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quinta-feira, 18 de junho de 2020

Fake news e os discursos

Richard Jakubaszko 
O discurso do politicamente correto sempre me lembra uma fake news, por que será isso, né?



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segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Sexo, poder e dinheiro.

Richard Jakubaszko 
A trilogia sexo, poder e dinheiro é a mola mestra que impulsiona a humanidade desde tempos remotos, e teve início talvez logo depois de se inventar a escrita. Evidentemente que esse negócio de dinheiro veio algum tempo depois da escrita, mas consolidou-se num amálgama perfeito ao sexo e poder. Depois, quando Gutenberg desenvolveu os "pinos móveis", que permitiram o aparecimento da mídia impressa, o mundo mudou definitivamente, e quem já tinha algum poder exerceu mais influências ainda na sociedade da informação - como meio de se obter sexo, poder e dinheiro - do que a Queda da Bastilha, muitos séculos depois, ou do que se fermentou antes durante a Inquisição ou mesmo na Renascença.

Hoje, a humanidade continua a mesma, o mundo "evoluiu", ficou mais sofisticado, e por consequência muito mais complicado, a mídia diversificou-se desde Gutenberg, assumiu formatos diferenciados de engajamento com os poderosos (rádio, cinema, TV, internet, celular), mas o jogo estratégico de conquista e manutenção do poder revelou-se extremamente sutil, especialmente quando executado por especialistas do marketing, seja no campo político, religioso, ambiental ou dos mercados financeiros e de consumo de massa. Atualmente, o poder midiático é fundamental para a dominação e manobra da opinião pública, seja por TV ou jornais, mas a internet, através das redes sociais, exerce um contraponto interessante e que vai estabelecer a necessidade de os historiadores no futuro quebrarem cabeça para avaliar as realidades das importâncias de cada segmento da comunicação nas influências da "opinião do consenso", conhecido também como pensamento único, onde decisões emocionais e pontuais predominam, seja numa eleição, no consumo ou no comportamento da população. Todo mundo hoje tem opinião sobre absolutamente tudo, mesmo em temas complexos e de alta capilaridade nas influências sobre a sociedade humana como um todo. E isso serve como apoio para quem detém o poder, pois foi deste poder que o consenso foi gerado e amplamente divulgado, invariavelmente submetendo-se as agendas específicas aos objetivos de interesses econômicos e políticos, e até mesmo ideológicos, tudo junto e misturado.

O exemplo mais concreto disso é o "politicamente correto", como distorção da realidade, um pré condicionamento para evitar confrontos, pois o poder não admite a existência de debates ou polêmicas. A mídia, as TVs especialmente, direcionam a sociedade, seja nos noticiários, comandados por um jornalismo engajado, e até mesmo nas telenovelas e programas de auditório, e nessa faixa muito estreita o politicamente correto faz fronteira com o ridículo, seja na economia, na política ou em tendências sociais. O fenômeno não é apenas brasileiro, ocorre na maioria dos países ocidentais, e até mesmo na Ásia e Extremo Oriente, onde o processo avança a passos largos, internacionalizando, digamos assim, ou ocidentalizando os orientais, educando e "evangelizando" os latino-americanos. Pura hipocrisia, no estado da arte.

Aparentemente a guerra é entre esquerda e direita, pelo menos como pano de fundo, mas há um surdo movimento de embate entre capital e trabalho, em que lutas fratricidas se espraiam através das páginas dos jornais ou nas telinhas, e o mais importante parece ser o que não sai publicado nesses espaços midiáticos, especialmente quando o judiciário ou alguém poderoso está envolvido, o  que não é um fenômeno nacional, mas universal. Acompanhar esse mosaico de tendências requer extremo cuidado, pois as chamadas fakenews estão presentes, direcionando a imbecilização da população, especialmente a classe média, que assim se torna o fermento polarizador dos movimentos sequenciais no tabuleiro, onde jogamos todos nós as convicções que nos são apropriadas ou dos desejos alimentados por sonhos e utopias, impregnados em todas as células de nosso DNA.

A trilogia "homenageada" neste texto estabelece e define, portanto, os interesses e conveniências dos atores participantes de cada imbróglio semeado em todos os pontos do planeta, seja na política, na economia, nas tendências da moda e até mesmo, e principalmente, na questão climática, onde o jogo é de cachorro grande e as utopias (ou seriam ameaças?) disruptivas prometem a perspectiva de muita grana para cair na bolsa de cada agente influenciador, seja vendedores de usinas eólicas, solares ou nucleares, mas até mesmo nos caixas das ONGs, financiadas por esses interesses para convencer a mídia, e os políticos no poder, de que existe o aquecimento. No momento, atacam como se fossem terroristas, prometem e ameaçam o início do fim do mundo para todos, estabelecendo o pânico, para que este medo abençoe, viabilize, e autorize as decisões emocionais a serem tomadas pelos políticos, de incentivos às práticas de sustentabilidade. Em nome da precaução, portanto, tome paulada na sociedade, seja em forma de atos legislativos e regulatórios, proibições, novos impostos, novas regras de consumo, algumas proibidas, outras autorizadas.

