quinta-feira, 24 de março de 2016

Resumo de fatos

Resumo de fatos desses conturbados dias:
O texto abaixo foi escrito por Filipe Galvon, documentarista e escritor brasileiro radicado na França. Seus trabalhos, todos gratuitos e disponíveis online, estão disponíveis em http://vimeo.com/filipegalvon. Seu livro de poesia, Animau, está disponível no site da editora 7Letras.

O Juiz Federal Sérgio Moro grampeou o telefone da Presidência da República. Na íntegra do áudio, é possível ouvir os toques nos primeiros segundos da gravação e a secretária do Palácio do Planalto dando início à conversa.
A conversa entre Lula e Dilma é vaga e informal. No trecho divulgado com destaque pela imprensa, a Presidenta diz que envia a Lula, para uso em caso de necessidade (em nota oficial, o gabinete da Presidência informa que o objetivo foi colher a assinatura de Lula, já que ele deveria retornar a São Paulo por razões familiares), o termo de posse.

O termo de posse que Dilma enviou a Lula não estava assinado por ela. Portanto, não tinha efeito legal para proteger Lula de uma eventual prisão pelo foro privilegiado.

O foro privilegiado de um ministro o faz responder diretamente ao Supremo Tribunal Federal. Como ministro, Lula não teria direito a recorrer a instâncias superiores, justamente porque não existem instâncias superiores ao STF.
O STF não tem histórico de benevolência com o partido de Lula. A Corte julgou o processo do chamado Mensalão e condenou José Dirceu, segunda maior liderança do PT depois de Lula.

Lula, tomando posse como ministro, tem menos direito a recorrer do julgamento. Isto significa, portanto, que tecnicamente Lula ministro corre mais risco sendo julgado pelo STF do que sendo julgado por Sérgio Moro.

Sérgio Moro, tecnicamente, deveria ter juntado o grampo aos autos da Lava Jato e a enviado ao STF – mas enviou-a à imprensa no mesmo dia da gravação. Antes da posse de Lula, trechos selecionados da conversa com a presidente foram publicados pelos veículos das Organizações Globo.

O Globo apoiou o golpe militar de 1964. Em editorial publicado em 2013, o jornal reconheceu o apoio à ditadura, período durante o qual a empresa cresceu. O site americano Wikileaks divulgou documentos dando conta da Operação Brother Sam, cujo objetivo foi apoiar militarmente o golpe militar no Brasil, através do envio de porta-aviões à costa fluminense e suporte de espionagem pela CIA.

A CIA monitorou trocas de e-mails da Presidente Dilma. O fato foi revelado pelo ex-agente Edward Snowden em setembro de 2013 e provocou um pedido de desculpas do presidente americano Barack Obama. Em 1974, um presidente americano foi derrubado por comandar grampos ilegais durante a campanha presidencial. Este caso ficou conhecido como Watergate e foi citado como exemplo de operação de interesse público e sem fins políticos pelo juiz Sérgio Moro.

Sérgio Moro é casado com uma funcionária do PSDB, principal partido de oposição ao governo Dilma. Seu pai foi um dos fundadores da agremiação política no Paraná. Moro fez palestras a convite do empresário João Dória Jr., provável candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo. O juiz federal brasileiro é ex-aluno de um programa especial para líderes patrocinado pelo US Department of State. Em 2015, Moro recebeu o prêmio Personalidade do Ano de O Globo, jornal que apoiou a ditadura militar no Brasil e deu em primeira mão a gravação da conversa entre Lula e Dilma.

O texto acima é apenas uma compilação de fatos amplamente divulgados pela mídia convencional e independente, todos disponíveis na internet.
Ligue os pontos como quiser. Crie a narrativa que quiser: conto de fadas, realidade fantástica, história real.

Hoje, pela primeira vez na história desse país, a História pode ser contada por você.

Brasil, meu querido e corrupto Brasil...

Richard Jakubaszko
O senador Zezé Perrella, cujo helicóptero foi capturado em 2014 transportando 455 quilos de pasta base para produção de cocaína, posa para foto em apoio à campanha pela autonomia da Polícia Federal.

Perrella (amigo de aécim) foi inocentado no caso Helicoca em menos de 30 dias, por um delegado da PF, e o assunto sumiu da mídia. O helicóptero foi liberado, e ninguém foi em cana. Será que a PF devolveu a pasta base aos condutores da aeronave?
É que perguntar não ofende, né não?

terça-feira, 22 de março de 2016

MANIFESTO À COMUNIDADE ACADÊMICA INTERNACIONAL

Richard Jakubaszko 
Dou força, aplaudo e faço divulgação ao manifesto abaixo, o qual recebi de minha filha, professora universitária, que subscreveu o manifesto.
A mídia internacional, desde a semana passada, tem dado amplo destaque para a tentativa de golpe midiático-jurídico no Brasil.
Não vai ter golpe!!!


MANIFESTO À COMUNIDADE ACADÊMICA INTERNACIONAL
O Demodê, grupo de pesquisa que é coordenado por Luiz Felipe Miguel e Flávia Biroli, está participando da articulação de um manifesto à comunidade acadêmica internacional, para alertar a respeito dos acontecimentos em curso no Brasil. O texto (abaixo) está sendo traduzido para diversas línguas (inglês, espanhol, francês, alemão e árabe, até o momento) e já foram contatados nomes de grande prestígio internacional, como Antônio Cândido e Miguel Nicolelis, para assinar.

Em primeiro lugar, gostaríamos de convidá-l@ a subscrever o manifesto. Mais do que isso, queríamos saber se poderíamos contar com sua colaboração para agregar assinaturas de professores e pesquisadores de instituições brasileiras de ensino superior. Como de costume, a ideia é ter nome, área e instituição. As assinaturas podem ser enviadas individualmente ou, caso possível, já em listas, para o e-mail manifestodemocracia@gmail.com.

