Richard Jakubaszko
Recebi por e-mail declarações da Abiec, Abpa e Cnpc, sobre a campanha da Polícia Federal a respeito da Carne fraca, que transcrevo abaixo. Como coloquei no post anterior, são posicionamentos "politicamente corretos", pouco contribuem para que o setor saia do roteiro dessa novela de terror. Há que se tomar uma posição de enfrentamento, não à Polícia Federal, mas ao delegado Moscardi Grillo responsável por essa patacoada, processando-o por abuso do poder no exercício de cargo público. Aliás, não é a primeira vez que esse delegado da PF, que atua na Lava Jato, toma atitudes midiáticas, pelas quais já foi criticado por outros colegas da PF.
Não será com declarações elegantes como essas (que transcrevo abaixo por amizade e respeito aos líderes que as assinam), que vão fazer o delegado tirar o pé do acelerador de sua cruzada de acabar com a corrupção no Brasil. O problema da denúncia é político, traz embutido interesses escusos e inconfessáveis, conforme coloquei no post anterior.
ABPA e ABIEC defendem setor de proteína animal, em que o Brasil é exemplo mundial
Entidades reforçam qualidade das carnes bovina, suína e de aves e confiança no sistema de inspeção federal; setor emprega mais de 7 milhões de pessoas e representa 15% das exportações brasileiras
São Paulo, 20 de março de 2017 – A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) realizaram nesta segunda-feira (20), às 11h, uma coletiva conjunta de imprensa para esclarecer as generalizações decorrentes da operação da Polícia Federal (PF), ocorrida na última sexta-feira (17). Durante a coletiva, o presidente-executivo da ABPA, Francisco Sérgio Turra, e o presidente da ABIEC, Antônio Jorge Camardelli, enfatizaram que os padrões sanitários da indústria de proteína animal – seja ela bovina, suína ou avícola – são um modelo internacional.
Segundo a ABPA e ABIEC, os eventuais desvios de conduta nas fábricas nacionais representam uma fração mínima da produção brasileira de proteína animal, devendo ser repudiados e combatidos. Para as entidades, a luta pela excelência em qualidade é contínua e não se pode contaminar a imagem do setor em razão de exceções isoladas.
“A comunicação da operação policial ensejou generalizações, que tanto o governo federal quanto as entidades do setor estão esclarecendo aos consumidores brasileiros e mercado internacional. Mas não fomos ontem (19) à Brasília protestar contra a PF e nem estamos hoje falando contra ninguém. Nossa preocupação é com mais de 6 milhões de trabalhadores brasileiros, que atuam nesta cadeia de produção de carnes bovina, suína e de aves. Estamos em uma missão patriótica, em defesa da indústria de proteína animal, que embarca anualmente 262 mil containers para 160 países, gerando uma receita que representa 15% do total das exportações brasileiras”, afirmou Turra, presidente da ABPA, entidade que representa as indústrias brasileiras de carnes suína e de aves.
De acordo com comunicado conjunto da ABPA e da ABIEC, publicado nesta segunda-feira (20) nos principais jornais, é irresponsável colocar dúvidas sobre a qualidade da carne brasileira, tanto em âmbito nacional como mundial. “Estamos aqui, ABPA e ABIEC, juntas, para solidificar aos consumidores do Brasil e países importadores a orientação que podem consumir com segurança sanitária as carnes produzidas em nosso País”, disse Camardelli, presidente da ABIEC.
Para Camardelli, há uma grande tarefa conjunta de ambas as entidades, frente – nas suas palavras – a “esta crise desnecessária”. O dirigente da entidade cujas empresas representam 91% das exportações brasileiras de carne bovina ressaltou que foi determinante a rápida atitude da Presidência da República e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para dirimir as implicações da operação policial para os mercados interno e externo de carnes brasileiras. “Governo federal, entidades do setor e indústria de proteína animal brasileira, juntos, vamos superar esta situação com a verdade e a transparência”, complementou Turra.
Atualmente, o Brasil é líder global em exportação de carne de frango, bovina e suína, exportando para países e regiões com elevado padrão de exigências como Estados Unidos, Japão e União Europeia, que regularmente fazem visitas de inspeção dos rígidos sistemas de produção da indústria de proteína animal brasileira. “As associações representativas da indústria de proteína seguirão firmes na defesa de um setor em que o Brasil é exemplo global. As carnes são fonte de proteína segura. As entidades garantem a confiabilidade perante o consumidor”, afirmaram em comunicado conjunto as entidades. De acordo com dados do Ministério da Agricultura, até 2020, a produção nacional de carne bovina deve suprir 44,5% da demanda mundial, enquanto a carne de frango terá 48,1%, e a suína, 14,2%. “Nenhum outro setor nacional tem números como esses”, ressalta o comunicado.
Para os dirigentes, foram necessárias décadas para que o Brasil construísse sua reputação internacional como grande produtor e exportador de carne de frango, bovina e suína. “A abertura de mercados foi lenta, país a país, uma conquista de todos os brasileiros. Hoje, as empresas brasileiras detêm as melhores certificações internacionais de excelência”, disse Camardelli. “Eventuais restrições à importação de carne brasileira, além de representarem um retrocesso de muitos anos, impactarão a economia e resultarão em perda de empregos e renda. O setor de proteínas de frango, bovina e suína emprega mais de 7 milhões de pessoas e representa 15% das exportações brasileiras”, adicionou Turra.
Manifestação do CNPC sobre a operação “Carne Fraca” da Política Federal
O CNPC avalia efeitos da corrupção para a cadeia da pecuária de corte
A corrupção identificada está sendo averiguada com a devida profundidade e os envolvidos devem ser punidos com severidade, pois causam enormes prejuízos a todos os segmentos da cadeia da pecuária de corte, desde os pecuaristas até os consumidores. Esta é posição da diretoria do CNPC – Conselho Nacional da Pecuária de Corte
Conforme já anunciado pelo Presidente da República Michel Temer e pelo Ministro Blairo Maggi o problema foi identificado em apenas 21 empresas, dentro de um universo superior a 4.700 e são apenas 33 os funcionários investigados entre os 11.000 colaboradores do MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Tais dados representam uma ínfima minoria.