A sociedade humana, na busca individual e até mesmo no coletivo, tem por objetivo, guardadas as devidas proporções, o status ideal da elite, busca ser igual, deseja ascender social e economicamente, almeja o ser aceito, pretende ter, e quando conquista o ter fixa novos horizontes e desideratos futuristas, alimentando o redemoinho dos sonhos humanos, sempre crescentes, nunca atingíveis. O ter substituiu o ser, desvirtuando a importância de que chega ao poder, que só existia se se tinha o ser. A verdade é que, com uma população superior a 7,5 bilhões de pessoas hoje no planeta o ambiente se tornou inóspito e alguns esperam (e outros desejam) uma hecatombe ambiental (um dilúvio?), quem sabe uma guerra nuclear regional, ou talvez uma pandemia, tipo peste negra no período medieval europeu, ou algum outro evento inesperado, que proporcionaria uma redução aguda nos números demográficos absolutos, dizimando de 2 a 3 bilhões de pessoas de uma só vez, especialmente em países pobres, reduzindo as demandas, e, por tabela, a pressão nas caldeiras das agendas políticas e econômicas. Nesse sentido, as 17 Metas da Sustentabilidade divulgadas pela ONU são ridículas e inócuas, pois eles não obtiveram nenhum sucesso nas 3 Metas do Milênio, que previam acabar com a fome, entre outras utopias. Nesse sentido, os governos dos países desenvolvidos, e a própria ONU, adotaram Thomas Maltus como guru do futuro. Malthus foi quem previu que a produção de alimentos seria insuficiente para atender à crescente população. Recomendava, ao fim, que os líderes incentivassem as populações pobres a lutarem (e se matarem) para conquistar o pão de cada dia.

Independentemente da guerra atual na busca do poder e do dinheiro, o sexo banalizou-se, mas nem por isso deixou de ser parte integrante da trilogia. Pelo contrário, a diversidade de gêneros, hoje exposta de forma clara e transparente, introduziu outros atores no conflito, tornando o jogo mais competitivo ainda, e mais dramático, na medida em que desde a 2ª Grande Guerra a mulher entrou na batalha pelo poder, pelo dinheiro, e pela sobrevivência, seja nas empresas ou na política. Como contraponto a isso, as famílias estruturadas, como era norma antigamente, são cada vez mais raras, devido aos conflitos estabelecidos, em que os jovens, símbolos da síndrome do filho único, não aceitam dividir direitos, e pior, não desejam assumir responsabilidades e deveres. Ao primeiro problema, cortam-se as relações e estabelece-se o conflito. Na corda bamba dessa insanidade moderna encontram-se a individualidade e o egoísmo. A primeira, própria dos filhos únicos, mas sem exclusividade. A segunda, incentivada por psiquiatras e psicólogos.

Diante de tanta egolatria, as religiões, especialmente as igrejas pentecostais e neopentecostais, estabelecem seus territórios de domínio, ou seja, do poder, e com ele o dinheiro, mantendo notável atividade política. Algumas religiões, especialmente as evangélicas, atuam de forma estruturada, espalhando o ódio contra quem pensa ou age diferente de seus líderes e seguidores. Apoiados financeiramente por políticos e governos, incentivam os combates, de forma sofisticada, com um marketing agressivo, onde o assassinato de reputações é a ferramenta mais utilizada. O que conduz o embate universal a um círculo vicioso e perverso, de onde não se encontram saídas do labirinto.

No embalo das insanidades que se amontoam diariamente, a grande mídia atua como regente, sempre a pretexto de defender a população, mas na realidade como porta-voz das elites políticas e empresariais, cujos interesses escusos prenunciam a inviabilidade política e financeira de se executar projetos sociais que beneficiem a parte da população mais pobre, excluída de participar dos benefícios sociais parcialmente conquistados, especialmente saúde e educação. Por que, como sempre, as elites negam-se a pagar impostos, e estabelecem meios de sobreviver confortavelmente às custas do beneplácito e do butim dos governos.

A continuar a situação, entramos no caos político e social de uma falsa democracia. Pela ausência de lideranças mundiais e locais para conduzir as manadas humanas a planícies verdejantes e seguras, estamos iniciando o pré apocalipse. Antes que o fim ocorra, já que para o precipício nos encaminhamos, haverá o grito de liberdade e justiça por parte dos excluídos, questões mais importantes do que sexo, poder e dinheiro, que ocorre quando a sobrevivência está em jogo. Há necessidade de que se estabeleça o bom senso, de entregar os anéis para que não se percam os dedos e a vida. A Queda da Bastilha, como referencial histórico, é exemplo ignorado e providencialmente esquecido na genética da humanidade. Logo, é fácil concluir que, a continuar como está o carnaval da besta, poderá não restar pedra sobre pedra.
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terça-feira, 19 de dezembro de 2017

71% dos juízes estão fora da lei, ganhando acima do teto.

Fernando Brito *

Os números pedidos pela presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, aos tribunais de justiça de todo o país mostra quão estarrecedor é o quadro de supersalários no Judiciário.

71,4% dos juízes – 11,6 mil do total de 16 mil existentes no país – ganha acima do teto de R$ 33,763 por mês que Cármen Lúcia e seus colegas de STF recebem e estão, portanto, com vencimentos fora da lei constitucional.

De acordo com tabulação feita por Marlen Couto, em O Globo , este grupo recebe, em média, R$ 42,5 mil mensais, por cabeça. E 52 ultrapassam R$ 100 mil.

São eles que vão ensinar ao país o que é legalidade e o que é ética?

É claro que uma minoria não está entregue à farra de vantagens, mas 71%, sete em cada dez juízes não tem condições morais em falar de moralidade, ao pedirem – como a “escrava” Luislinda Valois – ou aceitarem, em seu próprio benefício, arranjos e vantagens que os colocam como privilegiados.

Não é muito diferente a situação de seus “parceiros da pureza” do Ministério Público.

São os homens da lei brasileiros, que vergonha!

Que noção podem ter das carências, dos sofrimentos, das privações dos cidadãos a quem julgam, a quem mandam prender, mais de 700 mil deles, atualmente?