Desculpe o tom um tanto direto, mas estamos correndo com isso. Gostaríamos de obter um número expressivo de assinaturas, de personalidades expressivas da academia brasileira, e dar divulgação ao manifesto até no máximo a próxima segunda-feira.
Segue o texto, para seu conhecimento e eventual adesão:

MANIFESTO À COMUNIDADE ACADÊMICA INTERNACIONAL
Nós, pesquisadores e professores universitários brasileiros, dirigimo-nos à comunidade acadêmica internacional para denunciar um grave processo de ruptura da legalidade atualmente em curso no Brasil.

Depois de um longo histórico de golpes e de uma violenta ditadura militar, o país tem vivido, até hoje, seu mais longo período de estabilidade democrática – sob a égide da Constituição de 1988, que consagrou um extenso rol de direitos individuais e sociais.

Apesar de importantes avanços sociais nos últimos anos, o Brasil permanece um país profundamente desigual, com um sistema político marcado por um elevado nível de clientelismo e de corrupção. A influência de grandes empresas nas eleições, por meio do financiamento privado de campanhas, provocou sucessivos escândalos de corrupção que vêm atingindo toda a classe política.

O combate à corrupção tornou-se um clamor nacional. Órgãos de controle do Estado têm respondido a esta exigência e, nos últimos anos, as ações anticorrupção se intensificaram, atingindo a elite política e grandes empresas.

No entanto, há uma instrumentalização política desse discurso para desestabilização de um governo democraticamente eleito, de modo a aprofundar a grave crise econômica e política atravessada pelo país.

Um dos epicentros que instrumentaliza e desestabiliza o governo vem de setores de um poder que deveria zelar pela integridade política e legal do país.

A chamada “Operação Lava Jato”, dirigida pelo juiz de primeira instância Sérgio Moro, que há dois anos centraliza as principais investigações contra a corrupção, tem sido maculada pelo uso constante e injustificado de medidas que a legislação brasileira estabelece como excepcionais, tais como a prisão preventiva de acusados e a condução coercitiva de testemunhas. As prisões arbitrárias são abertamente justificadas como forma de pressionar os acusados e deles obter delações contra supostos cúmplices. Há um vazamento permanente e seletivo de informações dos processos para os meios de comunicação. Existem indícios de que operações policiais são combinadas com veículos de imprensa, a fim de ampliar a exposição de seus alvos. Até a Presidenta da República foi alvo de escuta telefônica ilegal. Trechos das escutas telefônicas, tanto legais quanto ilegais, foram apresentados à mídia para divulgação pública, ainda que tratassem apenas de assuntos pessoais sem qualquer relevância para a investigação, com o intuito exclusivo de constranger determinadas personalidades políticas.

As denúncias que emergem contra líderes dos partidos de oposição têm sido em grande medida desprezadas nas investigações e silenciadas nos veículos hegemônicos de mídia. Por outro lado, embora não pese qualquer denúncia contra a Presidenta Dilma Rousseff, a “Operação Lava Jato” tem sido usada para respaldar a tentativa de impeachment em curso no Congresso Nacional – que é conduzida pelo deputado Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados e oposicionista, acusado de corrupção e investigado pelo Conselho de Ética dessa mesma casa legislativa.

Quando a forma de proceder das autoridades públicas esbarra nos direitos fundamentais dos cidadãos, atropelando regras liberais básicas de presunção de inocência, isonomia jurídica, devido processo legal, direito ao contraditório e à ampla defesa, é preciso ter cautela. A tentação de fins nobres é forte o suficiente para justificar atropelos procedimentais e aí é que reside um enorme perigo.

O juiz Sérgio Moro já não possui a isenção e a imparcialidade necessárias para continuar responsável pelas investigações em curso. O combate à corrupção precisa ser feito dentro dos estritos limites da legalidade, com respeito aos direitos fundamentais dos acusados.

O risco da ruptura da legalidade, por uma associação entre setores do Poder Judiciário e de meios de comunicação historicamente alinhados com a oligarquia política brasileira, em particular a Rede Globo de Televisão – apoiadora e principal veículo de sustentação da ditadura militar (1964-1985) –, pode comprometer a democracia brasileira, levando a uma situação de polarização e de embates sem precedentes.

Por isso gostaríamos de pedir a solidariedade e o apoio da comunidade acadêmica internacional, em defesa da legalidade e das instituições democráticas no Brasil.

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segunda-feira, 21 de março de 2016

Agro DBO: raízes expostas

Richard Jakubaszko
Filosofias à parte, coloquemos as barbas de molho. Há coisas boas e ruins no horizonte, mesmo considerando que o El Niño vai se enfraquecendo, conforme destacamos nesta edição da Agro DBO. Das coisas boas damos notícias, como a matéria de capa “Comida na boca”, do jornalista José Maria Tomazela, que destaca a fertilização fluída, tecnologia de pleno uso dos americanos, mas que ainda não adotamos por aqui. E ainda dos cuidados dogmáticos com a preservação do solo, ou a diversificação de atividades, feitos por alguns produtores rurais, como exemplo disso o cafeicultor mineiro que o jornalista Rogério Furtado foi auscultar, registrado tim-tim por tim-tim na matéria “Consórcio duradouro”.

Das notícias de coisas boas e ruins é interessante a leitura da entrevista do mês com o físico Silvio Crestana, ex-presidente da Embrapa, pois nas entrelinhas ele nos mostra um futuro risonho, que ainda não está bem claro, devido aos erros que cometemos no presente ao enfrentar questões de sustentabilidade do agro ao mesmo tempo em que se tenta tirar proveito das tecnologias disponíveis, de um lado dispendiosas, e de outro lado incertas, pois podem trazer novos problemas não previstos pela nossa ignorância humana.

