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quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Dia das crianças, dos agrônomos e de Nossa Senhora da Aparecida

Richard Jakubaszko 
Hoje é um dia especial, para as crianças, para os engenheiros agrônomos e da padroeira do Brasil, Nossa Senhora de Aparecida.  

Louvemos as crianças, saudemos os agrônomos e adoremos a padroeira do Brasil.
Nossas crianças são o futuro, os agrônomos mostram seus inestimáveis serviços para a produção de alimentos, e Nossa Senhora de Aparecida há de proteger os brasileiros de uma hecatombe política, que assim seja.


 

 

 

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segunda-feira, 29 de junho de 2020

Chico Bento será agrônomo, vai estudar na Esalq

Richard Jakubaszko 
Quem me mandou a notícia foi o agrônomo aposentado da Embrapa, Odo Primavesi, que ficou muito satisfeito com a decisão do Maurício de Souza, cartunista e criador da Turma da Mônica, em fazer do personagem um engenheiro agrônomo estudante da gloriosa Esalq. 
Leia a notícia abaixo.


quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Ibn Al Awan: o pai da agronomia e da veterinária

Evaristo E. de Miranda *
A agricultura brasileira herdou um legado da civilização árabe-muçulmana da Península Ibérica. Essa presença é indelével na origem árabe do nome de produtos agrícolas como café, arroz, açúcar, laranja e algodão ou em medidas associadas como alqueire, arroba e almude. Ela marca ainda o mundo rural do Nordeste: rês, gibão, açude, amofinar, cuscuz, ciranda, xarope etc. A agricultura próspera dos séculos XI ao XIV resultou em parte da elaboração de novas técnicas pelos agrônomos árabes, como as de Ibn Al Awan, considerado pai ou patrono da agronomia, o equivalente de Hipócrates para a medicina. Esse agrônomo árabe-andaluz morreu em Sevilha em 1145.

Ciência
Na Antiguidade, autores gregos e latinos trataram de reunir os conhecimentos disponíveis sobre técnicas agropecuárias. Entre os gregos, destacam-se Hesíodo (Trabalho e Dias), Aristóteles (História dos Animais), Teofrasto (História das Plantas), Eratósteno de Cirena (Tratados de Astronomia), Aratos de Soles (Fenômeno) e Nicandro de Colofan (Teríacos). Entre os latinos, Catão o Antigo (Da Agricultura), Varron de Reata (Res Rusticae), Cícero, Columelo e Virgílio (Geórgicas).

Essas obras não são consideradas científicas. A civilização árabe criou as bases de uma ciência agronômica, ultrapassando a simples cumulação de conhecimentos empíricos. E a agricultura mediterrânica conheceu aperfeiçoamentos sem precedentes.

Jardins de ensaios
Ibn Al Awan forjou vários conceitos agronômicos originais. E deu origem à agronomia como ciência de observação e experimentação. Ele abriu perspectivas para os conceitos novos e à interpretação racional das práticas empíricas, dominadas durante muito tempo por ritos e superstições. Seus experimentos, com diversas técnicas e instrumentos, deram à aração uma base material e racional, liberando-a dos sentidos místicos e sobrenaturais que a cercavam.

Com cerca de 1500 páginas, o “Livro da Agricultura”, de Ibn Al Awan, é um tratado de agronomia. Ele é o resultado da leitura completa de autores gregos, latinos, egípcios, caldeus, persas etc., sustentada por experimentos realizados na região de Granada e Sevilha. Às técnicas identificadas pela leitura, ele agregava os conhecimentos locais. Sem preconceitos, ele testava-as em palácios dos califas de Sevilha. Esse apoio necessário à experimentação e ao teste de suas técnicas fazia tais locais funcionarem como “jardins de ensaios” ou “campos experimentais”.