E se a D. Cármen Lúcia quiser falar algo, que só fale depois de cobrar ao valente Luiz Fux, o topetudo ministro que sacramentou a indecência do “auxílio-moradia” sem moradia.

Para por ordem na casa dos outros é bom começar na sua própria.

* o autor é jornalista, editor do Tijolaço.
Publicado em http://www.tijolaco.com.br/blog/71-dos-juizes-sao-foras-da-lei-ganhando-acima-do-teto/
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domingo, 26 de novembro de 2017

Expulsaram Kátia Abreu do PMDB. Que ótimo!


Richard Jakubaszko
Como se modifica a vida de uma hora para outra, né não?  Ora no inferno, ora no paraíso. Quando Kátia Abreu foi para o Ministério da Agricultura, a convite de Dilma Rousseff, foi aplaudida pelo pessoal do agronegócio e criticada pelos ambientalistas, que a chamavam de ministra da motosserra. No Mapa, aprovou um dos melhores Planos de Safra de todos os tempos.

Mesmo assim, de repente, Kátia Abreu caiu em desgraça com o agronegócio, porque apoiou Dilma na campanha do impeachment. E não ganhou apoio da tchurma dos biodesagradáveis. Agora, seu partido, o PMDB, que anda mais sujo que pau de galinheiro, reuniu sua comissão de ética (eles tinham isso?) e expulsou a senadora do partido, por críticas feitas a seus dirigentes. Além de interesses políticos regionais de seu estado (Tocantins), há uma hipocrisia fedorenta em nossa política, isso todo mundo sabe, e como muitos políticos em Brasília andam em estado de choque, histéricos e com medo de serem presos, expulsam um membro do partido que não quer calar. O lado bom dessa história é que não tiveram o mesmo comportamento com outros peemedebistas, que estão presos, condenados, e devem ficar calados... Agora, só falta o Requião.

Abaixo a nota da senadora.
Nota da Senadora Kátia Abreu sobre sua expulsão do PMDB
A comissão de “ética” do PMDB decidiu pela minha expulsão do partido de Ulysses Guimarães e Tancredo Neves.

Fui expulsa exatamente por não ter feito concessão à ética na política. Fui expulsa por defender posições que desagradam ao governo. Fui expulsa pois ousei dizer não a cargos, privilégios ou regalias do poder.

A mesma comissão de “ética” não ousou abrir processo contra membros do partido presos por corrupção e crimes contra o país.

Fiquei no PMDB e não saí como queriam. Fiquei e lutei pela independência de ideias e por acreditar que um partido deve ser um espaço plural de debates. A democracia não aceita a opressão.

Hoje os membros da comissão de “ética” imprimiram na história do partido que lutou contra a ditadura a mácula do sectarismo e da falta de liberdade.

Ficarei sem partido e vou conversar com a população do Tocantins e com as lideranças políticas sérias do país antes de decidir o que será melhor para meu Estado e o Brasil.

Sigo na luta política. Sigo com Ética. Sigo sem medo e firme nos meus propósitos, pois respeito minha família, respeito o povo do Tocantins e do Brasil, que ainda acreditam que esse país pode ser melhor.
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domingo, 16 de julho de 2017

A hipocrisia de todo dia

Richard Jakubaszko
O exercício da cidadania se faz sob o manto da hipocrisia, embalada de um lado pelos interesses econômicos, de outro lado por idealistas, e as discussões sobre questões sociais, políticas e econômicas, e, especialmente as de cunho ambiental, exacerbam o emocional, desfocadas da realidade daquilo que deseja e necessita a humanidade, em destaque a população brasileira, mal informada, aculturada politicamente, em que predominam fantásticas diferenças sociais, culturais e econômicas, da qual a distribuição de renda é apenas um exemplo, mas não é o mais gritante.

Há milhares de artigos publicados neste blog e em toda as mídias onde encontramos todas essas questões, seja na discussão correta sobre os objetivos e estratégias públicas traçadas para a conquista da produtividade na agricultura brasileira, seja na preocupação pelas falsas e ilusórias soluções das questões ambientais, eis que considera de forma equivocada os seres humanos como responsáveis por desequilíbrios ambientais inexistentes. Ou seja, na poluição, somos culpados, mas na questão do aquecimento ou das mudanças climáticas essa é a maior falácia do século 21.

Ao partimos de uma premissa incorreta para traçarmos uma estratégia de políticas públicas, todas as soluções propostas poderão redundar em um notável desastre. Estamos cheios desses exemplos em nossa história. Parece ser este o caso brasileiro. Estamos em passos errados na política. No momento, com um governo ilegítimo, que não tem representatividade, o país caminha para um precipício de proporções imprevisíveis em termos políticos e na economia, por causa de disputas políticas que contaminaram o judiciário e o Ministério Público, e justificam a excrescência da Lava Jato, cópia carbono mal feita da Mani Pulitti italiana, que redundou em quebra da Itália e não acabou com a corrupção. Aqui no Brasil também não vai acabar. A hipocrisia elegeu o combate à corrupção como o maior problema brasileiro, o caixa 2 é agora chamado de propina, mas o moralismo midiático e judicial determina que as investigações sejam sempre seletivas pelos corruptos inimigos, já que a propina dos amigos é proveniente da sacristia, e não vem ao caso.