O SIF - Serviço de Inspeção Federal, executado com seriedade e competência pela esmagadora maioria dos médicos veterinários e funcionários do DIPOA do MAPA, desenvolve um trabalho altamente eficiente e confiável, não só para o mercado interno, mas também nas exportações.
O Brasil é reconhecido, hoje, por sua infraestrutura e evolução do seu rebanho como detentor dos mais avançados níveis tecnológicos e padrões de qualidade no mercado global.
Além do mais, as fraudes já identificadas não envolveram a carne bovina, segmento no qual o Brasil ostenta o honroso título de maior exportador mundial.
O Ministro Blairo Maggi, que vem tendo excelente atuação, conta com o total apoio de nossa entidade para punir os envolvidos e assegurar a confiança dos brasileiros e dos clientes internacionais na qualidade das nossas carnes.
Conselho Nacional da Pecuária de Corte
Sebastião Costa Guedes
Presidente em Exercício
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segunda-feira, 20 de março de 2017
Quem vai processar o delegado da PF?
Richard Jakubaszko
Processar o delegado, esta é a pergunta que não quer calar, e que estou me fazendo desde a última sexta-feira, 17/3, quando o delegado midiático da Polícia Federal (PF), Mauricio Moscardi Grillo, foi aos holofotes denunciar o que considera um escândalo nacional de os frigoríficos venderam carne podre, adulterada, vencida, misturada com papelão e coberta de ácido ascórbico, acusado mentirosamente de ser cancerígeno.
Ora, que provas o delegado e seus mais de 900 agentes apresentaram? Três ou quatro conversas telefônicas, das quais tiraram ilações estapafúrdias. Numa delas, envolveram o atual ministro da Justiça, Osmar Serraglio, muito provavelmente o objetivo principal dessa desastrada operação Carne Fraca, para enfraquecer o político nomeado por Temer, porque ele teria a função, determinada pelo presidente e seus parceiros peemedebistas, de um lado, para desconstruir a Lava Jato, da qual faz parte o delegado Moscardi Grillo. De outro, a intenção de desmoralizar o ministro, que já andava comentando a futura troca do atual comandante da PF, coisa que os delegados não desejam.
A ação da PF é um crime lesa-pátria, pela leviandade, por demorar 2 anos numa operação, classificada como a maior de todos os tempos da PF, e que não apresenta nada conclusivo, apenas ilações e convicções, como parece ser o modismo entre procuradores e policiais, e que judicializaram o país. O exemplo maior dessa patacoada é a mistura de papelão em carnes, um absurdo de entendimento. Por que demorou 2 anos para vir a público?
Então, que se processe judicialmente esse delegado, por abuso de poder no exercício de um cargo público. Que se afaste esse delegado dessa operação, que não é verdadeira e nem ameaça a saúde pública, e que o Ministério da Agricultura faça a lição de casa. Que se processe esse delegado pela conduta midiática, escandalosa, e por colocar em risco a balança comercial brasileira, a imagem do país nessa área de alimentos, produção que nos concedeu o privilégio de ficarmos de fora da crise que se abateu no planeta desde 2008, quando o sistema financeiro americano quase implodiu o mundo.
Para os brasileiros vai ficar a imagem, por algum tempo, de que comemos carne podre, misturada com ácido ascórbico e papelão. Não vai adiantar muita coisa o presidente Temer ter convidado os embaixadores para uma churrascaria, as redes sociais ridicularizam essas atitudes. O ministro Blairo Maggi vai ter muito trabalho para desmontar essa trapalhada da PF, as empresas JBS, Seara, Marfrig e BRF não possuem forças para desmentir sozinhas as mentiras, e nem a grande mídia quer saber disso, pois não vai abrir espaço para desmentidos. O que a mídia deseja é a grana para pagar espaços publicitários dessas empresas, para custear as futuras operações escandalosas.
Neste exato momento em que publico este post, realiza-se a coletiva da Abiec e da Associação de Proteínas, em São Paulo, para esclarecer fatos do setor. Não será suficiente, os importadores europeus e chineses já começaram a pressão, e pedem para trancar as importações de carnes brasileiras. O Brasil vai perder.
O Brasil vai perder ainda com as ações midiáticas e judiciais dos veganos e ambientalistas; o Brasil vai perder com as ações de advogados americanos que vão processar na justiça americana a JBS e a BRF para obter compensações pelas perdas dos seus clientes no mercado acionário. E lá essas indenizações podem quebrar qualquer empresa que já esteja fragilizada.
Então, que se processe o irresponsável que fez esta merda toda! É a minha opinião, como brasileiro e cidadão. Tudo isso, porque acredito que praticar cidadania não é exercer a plena hipocrisia. Com a prática de mais de 50 anos de jornalismo no agronegócio, tenho minhas convicções, também.
Entrevistas para gerar fatos e frases de efeito para alguns jornalistas da mídia repercutirem não vai adiantar nada. Precisa-se de punição exemplar dos delegados aproveitadores de plantão, que abusam de seu cargo e função pública.
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Processar o delegado, esta é a pergunta que não quer calar, e que estou me fazendo desde a última sexta-feira, 17/3, quando o delegado midiático da Polícia Federal (PF), Mauricio Moscardi Grillo, foi aos holofotes denunciar o que considera um escândalo nacional de os frigoríficos venderam carne podre, adulterada, vencida, misturada com papelão e coberta de ácido ascórbico, acusado mentirosamente de ser cancerígeno.