Os agrônomos andaluzes atingiram um grande desenvolvimento no controle do material vegetal e dos fatores da produção agrícola, sobretudo com relação à água. Desde sua época, Ibn Al Awan foi reconhecido como pai da agronomia. Em sua obra Prolegômenos, Ibn Khaldoun indica-o como autor do tratado de agricultura que eliminou todas as prescrições supersticiosas e talismânicas dos sistemas de cultivo. A obra de Ibn Al Awan é composta de 35 capítulos em três volumes. Eis seus tópicos principais.

Solos, fertilizantes e água
O livro começa com a base da agricultura: os solos. No primeiro capítulo são identificados cerca de 12 categorias de solos, cuja origem é explicada pela desagregação das rochas e sua decomposição através da ação da água e do calor. As características para indicar uma boa terra são minuciosamente descritas, assim como métodos de recuperação e melhoramento de solos considerados ruins ou inaptos à agricultura.

O segundo capítulo trata de fertilizantes. Além de uma classificação de diversos tipos e técnicas possíveis para preparação de diversos compostos orgânicos, ele fornece indicações sobre a utilização de margas e calcários, analisa as épocas mais convenientes de aplicação de fertilizantes e as árvores e plantas que se acomodam ou não aos diversos tipos de fertilização.

O capítulo terceiro é sobre irrigação, fala da água e de seus diversos tipos, sua adequação a cada tipo de planta. Trata-se ainda da construção de poços, do nivelamento das terras e de várias técnicas e métodos de irrigação (submersão, quadros, pites etc.).

Divisão prática
A concepção dos orientais identifica a árvore como um homem de cabeça para baixo. Os gregos atribuíam uma alma vegetativa às árvores. Muitas dessas crenças subsistem até hoje: plantas reagem à inveja, protegem a casa etc. Existiam divisões astrológicas das plantas: árvores da lua, solares ou sob a influência dos sete planetas. Ibn Al Awan impôs uma divisão prática e utilitária das árvores (frutíferas, forrageiras, que produzem madeira de qualidade, essências etc.).

Ele distingue a reprodução sexuada nas árvores. O capítulo XIII se intitula “Fecundação artificial das árvores”. Sua obra trata detalhadamente do cultivo de 151 espécies de árvores abordando técnicas de propagação, meios de multiplicação, plantação, conduta, poda, enxertia e tratamentos fitossanitários. O capítulo XVI trata da conservação dos frutos e sementes. Ele evoca desde os cuidados na colheita até as precauções recomendadas na conservação de frutos frescos ou secos. São indicadas várias técnicas para transformar frutos não comestíveis em alimentos, sobretudo em caso de penúria.

As plantas têxteis (algodão, linho e hibisco) foram estudadas. Ibn Al Awan pesquisou o algodão herbáceo, mas tratou também do arbóreo. Sua descrição dos sistemas produtivos de algodão foi especialmente traduzida para o francês com o objetivo de orientar, nos fins do século XIX, a cultura nas possessões francesas da África. O Livro da Agricultura embarcava com os colonos para orientá-los nas atividades agropecuárias. Nessa parte do livro encontram-se observações sobre as culturas forrageiras e, particularmente, sobre a alfafa.

Na jardinagem são tratadas plantas olerícolas, aromáticas, ornamentais e medicinais. Amplo espaço é consagrado às cucurbitáceas: melões, melancias, abóboras e pepinos, dos tipos mais diversos. Muitas variedades eram semeadas em estufas para a obtenção de melões precoces, por exemplo. Na obra, não há um só artigo sobre plantas comestíveis que não indique vários procedimentos e modos de preparação culinária, além do detalhamento do sistema de cultivo, da natureza de solos convenientes e os tipos de fertilizantes apropriados. Cada artigo é acompanhado de uma sinonímia, muito importante no caso das rosáceas, por exemplo, numa época em que a sistemática vegetal ainda não existia. A cana-de-açúcar está entre os vegetais cultivados na Espanha árabe e fornece uma data precisa sobre sua introdução na Europa. Os capítulos relativos aos cereais são os mais longos da obra.