Outro exemplo gritante da nossa tupiniquim hipocrisia está no julgamento do TSE em junho último, onde desdobramentos da denúncia inicial do PSDB, apresentada desde 2014 para invalidar a candidatura Dilma-Temer, recebeu ao longo desse tempo inúmeras provas adicionais, denúncias e delações, gravações, mas nada disso entrou no mérito das votações, pois os debates públicos entre os doutos juízes não as consideraram válidas. O curioso, mais uma vez demonstrando a imensa hipocrisia nacional, é que o autor da ação no TSE, o quase ex-senador Aécio Neves, já confessou, levianamente, em gravação com autorização de escuta judicial, que propugnou a ação só para "encher o saco do PT". Mais curioso ainda é que o Senado anulou a sentença provisória do STF (Facchin) que o afastou do Senado, e que também foi cancelada pelo mesmo STF (Marco Aurélio Mello), e não vão mais cassar o mandato do tucano, pois esses colegas andam solidários, cada vez mais, seja nas tristezas, seja nos objetivos políticos.

Enquanto o governo federal vai trançando armas com o judiciário, que também disputa velhas diatribes com o legislativo, ações do governo federal tentam desarmar o atual Código Florestal, especialmente na área da Amazônia, reduzindo as áreas de proteção ambiental no Pará, anulando multas, permitindo novas manobras cartoriais, tudo sob a omissão da grande mídia.

Fico na expectativa para as eleições de 2018, se é que vão acontecer, sobre o que o povo vai fazer em termos de votos. A hipocrisia brasileira só parece que atingiu o limite do imaginável. Que ninguém tenha dúvidas de que ela será superada. Em breve, as delações do Cunha, detalhando os nomes dos colegas legisladores que ganharam um jabá "por fora" para votar o impeachment de Dilma. Esses mesmos que agora vão "votar" pela autorização, ou não, de Temer ser julgado pelo STF por crimes de corrupção praticados antes de chegar ao Planalto, e depois de chegar lá também, pois a gandaia continuou correndo solta e fagueira, como prova a votação na CCJ, que não aceitou autorizar o processo. Aliás, por que a hipocrisia da CCJ votar? Independentemente do resultado da votação na CCJ, a votação que vale mesmo é a do plenário. Ou era já para mostrar forças de quanto a hipocrisia tem de importância nesse teatro de absurdos?

Coitado do Brasil, e dos brasileiros.


Wikipedia:

A hipocrisia é o ato de fingir ter crenças, virtudes, ideias e sentimentos que a pessoa na verdade não as possui. A palavra deriva do latim hypocrisis e do grego hupokrisis ambos significando a representação de um ator, atuação, fingimento (no sentido artístico). Essa palavra passou mais tarde a designar moralmente pessoas que representam, que fingem comportamentos.
Um exemplo clássico de ato hipócrita é denunciar alguém por realizar alguma ação enquanto realiza a mesma ação.
Para o linguista e analista social Noam Chomsky, a hipocrisia, é definida como a recusa de "... aplicar a nós mesmos os mesmos valores que se aplicam a outros", é um dos males da nossa sociedade, que promove a injustiça como guerra e as desigualdades sociais, num quadro de autoengano, que inclui a noção de que a hipocrisia em si é um comportamento necessário ou benéfico humano e da sociedade.
François duc de la Rochefoucauld revelou de maneira mordaz a essência do comportamento hipócrita: "A hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude". Ou seja, todo hipócrita finge emular comportamentos corretos, virtuosos, socialmente aceitos.

O termo “hipocrisia” é também comumente usado (alguns diriam abusado) num sentido que poderia ser designado de maneira mais específica como um “padrão duplo”. Um exemplo disso, é quando alguém acredita honestamente que deveria ser imposto um conjunto de morais para um grupo de indivíduos diferente do de outro grupo.

Hipocrisia é pretensão ou fingimento de ser o que não é. Hipócrita é uma transcrição do vocábulo grego "ypokritís" (υποκριτής). Os atores gregos usavam máscaras de acordo com o papel que representavam numa peça teatral. É daí que o termo hipócrita designa alguém que oculta a realidade atrás de uma máscara de aparência.
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terça-feira, 21 de março de 2017

Agroecologia: discutir é preciso!


Zander Soares de Navarro *
O portal principal da Embrapa disponibilizou esta semana, no "Conexão Ciência", uma entrevista com uma colega pesquisadora, que discorre sobre o tema "transição agroecológica".

Entendo que se trata de uma importante entrevista, a qual deveria ser discutida em nossas unidades, entre os pesquisadores e analistas. Caso ocorra esse debate, sugiro cinco perguntas que poderiam orientar parte das discussões:

(a) em certo momento, a pesquisadora comenta que esta chamada "transição" deriva de (segundo ela) um "campo científico" que seria a agroecologia. A pergunta: seria possível, por favor, provar que se trata de ciência? Se sim, quais são os seus autores, publicações, conceitos, enfim, qual a "problemática teórica" que orientaria a agroecologia? Ou será que poderia existir uma ciência sem tal problemática (e, portanto, seu arcabouço analítico)? E, não existindo esta ciência (como entendo que não existe), por que a Embrapa apoia projetos que não tem fundamentação científica?

(b) a sugestão prática oferecida aos agricultores, pela agroecologia, é "aumentar a complexidade", ampliando os seus sistemas produtivos, com a diversificação dos cultivos e as criações no interior da propriedade. Nesse caso, a pergunta é simples: por que apenas os agricultores brasileiros preferirão a complexidade, ao contrário de todo o restante do planeta? Como sociólogo, esta é sugestão que causa perplexidade, pois desconheço na literatura esse "achado antropológico" que comprovaria a maior capacidade de nossos agricultores de lidar (e gostar) da complexidade. Se examinadas as agriculturas de todos os demais países que modernizaram o setor (ampliando a produção e a produtividade), pelo contrário, o que ocorreu sempre foi a simplificação produtiva, porque a atividade se tornou, sim, bastante complexa- mas em sua administração econômico e financeira. Em decorrência, no tocante ao sistema produtivo, pelo contrário, a especialização produtiva se tornou a marca dessas agriculturas. Propor que os agricultores optem também pela complexidade produtiva, além da tecnológica e da econômica, sugere que nossos agricultores seriam super-heróis, os únicos capazes de lidar com qualquer tipo de complexidade. Onde existe a comprovação desse comportamento social?