Ora, que provas o delegado e seus mais de 900 agentes apresentaram? Três ou quatro conversas telefônicas, das quais tiraram ilações estapafúrdias. Numa delas, envolveram o atual ministro da Justiça, Osmar Serraglio, muito provavelmente o objetivo principal dessa desastrada operação Carne Fraca, para enfraquecer o político nomeado por Temer, porque ele teria a função, determinada pelo presidente e seus parceiros peemedebistas, de um lado, para desconstruir a Lava Jato, da qual faz parte o delegado Moscardi Grillo. De outro, a intenção de desmoralizar o ministro, que já andava comentando a futura troca do atual comandante da PF, coisa que os delegados não desejam.
A ação da PF é um crime lesa-pátria, pela leviandade, por demorar 2 anos numa operação, classificada como a maior de todos os tempos da PF, e que não apresenta nada conclusivo, apenas ilações e convicções, como parece ser o modismo entre procuradores e policiais, e que judicializaram o país. O exemplo maior dessa patacoada é a mistura de papelão em carnes, um absurdo de entendimento. Por que demorou 2 anos para vir a público?
Então, que se processe judicialmente esse delegado, por abuso de poder no exercício de um cargo público. Que se afaste esse delegado dessa operação, que não é verdadeira e nem ameaça a saúde pública, e que o Ministério da Agricultura faça a lição de casa. Que se processe esse delegado pela conduta midiática, escandalosa, e por colocar em risco a balança comercial brasileira, a imagem do país nessa área de alimentos, produção que nos concedeu o privilégio de ficarmos de fora da crise que se abateu no planeta desde 2008, quando o sistema financeiro americano quase implodiu o mundo.
Para os brasileiros vai ficar a imagem, por algum tempo, de que comemos carne podre, misturada com ácido ascórbico e papelão. Não vai adiantar muita coisa o presidente Temer ter convidado os embaixadores para uma churrascaria, as redes sociais ridicularizam essas atitudes. O ministro Blairo Maggi vai ter muito trabalho para desmontar essa trapalhada da PF, as empresas JBS, Seara, Marfrig e BRF não possuem forças para desmentir sozinhas as mentiras, e nem a grande mídia quer saber disso, pois não vai abrir espaço para desmentidos. O que a mídia deseja é a grana para pagar espaços publicitários dessas empresas, para custear as futuras operações escandalosas.
Neste exato momento em que publico este post, realiza-se a coletiva da Abiec e da Associação de Proteínas, em São Paulo, para esclarecer fatos do setor. Não será suficiente, os importadores europeus e chineses já começaram a pressão, e pedem para trancar as importações de carnes brasileiras. O Brasil vai perder.
O Brasil vai perder ainda com as ações midiáticas e judiciais dos veganos e ambientalistas; o Brasil vai perder com as ações de advogados americanos que vão processar na justiça americana a JBS e a BRF para obter compensações pelas perdas dos seus clientes no mercado acionário. E lá essas indenizações podem quebrar qualquer empresa que já esteja fragilizada.
Então, que se processe o irresponsável que fez esta merda toda! É a minha opinião, como brasileiro e cidadão. Tudo isso, porque acredito que praticar cidadania não é exercer a plena hipocrisia. Com a prática de mais de 50 anos de jornalismo no agronegócio, tenho minhas convicções, também.
Entrevistas para gerar fatos e frases de efeito para alguns jornalistas da mídia repercutirem não vai adiantar nada. Precisa-se de punição exemplar dos delegados aproveitadores de plantão, que abusam de seu cargo e função pública.
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TEMER: "ESSA NÃO, ESSA CARNE É FRIBOI, QUE É DO LULINHA..." |
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domingo, 19 de março de 2017
A carne é fraca II
Richard Jakubaszko
Recebi do amigo Maurílio Biagi Filho o e-mail abaixo, sobre a operação carne fraca e da postagem que fiz ontem aqui no blog. Pela importância da abordagem publico como um post, e não como comentário. Diz Maurílio:
Prezado Richard,
Parabéns pelo belo artigo.
Recebi do meu amigo ex-Ministro da Agricultura Antonio Cabrera a mensagem abaixo que achei muito apropriada e pertinente.
Na sexta-feira, lembrei-me do livro “Mauá, Empresário do Império”, do Jorge Caldeira.
Veio também a lembrança de que em 1989 o DNC (Departamento Nacional de Combustíveis) provocou falta de álcool com comprovados 300 milhões de litros em estoque (muito à época) só na região de Ribeirão Preto.
Coincidência: 98% dos carros vendidos eram a álcool, fato que incomodava em função da diminuição da venda de gasolina e da dificuldade do craqueamento nas refinarias.
O que aconteceu?
Quebrou a espinha dorsal do maior programa mundial de Energia Renovável.
De 98% caiu para ZERO alguns anos depois. À época, a omissão dos produtores que não escrevemos nenhuma linha a respeito disso, nenhum comunicado, não pressionamos... foi fatal.
Nesse momento, quero lembrar Martin Luther King: “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.”
Abaixo segue o texto do Cabrera.
Abraço,
Maurilio Biagi Filho
Maubisa
Presidente
O papelão dessa história das carnes
Por Antonio Cabrera, ex-Ministro da Agricultura
Como veterinário e tendo estado à frente do Ministério de Agricultura fiquei impressionado com o episódio das carnes: a maior operação da Polícia Federal e realizada simultaneamente em 6 estados.
Não só pela questão da qualidade de nossos alimentos, mas pelo estrago incalculável feito no difícil mercado internacional conquistado palmo a palmo de mais de 150 países onde estamos presentes.
A pecuária brasileira tem dimensões impressionantes, como a maior área de pastagem tropical do mundo, ocupando mais de 170 milhões de hectares e é responsável pela geração da maior parte da riqueza no campo.
Somos detentores do maior rebanho comercial do mundo, gerando mais de 7 milhões de empregos e a única atividade que está praticamente em 100% dos municípios. Se fechar, encerra as atividades de 49 diferentes segmentos industriais.
E agora?
