sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Poema em Linha Reta

Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa)
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,

Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;

Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;

Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,

Nunca foi senão príncipe – todos eles príncipes – na vida…
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?

Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos – mas ridículos nunca!

E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Estadão publica fake news: o que dizem os verdadeiros cientistas sobre o clima e as mudanças climáticas

Richard Jakubaszko e 
(colaborou Ricardo Augusto Felício
A grande mídia no Brasil continua a mesma de sempre, partidária, sectária, arrogante, e nega-se a conceder direito de resposta a seus desafetos.


Este blogueiro, jornalista e escritor, cético convicto do aquecimento global, foi acusado pelo jornal O Estado de São Paulo de promover uma fake news. A acusação envolveu ainda o professor de geografia da USP, o climatologista Ricardo Augusto Felício, e fomos classificados como "negacionistas". O jornal, em matéria jornalística de serviços ao leitor, na coluna "Estadão verifica", através de uma jornalista, leu e interpretou um post publicado neste blog, sobre a condenação de um climatologista americano, Michael Mann, autor principal do gráfico conhecido como "Taco de hóquei", adotado pelo IPCC como uma das "provas científicas" do propalado "aquecimento global", e que tem como base uma hipótese construída nos século XIX, que nunca foi comprovada cientificamente, de que os chamados gases de efeito estufa (GEE), emitidos pela atividades humanas, seriam a causa do aquecimento do planeta.

Por discordar da "opinião" do jornal, manifestada em uma reportagem, e não em um editorial, este blogueiro, jornalista Richard Jakubaszko, e o professor Ricardo Felício, redigiram esta resposta através do blog, independentemente de possíveis ações judiciais a serem impetradas contra o jornal, por causa de sua engajada luta ambientalista na atuação daquilo que chamamos de "a maior mentira do século XXI", fato que traz para gerações de jovens contemporâneos uma terrível e perversa negatividade, ao desacreditar de um futuro, ao destruir sonhos, e a não crer em absolutamente nada. Por desacreditarmos dessa farsa, e dos entendimentos dos ambientalistas, alinhados com os pensamentos do IPCC, órgão da ONU, que possui interesses políticos, econômicos e geopolíticos, redigimos esta resposta.

Aqui a crítica do Estadão:
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/negacionista-do-clima-divulga-informacoes-falsas-sobre-processo-de-difamacao-no-canada/
 

No vídeo abaixo, um manifesto de um dos principais cientistas da atualidade, o professor emérito do MIT, o climatologista Richard Lindzen,  ex-signatário do relatório IV do IPCC, de 2007, documento que acusava a humanidade de provocar o aquecimento com a emissão de GEE através de suas atividades. Lindzen teve de entrar na Justiça para retirar seu nome como signatário do malfadado relatório do IPCC. Assim como Lindzen, outros 2.000 cientistas também retiraram seus nomes, como explicamos no texto abaixo, comprovando que a opinião do "Estadão verifica" faz parte de um jornalismo engajado na questão ambiental, pois, conforme informa o jornal, é mentira que "97% dos cientistas do planeta tenham um consenso sobre o aquecimento".
 

Texto integral (em vermelho) publicado pelo jornal O Estado de São Paulo:

Negacionista do clima divulga informações falsas sobre processo de difamação no Canadá

Alessandra Monerat

06 de fevereiro de 2020

Postagem no Facebook distorce sentenças para dar ideia de que cientistas cometeram 'fraude'.

Não é verdade que um tribunal do Canadá tenha condenado cientistas responsáveis por comprovar a influência humana no aumento de temperatura do planeta. A informação enganosa foi divulgada pela página de um professor da Universidade de São Paulo (USP) conhecido por ser negacionista do aquecimento global.

Uma publicação de Ricardo Felício, que cita os blogs “Blasfemias.net” e “Richard Jakubaszko”, alega que um tribunal do Estado canadense da Colúmbia Britânica teria condenado dois cientistas que atestam a influência humana nas mudanças climáticas, em favor do negacionista do clima Tim Ball. O post sugere que a corte teria exposto a “farsa” dos estudos sobre mudanças climáticas. Nada disso é verdade — nenhum dos processos dizia respeito à veracidade dos estudos sobre aquecimento global.

O primeiro caso citado é uma ação de difamação movida por Andrew Weaver, professor da Universidade de Victoria, no Canadá, contra Ball, professor na Universidade de Winnipeg, no mesmo país. Weaver é colaborador do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), órgão ligado às Nações Unidas (ONU).

Weaver reclamava de um artigo em que Ball questionava os estudos científicos do IPCC e a conclusão de que a liberação de gases de efeito estufa por atividades humanas acelerou o aquecimento do planeta.

Em 2018, a Suprema Corte da Colúmbia Britânica decidiu arquivar o processo. A argumentação do juiz era que o artigo escrito pelo negacionista do clima era tão absurdo que não ameaçava a honra de Weaver.

“O artigo é mal escrito e não mostra argumentos críveis a respeito da teoria do dr. Ball”, disse o juiz Ronald Skoolrod. “Uma pessoa racional e bem informada que ler o artigo dificilmente acreditará na visão do dr. Ball.”

O segundo caso citado no post de Ricardo Felício é outra ação de difamação, movida por Michael Mann, professor da Universidade Penn State, contra Ball.

O negacionista do clima disse em entrevista a um site que Mann deveria estar na cadeia. O site posteriormente publicou um pedido de desculpas ao cientista.