(c) ampliar a diversidade produtiva requer, necessariamente, maior uso do trabalho. Em um período sob o qual estamos observando, pelo contrário, o esvaziamento populacional no campo brasileiro e o custo do trabalho vai se tornando mais caro, como os produtores, especialmente os médios e os pequenos, pagarão a conta? Pergunta: de onde virá o fator trabalho que cresce com a diversidade produtiva? Ou será que a agroecologia é apenas para os produtores mais ricos, que contratarão firmas especializadas para administrar esta formidável complexidade?

(d) a proposta implicitamente tem um componente social (e moral) que também precisa ser discutido abertamente. Ampliar a diversidade produtiva interna aos estabelecimentos claramente recomenda às famílias rurais que procurem o "cansaço de seu trabalho", pois precisarão trabalhar muito mais, exaurindo-se como seres humanos. Há uma implicação moral nesta sugestão, que é tratar as famílias rurais como se fossem um tanto idiotas, pois preferirão a exaustão que a complexidade produtiva necessariamente implicará. Pergunta: não existiria aqui uma suposição moral altamente condenável nesta proposta?

(e) por fim, o aspecto mais grave a ser discutido. A proposta, cuja finalização concreta ninguém sabe exatamente dizer quando ocorreria, também supõe que as famílias rurais não se movem pela busca de renda. Ou seja, mais uma vez, os determinantes econômicos são ignorados em nome de uma "ambição ambiental", que seria determinante. Mas será isso o que as famílias rurais almejam? Querem ser felizes em meio à diversidade vegetal e animal de suas propriedades, mas continuando pobres, com rendas mais baixas? Não existiria aqui um insensato irrealismo? Por que os proponentes da agroecologia não consultam as famílias rurais sobre as suas ambições e sonhos e continuam a insistir com propostas que são distantes da realidade? Pergunta: em uma atividade econômica, como a agropecuária, como ignorar os determinantes econômicos e financeiros?
 

A analogia do tema acima com outro grande tema ora difundido na Embrapa assoma a olhos vistos. Refiro-me à proposta de "integração lavoura-pecuária-floresta", uma iniciativa que padece dos mesmos desafios acima arrolados.

No fundo, caros colegas, esse debate se torna relevante porque a Embrapa está se distanciando, cada vez mais, das realidades concretas e práticas da produção agropecuária, da vida social rural e, sobretudo, da compreensão acerca dos comportamentos sociais e os processos de decisão dos agentes econômicos. Precisamos por novamente os pés no chão, pois o pensamento mágico se torna cada vez mais presente em nosso cotidiano.

* o autor é pesquisador da Embrapa


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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Politicamente correto: progressista ou conservadorismo?

Richard Jakubaszko
Estranho mundo contemporâneo este que vivemos nesta quadra geracional, onde as imbecilidades brotam de todos os lados, como se fossem nuvens de gafanhotos, especialmente na blogosfera. Considerando que o tal do “politicamente correto” é uma ação neutra, ou seja, um comportamento ou comunicação proveniente de uma pessoa ou empresa, que não deseja criar conflitos com ninguém, ou, melhor ainda, pretende evitar polêmicas, e ficar “de bem” com todo mundo, a prática alastrou-se mundo afora, mas nem por isso deixa de provocar arrepios em gente como eu, que tenho o olhar do estrupício integrado no meu modo de “piloto automático” de levar a vida, seja no tempo pessoal ou profissional.

Vivemos hoje em dia no Brasil, liderados pela grande imprensa, em especial a TV e a internet, uma gigantesca hipocrisia do politicamente correto, seja em termos econômicos, sociais ou jurídicos, e que afetam o político. A consequência de tudo isso é que é tudo mentira, ou seja, tudo que você lê ou assiste, ou é ficção, como num filme ou novela, ou é hipocrisia, amparada no “politicamente correto”, comportamento que acaba gerando fatos e notícias dentro do que alguém pensou que seria legal fazer para chamar a atenção das massas. Porque é óbvio que esse politicamente correto tem a onipresente pretensão de ser algo definitivamente inteligente, que será eternizada entre nós mortais integrantes das massas como a verdade mais inteligente e absoluta, algo como uma tábua dos 10 Mandamentos, mesmo que a tal ideia ideia seja um chiste juvenil com alto valor de mediocridade.

Pois não é outra a ideia imbecil de censurar algumas marchinhas de Carnaval como “Maria Sapatão”, “Teu cabelo não nega, mulata”, “Índio quer apito”, “Cabeleira do Zezé”, e outras menos votadas, simplesmente porque seriam “polêmicas”, ou porque incomodam algumas minorias. E essa mediocridade vai parar nas páginas online dos jornalões, como se fossem verdades definitivas, endeusadas por algum(a) jornalista que aplaude a criatividade do medíocre que se julga criativo e que anda a fermentar ideias politicamente corretas para aparecer na mídia.

As justificativas que li, para explicar a censura contra as marchinhas de Carnaval, são hilárias e medíocres, pois não há outro nome para qualificar essa aberração moralizante do politicamente correto. Essa, parece num primeiro momento, que é progressista, porque se preocupa em não invadir o espaço do próximo, pretensamente não quer ser incômoda e nem ofender a qualquer outro. Mas, como já é prática generalizada, acaba por ser conservadora, porque é conveniente aos medíocres e inseguros poderosos de plantão, seja em que área for.