Calendário solar
Os muçulmanos seguem o calendário lunar e o começo de cada ano varia. Os trabalhos agrícolas, organizados pelo ciclo solar, levaram Ibn Al Awan a criar seu calendário solar. Para cada mês são dados os nomes equivalentes latinos, sírios e mesmo persas. O calendário é acompanhado de observações e prognósticos meteorológicos: para o dia seguinte ou da manhã para a tarde e para vários dias ou meses. Os sinais precursores são classificados entre os de primeira ordem e os secundários. Vários tipos de chuvas são classificados. O parágrafo dedicado aos ventos descreve uma rosa de 16 direções.

Animais e veterinária
Com exceção de suínos, todos os animais domésticos são estudados segundo uma lógica constante: escolha dos animais, seleção, reprodução, estabulação, alimentação e aspectos sanitários. Os cavalos, paixão conhecida dos árabes, estão em um tomo inteiro da obra de Ibn Al Awan. Cento e onze enfermidades são descritas no capítulo XXXIII. Apresenta receitas de mais de 20 colírios para cavalos.

Em homenagem à veterinária, o título do capítulo merece ser citado: “Tratamento de algumas das doenças que sobrevêm aos cavalos nas diversas partes do corpo. (…) Sintomas e diagnósticos para as doenças; remédios. Esta parte da ciência é a medicina veterinária”. A última parte de seu livro sobre animais trata de avicultura (um parágrafo é dedicado à incubação artificial dos ovos) e, no sentido amplo, da criação de pombos, galinhas, pavões, patos e gansos. O artigo III do capítulo trata da fabricação de foie gras. E o último artigo, que encerra o tratado, é dedicado à apicultura.

A obra de Ibn Al Awan contextualiza as condições históricas que permitiram à agronomia andaluza um progresso tal, que marcaria a agricultura europeia até o século XIX. No Marrocos, uma revista de agronomia análoga à Bragantia no Brasil, chama-se Al Awamia. A obra de Ibn Al Awan é um exemplo para os agrônomos e veterinários. Além dos aspectos técnicos, ela revela a importância do contexto social e político no processo de geração e adoção de tecnologia agropecuária.

* o autor é engenheiro agrônomo, doutor em ecologia, Chefe-Geral da Embrapa Monitoramento por Satélite.
Publicado originalmente na revista Agro DBO - outubro 2017, em homenagem ao dia do engenheiro agrônomo, 12/out/2017.


Ser agrônomo

Fernando Penteado Cardoso 
Neste dia do agrônomo, lembrei-me de escrito de anos atrás.
Grande abraço
FC
            Ser agrônomo
É cuidar de plantas,
é tratar os animais,
estudando a natureza.
É trabalhar a terra,
é melhorar o solo,
zelando pelo ambiente.
É se lembrar do homem,
é ensinar o que sabe,
pensando nos que virão.
É dedicar-se à pátria,
é planejar o amanhã,
sonhando com as estrelas.

Fernando Penteado Cardoso
USP-ESALQ 1936
Dia do Engenheiro Agrônomo,
12 Out.1981

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segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Desafios e demandas para o agronegócio: o engenheiro agrônomo do futuro

Antonio Roque Dechen *  
Qual seria o cenário politico e econômico do Brasil se não tivéssemos a produção de alimentos que temos hoje? A agricultura e a agroindústria formam um dos segmentos mais complexos e dinâmicos da nossa economia. A recente crise mundial e, principalmente a brasileira, evidenciam a importância do agronegócio em nossa sustentabilidade e estabilidade econômicas. Este ano a produção de grãos deverá superar a marca de 200 milhões de toneladas, colocando o Brasil no seleto grupo de países que produzem uma tonelada de grãos por habitante (segundo dados da Agrocunsult/2015).
 
Nos acostumamos tão rapidamente com o sucesso do agronegócio brasileiro que temos a impressão de que sempre foi assim. Não nos lembramos de como era a nossa agricultura nos anos 70, época em que 35% população era rural e 65% urbana. Hoje a população rural é de 13% e a urbana 87%, e a produção de alimentos aumentou consideravelmente. A que devemos o desenvolvimento, sucesso e eficiência da agricultura brasileira?


