Fernando Brito *
A contratação da D. Leandra Brito como assessora da Presidência para desempenhar o papel de babá do “Michelzinho”, temporão presidencial é daquelas que tem tudo para virar “meme” nas redes sociais.
É de lamentar que atinja uma pessoa simples, que nada mais faz que trabalhar e com algo difícil, uma criança submetida a uma intensa exposição e a um ambiente que pode ser tudo, menos o espaço de simplicidade e liberdade que toda criança merece.
Também não é novidade que a prática de misturar público com privado – ou empresarial com o privado, pois sobram situações de empresários que contratam seus empregados domésticos na folha da empresa – e vai ganhar notoriedade mais porque a mídia nos acostumou a olhar acidamente cada pequeno episódio para que não se veja, ou se olhe com tolerância – os grandes dramas desta nação.
Assim, o emprego de D. Leandra vai chocar, porque é um arranjo destes que não se deveria fazer, mas a moça é um nada perto do papel que o Governo faz como babá dos banqueiros e dos rentistas, marmanjos mimados de quem faz todas as vontades.
Isso, porém, não tem o escândalo com que se vai tratar o caso da moça que cuida de uma criança que, com seus potes de Nutela, tem apetites muito menos vorazes que os do capital.
Os R$ 5 mil mensais que o patrão de D. Leandra tira do Erário para pagá-la são, de fato – uma gotícula perto do que dele vaza para nutrir os meninos do dinheiro: no Orçamento deste ano, prevê-se para eles um “leitinho” de R$ 1,356 trilhão – 47% de toda a despesa do poder público brasileiro ou quase 23 milhões de babás, se estas ganhassem o salário daquela moça. Como não ganham, ponha mais milhões aí.
Mas isso é muito menos grave e por isso “Michelzão” não será criticado.
É o “mercado”, que bate o pé quando lhe negam algo, com muito mais fúria do que qualquer criança malcriada e que se lambuza com o dinheiro muito mais do que o Michelzinho com a Nutela.
* o autor é jornalista, editor do blog Tijolaço
Publicado em http://www.tijolaco.com.br/blog/historia-que-as-babas-nao-conta-midia-no-pais-das-abobrinhas/
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domingo, 14 de maio de 2017
sábado, 13 de maio de 2017
Far play
Richard Jakubaszko
O far play é um estado de espírito? Na vida, na dura competição dos negócios ou nos esportes, nas disputas do amor, pode-se ter far play. O futebol é uma constante de exemplos de far play, assista no vídeo abaixo, e inspire-se com eles. Não tenho dúvidas de que falta hoje em dia far play, especialmente na política, mas também nos negócios, nas relações entre as pessoas. A competição, o desejo de sempre querer levar vantagem, o egoísmo, o foco centrado em problemas próprios fazem as pessoas esquecerem o sabor de se praticar o far play.
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O far play é um estado de espírito? Na vida, na dura competição dos negócios ou nos esportes, nas disputas do amor, pode-se ter far play. O futebol é uma constante de exemplos de far play, assista no vídeo abaixo, e inspire-se com eles. Não tenho dúvidas de que falta hoje em dia far play, especialmente na política, mas também nos negócios, nas relações entre as pessoas. A competição, o desejo de sempre querer levar vantagem, o egoísmo, o foco centrado em problemas próprios fazem as pessoas esquecerem o sabor de se praticar o far play.
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sexta-feira, 12 de maio de 2017
Os pecados de Lula e as obsessões da "lawfare"
Mauro Santayana *
No encontro de Lula com o Juiz Sérgio Moro, quarta-feira, o tema principal do cardápio serão o triplex e o armazenamento de documentos da época em que foi presidente, mas poderiam ser as mais recentes delações, feitas por cidadãos impolutos, acima de qualquer suspeita, como o Sr. Renato Duque, sobre supostos repasses ao PT, ou as palestras realizadas no âmbito da LILS ou do Instituto Lula, porque, embora não seja um ovino, as acusações se acumulam e variam, contra o ex-presidente, à medida que vão sendo contestadas, como as do lobo contra o cordeiro na Fábula de La Fontaine. No exclusivo e reduzido universo de ex-presidentes, Bill Clinton e sua mulher, Hillary, faturaram, depois que deixaram a Casa Branca, 230 milhões de dólares com livros, consultorias e palestras, ganhando, em apenas 12 meses, em média, mais do que tudo que Lula está sendo acusado, sem provas, de supostamente ter recebido nos últimos anos.