Politicamente correto, como me informou o amigo engenheiro agrônomo Fernando Penteado Cardoso, 102 anos, um capitalista de mão cheia, que tinha tudo para ser conservador, mas é um progressista no sentido lato da palavra, é “pegar um pedaço de merda pela parte mais limpinha da coisa”.

Veja lá ( https://richardjakubaszko.blogspot.com.br/2011/04/definicao-de-politicamente-correto.html ), publiquei isso aqui no blog em 2011, a título de atualização intelectual, digamos assim, mas nesse curto espaço de tempo transcorrido as coisas pioraram... O pior de tudo é que não posso, ou não devo nem dizer que “isso é veadagem”, pois arrisco-me a ser xingado de homofóbico, logo eu que sou apenas hétero, porque Deus me fez assim, e aceitei com gosto, sem discussão, de cumprir meu papel dentro desse figurino. Mas, costumo retrucar, quando xingado, que quem me xinga é heterofóbico, então o bicho vai pegar, não tenha dúvida, leitor, é veadagem mesmo... Pois o politicamente correto, é eticamente incorreto.

E tenho dito!

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sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Acabar com as criancinhas para desaquecer o planeta?

Luis Dufaur *
Foto 1
Tubarões assassinos, crocodilos perigosos, javalis predadores ou lobos devoradores de gado: todos eles são espécies protegidas pela estranha religião “verde” ainda que causem danos ao homem e a outros animais.

Mas os homens têm que ser reduzidos em número, em direitos, em condições de vida, segundo decreto dessa mesma religião! Têm que ficar insustentáveis nesta terra!

Eles são os únicos seres que não podem nem devem cumprir o preceito ecológico de se auto-sustentar.

O jornal “The Washington Post” trouxe esclarecedora matéria a respeito. Militantes contra o “aquecimento global” se mobilizaram para cortar a taxa de nascimentos de crianças nos EUA.

O sofisma arguido, com muito sabor de luta de classe de pobres contra ricos, diz que os países ricos deveriam desencorajar as pessoas que querem ter filhos.

A causa? Para protegê-los contra os danos – fictícios ou montados artificiosamente – do “aquecimento global” num século venturo e também para reduzir emissões que não explicam claramente.

Travis Rieder, diretor do Instituo Berman de Bioética na Universidade Johns Hopkins, disse à National Public Radio (NPR) que derrubar a fertilidade humana global a meio filho por mulher “poderia ser a coisa que vai nos salvar”.

“Eis um pensamento estimulante: talvez nós salvaremos nossos filhos não os tendo”, disse.
Foto 2
Ele propôs desanimar a procriação com novos impostos impedindo que os pobres tenham crianças, e impondo penalidades tributárias aos ricos. Algo assim como uma ‘taxa carbono aplicada contra os filhos’.

Rieder acrescentou que essas punições funcionariam melhor contra os ricos. Por sua vez os países ricos dariam o exemplo aos pobres de não ter filhos.
A proposta é mais radical que a “política do filho único” – pois seria só “meio filho” – e ficou registrada no livro “Population Engineering and the Fight Against Climate Change” (“Engenharia Populacional e o Combate contra a Mudança Climática”) que Rieder escreveu com mais dois professores da Universidade de Georgetown.

A ONG “Futuro concebível” de New Hampshire também adota como premissa a disparatada tese de que “a crise do clima é uma crise reprodutiva”, escreveu o “Washington Times”.

Os extremistas ambientalistas tentaram logo dissimular o fundo totalitário de suas propostas, alegando que não propunham medidas coercitivas, nem leis despóticas como fez a China com a famigerada e fracassada “política do filho único”.

Porém, Marc Morano, diretor do site Climate’s Depot especializado em denunciar as fraudes do ambientalismo radical, observou que as normas ditatoriais que esses ativistas negam com a língua, na prática seriam logicamente inevitáveis se se aprovam suas antinaturais premissas.

Morano também observou que os grupos que se dizem contra a “mudança climática” agora insistem que os homens deveriam ter menos contatos sexuais para conseguir um planeta menos cálido, e também para diminuir a natalidade.

“Os aquecimentistas já cansaram de combater as lâmpadas elétricas, as termoelétricas a carvão, os carros 4X4, e agora se assanham para ficar controlando o tamanho das famílias dos outros”.

Rieder anunciou o livro “Toward a Small Family Ethic: How Overpopulation and Climate Change are Affecting the Morality of Procreation” (“Rumo à ética da família pequena: como a superpopulação e a Mudança Climática estão afetando a moralidade da procriação”).

O disparate anticristão e antinatural salta aos olhos.


Legendas
Foto 1: Para combater a "mudança climática", ONGs ecologistas pedem reduzir nascimentos de crianças até uma média estatística de "meio filho" por casal (sic!).
Foto 2: Enfermeira cuida de recém-nascidos em hospital de Jamestown, EUA.
 

Publicado originalmente em http://ecologia-clima-aquecimento.blogspot.com.br/2016/09/acabar-com-as-criancinhas-para.html
* o autor é escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs.



COMENTÁRIOS DO BLOGUEIRO:
Publiquei o artigo acima com o único objetivo de provocar debates sobre o polêmico e encardido assunto da redução na velocidade do crescimento demográfico.
Lamentavelmente, a questão tem sido abordada com diversas deturpações econômicas, políticas, ideológicas e moralistas.

Abordei o assunto, sob diversas óticas, em meus quatro livros já publicados, desde 1992, e especialmente em meu mais recente livro, "CO2 aquecimento e mudanças climáticas: estão nos enganando?".

