado de direita, quem está no poder aceita, mansamente, cotidianamente, os piores insultos, adjetivos, acusações, insinuações e mentiras, esquecendo-se que tem o dever de defender a Democracia, a liturgia do cargo, aqueles que o escolheram, a Nação que representam e teoricamente comandam, e ainda a Lei e a Constituição.

No Estado de Direito, você pode interpelar judicialmente quem te ameaça pela internet de morte e de tortura ou faz apologia de massacre e genocídio ou da quebra da ordem institucional e da hierarquia e da desobediência à Constituição.

No estado de direita, muita gente acha que “não vale a pena ficar debatendo com fascistas” enquanto eles acreditam, fanaticamente, que representam a maioria e continuam, dia a dia, disseminando inverdades e hipocrisia e formando opinião.

No Estado de Direito você poderia estar lendo este texto como um jogo de palavras ou uma simples digressão.

No estado de direita, no lugar de estar aqui você deveria estar defendendo o futuro da Liberdade e dos seus filhos, enfrentando, com coragem e informação, pelo menos um canalha por dia no espaço de comentários – onde a Democracia está perdendo a batalha - do IG, do Terra, do MSN, do G1 ou do UOL.

Publicado originalmente no http://www.maurosantayana.com/2016/01/o-estado-de-direito-e-o-estado-de.html

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domingo, 10 de janeiro de 2016

Celular (?) de 800 anos descoberto por arqueólogos na Áustria

Richard Jakubaszko 
Arqueólogos (?) não identificados parecem ter encontrado em suas pesquisas na Áustria um equipamento semelhante a um celular, que teria 800 anos de idade, muito semelhante em design e tamanho ao antigo Nokia.
No vídeo abaixo, ancorado no Youtube, pelo menos 1,2 milhão de pessoas já assistiram as poucas imagens divulgadas, e estabeleceu-se a polêmica de que seria um celular de algum ET...

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sábado, 9 de janeiro de 2016

Exportaram o Corinthians pra China...

Richard Jakubaszko 
Circula uma teoria conspiratória de que a exportação dos jogadores corintianos é uma armação dos bambis sãopaulinos, pois assim eles se livram do Corinthians...
Olha só o que a blogosfera fez essa semana sobre esse assunto...
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sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

A sustentabilidade do solo

Richard Jakubaszko 
Como afirmam os entrevistados no vídeo abaixo, os professores Roque Dechen e Reinaldo Bertola Cantarutti, tudo o que precisamos vem do solo. Portanto, precisamos saber preservar os nossos solos.

Entretanto, nas cidades brasileiras e do mundo afora quase não há diferença, percebe-se que não há esse cuidado com o solo (urbano), pois estão impermeabilizados por asfalto e concreto, inclusive nas residências, fazendo com que as cidades, especialmente as megalópoles, como São Paulo, praticamente não tenham mais lençol freático. Os entrevistados apenas arranharam o tema, pois tanto o entrevistador como os entrevistados focaram a sustentabilidade do solo apenas para agricultura.

Como se sabe, nas cidades, as árvores não dispõem de água em suas raízes, estas apodrecem, e as árvores desabam com qualquer ventania mais forte. Em paralelo, o solo urbano vira areia, pois solo é um ente vivo, precisa de água para continuar vivo, mantido por inúmeros microorganismos. Seco, e arenoso, qualquer fenda ou rachadura no asfalto, infiltra água que leva a areia embora. Por isso, é comum abrirem-se crateras nas ruas asfaltadas. Ao mesmo tempo, o solo impermeabilizado provoca enchentes nas partes baixas das cidades, com alagamentos das áreas mais pobres.


Na agricultura, o solo é vital, e é bem cuidado. Mas há produtores que ignoram algumas das regras básicas de manejo do solo, o que facilita a erosão, a degradação e até mesmo a contaminação por metais pesados.