Fernando Henrique Cardoso faturou, apenas no primeiro ano depois que saiu do Palácio do Planalto, 3 milhões de reais com palestras, sendo incensado, por isso, pela mesma mídia que agora execra Lula, como se pode ver por este trecho, publicado à época, de matéria de capa de conhecida revista semanal, com o título de “A doce vida de FHC”: "o ex-professor, senador, ministro e presidente da República Fernando Henrique Cardoso agora é uma celebridade. Desde que deixou o Palácio do Planalto, no ano passado, FHC já faturou cerca de R$ 3 milhões dando palestras para empresários e intelectuais, no Brasil e no exterior. Está escrevendo um livro sobre seu governo, que deverá ser publicado ainda neste ano. Sua próxima grande tacada será o lançamento do Instituto Fernando Henrique Cardoso, no dia 22, em São Paulo. Montado com luxo, mas sem ostentação, o lugar foi criado para preservar na História a memória de seu governo e de sua obra acadêmica.
Aos 72 anos, depois de oito anos das delícias e pesadelos da Presidência, Fernando Henrique está levando um vidão. Transforma fama em dinheiro, faz política quando bem entende e viaja duas vezes por mês para o exterior para exercitar seus dotes intelectuais. E prova que não sonha em voltar à Presidência da República.
Até agora se sabia apenas vagamente das atividades de FHC fora do governo. Ele só aparece viajando e, de vez em quando, falando de política. A novidade é que longe do público o ex-presidente virou atração no mundo empresarial e já é um dos conferencistas mais bem pagos do mundo.
Cobra US$ 50 mil (cerca de R$ 150 mil no Brasil) - preço livre de impostos, hospedagem e passagem aérea, gastos que ficam por conta do cliente. No Brasil, ninguém cobra mais caro. “O critério foi pedir metade do que Bill Clinton (ex-presidente dos EUA) cobra”, diz George Legmann, o agente que cuida das palestras e dos direitos autorais dos livros de Fernando Henrique. Da metade do ano passado para cá, foram 22 conferências, seis delas em outros países. Contrataram os serviços do ex-presidente a AmBev, a Medial Saúde, os bancos Pátria e Santander (este em Madri), a ACNielsen e o Banco Central do México, entre outros.
FHC exige uma conversa pessoal com o cliente antes da conferência. São encontros de meia hora, apenas para combinar o tema. O ex-presidente tem falado sobre globalização, ética e educação.
Além dos eventos de empresas, seu mercado abrange também as universidades. No exterior elas pagam honorários fixos, entre US$ 10 mil e US$ 20 mil."
Alguma diferença com Lula?
Poucas.
Ambos institutos, o de Lula e o de FHC, receberam, entre muitas outras empresas, vários pagamentos da Odebrecht, por exemplo.
Lula está sendo acusado de ter ganho de uma empresa um terreno para o Instituto Lula.
FHC comprou a sede de seu instituto, um andar de 1.600 metros quadrados no prédio do Automóvel Club de São Paulo, com a contribuição de 12 empresários. Lula está sendo acusado de ter encomendado, e depois, desistido de comprar, um triplex no Guarujá.
Segundo alguns sites, como o Blog do Rovai, FHC comprou - ou teria ajudado a comprar - de papel passado, recentemente, para sua nova esposa, um apartamento em Higienópolis, uma das áreas mais valorizadas do país, de 450 metros quadrados – perto do qual o triplex supostamente encomendado por Lula não passa de um casebre – pela generosíssima pechincha, paga com cheque administrativo, de 950.000,00 reais.
Tem gente que diz que é um absurdo Lula ter ganho, em alguns casos, mais que FHC por palestra, já que, segundo eles, Fernando Henrique é um famoso acadêmico e intelectual, e Lula, uma “anta analfabeta sem diploma”, como este humilde escriba que digita, neste momento, o texto que lerão em alguns minutos vossas senhorias.
