Carlos Eduardo Florence *
Sequer lave a alma com esperança, presente do subjuntivo, resignação ou premonição.
Salpique medo ou sonho. Adjetivos, crianças brincando de amarelinha, agregue logo.
Ponha as ansiedades, sem precaução, e o sol entardecido para desidratarem brandos.
Adicione pitada de fantasia, mais manteiga de garrafa, enquanto atina alterne a nota.
Pela janela entreaberta escute dois cavalos pastando na solidão, sua, com as manias.
O tempo chegou, esparrame entropias pela soleira, descortine o impossível, descreia.
Capte tais inexplicáveis pelo afetivo, esparja com moderação até começarem a sorrir.
Observe o tempo entornar capcioso, triste, como as dúvidas, intrigas e as apreensões.
Do lado do coração há um borralho, da alma, o colibri assiste, da saudade paira névoa.
Mexa os sustenidos, cuidado com o rastro do finito a pedir explicações às suas cismas.
Angustiado amadureça uma penca graúda de imprevisto enquanto nega a melancolia.
Não anote os infinitivos que não rimarem na receita com o tom maior do verbo amar.
São os fortuitos para se começar a desestruturar a sintaxe, o portanto e o tino de será.
Sinta o odor azul das sete andorinhas adentrando pelo amém trazendo a volúpia.
A janela se fecha, os cavalos findam entre os tendo sidos, a noite estrupa o entardecer.
Provoque movimentos pendulares de forma a hipnotizar o nada entre o sim e o ciúme.
É sinal que o desejo intenta parir euforia e a solidão aborta antes da sina magoá-lo.
Não esqueça que a receita de nostalgia embala o ser enquanto o sofrer aguarda o vir.
Procriando, as lamúrias pedem dois caprichos, aplique-as com instigações sensuais.
Confira se as emoções estão exaltadas e deixe fermentar as ilusões de suas fantasias.
Sua metamorfose e transe endoidarão, o subjetivo meandrará às evidências e rimas.
Brotando calmo chega ao ponto, desespero. Grite. Deixe aflorar para que a ânsia seja.
Ponha em fervura até dourar o orgasmo, despreze a censura, avive o imaginário.
Envase no inconsciente, acomode no agora, estraçalhe o passado, acalante no porvir.
Receita de nostalgia com alienação caramelada e delírio, paradoxo de desejo e pecado.
* o autor é economista, blogueiro, escrevinhador, e diretor-executivo da AMA – Associação dos Misturadores de Adubos.
Publicado em http://carloseduardoflorence.blogspot.com/2020/10/de-nostalgia-com-alienacao-caramelada-e.html
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