Mann também é colaborador do IPCC e um dos autores do gráfico “taco de hóquei” — que mostra que a temperatura da Terra aumentou significativamente a partir do século XX.

A ação de Mann contra Ball também foi arquivada pela Suprema Corte da Colúmbia Britânica, em 2019. Mas o motivo não tem nada a ver com a validade dos estudos de Mann. Na verdade, o juiz Christopher Giaschi argumentou que muito tempo havia se passado desde o início do processo (em 2011). Além disso, o magistrado disse que as duas partes já tinham mais de 80 anos e que Ball estava mal de saúde.

Giaschi também afirma que a decisão não se refere às diferenças de opinião entre Mann e Ball e que as duas partes apresentaram uma quantidade excessiva de evidências à corte.

Múltiplos estudos mostram que há consenso de 97% entre cientistas do clima sobre a interferência humana no processo de mudanças climáticas — isto é, a maioria concorda que o aumento de temperatura no planeta ocorre por causa de atividades humanas.

Além disso, a maioria das entidades científicas internacionais endossam (sic) essa posição.


O post em meu blog, sobre a condenação de Michael Mann, está neste link, que o leitor julgue quem praticou uma fake news, se eu, o prof. Ricardo Felício ou o jornal Estadão: https://richardjakubaszko.blogspot.com/2020/01/tribunal-do-canada-condena-falsificador.html

RESPOSTA AO "Estadão verifica"
O jornal O Estado de São Paulo fez o comentário acima (grafado em vermelho) sobre fake news para atacar de forma ridícula um professor da USP – Ricardo Felício – que havia repercutido um post de meu blog e do blog blasfêmias.net de Portugal, o qual eu também usei partes do mesmo para a publicação, e por isso fui citado no jornal.

Errou o Estadão, não foi uma fake news, nem minha, nem do prof. Ricardo, nem do Blasfêmias, ao contrário do que afirma a matéria assinada pela jornalista Alessandra Monerat, que pratica, desta forma, um jornalismo de baixa qualidade, porque interpretativo e opinativo, além de engajado.

Como explica o resumo do juiz Christopher Giaschi, que eu traduzi e publiquei em meu blog, a condenação de Michael Mann deve-se ao fato de que durante 10 anos do processo o juiz e os réus solicitaram os dados primários usados por Mann no gráfico em questão, e este não os forneceu, afirmando serem dados pessoais. Ora, dados de medições de temperatura de um milênio são dados privados?


O que os réus desejavam era provar que os dados do famoso gráfico apelidado de “Taco de hóquei” são falsos, mesmo sendo aceito pelos membros do IPCC. E Mann negou-se a fornecer os dados, para não ser desmascarado. Como os réus estavam sendo processados por “injúria e difamação” (Tim Ball e outros), Mann escondeu-se atrás dos advogados. O juiz interpelou os advogados, e estes afirmaram estar “muito ocupados” com outras atividades. Então o juiz Christopher Giaschi informou aos advogados que iria reduzir a carga de trabalho deles, e deu ganho de causa a Ball, que era o réu, porque o acusador negava-se a fornecer os dados primários, e condenou-o a pagar custas judiciais (cerca de US$ 700 mil), e ainda acrescentou que aquele juizado não era o palco ou local para discussões científicas. Na verdade, o juiz mandou arquivar o caso. E comentou ainda que as discussões científicas devem ser feitas em locais apropriados, e não na Justiça. Ou seja, os ambientalistas vinculados ao IPCC mentiram, conforme demonstra a enorme polêmica anteriormente comprovada, da falsificação pelos e-mails vazados da East Anglia University (Inglaterra, 2009), dos dados que foram uma das bases de “provas” usadas por Michael Mann.

Agora, o Estadão faz um jornalismo de terceira categoria, chama o réu, a mim e ao professor Ricardo Felício, de “negacionistas”, sem usar o mesmo critério subjetivo com Mann, pois deveria tê-lo chamado de “biodesagradável”, ou “ecochato”, e, pelo menos, deveria ter investigado um pouco mais sobre o polêmico gráfico “Taco de Hóquei”, que não é aceito pela maioria dos cientistas como afirma de forma mentirosa o jornal, justamente por desaparecer com o Optimum Climático Medieval e a Pequena Era do Gelo, períodos já bastante confirmados pela ciência climática. Tampouco o tema é consenso, pois 97%, citado pelo jornal, é um dado estatístico sem fundamento(!!!) entre cientistas. Portanto, é uma fake news!!!


Aliás, ciência não tem consenso, e o juiz Giaschi reafirma isso, socorrendo-se de uma emenda da constituição de seu país. Essa é uma das explicações para os protestos de 2 mil cientistas entre os 2.500 que assinaram o Relatório IV do IPCC em 2007, e depois pediram a retirada de seus nomes como signatários do referido Relatório IV. Permaneceram signatários apenas 500, a maioria deles de “não cientistas e representantes de ONGs” do malfadado relatório, onde está o tal gráfico apelidado de ”Taco de Hóquei”, conforme expliquei na postagem em meu blog. Alguns cientistas, como o professor emérito do MIT, o climatologista Richard Lindzen recorreram à Justiça dos EUA para retirar seu nome. É bom lembrar que ser um professor emérito do MIT não é pouca coisa, mas ele é um cético da mentira do aquecimento. Lindzen colocou sua contestação no Relatório IV, que tinha 3 mil páginas, mas no sumário executivo, de 20 e poucas páginas, as observações dele desapareceram, assim como a de outros. O engenheiro agrônomo Odo Primavesi, hoje aposentado da Embrapa, foi um dos signatários, e também pediu a retirada de seu nome como signatário. Depois, em 2015 e em 2019, Primavesi foi um dos coautores da 1ª e da 2ª edição do livro "CO2 aquecimento e mudanças climáticas: estão nos enganando?", onde explica as razões de sua saída do quadro de cientistas revisores do IPCC.