Sim, mas outros poderiam alegar que Lula ganhou praticamente o mesmo número de títulos de Doutor Honoris Causa que FHC, apesar de ter saído 8 anos depois do governo.
Ou que ele, por isso, deveria cobrar mais por palestra do que o Doutor Cardoso, pelo menos quando o tema fosse ligado à economia, já que o PIB e a renda per capita cresceram em dólares nos anos Lula e decresceram, segundo o Banco Mundial, nos anos FHC e a dívida pública e a líquida – também com relação ao PIB – caíram nos anos Lula e quase duplicaram com FHC.
Isso, além de Lula ter pago a dívida deixada pelo seu antecessor com o FMI, de 40 bilhões de dólares, em 2005, e, ainda por cima ter economizado mais 370 bilhões de dólares em reservas internacionais – ou mais de um trilhão de reais – em seu governo, 250 bilhões desses recursos em moeda estrangeira hoje emprestados com os EUA, o que nos torna o quarto maior credor individual externo dos Estados Unidos.
Estarão errados Lula e FHC?
Não necessariamente.
Ex-presidentes da República, como vimos no caso dos Clinton, não deixam de existir quando saem do poder.
Eles acumulam, ao longo de seus mandatos, experiências e contatos preciosos que podem beneficiar empresas e países cujos interesses estão defendendo, e, muitas vezes, tanto empresas quanto países, ao mesmo tempo, como no caso da exportação de serviços, obras, equipamentos e insumos para outras nações, com a geração de milhares de empregos dentro do Brasil, “crime” pelo qual Lula está sendo agora covarde e estupidamente atacado, dentro e fora das redes sociais, por fascistas ignorantes que acreditam em fantasmas bolivarianos, bichos papões comunistas daqueles que se vê na animação Monstros S.A, e em fantasias como a tão famosa, quanto ridícula, “caixa preta” do BNDES.
O grande pecado de Lula, nesse aspecto, foi não ter deixado claro, da forma mais transparente possível, para a população, quando saiu do poder com uma aprovação de 87%, que iria se dedicar a fazer palestras, também com a intenção de defender seu governo, sua filosofia política e suas conquistas, e os benefícios que eventualmente obteve, para o país, com sua atuação internacional, depois que deixou a presidência, exatamente como fazem o próprio Clinton e outras lideranças estrangeiras, em países como os EUA, em que o “lawfare” é rapidamente denunciado e a justiça sabe distinguir muito bem entre o que é lobby, financiamento a partidos e corrupção pessoal.
No Brasil, sociólogo não precisa explicar que vai fazer palestras.
Operário, sim.
Isso teria ajudado a atrapalhar um pouco a argumentação daqueles que o acusam hoje de ser um reles ladrão, apesar de, em seu governo, o Brasil ter saído da décima-quarta para a sexta posição entre as maiores economias do mundo, e o PIB nominal brasileiro ter passado, segundo o Banco Mundial, de 600 bilhões para 2.4 trilhões de dólares entre 2003 e 2014.
O que assusta, espanta e indigna, não é o fato de FHC e Lula, como outros ex-presidentes fazem, terem “faturado”, por meio de seus respectivos institutos, o que “faturaram” depois que saíram do Palácio do Planalto. Mas a absoluta desproporção e ausência de isonomia no trato que recebem da justiça, de uma opinião pública hipócrita e manipulada e da grande mídia nacional, que servem para ilustrar com a sutileza de um paquiderme saltando de um bungee jump, o que realmente está ocorrendo no Brasil, por trás de fatos como a inquirição de Lula em Curitiba, neste momento.
* o autor é jornalista.
Publicado no blog Mauro Santayana: http://www.maurosantayana.com/2017/05/os-pecados-de-lula-e-as-obsessoes-da.html
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No encontro de Lula com o Juiz Sérgio Moro, quarta-feira, o tema principal do cardápio serão o triplex e o armazenamento de documentos da época em que foi presidente, mas poderiam ser as mais recentes delações, feitas por cidadãos impolutos, acima de qualquer suspeita, como o Sr. Renato Duque, sobre supostos repasses ao PT, ou as palestras realizadas no âmbito da LILS ou do Instituto Lula, porque, embora não seja um ovino, as acusações se acumulam e variam, contra o ex-presidente, à medida que vão sendo contestadas, como as do lobo contra o cordeiro na Fábula de La Fontaine. No exclusivo e reduzido universo de ex-presidentes, Bill Clinton e sua mulher, Hillary, faturaram, depois que deixaram a Casa Branca, 230 milhões de dólares com livros, consultorias e palestras, ganhando, em apenas 12 meses, em média, mais do que tudo que Lula está sendo acusado, sem provas, de supostamente ter recebido nos últimos anos.