Dois pontos importantes: sim, o primeiro é punir os responsáveis, sejam do setor público ou privado.
Mas é preciso entender que mais importante do que o combate a corrupção (que é essencial), é descobrir a razão desta praga que se espalha pelo Brasil. É hoje pior do que a febre aftosa foi em nossos rebanhos no passado.
Para entender este raciocínio, veja antes este vídeo, que faz uma pergunta fundamental:
Quem fiscaliza os fiscalizadores?
Como hoje temos um esforço para regular as pessoas desde o berço até o túmulo, este triste episódio da “Carne Fraca” já foi explicada por uma tese vencedora de um Premio Nobel, a public choice:
Ela rompe a crença ingênua e romântica de que o cidadão que troca sua vida civil por um cargo público se transforma de demônio em santo. É como aceitar que um veterinário do setor privado é um monstro e um veterinário do setor público é um vestal.
Dito isto, por que não pensar no Brasil em certificadoras de qualidade privadas? Se uma certificadora privada fosse flagrada em suborno como este, ela não teria chance alguma de estar operando mais.
Já um órgão estatal monopolista não possui nenhum mecanismo forte como este para ser criterioso, e pior, a sua reserva de mercado continuará intacta.
Sim, passado este furacão, o mesmo serviço público continuará fiscalizando os nossos frigoríficos. Pelo contrário, confira se daqui a pouco o governo não anunciará mais recursos para a fiscalização pública dos alimentos!
Mas se o governo está realmente interessado no bem estar da população, por que não permitir a proliferação de certificadoras privadas concorrendo no livre mercado?
Isto possibilitaria uma regulação genuinamente concorrencial, na qual certificadoras privadas concorrendo entre si e com o serviço público (para aqueles que gostam do governo). A escolha soberana será do consumidor!
Por fim, este desastre reforçou o uso indevido dos recursos públicos formando as “campeãs nacionais”, que na realidade foram campeãs de doações eleitorais: em um mercado regulado pelo estado, só vence quem tem bons contatos na burocracia ou conhece pessoas poderosas.
Você se lembra do pequeno açougue da esquina? Hoje, é só Friboi, Seara...
Não tenha dúvida, a carne é fraca quando o Estado é forte.
Recebi do amigo Maurílio Biagi Filho o e-mail abaixo, sobre a operação carne fraca e da postagem que fiz ontem aqui no blog. Pela importância da abordagem publico como um post, e não como comentário. Diz Maurílio:
Prezado Richard,
Parabéns pelo belo artigo.
Recebi do meu amigo ex-Ministro da Agricultura Antonio Cabrera a mensagem abaixo que achei muito apropriada e pertinente.
Na sexta-feira, lembrei-me do livro “Mauá, Empresário do Império”, do Jorge Caldeira.
Veio também a lembrança de que em 1989 o DNC (Departamento Nacional de Combustíveis) provocou falta de álcool com comprovados 300 milhões de litros em estoque (muito à época) só na região de Ribeirão Preto.
Coincidência: 98% dos carros vendidos eram a álcool, fato que incomodava em função da diminuição da venda de gasolina e da dificuldade do craqueamento nas refinarias.
O que aconteceu?
Quebrou a espinha dorsal do maior programa mundial de Energia Renovável.
De 98% caiu para ZERO alguns anos depois. À época, a omissão dos produtores que não escrevemos nenhuma linha a respeito disso, nenhum comunicado, não pressionamos... foi fatal.
Nesse momento, quero lembrar Martin Luther King: “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.”
Abaixo segue o texto do Cabrera.
Abraço,
Maurilio Biagi Filho
Maubisa
Presidente
Por Antonio Cabrera, ex-Ministro da Agricultura
Como veterinário e tendo estado à frente do Ministério de Agricultura fiquei impressionado com o episódio das carnes: a maior operação da Polícia Federal e realizada simultaneamente em 6 estados.
Não só pela questão da qualidade de nossos alimentos, mas pelo estrago incalculável feito no difícil mercado internacional conquistado palmo a palmo de mais de 150 países onde estamos presentes.
A pecuária brasileira tem dimensões impressionantes, como a maior área de pastagem tropical do mundo, ocupando mais de 170 milhões de hectares e é responsável pela geração da maior parte da riqueza no campo.
Somos detentores do maior rebanho comercial do mundo, gerando mais de 7 milhões de empregos e a única atividade que está praticamente em 100% dos municípios. Se fechar, encerra as atividades de 49 diferentes segmentos industriais.
E agora?
Dois pontos importantes: sim, o primeiro é punir os responsáveis, sejam do setor público ou privado.
Mas é preciso entender que mais importante do que o combate a corrupção (que é essencial), é descobrir a razão desta praga que se espalha pelo Brasil. É hoje pior do que a febre aftosa foi em nossos rebanhos no passado.
Para entender este raciocínio, veja antes este vídeo, que faz uma pergunta fundamental:
Quem fiscaliza os fiscalizadores?
Como hoje temos um esforço para regular as pessoas desde o berço até o túmulo, este triste episódio da “Carne Fraca” já foi explicada por uma tese vencedora de um Premio Nobel, a public choice:
Ela rompe a crença ingênua e romântica de que o cidadão que troca sua vida civil por um cargo público se transforma de demônio em santo. É como aceitar que um veterinário do setor privado é um monstro e um veterinário do setor público é um vestal.
Dito isto, por que não pensar no Brasil em certificadoras de qualidade privadas? Se uma certificadora privada fosse flagrada em suborno como este, ela não teria chance alguma de estar operando mais.
Já um órgão estatal monopolista não possui nenhum mecanismo forte como este para ser criterioso, e pior, a sua reserva de mercado continuará intacta.
Sim, passado este furacão, o mesmo serviço público continuará fiscalizando os nossos frigoríficos. Pelo contrário, confira se daqui a pouco o governo não anunciará mais recursos para a fiscalização pública dos alimentos!