No ano definido pela FAO/ONU como Ano Internacional do Solo, o programa Diálogos Sustentáveis recebeu dois especialistas para falar do tema e mostrar que a questão do solo agrícola é ainda mais importante para o bem estar coletivo do que possamos imaginar. Os convidados são o Prof. Dr. Antonio Roque Dechen, Coordenador do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Bioenergia e Sustentabilidade da USP e docente do Departamento de Ciência do Solo da ESALQ/USP, e o Prof. Dr. Reinaldo Bertola Cantarutti, Secretário Geral da Sociedade Brasileira do Solo e docente da Universidade Federal de Viçosa.

A mediação do debate foi do jornalista Fabiano Pereira, da DvComun/TV USP Piracicaba. O Diálogos Sustentáveis é uma produção bimestral desenvolvida em parceria pela ESALQ/USP através da Divisão de Comunicação (DvComun)/TV USP e o SESC Piracicaba.




quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Os 3 maiores problemas da humanidade

Richard Jakubaszko 
Com uma população de 7,4 bilhões de pessoas, o planeta tem 3 problemas críticos para dar solução, e que a cada ano exigem inovação e criatividade na capacidade de gestão e de prover recursos crescentes (sem o aumento da carga tributária), além de uma logística exemplar, nunca dantes imaginada. Não incluo nessa conta, ou lista, a questão da superpopulação, porque é uma questão insolúvel e potencializa os 3 gargalos abaixo. De toda forma, é vital encontrar-se uma solução para a velocidade do crescimento demográfico. Na mídia, o assunto é debatido de forma lateral, apenas quando falta aimento ou água, ou quando há um apagão.

Em suma, os 3 problemas críticos são:
1 - produção de alimentos;
2 - produção de água potável; e
3 - produção de energia elétrica.

Qualquer um deles se estiver em desequilíbrio, com oferta abaixo da demanda, provocará o caos regional, com reflexos em todo o planeta e em todas as atividades humanas.

Alimentos - a disponibilidade de terras aptas para agricultura esgota-se no planeta. Só o Brasil e a África têm terras virgens para produzir mais alimentos. A razão é simples: precisamos produzir cada vez mais, para atender o aumento da demanda. Não basta apenas terra, há necessidade de disponibilidade de água e sol (tecnologia, capital e mão de obra podem ser importadas), e o Brasil é o único país do planeta com essa riqueza natural disponível. Em outras regiões do planeta, há terra, mas ou falta água (chuvas) ou falta sol. Infelizmente, a distribuição e fartura desses recursos não é igual nos diversos continentes. A falta de alimentos provoca, como sempre foi, imigração e guerras. Lembremos que a causa da Queda da Bastilha foi a falta de pão para o povo, que não dispunha de brioches. Maria Antonieta confundiu humor com políticas públicas e deu no que deu, as cabeças rolaram.
As tecnologias das ciências agronômicas têm garantido que as produtividades cresçam, e desmentem as projeções proféticas de Malthus. Um homem com fome é um revoltado, mas um homem com filhos esfomeados é um guerrilheiro.

Água potável - a água não vai acabar, como afirmam setores interessados economicamente no assunto, e a mídia repete acriticamente o assunto. Em alguns países a água mineral vale muito mais do que 1 litro de leite.
O planeta tem 71% de sua superfície em água (deveria chamar-se Água). O ciclo hidrológico encarrega-se de distribuir água pelo planeta afora, exceto nos desertos. O problema está na disponibilidade da água potável para abastecer populações de centros urbanos cada vez maiores, e na redução do desperdício. As fontes e rios urbanos, todos poluídos, degradam-se. Busca-se água limpa cada vez mais distante dos grandes centros urbanos.

Entretanto, cerca de 95% a até 99% do volume de águas de todos os rios chegam aos mares, onde reinicia-se o ciclo hidrológico. Estes 1% a 5% são consumidos pela humanidade nas suas diversas atividades. Fazer barragens, irrigação, hidroelétricas, não interfere no ciclo hidrológico (à exceção da piracema, em barragens hidroelétricas, o que causa um problema ambiental). A gestão da água potável, todavia, é um enorme problema da administração pública, que tem de planejar o estoque e o tratamente de água para abastecer tanta gente. A falta de água, regionalmente, também provoca imigrações e guerras, além de doenças.
Lembre-se, ou saiba que, a briga entre israelenses e palestinos, por exemplo, não é por alguma rixa ancestral, ou atávica, mas pelas águas do rio Jordão.