Fernando Henrique Cardoso faturou, apenas no primeiro ano depois que saiu do Palácio do Planalto, 3 milhões de reais com palestras, sendo incensado, por isso, pela mesma mídia que agora execra Lula, como se pode ver por este trecho, publicado à época, de matéria de capa de conhecida revista semanal, com o título de “A doce vida de FHC”: "o ex-professor, senador, ministro e presidente da República Fernando Henrique Cardoso agora é uma celebridade. Desde que deixou o Palácio do Planalto, no ano passado, FHC já faturou cerca de R$ 3 milhões dando palestras para empresários e intelectuais, no Brasil e no exterior. Está escrevendo um livro sobre seu governo, que deverá ser publicado ainda neste ano. Sua próxima grande tacada será o lançamento do Instituto Fernando Henrique Cardoso, no dia 22, em São Paulo. Montado com luxo, mas sem ostentação, o lugar foi criado para preservar na História a memória de seu governo e de sua obra acadêmica.
Aos 72 anos, depois de oito anos das delícias e pesadelos da Presidência, Fernando Henrique está levando um vidão. Transforma fama em dinheiro, faz política quando bem entende e viaja duas vezes por mês para o exterior para exercitar seus dotes intelectuais. E prova que não sonha em voltar à Presidência da República.
Até agora se sabia apenas vagamente das atividades de FHC fora do governo. Ele só aparece viajando e, de vez em quando, falando de política. A novidade é que longe do público o ex-presidente virou atração no mundo empresarial e já é um dos conferencistas mais bem pagos do mundo.
Cobra US$ 50 mil (cerca de R$ 150 mil no Brasil) - preço livre de impostos, hospedagem e passagem aérea, gastos que ficam por conta do cliente. No Brasil, ninguém cobra mais caro. “O critério foi pedir metade do que Bill Clinton (ex-presidente dos EUA) cobra”, diz George Legmann, o agente que cuida das palestras e dos direitos autorais dos livros de Fernando Henrique. Da metade do ano passado para cá, foram 22 conferências, seis delas em outros países. Contrataram os serviços do ex-presidente a AmBev, a Medial Saúde, os bancos Pátria e Santander (este em Madri), a ACNielsen e o Banco Central do México, entre outros.
FHC exige uma conversa pessoal com o cliente antes da conferência. São encontros de meia hora, apenas para combinar o tema. O ex-presidente tem falado sobre globalização, ética e educação.
Além dos eventos de empresas, seu mercado abrange também as universidades. No exterior elas pagam honorários fixos, entre US$ 10 mil e US$ 20 mil."
Alguma diferença com Lula?
Poucas.
Ambos institutos, o de Lula e o de FHC, receberam, entre muitas outras empresas, vários pagamentos da Odebrecht, por exemplo.
Lula está sendo acusado de ter ganho de uma empresa um terreno para o Instituto Lula.
FHC comprou a sede de seu instituto, um andar de 1.600 metros quadrados no prédio do Automóvel Club de São Paulo, com a contribuição de 12 empresários. Lula está sendo acusado de ter encomendado, e depois, desistido de comprar, um triplex no Guarujá.
Segundo alguns sites, como o Blog do Rovai, FHC comprou - ou teria ajudado a comprar - de papel passado, recentemente, para sua nova esposa, um apartamento em Higienópolis, uma das áreas mais valorizadas do país, de 450 metros quadrados – perto do qual o triplex supostamente encomendado por Lula não passa de um casebre – pela generosíssima pechincha, paga com cheque administrativo, de 950.000,00 reais.
Tem gente que diz que é um absurdo Lula ter ganho, em alguns casos, mais que FHC por palestra, já que, segundo eles, Fernando Henrique é um famoso acadêmico e intelectual, e Lula, uma “anta analfabeta sem diploma”, como este humilde escriba que digita, neste momento, o texto que lerão em alguns minutos vossas senhorias.