Mas se o governo está realmente interessado no bem estar da população, por que não permitir a proliferação de certificadoras privadas concorrendo no livre mercado?
Isto possibilitaria uma regulação genuinamente concorrencial, na qual certificadoras privadas concorrendo entre si e com o serviço público (para aqueles que gostam do governo). A escolha soberana será do consumidor!
Por fim, este desastre reforçou o uso indevido dos recursos públicos formando as “campeãs nacionais”, que na realidade foram campeãs de doações eleitorais: em um mercado regulado pelo estado, só vence quem tem bons contatos na burocracia ou conhece pessoas poderosas.
Você se lembra do pequeno açougue da esquina? Hoje, é só Friboi, Seara...
Não tenha dúvida, a carne é fraca quando o Estado é forte.
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sábado, 18 de março de 2017
Nota oficial sobre a Operação Carne Fraca
Richard Jakubaszko
Desde ontem, 17/3/2017, sexta-feira, quando explodiram as manchetes na mídia sobre a Operação Carne Fraca, debatemos na DBO Editores as circunstâncias técnicas, sociais, econômicas e políticas dessa nova denúncia da Polícia Federal (PF).
As evidências apresentadas pela Polícia Federal demonstram-se fracas e distantes da realidade. Os argumentos e exemplos citados pela PF e repetidos pela mídia são, de um lado, inconsistentes, e, de outro, utilizam-se de pré julgamentos moralistas em nome de defender a saúde pública. As acusações genéricas feitas pela PF estabelecem o pânico entre a população, e devem trazer prejuízos - no mercado interno e até na exportação - enormes para as indústrias processadoras de carnes (da pecuária bovina, que nada tem a ver com as denúncias, conforme indica a Nota Oficial da Abiec - Associação Brasileira da Indústria de Exportação de Carnes, abaixo transcrita), mas especialmente os abatedouros de aves e suínos.
Por tabela, jogam na lata do lixo a credibilidade dos fiscais federais do Mapa (Ministério da Agricultura).
Ao mesmo tempo, a Operação Carne Fraca deixa transparecer interesses políticos inconfessáveis, de fortalecer a instituição da PF diante de um novo ministro da Justiça, indicado por Temer, a quem a PF acusa de forma lateral inconsistente de "possível de estar indiretamente envolvido no escândalo", mas ressalva que não existiriam provas. A ideia seria enfraquecer o novo ministro, e impedir a pretendida troca da diretoria da PF, para hipoteticamente enfraquecer a Lava-Jato.
Se for isso, demonstra a mediocridade reinante em Brasília, pois exercer a cidadania requer doses cada vez mais elevadas de hipocrisia. Chegamos à sofisticação extrema na era dos assassinatos de reputação.
Nota oficial sobre a Operação Carne Fraca
18 de março de 2017
Em relação à Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal, nesta sexta-feira (17 de março), a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) ressalta que nenhuma planta de carne bovina dos seus 29 associados está citada na denúncia de esquema entre frigoríficos e fiscais agropecuários federais para comercialização de alimentos adulterados.
As indústrias associadas a ABIEC seguem rígidas normas e padrões nacionais e internacionais de segurança para a produção e comercialização de carne bovina destinada tanto ao mercado interno quanto aos mais de 133 países para os quais exportamos.
O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina e é reconhecido pela qualidade e status sanitário de seu produto, que conta com auditoria dos órgãos brasileiros responsáveis, bem como das autoridades sanitárias das nações que importam a carne bovina brasileira.
A ABIEC ressalta que os casos que vieram a público por meio da Operação Carne Fraca são isolados e não representam a imensa cadeia produtiva de carne bovina no Brasil.
A Associação repudia veementemente a adoção de práticas que não condizem com a garantia da qualidade do produto nacional e da credibilidade da indústria brasileira. E reitera sua confiança na atuação do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), bem como nos parâmetros seguidos pelo S.I.F. - Serviço de Inspeção Federal.
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sexta-feira, 17 de março de 2017
Doze dias e um testamento.
Carlos Eduardo Florence *
Eram insistentemente azuis as escalas em sustenidos das colcheias poéticas, marcadamente singelas e alegres, das últimas gotas de solidão que consegui ouvir à distância procurando afagos entre duas metáforas de fantasias adequadas. Enquanto tal, as nove luas insinuantes sobradas no regaço da noite dançavam nuas do lado esquerdo da esperança sem preocupações maiores de serem vigiadas pelos aléns ou importunadas pelos alcoviteiros. Meditei, pois no acato às tradições, os tempos se deram a passar e contar, metódicos, por Calendário Juliano e as simbologias se definiram pelos signos de Júpiter, como carecem as liturgias esotéricas medievais. Após madrugada de inação e segredo, há cerca de semana e meia, se tanto memoro, foi-me dado liberdade de decidir sobre os derradeiros desejos a se verterem e plasmarem no final de minha atual existência. Aviso liminar postado traçava pontos claros para locupletar-me em doze dias de festins espirituais ou carnais, dispondo de sete alternâncias livres de preferências a serem usufruídas no intervalo, para despedir-me da alma então, pois o corpo seria desprovido da vida mundana em função dos prazos esgotados. Tal se daria, pois material deteriorado não reciclável pelo uso abusivo não aconselhava nova revisão sem alto custo existencial e risco permanente de desgaste.
Coisas do obsoletismo, discrepâncias sem atenuantes, em sendo a atual encarnação precipitada, total falta de assistência constante e uso indevido, ousado e periódico de produto orgânico deteriorável. A alma já desafinara em fá menor bemol, mas isto seria superado, se o prazo alongasse por outras tentativas de entrosamento. Voltando a tese principal, o recado chegou por uma simpática curva helicoidal, embora de postura heterodoxa, portando sintoma cáustico e exagerado de insinuações precipitadas, constante do processo um forte ranço de pretensiosa filosofia fenomenológica. Sendo a filosofia suportada por duas petulantes e exibidas incongruências metafísicas, a mais robusta ligada à escola sadomasoquista, a mais delicada com forte tendência e peso de influência maquiavélica. Com estas iniciais esclarecidas, concluo, em sintonia com os desfechos ocorridos, os dados para minhas exéquias e as lembranças a levar nos derradeiros momentos como relevantes.