A verdade é que o país vive um vendaval político e econômico. No campo político, os atores flertam com interesses antidemocráticos, alavancados por um inédito processo de judicialização das atividades humanas no país e que em tudo se intromete, extrapolando suas funções precípuas, o que acaba deteriorando as questões políticas e econômicas, trazendo incertezas e muita insegurança, e coloca em xeque a imprescindível muleta a que chamamos de esperança, de que as coisas no futuro vão melhorar.

Pelo lado da natureza, como vemos nas páginas da Agro DBO, esta segue seu rumo, no tempo e nas evoluções climáticas, como se provocasse de forma premeditada a tal da sustentabilidade do produtor rural, e ao mesmo tempo afirmasse: “tome cuidado comigo”.

Já no campo econômico, em que estamos mais uma vez em um novo tempo e ciclo de crise, há brisas e ventanias soprando, quem sabe prenunciando vendavais, derrubando as folhas secas e velhas das árvores, ou, por analogia, como se estivesse depurando o mercado da presença de empresários ineficientes ou descuidados, urbanos ou rurais, daí a citação que fazemos no início deste texto, de colocar as barbas de molho, pois crise política aliada à crise econômica pode tornar-se uma conjunção de um tempero quente e apimentado quando provoca inúmeras consequências indesejáveis, até mesmo piorar o que já está ruim.


No vídeo abaixo, José Augusto Bezerra, editor da Agro DBO, e mais conhecido por Tostão, destrincha as principais reportagens e artigos da edição:
 
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Lava Jato é humor ao vivo

Richard Jakubaszko 
Juiz e promotores da Lava Jato ouviram por vídeo conferência um capoteiro (de Belo Horizonte, sr. Jorge Washington Blanco) como testemunha; Moro anda trabalhando muito para justificar os quase R$ 80 mil reais, inconstitucionais, reconheçamos, que ganha por mês... Também não percebeu que a testemunha era um homônimo, e nem pediu desculpas ao convocado. Será que foi uma condução coercitiva? Será que esta foi só mais uma trapalhada da Lava Jato, ou vai ter mais bagunça desse nível? Patético...
Não esqueça, você também pode ser um capoteiro, amanhã...

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domingo, 20 de março de 2016

Delcídio mente: Dilma sabia, e tomou providências...

Richard Jakubaszko  
Na delação o quase ex-senador Delcídio afirma que Dilma não sabia, mas na entrevista para a Veja carrega nas tintas e afirma que "Dilma e Lula sabiam e comandavam" o petrolão. Pois aqui está a prova de que Dilma desconfiou e tomou providências, conforme publicado pelo Estadão, em abril 2012, portanto, mais de 1 ano antes de iniciar-se a Lava Jato (junho 2013).
Dilma demitiu os três diretores e mandou investigar; e deu no que deu. Mas a mídia distorceu os fatos...

Por que o Governo Federal não dá essas explicações, de que encaminhou a sua desconfiança ao Ministério Público para investigar a corrupção? Incompetência na comunicação?

Agora, Delcídio e a midia afirmam que Dilma não apenas sabia, mas comandava a operação. Esse Delcídio, delator santinho do pau ôco, merece mesmo ser premiado com 20 anos de xilindró...

Tem mais, quem indicou Paulo Roberto Costa como diretor da Petrobras
foi Francisco Dornelles (PP/RJ), tio de aécim... 
Costa é concursado, trabalhou 30 anos na Petrobras.




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sábado, 19 de março de 2016

Tentando explicar a crise para um político estrangeiro

Jamil Chade *
No Facebook

Explicando o inexplicável
Acabo de ter uma conversa com um político suíço que, sem entender nada do que ocorria, me ligou para “tirar umas dúvidas” sobre o que ele tem lido no noticiário sobre o Brasil.

Conforme ele foi falando, anotei as perguntas que me fazia:

- A presidente foi pega mesmo num grampo?

- Mas ela usa telefone normal depois de toda história da NSA?

- Lula é ou não ministro? E vai fazer o que?

- Cunha, com contas bloqueadas aqui na Suíça, é ainda o presidente “do Parlamento”?

- Maluf, condenado na França e que por anos foi investigado aqui na Suíça, vai mesmo julgar o impeachment de Dilma?

- As acusações aos membros da oposição são investigadas mesmo?

Quando terminei de falar, ele respirou e disse: “odeio dizer isso, mas isso faz uma república de bananas parecer um local com estado de direito quase perfeito (em comparação ao que vive o Brasil)”

* o autor é jornalista, correspondente do Estadão na Europa.


PITACO DO BLOGUEIRO:
o político suíço é, realmente, mal informado sobre o Brasil. Relembro Tom Jobim, que dizia que "o Brasil é um país para entendidos e especialistas". Se o suíço estivesse minimamente bem informado sobre o que acontece aqui, ainda perguntaria:

- no Brasil vocês permitem grampear um presidente, ou ministros? São juízes ou são humoristas de circo que autorizam isso?

- um juiz de primeira instância pode prender qualquer um, e manter preso apenas porque suspeita do cidadão? E não acontece nada com o juiz?

- um juiz no Brasil pode condenar um suspeito, mesmo sem provas? É o tal do "domínio do fato"?

- a Visanet (hoje Cielo), no Brasil é uma empresa pública, como disse o ex-presidente do STF, Ayres Brito? Como os brasileiros conseguiram essa proeza com uma das 50 maiores empresas do mundo?

