quinta-feira, 17 de abril de 2008

Alergia: decifra-me ou te devoro.

Richard Jakubaszko 
O desafio milenar da esfinge tem origem na filosofia grego-romana, teatralizada por Sófocles na peça Édipo Rei através do oráculo, e ressurge mais atual e futurista a cada dia que a humanidade avança em direção ao futuro. 
A proposta em si encontra respaldo em relação às alergias humanas que permanecem em quase completo desconhecimento pela moderna medicina em pleno século XXI. 
Ou seja, as alergias nos devoram vivos diariamente. 
De certa forma escrevo em causa própria, por ser um alérgico desde que me conheço por gente, mas o desabafo aqui descrito tem a companhia de pelo menos metade da população do planeta. Com a complacência da medicina, médicos e indústria farmacêutica, e até mesmo da grande imprensa, pois aparentemente jornalistas não sofrem de alergias, exceto as ideológicas, já que o assunto é completamente ignorado pela mídia, pois apenas excepcionalmente é abordado an passant por algumas revistas femininas, e de forma muito superficial. 
Como sou alérgico a um monte de coisas, sempre dei extrema importância aos alimentos, pois 95% das alergias são de fundo alimentar. Da mesma forma, talvez 90% das doenças humanas tenham como causa a alimentação inadequada, além do modus vivendi de cada um, mais poluição, stress etc. 

Assim, não me é novidade (me desculpem o tom pedante e a empáfia, mas é verdade) a descoberta da Universidade John Hopkins em relação às causas do câncer, de que grande parte deles é causada por alimentação inadequada, conforme anunciado recentemente, e que circulou amplamente pela Internet em forma de power point de auto-ajuda.
De toda forma coloco em dúvida que tais informações tenham saído da Hopkins do jeito que veio no power point encaminhado por amigos, sabe como é, quem conta um ponto aumenta um ponto, e no décimo sujeito que nos conta a mesma história, a pergunta original que era "O que é que o c... tem a ver com as calças?", já virou um questionamento ornitológico do tipo "O que é que o urubu tem a ver com as garças?". Nesse caso manteve a mística de querer dizer a mesma coisa, mas o sentido, obviamente, é diferente. Sempre se acrescenta e sempre se retira alguma coisa nesse ponto a ponto. 

No livro Marketing da Terra (Editora UFV – Universidade Federal de Viçosa, 2006, 282 p.), de minha autoria e de um bando de três amigos agrônomos e doutores da Embrapa (Ariovaldo Luchiari Jr., Décio L. Gazzoni e Paulo C. Kitamura, este in memoriam), editado pela Universidade Federal de Viçosa, MG, há um capítulo sobre as carnes vermelhas em que mostro a minha opinião sobre a medicina, as universidades americanas, o FDA e, principalmente, a poderosa indústria farmacêutica com seus interesses nem sempre confessáveis.

Não é uma opinião das mais saudáveis, a iniciar-se pela idéia fixa dos médicos em limitar o consumo de carnes vermelhas, um dos raros alimentos naturais que contém Zinco, um dos maestros dos nossos micros elementos (lembra da Lei do Mínimo?), e que é o que segura infecções e inflamações, ou por outra, é o combustível do nosso exército de glóbulos brancos para combater infecções e outras doenças, inclusive câncer. 
Porém, separemos e entendamos o que é o câncer, em suas diversas manifestações. Quando são células que se reproduzem de forma tresloucada, instaladas em algum órgão como cérebro ou pulmão, têm uma causa. Quando na pele ou no estômago são outras causas, e podem ser ou não atribuídas a viroses, excesso de sol ou má alimentação, conforme o caso. 
O câncer de próstata e útero é sempre de viroses, e por isso é quase sempre uma DST, mas os médicos não falam. O de pulmão é adquirido por cigarro, poluição e outras químicas aspiradas no dia-a-dia. Mas não é generalizado, não quer dizer que todo fumante vai adquirir câncer porque fuma. O câncer de estômago (fígado é por bebida ou remédio: cirrose = câncer), invariavelmente, é por alimentação inadequada, muitas vezes de alergias que são ignoradas e / ou desconhecidas pelo dono do corpo alérgico. 
De alergia acho que entendo alguma coisa, mas antes tive que estudar um pouquinho desse trem de medicina. Tive a sorte, lá pelos meus 18 anos, quando morava em Porto Alegre, de ouvir de um médico, então octogenário, de que era um alérgico, e também de que a medicina nada sabia sobre o assunto, além de algumas poucas teorias, e que eu teria de saber e conhecer sobre as minhas. 