As sete bolinhas de gude vieram sorridentes do baú dos sumidos, aberto na memória, e me gratificaram renascidas no subconsciente juvenil emboladas nas ternuras e nas precipitações das ejaculações precoces. O papagaio de papel que enroscou no varal da vizinha amealhou a recordação da calcinha dela portada, delicada, enquanto me devolvia o mimo, sorrindo, sobre o muro. Depois da bolada na gaiola, o curió morto, que escondi do meu pai e ele pensou que fugira, pipilou alegre na minha janela. A garrafa vazia do primeiro porre arrastou-me à ressaca desta madrugada. Pendurei no tempo ido, do baú saindo embolorado, o remorso, o medo e a vergonha de acercar de Melinha, paixão platônica, enquanto ela enfeitava o primeiro banco da classe com suas tranças sensuais. Por derradeiro e entre os sete salvados que acalanto alçar e levar na despedida, jamais poderia esquecer as pencas maduras de mentiras nobres e trigueiras, que me foram tão úteis e resolveram tanto meus problemas.
* o autor é cidadão brasileiro, economista e poeta.
Eram insistentemente azuis as escalas em sustenidos das colcheias poéticas, marcadamente singelas e alegres, das últimas gotas de solidão que consegui ouvir à distância procurando afagos entre duas metáforas de fantasias adequadas. Enquanto tal, as nove luas insinuantes sobradas no regaço da noite dançavam nuas do lado esquerdo da esperança sem preocupações maiores de serem vigiadas pelos aléns ou importunadas pelos alcoviteiros. Meditei, pois no acato às tradições, os tempos se deram a passar e contar, metódicos, por Calendário Juliano e as simbologias se definiram pelos signos de Júpiter, como carecem as liturgias esotéricas medievais. Após madrugada de inação e segredo, há cerca de semana e meia, se tanto memoro, foi-me dado liberdade de decidir sobre os derradeiros desejos a se verterem e plasmarem no final de minha atual existência. Aviso liminar postado traçava pontos claros para locupletar-me em doze dias de festins espirituais ou carnais, dispondo de sete alternâncias livres de preferências a serem usufruídas no intervalo, para despedir-me da alma então, pois o corpo seria desprovido da vida mundana em função dos prazos esgotados. Tal se daria, pois material deteriorado não reciclável pelo uso abusivo não aconselhava nova revisão sem alto custo existencial e risco permanente de desgaste.
Coisas do obsoletismo, discrepâncias sem atenuantes, em sendo a atual encarnação precipitada, total falta de assistência constante e uso indevido, ousado e periódico de produto orgânico deteriorável. A alma já desafinara em fá menor bemol, mas isto seria superado, se o prazo alongasse por outras tentativas de entrosamento. Voltando a tese principal, o recado chegou por uma simpática curva helicoidal, embora de postura heterodoxa, portando sintoma cáustico e exagerado de insinuações precipitadas, constante do processo um forte ranço de pretensiosa filosofia fenomenológica. Sendo a filosofia suportada por duas petulantes e exibidas incongruências metafísicas, a mais robusta ligada à escola sadomasoquista, a mais delicada com forte tendência e peso de influência maquiavélica. Com estas iniciais esclarecidas, concluo, em sintonia com os desfechos ocorridos, os dados para minhas exéquias e as lembranças a levar nos derradeiros momentos como relevantes.
As sete bolinhas de gude vieram sorridentes do baú dos sumidos, aberto na memória, e me gratificaram renascidas no subconsciente juvenil emboladas nas ternuras e nas precipitações das ejaculações precoces. O papagaio de papel que enroscou no varal da vizinha amealhou a recordação da calcinha dela portada, delicada, enquanto me devolvia o mimo, sorrindo, sobre o muro. Depois da bolada na gaiola, o curió morto, que escondi do meu pai e ele pensou que fugira, pipilou alegre na minha janela. A garrafa vazia do primeiro porre arrastou-me à ressaca desta madrugada. Pendurei no tempo ido, do baú saindo embolorado, o remorso, o medo e a vergonha de acercar de Melinha, paixão platônica, enquanto ela enfeitava o primeiro banco da classe com suas tranças sensuais. Por derradeiro e entre os sete salvados que acalanto alçar e levar na despedida, jamais poderia esquecer as pencas maduras de mentiras nobres e trigueiras, que me foram tão úteis e resolveram tanto meus problemas.
* o autor é cidadão brasileiro, economista e poeta.
Publicado originalmente em http://carloseduardoflorence.blogspot.com.br/2017/03/doze-dias-e-um-testamento.html
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quinta-feira, 16 de março de 2017
A confusão geral é o apelo à racionalidade
Fernando Brito *
A máquina jurídico-midiática de moralismo passou a ser, agora, um problema sério para a direita brasileira.
Se ser acusado é o mesmo que ser condenado – e só a condenação é admissível, independente de prova – a “lista de Janot” compromete toda a política, porque “todos são iguais”.
E se “todos são iguais”, quem sobra? O Ministério Público? Moro? Deltan Dallagnol?
Os que detém autoridade – e cada vez maior – dispensados do voto popular?
A máquina posta em movimento para derrubar um governo passa a moer a própria usurpação do governo.
Michel Temer está “fora” da lista por uma mera formalidade constitucional: a de que o Presidente não pode ser julgado por atos anteriores ao exercício do seu mandato.
Ou não estaria, não fosse assim?