- essa avalanche de liminares encaminhadas ao STF, pedindo a suspensão de posse de um ministro, e distribuídas aos seus juízes, permite que cada um dê sentenças individuais, paralisando o país?


- De Gaulle tinha razão? O Brasil não é um país sério...
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sexta-feira, 18 de março de 2016

Gilmar suspende posse de Lula como ministro

Richard Jakubaszko
Acabou de sair agora a noite a decisão do ministro Gilmar Mendes, do STF, que atendeu mandato de segurança do PSDB e suspendeu a posse de Lula como ministro-chefe da Casa Civil. Com essa medida a investigação da Lava Jato, sob condução do juiz Sergio Moro, permanece em Curitiba no que tange ao "suspeito" ex-ministro Lula da Silva. Foi a solução de Gilmar para agradar os parceiros políticos, pois se confirmasse a posse, teria de tirar de Lula, por ato de exceção, o "privilégio" do fôro no STF.

Trata-se, primeiro, de uma interferência do Judiciário no Executivo. A posse de Lula é um ato de exclusiva competência da presidente Dilma. 
Considerando que os dois poderes são independentes, e que a posse de Lula não é uma manobra política (mas uma suposição da oposição ao governo) para livrar Lula de uma ação judicial, ou de uma prisão, mas apenas mudaria a competência de julgamento, de Curitiba para o STF (o que acho até pior), o STF, em minha opinião como cidadão, comete um ato inconstitucional, e de suprema ironia, pois justamente é o órgão do poder judiciário que deve preservar e fazer cumprir a Constituição Brasileira, e não de descumpri-la.

Evidentemente que, ao tomar uma decisão desse porte, o STF deverá se pronunciar em plenário, pois a palavra de Gilmar Mendes não é definitiva. Neste caso, uma nova decisão em plenário pode demorar o tempo que o STF julgar necessário. O que é importante: a palavra final não é do Gilmar.

O que se constata ainda é que foi dado mais um passo em direção ao golpe jurídico-midiático para destituir Dilma Rousseff da presidência e impedir que Lula seja candidato em 2018.

Pobre Brasil, quando se constata ação política nas decisões de seus juízes. Somos uma república das bananas.
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quinta-feira, 17 de março de 2016

Moro grampeou Dilma, e não Lula.

Richard Jakubaszko
Mais do que claro, é óbvio ululante.
É só ouvir a gravação divulgada pelo juiz Moro: o telefone grampeado é o da Presidência da República. A ligação começa com o sinal telefônico de chamada, sinal que um telefone desligado não pode emitir, porque está DESLIGADO...  Ao fundo, ouvem-se murmúrios, vozes, sons ambientais, captados de forma ininteligível pelo aparelho que fez a chamada (de Dilma), até que o assessor de Lula atende.
Assim, Moro demonstra que não se considera apenas acima da Lei, mas como a própria Lei, representante auto nomeado de um Estado Policial inimputável.

Resta saber qual a punição jurídica cabível a uma autoridade do judiciário que abusa de seus poderes, e ainda faz proselitismo político, dando divulgação de uma conversa privada de dois cidadãos em pleno exercício de seus direitos, sendo que um dos interlocutores é a Presidente (eleita pela soberania do voto).

Com a palavra as instâncias superiores da Justiça Federal. Ficar com melindres por ouvir palavras de baixo calão ditas por Lula é hipocrisia, Lula é assim mesmo, fala como o povão se expressa no estádio de futebol, e esse talvez seja um dos segredos de sua boa comunicação com o povo.

O resto é ti-ti-ti de político, prosaico, comum, partidário.
Nomear Lula ministro da Casa Civil, para protegê-lo da sanha persecutória de Moro, poderia ser comparado a um mandato de segurança, ou liminar, ou habeas corpus preventivo. Significa que, para as vestais midiáticas e os políticos, pode uma ação judicial prévia, mas não pode uma manobra política, especialmente quando eles perdem. Porque a nomeação não elimina a ação de Justiça sobre as investigações, apenas muda o local de julgamento, de Curitiba para o STF em Brasília, e esse chororô é infantil e ridículo.

Quem merece uma investigação séria é o juiz Sérgio Moro, que extrapolou suas prerrogativas e funções, e demonstra falta de equilíbrio emocional para conduzir uma operação gigantesca como essa da Lava Jato que já anda travando a economia, além de provocar a destruição de inúmeras empreiteiras, estaleiros, fornecedores da Petrobras, criando desemprego, e vem agora com novas ameaças futuristas, de investigação sobre o BNDEs, Belo Monte e outras coisas mais. Que vá investigar o metrô de São Paulo, que investigue Furnas, o merendão paulista, o aeroporto de Cláudio, a amante de FHC, que aponte do que vivia o Serra antes de ser eleito Senador, e por aí vai...

Aqui, a gravação (perceba a voz da telefonista, enquanto toca o sinal de "chamada": 

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O fundo do poço

Florestan Fernandes Jr

Passei 3 dias em silêncio refletindo sobre os acontecimentos no Brasil. O que vou dizer não vai agradar muitos dos meus amigos, mas é o meu sentimento. Alguns políticos que marcaram minha geração e alimentaram meus melhores sonhos se distanciaram de alguns princípios. De Fernando Henrique a Lula de Covas a Zé Dirceu. É triste constatar hoje as escorregadas, pra dizer o mínimo, que muitos desses ícones da política deram depois que chegaram ao poder.

Não é ilegal receber dinheiro de empreiteiras e bancos para financiar institutos privados como fizeram o sociólogo e o operário. Mas, para mim, é antiético. Como é antiético um juiz aceitar prêmios de órgãos de comunicação em plena operação que mexe com interesses financeiros e políticos dessas empresas.