Sim, mas outros poderiam alegar que Lula ganhou praticamente o mesmo número de títulos de Doutor Honoris Causa que FHC, apesar de ter saído 8 anos depois do governo.
Ou que ele, por isso, deveria cobrar mais por palestra do que o Doutor Cardoso, pelo menos quando o tema fosse ligado à economia, já que o PIB e a renda per capita cresceram em dólares nos anos Lula e decresceram, segundo o Banco Mundial, nos anos FHC e a dívida pública e a líquida – também com relação ao PIB – caíram nos anos Lula e quase duplicaram com FHC.
Isso, além de Lula ter pago a dívida deixada pelo seu antecessor com o FMI, de 40 bilhões de dólares, em 2005, e, ainda por cima ter economizado mais 370 bilhões de dólares em reservas internacionais – ou mais de um trilhão de reais – em seu governo, 250 bilhões desses recursos em moeda estrangeira hoje emprestados com os EUA, o que nos torna o quarto maior credor individual externo dos Estados Unidos.
Estarão errados Lula e FHC?
Não necessariamente.
Ex-presidentes da República, como vimos no caso dos Clinton, não deixam de existir quando saem do poder.
Eles acumulam, ao longo de seus mandatos, experiências e contatos preciosos que podem beneficiar empresas e países cujos interesses estão defendendo, e, muitas vezes, tanto empresas quanto países, ao mesmo tempo, como no caso da exportação de serviços, obras, equipamentos e insumos para outras nações, com a geração de milhares de empregos dentro do Brasil, “crime” pelo qual Lula está sendo agora covarde e estupidamente atacado, dentro e fora das redes sociais, por fascistas ignorantes que acreditam em fantasmas bolivarianos, bichos papões comunistas daqueles que se vê na animação Monstros S.A, e em fantasias como a tão famosa, quanto ridícula, “caixa preta” do BNDES.
O grande pecado de Lula, nesse aspecto, foi não ter deixado claro, da forma mais transparente possível, para a população, quando saiu do poder com uma aprovação de 87%, que iria se dedicar a fazer palestras, também com a intenção de defender seu governo, sua filosofia política e suas conquistas, e os benefícios que eventualmente obteve, para o país, com sua atuação internacional, depois que deixou a presidência, exatamente como fazem o próprio Clinton e outras lideranças estrangeiras, em países como os EUA, em que o “lawfare” é rapidamente denunciado e a justiça sabe distinguir muito bem entre o que é lobby, financiamento a partidos e corrupção pessoal.
No Brasil, sociólogo não precisa explicar que vai fazer palestras.
Operário, sim.
Isso teria ajudado a atrapalhar um pouco a argumentação daqueles que o acusam hoje de ser um reles ladrão, apesar de, em seu governo, o Brasil ter saído da décima-quarta para a sexta posição entre as maiores economias do mundo, e o PIB nominal brasileiro ter passado, segundo o Banco Mundial, de 600 bilhões para 2.4 trilhões de dólares entre 2003 e 2014.
O que assusta, espanta e indigna, não é o fato de FHC e Lula, como outros ex-presidentes fazem, terem “faturado”, por meio de seus respectivos institutos, o que “faturaram” depois que saíram do Palácio do Planalto. Mas a absoluta desproporção e ausência de isonomia no trato que recebem da justiça, de uma opinião pública hipócrita e manipulada e da grande mídia nacional, que servem para ilustrar com a sutileza de um paquiderme saltando de um bungee jump, o que realmente está ocorrendo no Brasil, por trás de fatos como a inquirição de Lula em Curitiba, neste momento.
* o autor é jornalista.
Publicado no blog Mauro Santayana: http://www.maurosantayana.com/2017/05/os-pecados-de-lula-e-as-obsessoes-da.html
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quinta-feira, 11 de maio de 2017
A confissão da parcialidade, nas capas das revistas
Fernando Brito *
A melhor sacada de sábado passado é, sem dúvida, do veterano e competente jornalista Mario Marona, que olha, pensa e vê o que a mídia diz, mesmo quando não assume que diz.