O ensino e pesquisa agrícola no Brasil tiveram inicio com a inauguração da Escola Imperial de Agronomia da Bahia em 1877 e da Estação Agronômica de Campinas em 1887 pelo Imperador D. Pedro II, instituições essas pioneiras em ensino e pesquisa e ainda jovens, 138 e 128 anos, respectivamente.


A revolução verde de Norman Borlaug nos anos 70, com o desenvolvimento de novas variedades de milho, com respostas a adubação, mudaram o cenário mundial de produção de alimentos. No Brasil, a conquista dos cerrados, uma das últimas fronteiras agrícolas, graças à transferência dos resultados de pesquisa, estabeleceu com sucesso a integração lavoura e pecuária. A adoção do sistema de plantio direto no Paraná mudou os paradigmas da agricultura brasileira. Hoje a agroenergia e os avanços da biotecnologia estão transformando e ampliando as oportunidades na agricultura e na bioindústria.


O Brasil, pela sua extensão territorial, disponibilidade de água, biomas diversos e condições climáticas favoráveis para a produção agrícola com grande diversidade de culturas, tem merecido atenção internacional, tornando-se referência na geopolítica da produção agrícola mundial.

Hoje o mundo exige a produção agrícola com sustentabilidade e rastreabilidade associadas à adequação ambiental. Portanto, para o Brasil se firmar nas posições de lideranças da produção agrícola será necessário também que seja líder na adoção de ações de sustentabilidade.


A Associação Brasileira de Agribusiness (ABAG), em recente congresso, adotou o tema “Sustentar é integrar”. Na abertura do evento, o presidente da Embrapa, Maurício Antonio Lopes, fez uma brilhante abordagem do “Futuro sob a lente do agronegócio”. A sustentabilidade será uma ação imperativa, sem ela não teremos mercados.
 
Como as nossas universidades, escolas e instituições de pesquisas estão se posicionando para a expressiva demanda de profissionais capacitados para este cenário futuro de alta tecnologia que nos espera?


Estamos preparados ou nos preparando para os trabalhos em rede de pesquisas e inovação, para a integração das cadeias produtivas, preparados para um sistema agroindustrial moderno, atentos às mudanças de comportamento e de hábitos da população urbana, preparados para a agregação de valor nos produtos agrícolas?


Nossos governantes estão atentos ou são sensíveis a essa novas demandas: apoiam e estimulam os setores de ensino e pesquisa agrícolas?

A economia brasileira só conseguiu destaque internacional graças ao sucesso de nossa agricultura, sucesso alcançado graças às boas práticas de base tecnológica e adoção de manejo sustentável de boas práticas agrícolas. Cabe, portanto, às instituições de ensino e pesquisa, a missão de continuar formando técnicos qualificados, e desenvolver novas tecnologias para cumprirem a nobre missão de semeá-las e garantir a sustentabilidade nos campos deste imenso Brasil.


Estamos em uma era de mudanças aceleradas, são enormes os impactos da revolução tecnológica. O Google, por exemplo, já lançou o carro autônomo. Mas não conseguiremos a autonomia de comida: os drones não trarão automaticamente alimentos do campo para a mesa sem o labor diário do agricultor e sem a participação dos profissionais de ciências agrárias no acompanhamento contínuo da produção agrícola e desenvolvimento de novas tecnologias.


Neste 12 de outubro, quando comemoramos o Dia Nacional do Engenheiro Agrônomo, nossos cumprimentos aos Engenheiros Agrônomos pela nobre missão de produzir alimentos e construir a paz. Norman Borlaug, Nobel da Paz em 1970, dizia: “Não se constrói a paz em estômagos vazios”.