Energia elétrica - dentre os 3 problemas da humanidade esse é o gargalo maior, no momento e no futuro breve. Sua falta não causaria a morte imediata (ou doenças) de milhões de pessoas, da mesma forma como provocaria a falta de alimentos ou de água potável, mas causaria enormes prejuízos às atividades humanas, com o caos se estabelecendo depois de algumas horas se ela estiver ausente. Ou seja, não podemos ter uma vida de qualidade sem energia elétrica, impossibilitados, sem internet para trabalhar, e, ao mesmo tempo, de conservar alimentos, andar de avião ou de elevador, ou mesmo de metrô. Retornaríamos ao tempo das cavernas. Portanto, temos de investir na capacidade de aumentar a geração e distribuição da energia elétrica. Cada região do planeta tem restrições de algumas fontes de energia, dentre aquelas possíveis, como hidroeletricidade, eólica, solar, nuclear e a mais difundida mundo afora, a termoelétrica, movida por fósseis, seja carvão, derivados do petróleo ou gás.

No Brasil, somos privilegiados pela natureza, pois temos a energia elétrica com base em hidroelétricas, a mais barata e constante (porque pode-se estocar água), e a menos poluente. Devido a acidentes como Chernobyl e Fukushima, com vazamento de radioatividade, a energia nuclear perdeu espaço no crescimento dentre as fontes. Hoje em dia a energia nuclear financia a demonização do CO2 emitido pelas termoelétricas, como forma de garantir seu crescimento no futuro. O assassinato de reputação do CO2 está na base dos argumentos ambientalistas que o acusam, indevidamente, de ser um gás de efeito estufa (GEE), causador do aquecimento e das mudanças climáticas. Como as fontes alternativas (eólica e solar) não conseguem isoladamente suprir a demanda de energia elétrica em grandes centros urbanos consumidores, pois exigem a existência de um "Plano B" (que deve incluir outra fonte, especialmente termoelétrica), a disputa comercial fica entre nuclear, fósseis e hidroeletricidade.

Analisei o problema da energia eletrica, em profundidade, em meu livro "CO2 aquecimento e mudanças climáticas: estão nos enganando?", detalhando interesses políticos e econômicos, pois é a causa principal da neurose ambientalista planetária, causada por interesses inconfessáveis que financiam o IPCC e as COPs, como a COP21 que aconteceu em Paris, em dezembro último.

No livro, faço ainda o registro de que a causa principal de todos os problemas sociais, econômicos, políticos e ambientais, é a superpopulação planetária.

Saiba como funciona um sistema integrado de energia elétrica
Vídeo com debate sobre a produção de energia elétrica, com análise da integração do sistema de energias renováveis, feito pelo programa "Palavras cruzadas", na TV Unicamp. Lamentavelmente, os entrevistados arranharam o assunto da energia nuclear, como fonte de energia elétrica. Como acadêmicos, debateram o problema sem nenhuma crítica sobre a estratégia do governo ou da ótica empresarial que vigora no Brasil.

A grande mídia deveria debater esses problemas, é uma de suas funções sociais, mas só o faz com o viés político, defendendo ou atacando os governos.

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quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

O Globo errou “só” em 400% o custo do petróleo do “patrimônio inútil” do pré-sal


Fernando Brito
Do Tijolaço
O que o blog Tijolaço vem afirmando, há duas semanas, desde que O Globo fez um estúpido editorial dizendo que os preços do petróleo tornavam o pré-sal um “patrimônio inútil” foi confirmado oficialmente pela Petrobras que o jornal usar argumentos que contém um erro de “apenas” 400% no custo de extração de óleo em nossas principais jazidas petrolíferas.

O Globo diz, para justificar o fato de que, com o petróleo sendo cotado a US$ 37 o barril não seria econômico produzir no pré-sal a custos estimados entre US$ 40 e US$ 57. Aqui, com base nos dados então disponíveis, mostrou-se que o custo de extração no pré-sal era, na verdade de US$ 9 dólares o barril.