Complicado entender os princípios que norteiam uma ex-empregada doméstica e defensora dos seringueiros fazendo campanha tendo a tiracolo um grande grupo empresarial e um poderoso banco privado. E como explicar a metamorfose que transformou o Geraldinho, um jovem deputado boa praça, no imperador de um estado que governa com mão de ferro protegido por parte da justiça e da imprensa? Qual o real compromisso de partidos que fazem das obras públicas uma negociata por dinheiro para campanhas milionárias ou para o enriquecimento ilícito?

Nesse ponto, nenhuma das grandes legendas é melhor que a outra. Todas têm um rastro de pólvora ligado aos caixas dois de empreiteiras, bancos e multinacionais. Os casos vão da Petrobras passando pela Cemig em Minas, Metrô de São Paulo e desaguando na merenda escolar roubada de nossas crianças.

No barraco pelo poder, todo o podre da nossa “Velha Nova República” veio à tona e o mau cheiro se espalhou rapidamente. Amantes que receberam dinheiro de contas em paraíso fiscal, empresários de comunicação que sonegam impostos e constroem mansões em áreas de reserva ambiental, aeroportos construídos em fazenda de governadores, agentes da PF que vendem informações sigilosas, contas secretas do presidente da Câmara dos Deputados, triplex na praia e apartamento em bairro chique de Paris.

Para temperar a podridão, os vazamentos seletivos que manipulam a opinião pública e comprometem totalmente a Lava Jato. Uma operação que desde seu início vem sendo usada politicamente e que apresentou na sexta-feira (4/3) um espetáculo lamentável. A condução coercitiva, além de ilegal, fez do ex-presidente Lula um “preso por algumas horas”. Deveríamos bater panelas pelo todo da obra.

Nossos representantes chegaram ao fundo do poço e estão levando com eles nossos empregos, nossa autoestima e, se a irresponsabilidade continuar, a nossa democracia.
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quarta-feira, 16 de março de 2016

Brasil: sob nova direção

Richard Jakubaszko 
Brasil, a partir de hoje, sob nova direção.
O Brasil é um país para entendidos e especialistas.
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O Terremoto brasileiro



por Pepe Escobar *
Imagine um dos mais admirados líderes políticos globais na história moderna sendo tirado de seu apartamento às 6 da manhã por agentes da Polícia Federal do Brasil e forçado a ser levado em um carro sem identificação para ser interrogado no aeroporto de São Paulo por quase 4 horas em conexão com um escândalo de corrupção bilionário envolvendo a gigante petroleira estatal Petrobras. Parece algo produzido por Hollywood. E esta foi exatamente a lógica por trás da elaborada produção.

Os promotores públicos da Operação Lava Jato, que já dura dois anos, mantêm os “elementos de prova” implicando o recebimento de fundos por Lula – no mínimo 1,1 milhão de euros – do esquema de duvidosas propinas envolvendo grandes empresas de construção do Brasil ligadas à Petrobras. Lula pode ter – e a palavra de ordem é ‘pode’ – ter pessoalmente lucrado com o esquema principalmente através de uma fazenda (que ele não possui), um apartamento à beira-mar relativamente modesto, taxas no circuito global de palestras e doações para o seu instituto.

Lula é o último animal político – no nível de Bill Clinton. Ele já telegrafou que estava esperando por tal jogada, enquanto a Lava Jato já tinha prendido dezenas de pessoas suspeitas de desvio de contratos entre as suas empresas e a Petrobras – na ordem de mais de 2 bilhões de dólares – para pagar os políticos do Partido dos Trabalhadores (PT), do qual Lula era o líder.

O nome de Lula veio à tona através de um informante ansioso para chegar a um acordo de delação premiada. A hipótese trabalhada – não há nenhuma prova cabal – é de que Lula, quando presidiu o Barsil entre 2003 e 2010, foi pessoalmente beneficiado pelo esquema de corrupção envolvendo a Petrobras, obtendo favores para ele mesmo, o PT e o Governo. Enquanto isso, a ineficiente Presidenta Dilma Rousseff também está sob um ataque elaborado por um esquema de barganha do líder do Senado.

Lula foi questionado em relação a lavagem de dinheiro, corrupção e suspeita de dissimulação de bens. A blitz hollywoodiana foi ordenada pelo Juiz Federal Sérgio Moro – que sempre insiste ter sido inspirado pelo juiz italiano Antonio di Pietro e a notória operação “Mani Pulite” (Mãos Limpas) dos anos 1990.

E aqui, inevitavelmente, a coisa se complica.

Cercando os suspeitos usuais da mídia
Moro e a os promotores da Lava Jato justificaram a blitz hollywoodiana insistindo que Lula havia se recusado a ser interrogado. Lula e o PT insistiram veementemente no contrário.

E, no entanto, os investigadores da Lava Jato tinham consistentemente vazado para a mídia tradicional as palavras de efeito: "Nós não podemos apenas morder Lula. Quando chegarmos a ele, vamos engoli-lo." Isto implicaria, no mínimo, uma politização da Justiça, da Polícia Federal e do Ministério Público. E também implicaria que a blitz hollywoodiana pode ter sido apoiada num barril de pólvora. Como a percepção vira realidade no ciclo de notícias frenéticas que não param, a "notícia" – instantaneamente mundial – foi que Lula foi preso porque é corrupto.

No entanto, tudo fica mais curioso quando nós sabemos que o Juiz Moro escreveu um artigo numa revista obscura em 2004 (somente em português, intitulado “Considerações sobre a Operação Mãos Limpas”, revista CEJ, número 26, julho / setembro de 2004), no qual ele claramente exalta a "subversão autoritária da ordem jurídica para atingir alvos específicos" e usando a mídia para intoxicar a atmosfera política.