O título de minha postagem é condizente com Michael Mann, pois é assim que ele é conhecido na comunidade, que é chamada pelos opositores ambientalistas de forma canalha de “negacionista” do aquecimento. Esta é a maior mentira do século XXI. Aliás, nem o próprio IPCC acredita nisso, pois alteraram o nome do órgão para “mudanças climáticas”, sutileza não percebida pela quase totalidade da mídia internacional, e o Estadão alinhado.

Demorei 12 anos estudando essas questões do clima, e demonstro item por item no livro “CO2 aquecimento e mudanças climáticas: estão nos enganando?”, obra que escrevi em 4 anos, sobre as manipulações políticas do grupo ligado ao IPCC, dos interesses geopolíticos de diversas nações, além dos interesses econômicos de empresas produtoras de energia elétrica, notadamente aquelas vinculadas à energia nuclear (eficientes, mas caras e perigosas), e das empresas produtoras de energia eólica e solar (ineficientes e caras) que apenas pegaram carona nessa briga de gigantes contra o carvão como fonte produtora de energia elétrica no Hemisfério Norte. Só aos nortistas interessa essa questão, na medida em que não possuem rios para produzir hidroeletricidade, a mais limpa, confiável e barata fonte de energia elétrica do planeta. O marketing do IPCC é um assassinato de reputação contra o CO2, o gás da vida, é um marketing viral que apenas a mídia dá crédito, os cientistas, de forma geral, especialmente os céticos, não metem suas opiniões no assunto pelo receio de serem perseguidos, como tem sido o professor Ricardo Felício dentro da USP, e inúmeros outros cientistas mundo afora e Brasil adentro.

O jornal Estadão escalou alguém aprendiz de jornalismo para cravar minha postagem, e também a do professor Ricardo Felício, como publicadores de “fake news”, que deturpa a verdade e distorce os fatos, e isso não é jornalismo. Com este ato vil, conseguiu prejudicar as atividades de divulgação de Felício em suas redes sociais, além de notificar cada uma das mais de 1.000 pessoas que compartilharam a notícia através da página dele no Facebook, de que a notícia era falsa, travestindo-se como donos da verdade e acusando-o de falsificador, por propagar notícias que a própria jornalista julga falsas, sem nenhum critério, e pior, sem nenhuma legitimidade de autoridade, pois faz exatamente como o IPCC: declara-se unilateralmente autoridade sobre o assunto. Se o jornal acredita na mentira do aquecimento e das mudanças climáticas, que o faça nos seus editoriais, não em reportagens ou na prestação de serviços ao leitor. Faz mais de 15 anos que não leio o jornal, pois cancelei minha assinatura, devido às fake news sobre política partidária e economia chapa branca que o jornal publica cotidianamente, e nos últimos anos também sobre o clima.

Ciência não tem “dono da verdade”’, como afirma o juiz Giaschi em sua sentença, e como registram todas as academias de ciência em todo o mundo. Mas o Estadão tem opinião própria sobre o assunto, e xinga os céticos de “negacionistas”, uma ofensa grave, como se fossem adoradores do coisa ruim, ou de contestadores dos grandes holocaustos humanos, ou terraplanistas, ou mesmo contra o uso de vacinas. O jornal Estadão, desta forma, censura previamente cientistas céticos do aquecimento. É assim que se faz um “assassinato de reputação”, e é o que se tem praticado na mídia brasileira. No caso em questão, praticou censura de forma clara e aproveitou-se da própria falta de habilidade com análise de semântica de um título para se promover às custas da reputação de um professor da USP que tem simplesmente exposto os fatos, com ajuda de diversos outros pesquisadores e divulgadores da boa ciência, nacionais e estrangeiros. Estão com medo, porque as pessoas estão acordando para esse embuste, aumentando cada vez mais o número de pessoas que questionam o por quê precisam mudar toda a sua vida por causa de um “clima global” que ninguém mostrou ser real. Como a pesquisadora Judity Curry diz, "a carroça vem na frente do cavalo". Faz mais de 32 anos que essa mentira do aquecimento está nas manchetes dos jornais. Misturam clima com meio ambiente, e espalham terrorismo.

Ciência não tem consenso, isto é coisa de políticos. Ciência é dinâmica, é feita tijolo a tijolo como se fosse uma construção de grande porte, por isso precisa de contestação, e de contraponto. A hipótese do aquecimento é só uma hipótese, não tem o status de teoria, e jamais alcançará o degrau de lei, o tempo irá comprovar essa mentira. A Teoria da Relatividade de Einstein ainda não é lei, como a de Newton, sobre a gravidade. Mas os jornais tratam a hipótese do aquecimento como se fosse lei, o que é um absurdo em se tratando de um jornal centenário que tem a pretensão de ser o porta-voz da opinião pública. Não é, é apenas porta-voz de interesses econômicos e políticos, que aderiu à essa mentira neurótica de que o mundo vai acabar pelo aquecimento, e que desmotiva milhões de jovens que não acreditam em mais nada.

