sábado, 22 de agosto de 2009

A entrega de Dona Marta


Roberto Barrreto, de Catende
Na seção São Paulo Reclama, página C2, na edição de 16 de agosto passado do jornal O Estado de São Paulo, em destaque, sob o título Propina no trânsito, há uma carta assinada pela senhora Martha M. que é um dos melhores retratos dos costumes que estamos cultivando onde se plantando tudo dá. Em resumo, explica dona Martha que no dia 30 de julho, às 19h30min, transitava o filho dela num automóvel, na Avenida Dr. Arnaldo, no Sumaré, quando foi parado por dois policiais porque estavam ilegíveis os números da placa traseira. Surpreso com o fato, pois nunca dera atenção à negligência, o motorista sugeriu como solução ir até sua residência, a dois quarteirões dali, para trocar de veículo. Os policiais, segundo ela, não só não aceitaram como fizeram uma conta rápida e informaram ao rapaz o valor da multa: 700 reais. O filho de dona Martha deve ter feito lá suas contas também e pensado rapidamente numa solução amigável. Agora, atenção, vai aí entre aspas ou ipsis litteris, como se dizia antigamente, as palavras da mamãe.
“Diante do silêncio dos policiais, sugeriu R$ 50. Silêncio novamente. Aumentou para R$ 70 e ouviu do policial que precisava consultar seu companheiro, que aceitou a proposta. Como ele não tinha essa quantia na carteira, os policiais o escoltaram até um caixa eletrônico, esperaram que o dinheiro fosse sacado, receberam-no e o deixaram ir embora com o carro irregular. Amedrontado, meu filho se sentiu obrigado a ceder a essa chantagem”.
Considerações a partir do fim do parágrafo anterior. A palavra chantagem, segundo o dicionário Houaiss, refere-se a ação de extorquir dinheiro ou favores, sob a ameaça de revelações escandalosas, verdadeiras ou não. O Aurélio, por sua vez, dá praticamente o mesmo significado ao termo, portanto, rigorosamente melhor seria o uso da velha e conhecida extorsão, a não ser que, no olhar do policial, fosse detectada a intenção de colocar um anúncio em jornais e revistas, quiçá na Internet, revelando o inaceitável desleixo, ilustrado pela foto do automóvel. Algo mais ou menos assim: Nunca faça como o filho de dona Martha! Placa ilegível, veículo apreendido! Aí, sim, chantagem, no duro, ou guincho. Feito o reparo, acrescente-se que o porta-voz da Polícia Militar, em resposta, informou que se instaurou uma investigação para apurar os fatos e que não se compactua com esse tipo de ação. Ótimo.
O fim a partir das considerações iniciais. Nem conheço dona Martha, porém, tenho certeza de que expôs sua indignação com a melhor das boas vontades, tanto que colocou a iniciativa sobre os ombros do próprio filho. Acontece muito, dona Martha, dado que estamos acostumados a pensar que a corrupção tem apenas um lado, enquanto mais do que sabido é que o processo exige dois. Há, inclusive, uma frase que entre nós ganhou fama na boca de um político paulista: é dando que se recebe. Outra coisa que dona Martha parece desconhecer é que, diante de um policial digno – existe -, não somente o carro seria guinchado para algum pátio público como seu filho seria enquadrado por tentativa de suborno. Muita gente deve achar que o filho de dona Martha seria um corruptor, mas é engano, essa figura não existe no Brasil.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

AGU contesta Lei Antifumo de São Paulo

Richard Jakubaszko
E agora? Como é que vai ficar? Vamos ter de esperar o STF se pronunciar?
AGU contesta Lei Antifumo que vigora no estado de São Paulo
Norma que proíbe fumo em lugares públicos fechados seria inconstitucional, segundo parecer do órgão.
A Advocacia Geral da União (AGU) enviou, na última terça-feira (18) ao Supremo Tribunal Federal, um parecer que considera a Lei Antifumo do estado de São Paulo inconstitucional. O relator do documento, ministro Celso de Mello, afirma que o Estado invadiu competência própria da União.
Segundo o documento, embora a competência para legislar sobre saúde seja concorrente, compete à União editar normas gerais e aos Estados apenas a competência complementar ou suplementar. Assim, como já há lei federal dispondo sobre normas gerais, não poderia o Estado legislar.
A lei federal diz que os estabelecimentos devem manter ambientes próprios para fumantes, enquanto a lei do Estado proíbe que se fume em tais estabelecimentos.
Segudo a Agência Estado, o governo do Estado defendeu a legalidade da lei por meio de nota. Afirmou que o Brasil é signatário da Convenção da Organização Mundial de Saúde (OMS), que "é mais recente e restritiva do que a lei federal". "A Lei 13.541 dá pleno cumprimento ao tratado que determina que: "cada Parte adotará medidas eficazes de proteção contra a exposição à fumaça do tabaco em locais fechados".
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quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Sou fumante, não voto em Zé Serra.