Tudo isso serve a uma agenda muito específica, é claro. Na Itália, direitistas viram toda a saga da Operação Mãos Limpas como um alcance superjudicial desagradável; a esquerda, por outro lado, foi ao êxtase. O Partido Comunista Italiano surgiu com as mãos limpas. No Brasil, o alvo é a esquerda – enquanto a direita, pelo menos no momento, parece ser composta por anjos cantores de hinos.

O mimado perdedor das eleições presidenciais do Brasil em 2014, Aécio Neves, foi apontado em esquemas de corrupção por três acusadores diferentes – e tudo deu em nada, sem uma investigação mais aprofundada. Mesmo com um outro esquema complexo envolvendo o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso – o notório e vanglorioso ex-desenvolvimentista que virou um executor neoliberal.

O que a Lava Jato já imprimiu com força pelo Brasil foi a percepção de que a corrupção só paga quando o acusado é um nacionalista progressista. Enquanto vassalos do consenso de Washington são sempre anjos – misericordiosamente imunes a processos.

Isso está acontecendo porque Moro e sua equipe estão magistralmente jogando para o uso autodescrito por Moro dos meios de comunicação para intoxicar a atmosfera política – com a opinião pública manipulada em série antes mesmo de alguém ser formalmente acusado de qualquer crime. E, no entanto, Moro e as fontes de seus promotores são em grande parte farsa, trapaceiros astutos e mentirosos em série. Por que confiar em sua palavra? Pois não existem provas cabais, algo que até Moro admite.

E isso nos conduz para um cenário desagradável de um possível sequestro de uma das democracias mais saudáveis do mundo, produzido no Brasil pela mídia, Judiciário e polícia. E que é apoiado por um fato gritante: todo o "projeto" da oposição da direita brasileira se resume a arruinar a economia da 7ª maior potência econômica global para justificar a destruição de Lula como candidato presidencial em 2018.

Elite saqueando regras
Nenhuma das opções acima pode ser entendida por uma audiência global sem alguma familiaridade com um clássico brasileiro. A lenda diz que o Brasil não é para principiantes. De fato, esta é uma sociedade extraordinariamente complexa – que essencialmente desce do Jardim do Éden (antes de os portugueses o "descobrirem” em 1500) até a escravidão (que ainda permeia todas as relações sociais), passando por um evento crucial em 1808: a chegada de Dom João VI de Portugal (e imperador do Brasil pelo resto da vida), que fugiu da invasão de Napoleão, levando com ele 20 mil pessoas que planejaram o Estado brasileiro "moderno". "Moderno" é um eufemismo: a história mostra os descendentes destes 20 mil, na verdade, estuprando o cego país ao longo de 208 anos. E alguns nunca foram responsabilizados.

As tradicionais elites brasileiras compõem uma das misturas arrogantes-ignorantes mais nocivas do planeta. “Justiça” e controle policial são usados como arma quando as pesquisas não favorecem suas agendas.

Proprietários da grande mídia brasileira são uma parte intrínseca dessas elites. Muito parecido com o modelo de concentração dos Estados Unidos, apenas quatro famílias controlam o panorama da mídia, acima de tudo o império de mídia Globo, da família Marinho. Eu experienciei de dentro, em detalhes, como eles operam.

O Brasil é corrupto até a medula – desde as elites compradoras até uma grande quantidade de “novas” elites, que incluem o PT. A ganância e a incompetência apresentada por uma série de partidários do PT são aterradoras – um reflexo da falta de quadros de qualidade. A corrupção e o tráfico de influência envolvendo a Petrobras, empresas de construção e os políticos é inegável, mesmo se isso empalidece em comparação com as peripécias do Goldman Sachs ou da Big Oil e/ou da compra/suborno de políticos dos EUA por Koch Brothers / Sheldon Adelson-style.

Se fosse uma cruzada sem obstáculos contra a corrupção – como os promotores da Lava Jato afirmam que é – a oposição da direita/vassalos das velhas elites deveriam ser igualmente expostos na grande mídia. E não teria nada remotamente parecido com a blitz hollywoodiana, com Lula – pintado como um simples delinquente – humilhado na frente de todo o planeta.

Os promotores da Lava Jato estão certos; percepção é realidade. Mas e se tudo dá errado?

Sem consumo, sem investimento, sem crédito O Brasil não poderia estar em uma situação mais sombria. O PIB caiu 3,8% no ano passado; provavelmente ficará abaixo de 3,5% este ano. O setor industrial caiu 6,2% no ano passado, e o setor de mineração caiu 6,6% no último trimestre. A nação está a caminho de sua pior recessão desde… 1901.

A (incompetente) administração de Rousseff não criou um plano B para a desaceleração chinesa na compra da riqueza mineral/agrícola do Brasil e para a recessão global geral nos preços das commodities.

O Banco Central ainda mantém a sua taxa de juros de referência na gritante marca de 14,25%. O "ajuste fiscal" neoliberal desastroso de Rousseff na verdade aumentou a crise econômica. Hoje, Rousseff "governa" – isto é uma figura de linguagem – para o cartel bancário e os rentistas da dívida pública brasileira. Mais de US$ 120 bilhões em orçamento do Governo evaporam para pagar juros da dívida pública.

A inflação está alta – agora na marca de dois dígitos. O desemprego está em 7,6% – ainda não é tão ruim como em muitos lugares da União Europeia – mas está em crescimento.

Os usuais suspeitos, claro, estão girando sem parar, deleitando-se em como o Brasil se tornou "tóxico" para os investidores globais.