Sou jornalista há mais de 50 anos, e jamais vi nada igual em termos de imprensa engajada. Mas até recentemente os jornais tinham dignidade, davam direito de resposta, mas aprenderam com as TVs de que isso é só um desiderato dos manuais de redação. Empurram, desta forma, qualquer assunto para a categoria do "politicamente correto", jogam a sujeira para debaixo do tapete, esquecem que as pessoas têm dignidade e lutam pela verdade. Como recentemente definiu um grupo de estudantes da Universidade de Berkeley, politicamente correto é: "pegar um pedacinho de merda pela parte mais limpinha da coisa".

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• Análise sintática:

Oração, frase, período: Tribunal do Canadá condena falsificador do "aquecimento global"

Sujeito (agente): Tribunal do Canadá (tribunal - núcleo do sujeito; do Canadá - adjunto ad nominal)

Verbo Transitivo Direto: condena

Objeto Direto (paciente): falsificador do "aquecimento global" (falsificador - núcleo do objeto direto; do "aquecimento global" - adjunto ad nominal)

• Análise semântica (que a jornalista do Estadão não fez):

Fato explícito na oração: O Tribunal do Canadá condenou um falsificador do aquecimento global.

A oração (título da notícia) deixa claro que um falsificador do aquecimento global foi condenado? Sim!

A oração afirma que alguém foi condenado pela falsificação do aquecimento global? Não!

Alguém pode ter sido condenado pela falsificação do aquecimento global? Sim. Mas são necessárias outras informações para descobrir.

Há outras informações disponíveis além da oração citada? Sim!

A leitura dessas informações esclarece o motivo da condenação? Sim!

Após a leitura das informações, entende-se que a condenação foi pela falsificação do aquecimento global? Não!

Isso quer dizer que o condenado não falsificou o aquecimento global? Não!

Há informações reais que mostram que as informações que o condenado utiliza para justificar o aquecimento global estão erradas? Há sim!

Os dados que o condenado utiliza para comprovar o aquecimento global foram analisados pelo Tribunal? Não!

Por que? Porque o advogado do condenado alegou "direito de propriedade intelectual" para não revelar a base de dados e o processo foi adiado por mais de 10 anos, até ser finalizado por não cumprimento de prazos.

Dessa forma, o condenado deixa de ser um falsificador do aquecimento global? Não. Apenas não foi condenado por isso, ainda. Mas foi condenado por motivos que envolvem a discussão do aquecimento global e céticos do AGA.

De acordo com a análise semântica, o título da notícia é incorreto ou falso? Não.

O que leva alguém classificá-lo como informação falsa? Não estudar Português, ter problemas cognitivos ou fazer isso de propósito para denegrir a imagem de alguém, sendo esta uma atitude que beira a má-fé.


-.-.-.-.

PS. O original deste post foi enviado por e-mail ao jornalista Daniel Bramatti, editor do "Estadão Verifica", em 13 de fevereiro 2020, mas o mesmo não se dignou a responder, nem tampouco publicou nossa resposta.

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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Áreas de agricultura, de floresta e áreas protegidas no Brasil

Richard Jakubaszko  
Palestra do engenheiro agrônomo Evaristo de Miranda, Chefe Geral da Embrapa Territorial (Evaristo é doutor em Ecologia), que mostra a realidade do Brasil em termos de agricultura, meio ambiente e políticas de conservação florestal e atribuição e uso da terra. 

Como se poderá observar, fala-se e escreve-se muita bobagem na mídia brasileira e internacional sobre a agricultura brasileira, a Amazônia e o meio ambiente.


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terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Um Nobel para o Brasil

Roberto Rodrigues *
Em 1970, o grande engenheiro agrônomo norte-americano Norman Bourlaug ganhou o prêmio Nobel da Paz por sua inestimável contribuição para o aumento da produção de alimentos nos países em desenvolvimento: multiplicou por 5 a produtividade do trigo no México e em países africanos. Seus conterrâneos calcularam que isso havia salvo da fome um bilhão de pessoas. Sabendo que não haveria paz onde houvesse fome, a Academia do Nobel conferiu a Bourlaug, com toda justiça, aquele galardão.

Foi a última vez que o Nobel da Paz teve uma conexão direta com a atividade rural. E já se passaram 50 anos!

Desde então, a agropecuária e o agronegócio tiveram um desenvolvimento espetacular em todo o mundo, mas em especial nos países tropicais, entre os quais se destacou o Brasil. Quando Bourlaug recebeu seu prêmio, o Brasil importava 30% dos alimentos que consumia, desde o feijão até o leite, passando por carne, trigo e mesmo arroz. Em 1976, produzíamos 47 milhões de toneladas de grãos e hoje, 242 milhões. A produção das carnes (bovinos, aves e suínos) era de 2,7 milhões de toneladas e hoje é de 28,7 milhões. E o Brasil se transformou desde então em um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo, levando segurança alimentar para bem mais de um bilhão de pessoas.

Claro que isso se deve aos avanços tecnológicos extraordinários, ao empreendedorismo dos nossos produtores rurais e a algumas políticas públicas que se sucederam desde então.

Mas sempre tem alguém que inspira e aponta o caminho em evoluções tão impressionantes.

E nós temos um gigantesco herói nesse processo: um engenheiro agrônomo mineiro que comandou a maior revolução tropical agrícola da história. Chama-se Alysson Paolinelli e é impossível contar sua saga no espaço de um artigo.