Sou alérgico a batata, leite, chocolate, banana, feijão preto, vários produtos industrializados, em especial os que têm conservantes e acidulantes, vários tipos de remédios, inclusive antibióticos, sulfas, e a um monte de coisas que ainda não descobri, mas continuo observando e pesquisando, e sempre desconfio de tudo. Quando estou num período agudo de alguma alergia, pois o organismo se defende de forma exacerbada, se eu comer algo a que era moderadamente alérgico (e nem sabia disso), posso ficar altamente alérgico a esse alimento. 
A idade aumenta e os perigos idem... Não há coisas definitivamente proibidas, como querem os americanos, há um meio termo, uma moderação que devemos praticar para o bem de nossa própria saúde. E saber se somos ou não alérgicos. E a que somos alérgicos. Quase todo mundo é, apenas não sabe... 

O fator RH é, provavelmente, uma das nossas defesas na questão das alergias, por exemplo, mas involuntária, porque nascemos com isso. Nos viventes com fator RH negativo parece que a coisa é pior. As alergias nós nascemos com elas e as adquirimos durante a vida. São atípicas as defesas do nosso organismo para nos defender. É o conhecido caso em que o remédio mata o paciente, mas cura o mal... ficou claro? 
A psoríase, outro exemplo, e que é de etiologia desconhecida para a medicina, com toda a certeza tem causa alimentar e emocional associadas. Sorte que se manifesta de vez em quando. Pior é o Mal de Alzheimer, quando se manifesta fica tudo danado, é tarde demais para remediar. Nos dois casos, Alzheimer e Psoríase, e também o Mal de Parkinson, suspeitas científicas crescentes cada vez mais sólidas apontam para causas como metais pesados (no Alzheimer a desconfiança do alumínio se acentua cada vez mais) acumulados ao longo da vida. Lá em casa já abolimos panelas de alumínio faz muito tempo, mas o problema apresenta, estatisticamente, heranças genéticas... Então, vai saber... 
Aprendi que cada alérgico tem manifestações muito individuais com suas alergias. Em alguns casos pode ser uma simples ou até grave e perturbadora flatulência, ou desarranjos intestinais inexplicáveis, mesmo assim abomináveis. Outro tipo comum de manifestação alérgica são as coceiras, vergalhões e erupções de pele, acnes, perebas de pele, que podem ser de causa alimentar, stress (por causa do suor), ou de contato com metais como cobre, níquel, zinco etc., que revestem as bijuterias que usamos, inclusive fivelas de pulseiras de relógio. Uso fivelas de plástico e quando são metais, e se desgastam, provocando irritação da pele, costumo passar umas duas demãos de esmalte incolor de unha para proteção. A gente vai usando de criatividade e jeitinho para driblar as vicissitudes. 
Sofro de um tipo de manifestação alérgica relativamente comum, sinusite e rinite, que me deixam com a voz tão fanhosa quanto a dos fanhosos das piadas. Parece uma gripe forte, mas que ataca apenas as partes respiratórias superiores. É provocada por alimentos com presença de fungos, ou algum outro tipo de alergênico contido no alimento. Alimentos já citados, como feijão, banana, chocolate, leite e alguns de seus derivados, me levam a usar o “afogamento simulado” quando os sintomas surgem. 
É uma técnica de aspirar água com sal pelo nariz, e cuspir fora pela boca. Isso acontece quando a gente fica em posição de “L” diante da pia e pratica essa auto-imolação para limpar as comunicações nasofaringes, cuja obstrução por catarro provoca a voz fanhosa. E vamos vivendo, com muito cuidado e observação, porque os médicos nada sabem dos males que nos achacam. E nem de como acontecem as conseqüências que nos afligem. Quando a gente se queixa empurram-nos remédios, que podem nos fazer maior mal ainda. O pior é que são remédios para o resto da vida, ou seja, é parte do marketing da indústria farmacêutica, de fidelizar o freguês, nem que seja à força, com a desculpa politicamente correta de que é para nos dar uma certa “qualidade de vida”. 
Ao invés de remédios prefiro submeter a testa e o nariz ao sol, e outras fontes de calor (uma lâmpada ou compressa quente, por exemplo), que são os maiores inimigos da sinusite e rinite. 
Costumo me consolar com a desgraça dos outros, nessas situações. Lembro que quando vim morar em São Paulo tive em casa uma empregada doméstica que era alérgica a camarão. Tão alérgica que nem precisava comer, bastava abrir o pacote de camarões frescos, recém chegados da feira, e os beiços da infeliz inchavam de tal forma que precisava ir tomar com urgência algum tipo de antialérgico, caso contrário vinha febre e até mesmo convulsões, tal a violência aguda da crise, fruto da reação exacerbada de seus linfócitos, que são os nossos exércitos defensores chamados de glóbulos brancos, e também da histamina. 
Por isso toma-se anti-histamínico quando se está em crise alérgica, sendo a mais comum a cortisona. Outra manifestação alérgica é a dor-de-cabeça. Pode ser causada pela poluição ou pelo stress. Na verdade a causa é falta de oxigênio, pois quando ela aparece é porque tivemos a vaso-constrição, e como o sangue circula mal nesses momentos, para irrigar o cérebro, acontece a dor-de-cabeça. 
Como sou alérgico à maioria dos remédios indicados, como o ácido acetilsalisílico, que me causam gastrites, ataco com a hiper oxigenação, ou seja, estimulo a vaso-dilatação respirando profundamente muito oxigênio, pelo menos uns 4 ou 5 minutos. Nesses momentos não fumo, pois isso aumentaria a vaso-constrição. E evito o remédio vaso-dilatador, a aspirina. 
E assim se vai vivendo e sobrevivendo como alérgico, paciente e atento a tudo o que possa ser culpado como inimigo do nosso bem estar, que nos retira qualidade de vida. 
Entretanto, não vá o caro leitor pensar que sou o típico hipocondríaco. Longe disso, estes adoram remédios, médicos e exames, enquanto de minha parte detesto isso tudo. Procuro seguir a recomendação da esfinge, e tento decifrar as questões para não ser devorado.