Sim, é desolador. Não há consumo. Nenhum investimento. Nenhum crédito. A única saída seria desbloquear a crise política. Os parasitas da oposição têm apenas uma obsessão; o impeachment da Presidenta Rousseff. Tons de uma boa e velha mudança de regime: para estes vassalos de Wall Street / Império do Caos, uma crise econômica, alimentada por uma crise política, deve por todos os meios derrubar o Governo eleito de um ator-chave dos BRICS.

E então, de repente, fora do campo da esquerda, surge… Lula. O movimento contra ele pela investigação da Lava Jato ainda pode sair pela culatra – para pior. Ele já está no modo de campanha para 2018 – embora não seja um candidato oficial, ainda. Nunca subestime um animal político da estatura dele.

O Brasil não está nas cordas. Se reeleito, e assumindo que ele poderia limpar o PT de uma legião de criminosos, Lula poderia criar uma nova dinâmica. Antes da crise, o capital do Brasil estava se globalizando – via Petrobras, Embraer, BNDES (o banco modelo que inspirou o banco dos BRICS), as empreiteiras. Ao mesmo tempo, podem existir benefícios em quebrar, pelo menos parcialmente, este cartel oligárquico que controla toda a infraestrutura de construção no Brasil; pensem nas empresas chinesas construindo ferrovias de alta velocidade, barragens e portos que o país mal tem.

O próprio Juiz Moro teorizou que a corrupção contamina porque a economia brasileira é muito fechada para o mundo exterior, como a Índia era até recentemente. Mas há uma diferença gritante entre abrir alguns setores da economia brasileira e deixar que interesses estrangeiros vinculados às elites saqueiem a riqueza da nação.

Então, mais uma vez, temos de voltar ao tema recorrente em todos os principais conflitos globais.

É o petróleo, estúpido
Para o Império do Caos, o Brasil tem sido uma grande dor de cabeça desde que Lula foi eleito pela primeira vez, em 2002. (Para uma apreciação das complexas relações entre EUA e Brasil, verificar o trabalho indispensável de Moniz Bandeira)

A prioridade do Império do Caos é evitar o surgimento de potências regionais alimentadas por abundantes recursos naturais, desde o óleo até minerais estratégicos. Brasil se encaixa amplamente na conta. Washington, naturalmente, se sente no direito de "defender" esses recursos. Assim, a necessidade de reprimir não apenas as associações de integração regional, como o Mercosul e a Unasul, mas acima de tudo o alcance global dos BRICS.

A Petrobras costumava ser uma empresa estatal muito eficiente, que virou a única operadora das maiores reservas de petróleo descobertas no século XXI até agora: os depósitos do pré-sal. Antes de se tornar o alvo de um enorme ataque especulativo, judicial e dos meios de comunicação, a Petrobras costumava contabilizar 10% do investimento e 18% do PIB brasileiro.

A Petrobras encontrou os depósitos do pré-sal com base na sua própria investigação e inovação tecnológica aplicada à exploração de petróleo em águas profundas – sem nenhuma interferência externa que seja. A beleza é que não há risco: se você perfurar nesta camada do pré-sal, você é obrigado a encontrar petróleo. Nenhuma empresa no planeta iria abrir mão disso em uma competição.

Mas, ainda assim, um notório parasita direitista da oposição prometeu que a Chevron em 2014 entregaria a maior parte da exploração do pré-sal para a Big Oil. A oposição da direita está ocupada alterando o regime jurídico do pré-sal; ele já foi aprovado no Senado. E Rousseff está mansamente indo nesta direção. Alinhe isto com o fato de que o Governo Dilma não fez absolutamente nada para comprar de volta o estoque da Petrobras – cuja queda vertiginosa foi habilmente projetada pelos usuais suspeitos.

Desmantelando meticulosamente a Petrobras, a Big Oil, eventualmente, lucrando com os depósitos do pré-sal, colocando em xeque a projeção de poder global do Brasil, tudo isso joga muito bem a favor dos interesses do Império do Caos. Geopoliticamente, isso vai muito além da blitz hollywoodiana e a Operação Lava Jato.

Não é coincidência que as três maiores nações BRICS estão simultaneamente sob ataque, em diversos níveis: Rússia, China e Brasil. A estratégia criada pelos mestres do universo que ditam as regras no eixo Wall Street/Beltway é de minar por todos os meios o esforço coletivo dos BRICS em produzir uma alternativa viável para o sistema econômico/financeiro global, que por enquanto é submetido ao capitalismo de cassino. É improvável que Lula, por si só, seja capaz de detê-los.

* o autor é jornalista investigativo, brasileiro, independente, e correspondente internacional, tendo trabalhado em diversos jornais brasileiros.

Publicado no SputnikNews: http://br.sputniknews.com/brasil/20160307/3758705/terremoto-brasileiro-lava-jato-lula.htm

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Máscaras e cinzas




Por Aldyr Blanc

Não acontece nada com os crapulosos tucanos
O Tríduo, cada vez mais estúpido, foi redimido pela força de Maria Bethânia. No geral, um desfile cheio de bobeiras, mas Bethânia enobrece tudo. Houve corrupção, jurados patifes, “musas” desvairadas, mulheres jacas e maracujás de gaveta explodindo botóx e idiotices. Pareciam noites de Walpurgis, nas quais bruxas de bundas encaroçadas (mulheres frutas-de-conde?), pretensas fêmeas esculpidas lembrando halterofilistas ucranianos, avacalhavam a tradição. Faz tempo não vejo tanta mulher feia. A síntese dessa miséria é a Peladona da Peruche, uma baranga socialite que rasgou a fantasia e foi atirada à margem do caminho. Ela também é considerada “musa das manifestações”, o que explica o vexame.