Paolinelli era o jovem Diretor da Escola Superior de Agricultura de Lavras, Minas Gerais, quando foi convidado pelo Governador Rondon Pacheco para ser Secretário de Agricultura de seu estado. Lá organizou o sistema de pesquisa agropecuária e de extensão rural com resultados tão rápidos que chamou a atenção do Presidente Ernesto Geisel e este o convocou para assumir o Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil. Daí em diante desfraldou com coragem a bandeira da autossuficiência alimentar brasileira, a partir da montagem da Embrapa onde, liderando uma equipe brilhante, partiu para a conquista do cerrado brasileiro.

Criou o Prodecer - Programa de Desenvolvimento do Cerrado, numa parceria entre os governos do Brasil e do Japão. Para esse empreendimento gigantesco, Paolinelli chamou as cooperativas agropecuárias do sul e do sudeste, e dessa maneira trouxe os pequenos produtores profissionais daquelas regiões. Com a tecnologia tropicalizada pelos técnicos da Embrapa que Paolinelli e seus companheiros tinham enviado para fora a estudar as rotas tecnológicas mais modernas, o cerrado explodiu em produção e produtividade, atraindo investidores de outras regiões do país. A soja, a bracchiaria e o zebu foram a ponta de lança dessa conquista e atrás dela vieram o milho e a produção de frangos e suínos, o café, a cana de açúcar, o algodão e as frutas.

Paolinelli também criou o Polocentro para estimular ainda mais a região central, e participou do Proalcool, maior programa mundial de alternativa ao petróleo cujos preços tinham aumentado muito nos anos anteriores. Montou programas de irrigação em grande escala no Nordeste e no Sudeste, viabilizando produções intensivas, sempre apoiando o agricultor.

Depois que saiu do governo, seguiu sua missão: foi Deputado Federal Constituinte e teve papel central na criação da Frente Parlamentar da Agricultura, que emplacou na Constituição de 1988 a novidade da Lei Agrícola. Foi presidente da CNA, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, modernizando a instituição que tem a representação legal do setor, e aí ajudou a criar e a liderar a Frente Ampla da Agropecuária Brasileira que tantas conquistas trouxe ao campo.

Como produtor rural, aplicou a integração Lavoura Pecuária Floresta desenvolvida pela Embrapa e impulsionou esse programa em 2005.

Hoje preside a Associação Brasileira de Produtores de Milho e o Fórum do Futuro, onde estuda os nossos Biomas, convencido de que a sustentabilidade da produção é a base da competitividade e será obtida com as tecnologias disruptivas.

Professor admirado, conferencista emérito, conselheiro de empresas e instituições, consultor global, Paolinelli tem um legado imensurável na transformação do Brasil na grande potência mundial do agronegócio, e no papel do país na alimentação de pessoas no mundo todo. Isso faz dele o maior brasileiro vivo.

Paolinelli segue batalhando para acabar com a fome, em busca da paz universal. Nada mais correto, então, do que este ilustre brasileiro receber o Nobel da Paz. É tempo de trabalhar por esse merecido troféu.

* Coordena o Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas, foi ministro da Agricultura.


NOTA DO BLOGUEIRO: 
Quem deseja votar acesse: http://chng.it/F4ZtJtkv
 


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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Morre Pachauri, ex-presidente do IPCC

Richard Jakubaszko 

O indiano Rajendra Pachauri, ex-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, morreu aos 79 anos, anunciou a sua família. Pachauri faleceu na quinta-feira (13) em um hospital de Nova Délhi, onde foi submetido a uma cirurgia cardíaca no início da semana.
Rajendra Pachauri era formado em engenharia e economia.
Durante décadas, o indiano foi manchete na mídia por sua atuação sobre o "aquecimento global", incluindo a direção do IPCC. O IPCC recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2007 sob sua presidência. Ao premiar o IPCC, presidido então por Pachauri, o Nobel homenageou ainda ao seu lado o ex-vice-presidente americano Al Gore  por seu trabalho sobre o clima. O Comitê do Prêmio Nobel destacou a maneira como o IPCC "determinou as bases para as medidas urgentes contra a mudança".


O fim da vida de
Pachauri foi marcado por suspeitas de agressão sexual e corrupção. Ele foi objeto de um processo judicial na Índia com acusações de uma ex-colega, ato que Pachauri sempre negou, mas o obrigara a renunciar à presidência do IPCC, em 2015. Pachauri foi ainda acusado de diversos atos de corrupção pela justiça da Índia.

A Índia é um dos países, ao lado dos EUA, China, Rússia, Canadá e Japão, que não assinaram o Acordo Ambiental de Paris, na COP2.

Os céticos do aquecimento, entre os quais me incluo, não lamentaram a morte de Pachauri. Os céticos também não comemoraram, pois Pachauri não tinha mais voz ativa entre seus ex-parceiros do IPCC. Pachauri foi citado várias vezes em meu livro "CO2 aquecimento e mudanças climáticas: estão nos enganando?", sempre acompanhado de críticas.

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domingo, 16 de fevereiro de 2020

Jornalista deve indenizar médico que se sentiu ofendido

Richard Jakubaszko   
Nome de profissional foi citado em quadro humorístico de programa de rádio

Um ginecologista que foi mencionado em um programa da rádio BandNews e em textos na Folha de S.Paulo como inspiração para uma piada devido ao seu nome, profissão e local onde mantém consultório, e receberá R$ 30 mil por danos morais.

 
A condenação envolve os jornalistas José Simão e Ricardo Boechat (falecido em fevereiro de 2019), a Folha da Manhã S.A. e a Rádio e Televisão Bandeirantes S.A. A 1ª Turma Recursal de Varginha reformou decisão do Juizado Especial da comarca, que entendeu que inibir a divulgação seria afrontar o princípio constitucional da liberdade de expressão.