Veja o leitor, portanto, que discordo da opinião do autor (Dufaur) da matéria acima, e concordo com a proposta e opinião dos ambientalistas americanos, apesar de concordar com o autor (Dufaur) no ceticismo ao aquecimento e ao mesmo tempo ser frontalmente contra ele sobre as causas apontadas de que todos os ambientalistas são "comunistas verdes".

Desta forma, pelo menos em minhas propostas, não existem alinhamentos ideológicos, muito menos moralismos a serem discutidos.

Há, em minha opinião, que se estabelecer um debate em profundidade sobre se é um fato que a superpopulação planetária é a causa principal, ou não, como considero, de todos os problemas sociais, econômicos, ambientais (poluição) e até mesmo ideológicos da humanidade. Diante das constatações que se possa chegar, poderíamos propor então soluções para a redução dos índice de crescimento demográfico, ou da redução do consumismo, pois precisamos hoje de cerca de 2 planetas para alimentar e prover 7,4 bilhões de pessoas, sem o que esgotaremos a nossa casa. 

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domingo, 4 de setembro de 2016

A honestidade dos brasileiros

Richard Jakubaszko
Reproduzo abaixo interessante artigo sobre a propalada malandragem macunaímica dos brasileiros.

Em 2016, mais brasileiros admitem ter 'dado um jeitinho', diz pesquisa; entenda o que isso tem a ver com corrupção
Ingrid Fagundez
Da BBC Brasil em São Paulo

Pesquisa aponta que mais brasileiros admitem fazer uso do 'jeitinho'

Em meio a investigações, delações premiadas e prisões da Operação Lava Jato, mais brasileiros estão admitindo que já "deram um jeitinho" para resolver problemas.

Pesquisa da consultoria Ipsos obtida com exclusividade pela BBC Brasil mostrou que, entre outubro de 2014 e maio de 2016, o número de entrevistados que declarou ter "dado um jeitinho no último ano" passou de 49% para 62%, um aumento de 26%.

O último levantamento foi feito entre 29 de abril e 7 de maio passado, com 1.200 pessoas em 72 municípios do país e a margem de erro é de 3 pontos percentuais.

Segundo o estudo, para a maioria dos brasileiros, atitudes como pedir a um médico conhecido para passar na frente na fila do posto de saúde ou pedir a ajuda de um amigo que trabalha no serviço público para expedir um documento mais rápido encaixariam nessa categoria e não seriam corrupção.

Isso significa que as pessoas estão sendo menos éticas? Não necessariamente.

Para Danilo Cersosimo, diretor na Ipsos Public Affairs e responsável pela pesquisa, o dado é sinal de que há mais transparência nas respostas.

"Estamos vivendo um momento de transformação de valores. Não significa dizer que de uma hora para outra todo mundo vai começar a agir de forma correta", diz. "Mas o contexto faz com que todos tenham que admitir pequenos ou grande deslizes."

Cersosimo cita um contexto que estaria colocando todos "contra a parede" e destaca a importância da Lava Jato como símbolo do combate à corrupção. Segundo outra pesquisa da Ipsos, em abril 75% dos entrevistados achava que a operação iria transformar o Brasil em um país sério.

"Quando as pessoas começam a ver que ações contra corrupção vão dar resultado, elas começam, quase como obrigação moral, a rever seus conceitos."

Ao lado da Lava Jato, a crise econômica e a piora de condições de vida da população influenciariam numa mudança de comportamento. Em tempos difíceis, explica Cersosimo, quando é necessário sair do consultório privado e entrar na fila do SUS, a revolta com os desvios do dinheiro público cresce. Isso porque as pessoas passam a sentir na pele os prejuízos que a corrupção acarreta aos serviços do Estado.

O reflexo disso chegaria nas pequenas atitudes do dia a dia e na ligação, ainda que incipiente, entre o cotidiano e a grande corrupção dos políticos.

"Em partes, a pessoa está refletindo que os R$ 20 pro guarda no final das contas ajudam a manter esse modelo deformado, onde o político corrupto desvia R$ 300 milhões."

Número de entrevistados que declarou ter "dado um jeitinho" no último ano passou de 49% para 62%

Segundo Cersosimo, prova da transformação na cabeça dos brasileiros seria a quantidade de entrevistados que acreditam que o "jeitinho" não é uma coisa certa: o número passou de 54% para 67%.

Além disso, neste ano, mais pessoas definiram fazer gato de energia elétrica e passar conversa no guarda para não pagar multas, por exemplo, como corrupção (64% e 56%, respectivamente) e não como "favor" ou "jeitinho".

Em 2014, essam porcentagens eram de 58% e 45%, respectivamente. Apenas "guardar lugar na fila para alguém que vai resolver um problema" continuou no mesmo patamar - 53% o consideram um "favor".

Jeitinho na crise
O protagonismo dado à Lava Jato pelo diretor da Ipsos no aumento da prática do "jeitinho" não é consenso. Especialistas consultados pela BBC Brasil diminuem a relevância da operação nos resultados da pesquisa.

Para Rita Biason, coordenadora do Centro de Estudos e Pesquisas sobre Corrupção da Unesp, mais gente está admitindo o jeitinho por causa da difícil situação econômica do país. Segundo ela, quanto mais bens e serviços são tirados da população, maior será o uso de estratégias "alternativas" para se conseguir o que se quer.

"Pode haver mais consciência de que o ato é reprovável, mas dadas as atuais circunstâncias, a pessoa se vê obrigada (a isso). Ela perdeu o emprego, perdeu o convênio médico, vai para fila do SUS e vai achar um jeito de ser atendida."