As capas da Veja e da Istoé que começaram a circular no último sábado, têm um raro momento em que mostram a verdade.
E a verdade, observa Marona, é que “a imprensa brasileira nunca foi tão verdadeira ao confessar que, aqui, trata-se de um confronto entre o juiz, que deveria ser imparcial, e o acusado, que deveria ter direito a um julgamento honesto”.
Está claro agora porque Moro adiou por uma semana o depoimento de Lula. Neste intervalo, providenciou uma procissão de “convertidos”, que nunca acusaram Lula nos seus inúmeros depoimentos e, agora, foram colocados contra parede: ou diziam o que se queria para tornar o depoimento de Lula o clímax roteirizado do filme que produzem ou iriam seguir mofando na cadeia.
Temos um juiz que dirige o processo para um final que está desenhado desde o seu início.
A “investigação” e o julgamento “justo” não passam de uma pantomima.
“Em qualquer lugar civilizado do mundo”, observa Marona, o juiz avalia o resultado de “um duelo entre promotoria e defesa”.
Não em Curitiba.
As duas revistas confessam, em suas capas que quem duela com Lula é o próprio juiz.
E, portanto, trata-se de uma luta onde não há quem, de fato, seja o juiz, não parte.
Uma democracia jamais pode aceitar isso. E como não existe processo fora da realidade, este processo, sempre suspeito, revela sua mácula, sua nódoa irremovível.
A Justiça brasileira, ou ao menos o que resta de senso jurídico no lamaçal que ela se tornou, deveria sanear este processo em que Sérgio Moro, por deter o controle de todos os casos e em que os promotores têm o direito de negociar às escuras todas as “delações”, formando o quadro que desejam, desde o início, com suas convicções.
E sanear deveria ser retirar Moro do caso, por óbvia suspeição.
Claro que não o fará e, com isso, assumir, como instituição, a parcialidade que nele não se esconde.
E, com isso, tornará verdadeira a frase com que Marona fecha seu raciocínio: “Veja e Isto É revelam que já foi cravado o último prego no caixão em que está sendo enterrada a justiça brasileira.”
Faltou apenas dizer que as suas garras levam junto com ela qualquer possibilidade de sermos um país onde o Direito seja a fórmula de composição dos conflitos humanos.
Com todos os seus “data vênia”, o Judiciário sacramenta a selvageria e o vale-tudo como a forma de vivermos neste país.
* o autor é jornalista, editor do blog Tijolaço.
Publicado originalmente em: http://www.tijolaco.com.br/blog/confissao-da-parcialidade-nas-capas-das-revistas/
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A melhor sacada de sábado passado é, sem dúvida, do veterano e competente jornalista Mario Marona, que olha, pensa e vê o que a mídia diz, mesmo quando não assume que diz.
As capas da Veja e da Istoé que começaram a circular no último sábado, têm um raro momento em que mostram a verdade.
E a verdade, observa Marona, é que “a imprensa brasileira nunca foi tão verdadeira ao confessar que, aqui, trata-se de um confronto entre o juiz, que deveria ser imparcial, e o acusado, que deveria ter direito a um julgamento honesto”.
Está claro agora porque Moro adiou por uma semana o depoimento de Lula. Neste intervalo, providenciou uma procissão de “convertidos”, que nunca acusaram Lula nos seus inúmeros depoimentos e, agora, foram colocados contra parede: ou diziam o que se queria para tornar o depoimento de Lula o clímax roteirizado do filme que produzem ou iriam seguir mofando na cadeia.
Temos um juiz que dirige o processo para um final que está desenhado desde o seu início.
A “investigação” e o julgamento “justo” não passam de uma pantomima.
“Em qualquer lugar civilizado do mundo”, observa Marona, o juiz avalia o resultado de “um duelo entre promotoria e defesa”.
Não em Curitiba.
As duas revistas confessam, em suas capas que quem duela com Lula é o próprio juiz.
E, portanto, trata-se de uma luta onde não há quem, de fato, seja o juiz, não parte.
Uma democracia jamais pode aceitar isso. E como não existe processo fora da realidade, este processo, sempre suspeito, revela sua mácula, sua nódoa irremovível.