Os remédios que, agora, correm a aplicar – ou a tentar, porque a histeria midiática e o caldeirão de ódio que ela construiu com a negação da política (e do voto) como a ferramenta legítima de organização da sociedade têm francas chances de impedir – são aqueles que negavam e achavam absurdo quando queriam demolir o poder eleitoralmente construído...
O voto em listas partidárias, por exemplo, a redução do número de partidos, tudo isso não era inaceitável, quando proposto em 2013? O “presidencialismo de coalizão” que se aponta como pai de todas as desgraças políticas é quase um santo, perto do mecanismo de cooptação do Governo Temer para alcançar o quórum para as “reformas” que pretende.
E onde vai parar a independência e harmonia entre os poderes, quando o presidente da Câmara se torna um descarado agente do presidente na casa e o presidente do TSE, Gilmar Mendes, dá-se a convescotes e a formação de “comitês de salvação nacional”, articulando uma inédita – para usar a tese suicida do Dr. Janot – a “caixa 2 do bem” e a “caixa 2 do mal”?
Não dá, porque foi a tese que se injetou na classe média, desde o chamado mensalão , foi o contrário disto, embora fosse – e sabiam todos – a regra do sistema político brasileiro.
A “igualdade” que se criou para a destruição da política, a insânia do moralismo udenista que se quis transformar na lei única da disputa política e a opressiva unanimidade em que se pretendeu condenar como “defesa da corrupção” todos aqueles que apontavam o arbítrio, deram nisso aí.
Contra quem os “coxinhas de pato” protestarão no dia 26? Cadeia para todos? “Pixuleco” do Temer, “não vou pagar o pato” para o Henrique Meirelles que vai aumentar os impostos?
Já se evidencia, exceto para os que sofrem de idiotia política, que a subtração da democracia ao povo brasileiro depende de uma de duas condições, o que é algo que já afirmei há mais de um ano.
A primeira, inviável nestes tempos, é nos tirarem o voto.
A segunda, única em que se agarram agora, é retirar do voto a opção por um candidato: Lula.
O “mar de lama” que procuraram criar com a aventura judicial saiu do leito que pretendiam e os tragou, também.
O que está em jogo em Curitiba é uma coisa só. Não é a condenação de Lula, mas a sua cassação.
E isso vai se tornando evidente, apesar de todo o massacre da mídia.
Porque a realidade – ah, esta teimosa – teima em se impor e mostrar que é impossível, senão por algum tempo, impor ao Brasil um projeto autoritário e excludente, que o transforme, na colônia que já não pode mais ser.
* o autor é jornalista, editor do Tijolaço.
Publicado no Tijolaço: http://www.tijolaco.com.br/blog/confusao-geral-e-o-apelo-racionalidade/
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A máquina jurídico-midiática de moralismo passou a ser, agora, um problema sério para a direita brasileira.
Se ser acusado é o mesmo que ser condenado – e só a condenação é admissível, independente de prova – a “lista de Janot” compromete toda a política, porque “todos são iguais”.
E se “todos são iguais”, quem sobra? O Ministério Público? Moro? Deltan Dallagnol?
Os que detém autoridade – e cada vez maior – dispensados do voto popular?
A máquina posta em movimento para derrubar um governo passa a moer a própria usurpação do governo.
Michel Temer está “fora” da lista por uma mera formalidade constitucional: a de que o Presidente não pode ser julgado por atos anteriores ao exercício do seu mandato.
Ou não estaria, não fosse assim?
Os remédios que, agora, correm a aplicar – ou a tentar, porque a histeria midiática e o caldeirão de ódio que ela construiu com a negação da política (e do voto) como a ferramenta legítima de organização da sociedade têm francas chances de impedir – são aqueles que negavam e achavam absurdo quando queriam demolir o poder eleitoralmente construído...
O voto em listas partidárias, por exemplo, a redução do número de partidos, tudo isso não era inaceitável, quando proposto em 2013? O “presidencialismo de coalizão” que se aponta como pai de todas as desgraças políticas é quase um santo, perto do mecanismo de cooptação do Governo Temer para alcançar o quórum para as “reformas” que pretende.
E onde vai parar a independência e harmonia entre os poderes, quando o presidente da Câmara se torna um descarado agente do presidente na casa e o presidente do TSE, Gilmar Mendes, dá-se a convescotes e a formação de “comitês de salvação nacional”, articulando uma inédita – para usar a tese suicida do Dr. Janot – a “caixa 2 do bem” e a “caixa 2 do mal”?
Não dá, porque foi a tese que se injetou na classe média, desde o chamado mensalão , foi o contrário disto, embora fosse – e sabiam todos – a regra do sistema político brasileiro.
A “igualdade” que se criou para a destruição da política, a insânia do moralismo udenista que se quis transformar na lei única da disputa política e a opressiva unanimidade em que se pretendeu condenar como “defesa da corrupção” todos aqueles que apontavam o arbítrio, deram nisso aí.
Contra quem os “coxinhas de pato” protestarão no dia 26? Cadeia para todos? “Pixuleco” do Temer, “não vou pagar o pato” para o Henrique Meirelles que vai aumentar os impostos?
Já se evidencia, exceto para os que sofrem de idiotia política, que a subtração da democracia ao povo brasileiro depende de uma de duas condições, o que é algo que já afirmei há mais de um ano.
A primeira, inviável nestes tempos, é nos tirarem o voto.
A segunda, única em que se agarram agora, é retirar do voto a opção por um candidato: Lula.
O “mar de lama” que procuraram criar com a aventura judicial saiu do leito que pretendiam e os tragou, também.
O que está em jogo em Curitiba é uma coisa só. Não é a condenação de Lula, mas a sua cassação.
E isso vai se tornando evidente, apesar de todo o massacre da mídia.
Porque a realidade – ah, esta teimosa – teima em se impor e mostrar que é impossível, senão por algum tempo, impor ao Brasil um projeto autoritário e excludente, que o transforme, na colônia que já não pode mais ser.
* o autor é jornalista, editor do Tijolaço.