E ontem, fica-se sabendo que nem isso mais é, por conta de novas tecnologias, redução dos preços em dólar de alguns insumos da indústria petroleira – que têm preço mundial e, portanto, acabam incorporando as perdas do preço do petróleo – e, sobretudo, como havia sido apontado aqui, pelo conhecimento geológico que acelera o caro processo de perfuração de centenas de poços (de extração e de injeção).

Do site da Petrobras:
(…) chegamos a um patamar em torno de US$ 8 por barril, quando a média das grandes petrolíferas mundiais é de US$ 15 por barril. Nos custos de desenvolvimento do pré-sal também tivemos avanços. Um dos fatores decisivos para a redução de custo é o tempo de perfuração de um poço no pré-sal, que no campo de Lula já atingiu tempo inferior a 30 dias. Em 2010, eram necessários mais de 120 dias para realizar o mesmo trabalho.(Nota do Tijolaço: só o custo de uma sonda de perfuração de águas ultraprofundas custa perto de US$ 50o mil por dia)

Ou seja, o “errinho” de O Globo sobre a relação preço/custo do pré-sal é de “apenas” 400% – ou de 712%, se considerado o maior custo estimado pelos “especialistas” do jornal.

Mesmo não sendo este o custo total da exploração – há royalties e impostos que, afinal, são renda pública -, se você considerar que são mais de um milhão de barris retirados a cada dia do pré-sal, é possível ver o tamanho do golpe que querem dar com esta história de desdenhar o “patrimônio inútil”.

Publico, abaixo, um vídeo da Petrobras, quando a produção ainda era um pouco menor, e que ajuda a entender como e porque os custos de produção do pré-sal estão caindo com a competência técnica da Petrobras.

 



Publicado no Tijolaço: http://tijolaco.com.br/blog/o-globo-errou-so-em-400-o-custo-do-petroleo-do-patrimonio-inutil-do-pre-sal/
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terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Quando as missas eram em latim


Missa em latim
Guilherme Cardoso 
Eu sou do tempo em que as missas eram rezadas em latim. E o padre celebrava de frente para o altar, e de costas para os fiéis. Era a chamada missa Tridentina. O bairro era a Pompeia.

Os ajudantes da missa eram chamados de coroinhas, missão reservada somente para os meninos. O povo não participava do ritual como hoje, respondendo as leituras e preces. Era tarefa dos coroinhas, que respondiam na ponta da língua, e em latim, as orações ao pé do altar.

Ao que dizia o padre no altar: “Adiutórium nostrum in nómine Dómini” (“O nosso auxílio está no nome do Senhor”), em que os coroinhas respondem: “Qui fecit cælum et terram” (“Que fez o céu e a terra”).

Coitado do menino que errasse a resposta em latim naquela missa. Ficava na geladeira por um mês, quatro domingos sem ajudar na missa, sem participar do esperado lanche servido pelos padres, e pior ainda, ficar proibido de jogar futebol nas quartas-feiras à tarde e nos domingos pós missa com os seminaristas.

Ir à missa aos domingos era a mais importante obrigação das famílias, naqueles saudosos tempos que terminaram na década de 60. A melhor roupa que se tinha era reservada para a cerimônia religiosa dominical. Não valia assistir à missa no sábado. Tinha que ser a de domingo.

Os homens de calça comprida, paletó e sapato, não podiam chinelos, e jamais calções ou bermudas, estas nem existiam. As mulheres, com vestidos abaixo dos joelhos, braços cobertos até os cotovelos, véu na cabeça, decote ousado nem pensar. O padre pedia na hora que saísse da igreja.

O sábado era reservado para os casamentos, que aconteciam sempre a tarde, a partir das 16 horas, e nunca ultrapassavam as 18 horas. Quase ninguém casava nos outros dias da semana, e nem à noite. E o mês preferido das noivas era maio. Costumes da época.

Reproduzido do site http://guilhermecardoso.com.br/quando-as-missas-eram-em-latim?lang=pt

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