A Justiça brasileira, ou ao menos o que resta de senso jurídico no lamaçal que ela se tornou, deveria sanear este processo em que Sérgio Moro, por deter o controle de todos os casos e em que os promotores têm o direito de negociar às escuras todas as “delações”, formando o quadro que desejam, desde o início, com suas convicções.
E sanear deveria ser retirar Moro do caso, por óbvia suspeição.
Claro que não o fará e, com isso, assumir, como instituição, a parcialidade que nele não se esconde.
E, com isso, tornará verdadeira a frase com que Marona fecha seu raciocínio: “Veja e Isto É revelam que já foi cravado o último prego no caixão em que está sendo enterrada a justiça brasileira.”
Faltou apenas dizer que as suas garras levam junto com ela qualquer possibilidade de sermos um país onde o Direito seja a fórmula de composição dos conflitos humanos.
Com todos os seus “data vênia”, o Judiciário sacramenta a selvageria e o vale-tudo como a forma de vivermos neste país.
* o autor é jornalista, editor do blog Tijolaço.
Publicado originalmente em: http://www.tijolaco.com.br/blog/confissao-da-parcialidade-nas-capas-das-revistas/
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quarta-feira, 10 de maio de 2017
Agrishow 2017, o otimismo voltou.
Richard Jakubaszko
Estive durante a semana inteira (de 1º a 5 de maio) na 24ª Agrishow, de Ribeirão Preto, como sempre recheada de novidades e tecnologias, e onde a gente encontra antigos amigos de sempre e que só encontra lá, porque vivem e trabalham Brasil adentro e afora. Gravei o vídeo abaixo para o Portal DBO, onde compartilho alguns detalhes do que vi.
A Agrishow 2017 bateu recorde de vendas, recebeu 160 mil visitantes em 5 dias, e mostrou muita novidade para os agricultores, a começar pelos tratores automáticos e uma parafernália de aplicativos, softwares, telemetrias, ou seja, tecnologia embarcada aos tratores e máquinas que fazem as delícias dos adeptos do mundo virtual.
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Estive durante a semana inteira (de 1º a 5 de maio) na 24ª Agrishow, de Ribeirão Preto, como sempre recheada de novidades e tecnologias, e onde a gente encontra antigos amigos de sempre e que só encontra lá, porque vivem e trabalham Brasil adentro e afora. Gravei o vídeo abaixo para o Portal DBO, onde compartilho alguns detalhes do que vi.
A Agrishow 2017 bateu recorde de vendas, recebeu 160 mil visitantes em 5 dias, e mostrou muita novidade para os agricultores, a começar pelos tratores automáticos e uma parafernália de aplicativos, softwares, telemetrias, ou seja, tecnologia embarcada aos tratores e máquinas que fazem as delícias dos adeptos do mundo virtual.
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domingo, 7 de maio de 2017
Agro DBO: o Brasil enferruja.
Richard Jakubaszko
Circulando desde a semana passada a edição de maio/2017 (nº 88) da Agro DBO, com matéria de capa que é a grande má notícia do ano: a ferrugem asiática demonstra uma capacidade espantosa de estabelecer resistência inicial a todos os fungicidas de última geração existentes.
A matéria de capa da edição é de autoria do jornalista José Maria Tomazela, que ouviu cientistas, pesquisadores, produtores e técnicos das empresas.
No vídeo abaixo dou detalhes desse problema e de outras matérias da edição.
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Circulando desde a semana passada a edição de maio/2017 (nº 88) da Agro DBO, com matéria de capa que é a grande má notícia do ano: a ferrugem asiática demonstra uma capacidade espantosa de estabelecer resistência inicial a todos os fungicidas de última geração existentes.
A matéria de capa da edição é de autoria do jornalista José Maria Tomazela, que ouviu cientistas, pesquisadores, produtores e técnicos das empresas.
No vídeo abaixo dou detalhes desse problema e de outras matérias da edição.
Registrei no editorial:
O que poderia acontecer de pior para a soja já começou:
estamos assistindo neste final da safra 2016/17 a uma rápida e preocupante
disseminação de focos da ferrugem da China, resistentes aos fungicidas de
última geração, em diversas lavouras, em praticamente todos os estados
produtores do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, conforme registrado na reportagem de
capa da Agro DBO, “O Brasil enferruja”, em texto do jornalista José Maria
Tomazela, que ouviu produtores, pesquisadores e consultores, constatando nestes
um estado de quase pânico diante do que pode vir a ocorrer na próxima safra.