Publicado no Tijolaço: http://www.tijolaco.com.br/blog/confusao-geral-e-o-apelo-racionalidade/
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quarta-feira, 15 de março de 2017
A CIA é uma Gestapo gigantesca
Janio de Freitas *
A última novidade americana de que temos notícia já não é uma Casa Branca manicomial, mas não foge à linhagem das contribuições psicopáticas à cada dia mais desatinada "civilização ocidental". Além de penetrar à vontade nas comunicações telefônicas mundo afora, como aconteceu a conversas de Angela Merkel, Dilma Rousseff e outros governantes, e de entrar nos computadores alheios, o serviço de espionagem e sabotagem dos EUA – CIA – pode valer-se dos aparelhos domésticos de TV para captar e transmitir-lhe as conversas no respectivo ambiente. Sem palavras rastejantes, a CIA é uma Gestapo gigantesca, planetária, levada às últimas possibilidades de invasão das mentes e da vida humana.
Diante desse poder cibernético, o que pode o mundo, sua vítima, é repetir a divisão motivada pelo poder nuclear. De uma parte, os países que desviaram imensas fortunas para entrar no círculo atômico; de outra, os que se sujeitam à subalternidade ou preservam uma posição digna no mundo por meio de uma posição independente e estrategicamente habilidosa.
Michel Temer falou há pouco da importância reconhecida ao Brasil. Apenas três dias antes, o correspondente Henrique Gomes Batista transmitira as palavras do brasilianista Peter Hakim, presidente do Inter-American Dialogue: "Antes, toda vez que eu voltava do Brasil, as pessoas queriam saber o que o país estava fazendo, se havia novidades. Hoje o país perdeu a relevância". A palavra "hoje" define o que era o "antes".
No "antes", talvez referente sobretudo ao plano interno, a estratégia e a política internacionais do Brasil foram fundamentais para as "novidades". Mas foi também nele que isso começou a esvaziar-se, pelo plano secundário em que foi deixado por Dilma Rousseff. Sem reclamações internas. Primeiro, porque a imprensa/TV no Brasil faz jornalismo tipicamente periférico, repetidor de uns poucos (hoje em dia, pouquíssimos) temas do jornalismo internacional dos centros mundiais de decisão.
Além disso, porque interessar-se pela virada que a "política exterior ativa e altiva" introduziu, em seguida a um período caudatário dos ditames americanos até na política econômica, fortaleceria um governo e várias políticas indesejados pelo poder econômico. Por mais que estivesse beneficiado pela ação comercial incluída na nova política externa.
A África representou muito nessa política. Os Estados Unidos têm grande interesse na face africana voltada para o Atlântico Sul: ali está o petróleo alternativo para previsíveis problemas com sua fonte petrolífera na Arábia. Os americanos veem a África Ocidental como uma espécie de reserva sua não declarada. Mas a costa atlântica da África está voltada também para o Brasil. E em frente às jazidas e poços brasileiros, inclusive do pré-sal. A busca de relações profundas com essa África, importantes até para a soberania brasileira, levou a iniciativas que a Lava Jato entende como picaretagem. Na cooperação militar, a Marinha brasileira tem até presença expressiva na Namíbia.
Nessa política, as multinacionais brasileiras tinham um papel e uma fonte de ganho, com igual relevância. Sua atividade em quatro dos países africanos e em um sul-americano compõem os capítulos de um livro que, afinal e quase inexplicavelmente, moveu o jornalismo brasileiro para parte das iniciativas africanas do Brasil. É uma reportagem, rara no tema e ótima na realização, que proporciona também uma visão social e política, como um fundo que dá ao livro dimensão bem maior do que o indicado no título, "Euforia e Fracasso do Brasil Grande". Jornalista de primeiro time, Fábio Zanini deu uma leitura agradável e informativa a um tema desprezado que vale a pena conhecer.
E quem quiser saber o que é diplomacia, e o que nela foi a ação que por certo tempo incluiu o Brasil nas decisões mundiais, as respostas estão dadas pelo ex-ministro Celso Amorim, em "Teerã, Ramalá e Doha — memórias da política externa ativa e altiva". Livro ótimo, para hoje e para o futuro. Mas que dá certa nostalgia, no Brasil que "perdeu a relevância".
* o autor é jornalista
Publicado originalmente no jornal Folha de São Paulo: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/janiodefreitas/2017/03/1865630-a-cia-e-uma-gestapo-gigantesca.shtml
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terça-feira, 14 de março de 2017
Fotos campeãs, maravilhosas, dá gosto de ver.
Richard Jakubaszko
O amigo e engenheiro agrônomo Hélio Casale vai se tornando fornecedor de primeira linha deste blog, especialmente em fotos fantásticas, que ele qualifica dizendo "dá gosto de ver essas fotos*"; vejam abaixo e concordem ou discordem:
* Fotos ganhadoras de concursos de fotografia na Europa.
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O amigo e engenheiro agrônomo Hélio Casale vai se tornando fornecedor de primeira linha deste blog, especialmente em fotos fantásticas, que ele qualifica dizendo "dá gosto de ver essas fotos*"; vejam abaixo e concordem ou discordem:
* Fotos ganhadoras de concursos de fotografia na Europa.
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Achim Koepf - Antárctica |
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Alex Varani - Nap at work |
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Alexander Stewart - Bluebells in the Mist |
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Ali Al-Zaidi - Welcome to bajau |
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Angiolo Manetti - Ray of light |
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Dinh Hoa Ngo - People and sea |
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Marco Tagliarino - ll riposo del cammelliere |
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Tibor Kercz - Spring snack |
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Travel At prayer in Bagan Myanmar by Lim Chee Keong |
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Travel winner Jumping over the train Gazipur Bangladesh by Noor Ahmed Gelal |
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Yury Pustovoy - Sahara |
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On the river, by Vladimir Proshin |
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Simone Chierici - Snail reflection |
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