Ela explica que o "jeitinho" fica numa categoria intermediária entre o favor, que não gera transgressão, e a corrupção, quando há o completo desrespeito às leis.

Apesar de ser uma "zona cinzenta", Biason afirma que o brasileiro sabe diferenciá-lo da ilegalidade: o jeitinho seria pessoal, quase uma camaradagem, e a corrupção, institucional.

Apesar de haver mais consciência sobre os problemas de agir fora das regras, a professora não acha que os brasileiros estejam mais atentos na relação entre seus desvios cotidianos e a corrupção dos políticos, por exemplo.

"As pessoas não veem conexão entre Brasília e o dia a dia, a prática da cidadania e as negociações no âmbito político. São coisas muito distantes."

Nesse sentido, investigações e prisões seriam absorvidas pela população "como uma esponja" e moldariam suas opiniões, mas não suas ações.

Biason vê isso no aumento do número de entrevistados que respondeu "para que a coisas funcionem é preciso que todos cumpram a lei". A proporção foi de 76% em 2014 para 82% em 2016.

"O fato de alguém ser crítico não significa que não praticará o jeitinho, porque, para ele, são duas coisas desconexas."

Processo mais longo
Mudar de fato o comportamento do brasileiro perante a corrupção exige mais do que operações da Polícia Federal, diz o sociólogo Alberto Carlos Almeida, autor de A Cabeça do Brasileiro.

Segundo ele, o costume de não seguir regras é muito arraigado no país e uma alteração, mesmo que inicial, não acontece em alguns anos. Ainda de acordo com o Ipsos, 74% dos entrevistados afirmam que já "deram um jeitinho" em algum momento da vida.

"Isso vai durar só enquanto acontece essa coisa mais midiática. (Uma transformação) não acontece em dois ou três anos por causa de uma operação. Quantas dessas já tivemos?"

Corrupção
De acordo com o Ipsos, 74% dos entrevistados afirmam que já "deram um jeitinho" em algum momento da vida.

Para Almeida, a sequência de investigações é até negativa, porque aumenta a descrença da população na política, para a qual não há outras alternativas. É como se estivéssemos prendendo todos os líderes do sistema sem ter um plano B.

"O melhor seria uma mudança mais lenta. Um combate à corrupção mais gradualista, com passos mais sólidos e mais difícil de retroceder (nas conquistas). Quando você acelera muito, corre o risco de voltar atrás."

Seria necessário, portanto, mudar as leis e os sistemas de controle e não apenas criar operações de combate. Uma reforma estrutural, diz Almeida, minaria as causas da corrupção.

A coordenador da pesquisa da ONG Transparência Brasil, Juliana Sakai, vai na mesma linha. Para ela, as instituições deveriam tornar mais difícil a prática de atos ilícitos.

"Está todo mundo assustado com a Lava Jato, mas ela mesmo tem poucos mecanismos de investigação. A maioria dos casos é de delação, de alguém que irrompe do sistema. É preciso mudar os mecanismos institucionais."

O sociólogo pondera que a aprovação dessas medidas no Congresso depende da pressão da população e que a melhoria das educação ajuda na criação de cidadãos mais atuantes.

Os pacotes anticorrupção sugeridos por Dilma e pelo Ministério Público Federal, por exemplo, não foram para frente nas Casas.

"No fim, a educação é a chave. Pessoas mais educadas pressionam mais o sistema político", afirma Almeida.

http://www.bbc.com/portuguese/brasil-36485912#page
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terça-feira, 30 de agosto de 2016

Tem coca aí na geladeira...

Richard Jakubaszko
Sabe aquele Senado brasileiro sem moral para julgar a presente Dilma Rousseff? Veja no vídeo, e me diga de quem é a mãozinha do senador nervoso, tudo isto enquanto a presidente dava uma resposta a outro senador. Será que é um papilote de talco? O casaco do senador era azul escuro, e a camisa branca...

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domingo, 14 de agosto de 2016

Carros fabricados antes de 1997 não podem mais circular em Paris

Rafael Regiani
Os jornais franceses Les Echos e Aurjourd'hui en France, de 1º de julho último, falam sobre a proibição de circulação de carros antigos em Paris. A medida passou a valer a partir daquela data, com o objetivo de reduzir a poluição no centro da cidade.

Carros fabricados antes de 1997 e motos anteriores a 1999 estão proibidos de circular na área conhecida como “Paris intramuros”, ou seja, apenas o perímetro da cidade, excluindo as cidades da periferia da região parisiense.

A medida vale para dias e horários específicos: de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h. A nova lei deve tirar de circulação 10 mil veículos dos 600 mil que circulam diariamente pela capital. O jornal Aujourd'hui en France lembra a seus leitores que, por enquanto, os donos das “latas velhas” não devem se preocupar com multas, porque a fiscalização só começa em outubro.

Alemães com menos carros
O jornal Les Echos aproveita a nova lei para traçar um panorama do papel dos carros elétricos e do uso do carro em geral nos países europeus. Os dados mostram uma surpresa: os alemães, conhecidos por fabricar carros de excelência, são o povo europeu que menos possui veículos.

Entre os lares alemães, 77% possuem carro. Já os vizinhos austríacos são os que mais andam sobre quatro rodas: 86% das famílias possuem carro. Nenhum deles compete com os Estados Unidos, onde 89% dos casas têm carro.

O Les Echos também mostra como existe um abismo entre o número de pessoas que possuem carros nas capitais e no interior dos países europeus, com muito mais veículos no interior. Em Paris, por exemplo, 69% têm carros, contra 83% no índice nacional.

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