Richard Jakubaszko
Tudo isso pela simples razão de que a campanha antitabagista do atual governador do estado de São Paulo é truculenta e nada tem de democrática. É nazi-fascista a forma como vem sendo aplicada. Torno-a, portanto, uma campanha ideológica e convido os fumantes a reagirem, a riscarem o nome de José Serra de suas intenções de voto em qualquer campanha futura. Faço sugestão até mesmo de adotarem a frase título deste libelo como adesivo em seus automóveis: "Sou fumante, não voto em Zé Serra". 

Aos não fumantes, e democratas também, convido-os a participarem dessa campanha, pois imaginem o que virá de proibição truculenta se tal homem público viesse a ocupar o cargo de mais alto mandatário deste nosso Brasil. Ele já proibiu até refrigerantes em cantinas de escolas públicas, sem contar o quentão em festas juninas nas mesmas escolas. Governar, para esse político, é uma questão de mandar, simplesmente proíbe e pronto, sempre se esconde atrás do "politicamente correto". 

Na medida em que o fumo é uma prática que não é defensável, em termos de saúde pública, aproveita para rechaçar os fumantes e os envia para os quintos dos infernos. É exclusão na cara dura, tudo porque ele não gosta mais de cigarros, ele que é um ex-fumante. A forma truculenta como a campanha vai sendo imposta é lamentável. Há um aparato policial e de fiscais visitando bares e restaurantes, como se fumante fosse um bandido. Não há o mínimo de bom senso, ou de lógica, parecemos um país europeu, não temos outros problemas sociais a serem resolvidos? 

O governador do Estado de São Paulo parece não ter mais nada de importante a fazer, além de correr atrás de fumante. É por isso que os portugueses começam a contar piadas de brasileiros, ora, pois, pois... 

Realmente, ficou dura a vida do fumante, pelo menos no estado de São Paulo, e isso tende a ser copiado por outros estados. É que a chamada fiscalização, o patrulhamento, é feito de forma exacerbada principalmente pelos ex-fumantes, que não assumem a sua fraqueza em relação à fumaça, da qual muitos ainda sentem saudades. Esquecem de que faz muito mais mal à saúde o CO2 emanado de seus automóveis. Experimentem colocar um automóvel funcionando num ambiente fechado de 4 x 4 metros por algumas poucas horas (duas horas é suficiente...) e coloquem lá dentro um ser humano ou animal. Vai morrer muito antes de acabar o combustível. Se colocassem 10 ou 20 pessoas fumando nesse mesmo ambiente fechado o máximo que aconteceria ao não fumante seria uma enxaqueca no dia seguinte. 

Com essas "tecnicalidades" o político Zé Serra não tem interesse em se preocupar, ele exerce seu poder, quer demonstrar "autoridade" ao proibir, acha que exibe "pulso forte" para comandar e para liderar ovelhas desorientadas. É dessa forma truculenta que iniciam as ditaduras, é dessa forma que iniciam os processos inquisitórios e as censuras. Imaginem as futuras proibições que viriam a caminho. 

"É proibido proibir" foi um libelo nos anos sessenta, tinha conotações políticas, até porque representava a única defesa das minorias, e fumante hoje em dia se torna parte de uma minoria. 

Para quem não sabe, o cigarro, apesar dos males que possa causar aos fumantes (o que não é generalizado e nem obrigatório), também tem seus pontos positivos, como, por exemplo, ser a principal forma de controlar a anemia ferropriva, quando o organismo não fixa ferro no sangue, mesmo a gente se alimentando corretamente. O cigarro é um dos mais importantes agentes para que se possa fixar no sangue o ferro tão necessário à nossa sobrevivência. Não existe fumante anêmico, sabiam disso, meus caros leitores? 