 
Os juízes Fernanda Machado de Moura Leite, Reginaldo Mikio Nakajima e Flávio Junqueira Silva condenaram os profissionais e as empresas a indenizar o médico Ob Tavares por terem utilizado o prenome dele sem autorização e de forma ofensiva, desrespeitosa e jocosa, manchando sua honra e reputação.

Além disso, a turma acolheu o pedido do profissional para determinar a retirada das referências danosas, impedir a veiculação do conteúdo nos veículos de comunicação citados e ordenar que seja providenciada uma retratação em 15 dias.

 
Piadas
O médico ajuizou ação contra os veículos de comunicação pleiteando indenização por danos morais sob o argumento de que os jornalistas utilizaram seu nome para associar a profissão de médico ginecologista a um tipo de absorvente íntimo.

 
Segundo o autor da ação, eles também se utilizaram do nome do bairro onde fica seu consultório, Vila Pinto, e o nome da cidade de Varginha para fazer piadas relacionadas aos órgãos genitais masculino e feminino. O juiz não acatou tais pedidos, o que provocou o recurso por parte do médico.

 
A turma recursal modificou a decisão, sob o fundamento de que a conduta de José Simão, que monta o quadro “Os predestinados” apoiando-se sobre dados pessoais e profissionais de indivíduos, extrapolou os limites que contornam um quadro humorístico.

 
Nota do blogueiro:
Recebi o texto acima enviado pela assessoria de imprensa do TJMG, e reproduzi sem acréscimos ou cortes.

Para o médico um aviso, uma recomendação e uma dica: aumentou a audiência, repercutiu ainda mais a piada do Zé Simão, afinal, com o nome que tem, sendo ginecologista, consultório na Vila Pinto, e em Varginha, vira tudo piada. Recomendo ao médico trocar de bairro, algo como qualquer bairro com nome de santo ou de santa, em Varginha deve ter, mas evite Vila Santa Madalena, porque pode pegar mal, e a dica, troque de nome, afinal, você não tem culpa das besteiras do seu pai, que nunca foi o príncipe Charles, que dizia para a amante que sonhava em ser o Ob dela.

Definitivamente, o Brasil é o país da piada pronta, como diz o colega Zé Simão.


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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Ansiedade, um dos grandes males modernos

Richard Jakubaszko   
Os sintomas são a inquietude, irritabilidade, o emocional fora de controle. Em verdade, uns são mais ansiosos do que outros, mas no fundo a grande e maioria da gente moderna é ansiosa, e isso depende do dia, do momento e do assunto... Os ansiosos crônicos sobrevivem, os que estão em estado agudo suicidam-se lentamente.
No link a história da humanidade, em outro meme antológico sobre a ansiedade: https://richardjakubaszko.blogspot.com/2019/12/ansiolitico.html 
  



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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Leis Universais

Richard Jakubaszko 
Podemos discutir a existência de Deus, ou de um Criador do Universo, em confronto ao Big Bang. Cada um chega às suas próprias conclusões, conforme suas próprias premissas. Não há, entretanto, como negar a assinatura do Criador nas Leis Universais, pois são leis que conhecemos, entendemos, mas não podemos alterar ou copiar. Essas leis são eternas. E não existem coincidências.

As Leis do Criador são simples e elementares, grosso modo seguem aquilo que chamamos de 3 em 1, assim como Pai, Filho e Espírito Santo, ou seja, 3 em 1.

O Criador determinou o tempo, e que são o passado, presente e futuro, 3 em 1.
Tudo que existe é 3 em 1, ou seja, sólido, líquido ou gasoso. 
Tudo na vida é 3 em 1, ou seja, animal, vegetal ou mineral.
Tudo se resume a altura, largura e profundidade, outro 3 em 1.
Tudo nasce, vive e morre, 3 em 1.
A base da vida são os prótons, nêutrons e elétrons, 3 em 1.
Música é matemática, e nela você encontra melodia, harmonia e ritmo, 3 em 1.
A vida é 3 em 1 para ser gerada, seu pai, sua mãe e você...

Podemos contestar, porque não entendemos, apenas imaginamos como é Deus, ou o Criador, mas Ele é 3 em 1 também: onipresente, onisciente e onipotente. O filósofo grego Epicuro bem que tentou, mas não convenceu a todos quando estabeleceu causa e casualidade em sua regra de que um anulava os outros dois pressupostos do Criador, tendo por premissa que o mal deve ser exterminado.

Epicuro determinava a falibilidade Divina ao dizer que, se o mal é o principal a ser combatido, questionava ele, e se o Criador, por ser onipresente e onisciente não o exterminava, não seria, portanto, onipotente. Ora, mas a premissa pode estar equivocada, não é verdade? Quem foi que disse que o mal deve ser exterminado? O Criador, ao nos atribuir "livre arbítrio", deixou claro que o mal pode estar presente em todos os nossos atos.

Encontrei num site na Internet o texto que reproduzo abaixo, onde se debate academicamente a teologia sobre a existência de Deus. Achei interessante o formato da discussão, em complemento ao colocado acima.

As Leis da Natureza
Chamemos Leis da Natureza (Leis Naturais, Leis do Universo, Leis Universais) as leis segundo as quais o Universo funciona.

Deve-se destacar que uma Lei da Natureza é uma descrição da realidade, é a descrição de como a natureza se comporta.