No dia seguinte, indo pra vovó, sob o “efeito de remédios”, o sol derreteu a vampira. A verdade: uma sub-BBB, com nível intelectual abaixo de zero. Tivemos também a vaca louca racista que invadiu o Fla-Flu. Quer ter o rótulo Rosconaro no sobrenome. Em redes sociais queria que “os crioulos voltassem para a África”. Esse é o tipo de escória que está em ascensão, como aquele membro de família corrupta que atacou Chico Buarque, e depois, bêbado, lambia Ronaldo, o Fenômeno. Fico me perguntando como é possível alguém querer magoar, ferir, Taís Araújo. Quando vejo na TV essa mulher de sonho, só penso em ficar de mãos dadas, pedir colinho. Aquelas falsas musas não representam a extraordinária luta da mulher brasileira, tão bem destacada recentemente no libelo de Isabel Diegues.

Mudando de assunto, pobres refugiados sírios! Vi um barco de borracha no alto de uma onda gigante com os futuros afogados. Quando não morrem no mar, levam chutes e socos, ficam presos no arame farpado, são explodidos por jatos das democracias liberais, ou voltam a nos assombrar como os esqueletos dos campos de concentração. O Horror retornou. Com a queda de popularidade dos que pretensamente os apoiavam — mamães viraram madrastas —, os refugiados já não podem nem mais ir à Merkell de barquinho.

Falei em Fla-Flu, mas o jogo é Fla-Fla, só um time joga, dá pontapés. O resto apanha. Não acontece nada com os crapulosos tucanos. Podem roubar durante décadas nos trens de São Paulo, comprar votos, se meter em negociatas de um bilhão de dólares com refinarias argentinas e até roubar na merenda escolar. Também podem, sendo políticos drogados de alto bordo, espancar mulheres, pois não serão queimados como outros. Vai dar pizza com Samarco e a privada Vale. São frutos tucanos. Eles podem até mesmo pretextar uso político quando são comprometidos em pensões e compras de apês na Europa para filhos — ou não —, fora dos casamentos exemplares, cujas mães foram perseguidas. O sub-relator da CPÍnfima do BNDES, o tucano Alex Baldy Cheio de M quer prender o Lula. Se ele for criminoso, tudo certo, mas, em nome da decência, prendam o Azeredo, a quadrilha no Paraná, os espancadores de esposas que são candidatos à Presidência da Ré-pública.

Não tá tranquilo nem confiável, Bin Laden. Tá Samarco e ChicunCunha.

* o autor é compositor

Publicado em http://oglobo.globo.com/opiniao/mascaras-cinzas-18763585?utm_source=Facebook&utm_medium=Social&utm_campaign=compartilhar
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segunda-feira, 14 de março de 2016

Faz favor, pessoal, em 2018 vocês votam. Combinado assim?


Richard Jakubaszko
Quer dizer agora que esse punhado de gente na Avenida Paulista (150 mil? - porque 1,5 milhão não foi, e o Datafolha disse que foram 450 mil), quer derrubar o governo? Pede que a Dilma renuncie? Ora, ora...

Em 2014 eles nem votaram, foram para a praia ou pro sítio, ou ficaram em casa, e agora querem cancelar no berro o voto de 54 milhões de eleitores?
 

É golpe! É tapetão!

Respeitem a democracia, aprendam a perder. Democracia é respeito à vontade da maioria. Na democracia a gente tem de ouvir o protesto das minorias, mas tem de respeitar o que a maioria determinou.

Em 2018 façam parte da maioria, simples assim. Aí então, não seremos mais governados por "vices", entenderam?


Lembrem-se:
Depois de Getúlio suicidar-se, em 1954, o vice Café Filho assumiu, e deu merda.

Depois de Jânio renunciar (1961), Jango assumiu, e deu merda maior ainda, veio a ditadura.

Depois de Tancredo quase ter sido (1984), assumiu Sarney, o vice, e deu mais merda ainda...

Depois do impeachment de Collor (1992), Itamar assumiu, não deu em nada, o que é a mesma merda.

A pergunta que fica é: brasileiro gosta de merda de vice?
O que sei é que, num país de maioria de negros, a gente olha as fotos dos protestos e não vê negros, dá pra contar nos dedos os raros negros ou pardos que aparecem. Ou seja, é a classe média que está protestando.  Os negros que se encontram nas fotos, a maioria ou é camelô ou está prestando serviços, como essa babá da foto, que virou símbolo dos protestos no Rio de Janeiro, em foto que me foi enviada pelo franciscano Frei Alamiro, lá de seu retiro carioca.
A chamada grande mídia exaltou os protestos como "os maiores da história política brasileira". Tenho dúvidas sobre isso. Os movimentos das Diretas Já (1984), sem nenhuma divulgação pela mídia, e lembre-se, não existia internet, foram maiores do que hoje, e até mesmo os protestos de 2013 reuniram mais gente, seja no Rio de Janeiro ou São Paulo, e pior ainda, ontem em outras capitais do Brasil foram muito fracos, apenas os número dos protestantes foram inflacionados pela mídia.

Ontem, com o incentivo da mídia, os patos e coxinhas, mais uma vez, foram às ruas, protestaram contra o Governo Federal, aplaudiram o "deus Moro", e até vaiaram políticos como Aécio Furnas Neves e Geraldo Merendão Alckmin, que foram tirar uma casquinha política. Mais: protestaram e repudiaram a corrupção, com toda a razão, mas os corruptos, como nunca se viu antes, estão sendo processados e presos. Precisa ter calma, pessoal, eles vão ser presos, sim, e condenados.

A piada do dia é que a mídia afirma que o país não está mais dividido. Porque "o povo" foi para as ruas?  Quer dizer que 2 milhões (se tanto...) no Brasil inteiro podem anular 54 milhões de votos? Só no Brasil, a história dos vices que o diga...


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