Assim, não são somente prejuízos que o cigarro nos traz. 

Afora o prazer de pitar, sem exageros é claro. 
Mas este texto não é para incentivar o fumo, é para criticar a violência policial e demagógica do governador Zé Serra. Isto porque ter de aguentar os seguranças e porteiros a nos dizer que na calçada do condomínio não se pode fumar é demais. 
Aconteceu comigo, estava a céu aberto na calçada do Sheraton Hotel, em São Paulo, pois dei uma escapada do auditório onde se debatiam os problemas do agronegócio no 8º Congresso da ABAG, e fui dar uma pitada. Fui advertido de que ali não poderia fumar, pois "é um condomínio fechado". Mandei chamar a polícia, pois dali não sairia. Estava a céu aberto, nem marquise tinha, mas a proibição teria de ser cumprida, segundo o vigilante segurança. 

Continuei fumando, não sai dali, mas fiquei pensando na frase do político mineiro José Maria Alckmin, ex-vice-presidente do Brasil, logo após a implantação da ditadura militar no golpe de 1964. Dizia ele que numa ditadura não tinha medo dos generais, mas dos soldados, cabos e sargentos que iriam cumprir ordens de tenentes autoritários, despreparados e mal informados. 

Aos fumantes recomendo reação e personalidade. Não cedam à passividade e nem se sintam culpados. Se estiverem com ideias de largar o cigarro, que abandonem o vício, mas pensem na forma como isso está sendo feito, semelhante a um ato de tortura. Ato digno de ditadores. Poderia ser de forma mais democrática, com separação de corpos de fumantes e de não fumantes, como, aliás, já estava sendo feito, principalmente em restaurantes. 

Mas desse jeito, na porrada e na truculência, não dá para aceitar. Faço o que me é possível: vou cabalar votos contrários ao político Zé Serra, pelo menos é democrático e civilizado, e sem violência. Com certeza, depois de perdida a eleição, o Zé Serra vai creditar a culpa pela futura derrota à "Bolsa Família".
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quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Obama Jackson

Richard Jakubaszko

A internet continua a mesma de sempre. Recebi e-mail da minha filha, Daniela Jakubaszko, a quase doutora (USP) em letras e comunicações que mora lá em casa, a foto abaixo, verdadeiro primor de trabalho talentoso dos especialistas em fotoshop. Mostra o futuro presidente dos EUA (a ser reeleito) em 2012, Obama Jackson, que andou visitando o ex-médico do Michael.


sábado, 1 de agosto de 2009

Orgânicos não são mais nutritivos que alimentos convencionais

por Fernando Penteado Cardoso *

E gastamos tanto tempo e dinheiro (inclusive público da ESALQ, do IAC e da EMBRAPA) com essa tecnologia.
(Grifos do autor)

Estudo
Orgânicos não são mais nutritivos que alimentos convencionais
Os alimentos orgânicos não são mais nutritivos do que aqueles produzidos da forma convencional, revelou uma grande revisão de estudos sobre o tema divulgada ontem no Reino Unido. O estudo não mediu outras vantagens dos orgânicos, como o não uso de agrotóxico e fertilizantes em seu cultivo.
Pesquisadores da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres alertaram que os consumidores estariam pagando preços mais elevados em parte por causa dos benefícios nutricionais dos orgânicos sem que haja comprovação científica de tais benefícios.
A revisão de 162 estudos sobre o tema, publicados ao longo dos últimos 50 anos, revelou que não há diferença significativa. “Um pequeno número de diferenças em nutrientes foi constatado entre os produtos orgânicos e os convencionais, mas sem nenhuma relevância em termos de saúde pública”, afirmou Alan Dangour, um dos autores do estudo. “Não há nenhuma evidência a embasar a escolha dos alimentos orgânicos sobre os convencionais por conta de sua superioridade nutricional”.
Foram estudadas 20 das 23 categorias nutricionais, entre eles, vitamina C, cálcio e ferro presentes em legumes, frutas e verduras. O mesmo foi constatado em carnes, laticínios e ovos.
Associações de produtores de orgânicos protestaram.


* Engenheiro agrônomo (ESALQ, turma de 1936) e presidente da Agrisus - Fundação Agricultura Suntentável.
Fonte: Jornal Diário de S. Paulo – 31.07.2009
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