O que nos interessa aqui são as consequências da existência dessas leis; a definição do que constitui uma lei e qual sua natureza é objeto da metafísica e não nos interessa aqui.

Neste texto os termos Natureza e Universo são sinônimos e significam: tudo o que existe. E as conclusões deste texto baseiam-se em dois fatos:

I) o Universo existe;

II) as Leis da Natureza existem e determinam como o Universo se comporta;

Verifica-se que as Leis da Natureza possuem algumas propriedades.

As Leis da Natureza:
1) funcionam da mesma maneira em qualquer local do universo e em qualquer tempo. (Princípio da Universalidade);

2) são absolutas (nada no universo as afeta). (Princípio do Absolutismo);

3) são estáveis (não se alteram com o tempo, nem podem ser alteradas). (Princípio da Estabilidade);

4) são onipotentes (tudo no universo está aparentemente sujeito a elas)
(Princípio da Onipotência);

5) são objetivas (podem ser demonstradas por qualquer um, produzindo sempre os mesmos resultados sob as mesmas condições). (Princípio da Objetividade);

Consequências Imediatas

a) da existência do Universo e das Leis da Natureza
Pode-se duvidar da existência de deus, mas não se pode duvidar da existência do Universo nem da existência das Leis da Natureza. Esse é um detalhe extremamente significativo, pois indica a real prioridade das entidades. O conceito de deus não existe sem nós e, portanto, só existe nas nossas mentes; o Universo e suas leis já existiam antes de nós e continuarão a existir depois que nós não mais existirmos. O conceito de deus depende de nós, é relativo; o Universo e suas leis não dependem de nós. A dificuldade em se provar a existência de deus provavelmente reside no fato de que, na verdade, não se esteja tentando provar a existência de deus, mas do deus que imaginamos, ou seja, do nosso conceito de deus, e é justamente esse conceito que não encontra respaldo na Natureza. Tentar descobrir se deus existe é diferente de tentar provar que deus, como o imaginamos, existe.

b) da universalidade das Leis da Natureza
Se as Leis da Natureza funcionam da mesma maneira em qualquer local do universo e em qualquer tempo, então o Universo é previsível quando se conhecem todas suas leis – não é o nosso caso; conhecendo-se parcialmente as leis faz com que o Universo seja parcialmente previsível para nós, ou estatisticamente previsível.

Em princípio tudo se desenrola pela lei da causalidade (causa e efeito), mas a complexa interação de eventos e influência destes entre si produz entrelaçamentos de cadeias de eventos numa sucessão pseudo-aleatória (que nos dá a impressão de ser aleatória) e que pode ser alterada pela vontade. A vontade pode gerar novos eventos e alterar a sequência dos eventos já em curso.

c) do absolutismo das Leis da Natureza
1+1=2 é uma verdade absoluta, acreditar noutro resultado não afeta a realidade – a fé não move montanhas; rezar, pedir (com intuito de comover aos deuses) não altera a realidade; oferecer sacrifícios, orações, promessas (com intuito de subornar aos deuses) não altera a realidade; entretanto, é possível alterar-se a realidade fazendo-se uso das próprias Leis da Natureza, como por exemplo, o efeito placebo – a crença na melhora causando a melhora é um fenômeno que está dentro do escopo do que é permitido pelas Leis da Natureza.

d) da estabilidade das Leis da Natureza
No momento seguinte ao Big Bang formaram-se as Leis Naturais, uma das primeiras é a Gravidade, e elas continuam valendo, e nada há que indique que isso se alterará. Deve-se notar que, se as leis naturais puderem se alterar com o tempo, isto também será uma lei natural e estará previsto no código do universo.

e) da onipotência das Leis da Natureza
A gravidade vale para todos que resolverem pular de um edifício de 50 andares, tanto Adolf Hitler quanto Jesus iriam igualmente se estatelar no chão, não existem indivíduos protegidos que sejam imunes a ela, não existem favorecidos, não adianta rezar para não cair, crer que não irá cair será inútil; e ninguém pode se recusar a obedecer a lei da gravidade. Deve-se notar que ao usar um paraquedas ou uma asa delta, por exemplo, estamos utilizando outras leis naturais que nos possibilitam não cair – é permitido simplesmente porque é possível. Também não existem seres privilegiados que possuam “super-poderes”.

f) da objetividade das Leis da Natureza
Qualquer pessoa pode, em casa, fazer um experimento de eletrólise da água, separando-a nos seus componentes oxigênio e hidrogênio, não é preciso crer nem ter fé nem é necessário possuir poderes especiais, não é preciso seguir uma religião nem ser “abençoado” (seja lá o que isso signifique) nem receber uma revelação divina. As Leis da Natureza podem ser descobertas, comprovadas e utilizadas por qualquer um, em princípio.

Outras Consequências

A) Justiça
As Leis da Natureza são demonstráveis por todos, são válidas e iguais para tudo e todos, sem exceções, em qualquer lugar e em qualquer tempo, isso é o mais próximo que se pode chegar de uma Justiça – ou em outras palavras, essa é a única justiça que pode existir. Porém a justiça na qual gostamos de acreditar, aquela das iguais oportunidades para todos, não existe: povos que descobrem as Leis da Natureza levam vantagem sobre os que não as descobrem, pois entendem melhor o mundo, podem manipulá-lo e prever acontecimentos.

B) O Pecado
Qual ação seria mais digna de um Deus onipotente: criar leis que coordenam o Universo inteiro e nada pode desafiá-las, ou criar tolas leis com a única finalidade de reger o comportamento de uma espécie de primatas que vivem num planetinha qualquer e que podem ser desobedecidas por qualquer um?