A história da agricultura registra essa evolução, que
deságua no extermínio da cultura com problemas fitossanitários graves.
Aconteceu com a batata, nos anos 1850 na Irlanda, quando a Requeima destruiu a
principal lavoura do país, levando à morte pela fome mais de um milhão de
pessoas, e outro tanto de gente que imigrou, especialmente aos EUA, em busca de
conquistar sonhos de sobrevivência com dignidade. Entre os imigrantes
irlandeses estavam alguns antecedentes da família Kennedy, que gerou depois, já
no século XX, o americano John F. Kennedy, presidente americano de 1961 a 1963.
Na Irlanda, os produtores remanescentes deixaram de cultivar a batata por
muitas décadas, e jamais a cultura recuperou importância. Há inúmeros exemplos
pelo mundo inteiro, mas de menor proporção da fatalidade ocorrida na Irlanda.
No Brasil, nos anos 1970, a Vassoura de bruxa, resistente a todos os fungicidas
existentes, praticamente exterminou as lavouras de cacau na Bahia, atividade
que jamais voltou a ter a mesma importância do início do século, quando
inúmeras famílias enriqueceram com o plantio do cacau. Em São Paulo, nos anos
1970 e 1980 o Bicudo exterminou o plantio do algodão no estado, pela
resistência aos inseticidas de então, e pelas dificuldades do seu controle. O
algodão migrou para o Centro-Oeste, onde hoje faz sucesso, apesar do pulgão.
Enfim, há históricos registros de situação semelhante à que
a soja enfrenta no momento. Por isso, pesquisadores, empresas, governo e
produtores devem analisar com urgência e responsabilidade as estratégias a
serem implementadas para enfrentar a crítica situação que já na próxima safra
pode evoluir e trazer sérios prejuízos para os produtores e para o país. Novos
produtos não vão aparecer antes de uma década.
Na entrevista do mês, o engenheiro agrônomo Nery Ribas,
reeleito presidente do CESB, analisa os desafios da soja para aumentar a
produtividade, e comenta a questão da ferrugem resistente.
É relevante a leitura do artigo “O coração do solo”, do
professor Fernando
Andreote (Esalq/USP), que recomenda atenção ao fator
biológico dos nossos solos, e não apenas o lado químico ou físico.
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sexta-feira, 5 de maio de 2017
Xadrez: brilhante sacrifício da Dama, e xeque-mate.
Richard Jakubaszko
Simplesmente genial a jogada das brancas ao dar um xeque, sacrificando a Dama. Na sequência, um duplo cheque de bispo e cavalo fecham o xeque-mate. Simples assim.
A partida foi jogada em 1942.
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Simplesmente genial a jogada das brancas ao dar um xeque, sacrificando a Dama. Na sequência, um duplo cheque de bispo e cavalo fecham o xeque-mate. Simples assim.
A partida foi jogada em 1942.
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quarta-feira, 3 de maio de 2017
Ex-embaixador britânico: Temer preside um regime golpista ultra corrupto.
Miguel do Rosário *
Está no Facebook de Craig Murray, ex-embaixador britânico no Brasil:
Tradução: “A notícia mais importante hoje é a greve geral no Brasil contra o ultra-corrupto regime, nascido de um golpe da CIA. A mídia não vai te dizer isso.”
* O autor é jornalista.
Publicado originalmente no O Cafezinho: http://www.ocafezinho.com/2017/04/30/ex-embaixador-britanico-temer-preside-um-regime-golpista-ultra-corrupto/
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Está no Facebook de Craig Murray, ex-embaixador britânico no Brasil:
Tradução: “A notícia mais importante hoje é a greve geral no Brasil contra o ultra-corrupto regime, nascido de um golpe da CIA. A mídia não vai te dizer isso.”
* O autor é jornalista.
Publicado originalmente no O Cafezinho: http://www.ocafezinho.com/2017/04/30/ex-embaixador-britanico-temer-preside-um-regime-golpista-ultra-corrupto/
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