2 comentários:

  1. Richard, bom dia! Li sua coluna em pleno sábado pela manhã! Amigo, ser alérgico realmente não é fácil, mas se você fuma, pare.
    Outro conselho: procure o ovo de codorna. Ele acaba com qualquer alergia e não é conselho da vovó, ok?
    O ovo de codorna possui uma propriedade em sua gema e clara que faz o organismo criar a proteção que alérgicos de forma geral não têm.

    Constatei isso com meu ex-marido que tem rinite, sinusite e fumava na época.

    Ele parou de fumar, e fez durante 14 dias a gemada com ovos de codorna, indicada por um ex-chefe meu, de Campinas, que foi em um médico e ele disse que pesquisas haviam comprovado que o ovo de codorna é eficaz para tratamento de alérgicos em geral.
    Você começa com um ovo cru, sem tempero algum (sal, açúcar, nada!) e toma o ovinho em jejum. No dia seguinte aumenta para 2 ovos, no terceiro 3 até completar 7. Aí, no sétimo dia você toma 7 e vai dimunuindo 6, 5, 4, 3, 2 e 1.
    Olha, eu vi o resultado. Meu ex-marido por uns 3 anos não teve mais crise nem de rinite e nem de sinusite. Depois ele chegou a ter alguns vermelhões no globo ocular, porque é alérgico a alguns perfumes, mas mesmo assim usa porque adora! Aí voltou a fazer a terapia com ovos de codorna e ficou bem melhor.
    Recentemente soube pela minha filha que ele voltou a fumar. Conclusão: dia desses ele apareceu na escola de dança e olhei para o rosto dele e me assustei. Todo congestionado de rinite, espirrando feito louco e falando fanhoso. Ou seja, ele não tomou mais ovo de codorna e voltou a fumar.
    Fazer o quê? A vida é dele, a responsabilidade sobre ele é dele, não é?
    É isso. Espero que de alguma forma tenha ajudado você!
    Abraço e bom trabalho!

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  2. Recebi o e-mail acima, enviado pela jornalista Ana Purchio, da Assessoria de Imprensa da ABAG - Assoc. Brasileira de Agribusiness.
    Obrigado, Ana, divulgo seu texto para ajudar outros alérgicos.

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