Pecado, por definição, é a transgressão de preceitos religiosos, é desobedecer às leis divinas. Se deus não existe então não existe pecado. Se deus existe, então as Leis da Natureza são as verdadeiras leis de deus. Nada nem ninguém pode desafiar ou desobedecer as Leis da Natureza, logo o pecado não pode existir por ser algo impossível. Assim, se deus existe então o pecado não existe. Portanto, independentemente da existência de deus, o pecado não existe.

C) O Sobrenatural
Nem todas as Leis da Natureza são conhecidas pelo homem, assim a existência de fenômenos ainda não explicados dá margem a crenças no sobrenatural; porém a situação de não-conhecimento é temporária;

tudo pode ser explicado pelas Leis da Natureza, apenas ainda não conhecemos todas elas. Nada poderia estar acima das Leis da Natureza, pois isso violaria suas propriedades e portanto nada é sobrenatural, ou seja, tudo é natural. Ainda que existissem fantasmas e telepatia, seriam coisas naturais.

D) Milagres
Milagres, por definição, são eventos que violam as leis da natureza – não fosse assim não seriam milagres, seriam eventos comuns. Porém, como se pode pensar num deus que criou leis invioláveis, mas que ele próprio viola eventual e arbitrariamente? Violar as leis da natureza produziria injustiças que para serem corrigidas se deveria voltar a violar outras leis produzindo ainda mais injustiças e assim por diante numa cadeia que deveria retroceder e reiniciar Universo numa nova sequência de eventos todos controlados pelo deus onipotente e assim livres de injustiças e imperfeições. Mas não pode ser feito ou assim já seria.

A necessidade de crença num deus que viola as leis da natureza surge numa tentativa de conciliar a incontestável existência dessas leis com o desejo de acreditar num deus onipotente e capaz de realizar milagres quando precisamos de um. Um deus onipotente, porém corruptível e a nosso serviço.

Supondo que deus exista e tenha criado o Universo, pode-se dizer que ele era onipotente antes da criação, podia ter criado o Universo como bem entendesse; uma vez criado o Universo como é, com leis estabelecidas, nem mesmo ele pode violar essas leis – não é mais onipotente. Se esta conclusão parecer absurda, deve-se lembrar que ela parte da premissa acima (supondo que deus exista e tenha criado o Universo) – portanto, ou a conclusão é absurda ou a premissa o é.

E) Impessoalidade do Universo
Das propriedades das Leis da Natureza vê-se que essas leis são impessoais e, portanto, o Universo também o é; assim, se deus existe, ele só pode ser impessoal. Do ponto de vista da psicologia humana essa é uma das conclusões mais difíceis de se aceitar – o ser humano, devido às suas limitações, gosta de imaginar um deus pessoal que o ouve, o compreende, atende seus pedidos, pune, ensina, ama.

F) Moral
A moral é simplesmente um conjunto de regras de convivência social, um código de conduta que viabiliza a vida em sociedade, um conceito exclusivamente humano sem qualquer significado para o Universo. De fato não há nada nas Leis da Natureza que faça qualquer referência a uma moral absoluta – o Universo é amoral e se deus existe também deverá sê-lo. Neste contexto a Bíblia é obviamente uma criação humana.

G) Destino
Ao se deixar cair uma pedra pode-se dizer que o destino dela é atingir o solo depois de um tempo de queda. Neste sentido, destino é um resultado previsível, desde que se tenha conhecimentos das Leis da Natureza envolvidas no processo. Contudo, como visto em (b) acima, o resultado previsto inicialmente pode ser alterado pela influência de outros eventos de sequências que se cruzam ou pela ação direta iniciada pela vontade.

Essa é a única compreensão possível para destino, que não pode ser visto como uma sentença pré-escrita em algum lugar por um algum ser. De fato, imaginar-se um deus que criou o Universo e deixou todos os acontecimentos nele pré-estabelecidos faria do Universo um teatro sem qualquer propósito, onde tudo e todos são marionetes – bem e mal seriam indefinidos, pois tudo seria responsabilidade do criador.

H) Demônios, Anjos
et alia
Não podem existir, pois isso violaria as propriedades das Leis da Natureza. O “poder” de fazer uso das Leis da Natureza está disponível para todos, ou todos podem ou ninguém pode. Simples assim.

I) Deus
A questão é: o que se entende por “deus”?

A maioria das pessoas provavelmente entende deus como sendo o criador.

Se um deus criador existe é de se esperar que ele seja inteligente, racional, lógico, coerente, em outras palavras, deus deveria obedecer as Leis da Natureza (que em princípio ele próprio teria criado), o que significaria que o deus criador estaria sujeito à sua criação. A hipótese de um deus criador, à parte do Universo, conduz a uma série de contradições (que mereceriam um texto à parte inteiramente dedicado ao assunto), levando à conclusão de que o deus criador é logicamente inviável. Mas o Universo e suas leis existem, isso é fato e não há contradições. Assim, ou nada existe que possa ser chamado de deus, ou deus seria indistinguível do Universo e suas leis – o deus de Spinoza e de Einstein – contudo, essa suposição esbarra numa questão ainda a ser respondida, a do futuro do Universo.

Todas as conclusões tiradas aqui são simples e diretas, frutos da observação da natureza, ou seja, a partir de dados acessíveis a todos; nenhuma teoria foi criada.

https://tyrannosaurus.wordpress.com/2008/08/05/as-leis-da-natureza/



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