 
* o autor é Presidente do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS), Professor Titular do Departamento de Ciência do Solo da ESALQ/USP, Presidente da Fundação Agrisus e Membro do Conselho do Agronegócio (COSAG-FIESP).

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quarta-feira, 5 de agosto de 2015

60 anos da República Jacarepaguá (Esalq/USP)

Richard Jakubaszko
Entrevistei dois jacarepaguanos no Portal DBO, os jovens Xavier e Egito, para falar do evento Desafios do Agronegócio, que vai acontecer dia 14 de agosto próximo (sexta-feira) no anfiteatro da Esalq, em Piracicaba/SP.
Aos esalqueanos fica o convite: participem do evento, vai ser divertido e produtivo. Até o ex-ministro Roberto Rodrigues (esalqueano da turma de 1965) estará presente: vai fazer a palestra de abertura, e vai encerrar o evento.

Veja a programação no link, onde você poderá se inscrever: 
Inscrições e mais informações em www.desafiosagronegocio.com
Abaixo a entrevista, onde o Xavier, apesar de ser a primeira vez que enfrenta uma câmera, saiu-se muito bem como entrevistado.

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quarta-feira, 6 de agosto de 2014

A Esalq, em documentário de 1959

Richard Jakubaszko 
Abaixo um documentário notável, feito pelo Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba (SP), mostrando a gloriosa Esalq em 1959. Conta sobre as diversas especialidades então aprendidas no curso de agronomia, que incluía até mesmo a cadeira de zootecnia, que ainda não era curso superior como é hoje em dia.


O vídeo é um registro, histórico e nostálgico, e o maior desafio, e também diversão, é tentar identificar alguns dos alunos de então, hoje todos septuagenários, o que não deve ser difícil, porque a agronomia é uma profissão que parece conceder longevidade aos seus adeptos, fato que o Dr. Fernando Penteado Cardoso (e muitos outros) comprova, eis que seu centenário está prestes a acontecer em setembro próximo.

Divulgo o vídeo enviando um abraço a todos os meus amigos agrônomos, formados pela Esalq. Este vídeo foi liberado para divulgação apenas em julho último, portanto, é "inédito" em termos de internet, e me foi enviado pelo amigo e agrônomo Hélio Casale, formado por lá pouco depois desse documentário ser realizado. 
Aos saudosistas, boa diversão!

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segunda-feira, 8 de outubro de 2012

12 de outubro – dia do engenheiro agrônomo, para reflexão


Mauricio Carvalho de Oliveira *

12 de outubro – dia do engenheiro agrônomo

Para reflexão:
O tema Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) e seus congêneres atende mais a sanha de ambientalistas e poderá, facilmente, contribuir para engordar a burocracia do que concretizar-se em um instrumento eficaz para a preservação ambiental.
 

O agricultor está preocupado em buscar inovações e tecnologias para produzir com eficiência e competir em um mercado cada vez mais exigente. Precisam, antes de tudo, de segurança jurídica em seus negócios (regras claras e confiáveis), de crédito suficiente e ágil, de logística adequada às suas atividades, e não de mais uma promessa distante de apoio financeiro para que ele zele de seus ativos ambientais.

Enquanto na burocracia são engendradas as estruturas regulatórias para gerir os tais PSAs, os produtores estão envolvidos na aquisição de insumos para os novos ciclos de produção – investir em máquinas e equipamentos, na conservação de seu solo, na proteção dos recursos hídricos, no aperfeiçoamento da gestão de seu negócio e a sobrevivência do mesmo, seja para seus filhos ou netos, ou para quem se dispuser, de fato, a ser um produtor de alimentos.

Esse é um tema relevante para reflexão no meio agronômico. Será isso que a sociedade precisa? Mais um imposto para girar a máquina pública e mais um atropelo legislativo para o produtor rural? Em quais países esses modelos estão funcionando? São apenas alguns questionamentos que devem estar muito claramente entendidos antes de assentir com tais propostas.

O engenheiro agrônomo é o profissional que melhor compreende os valores e a ciência do uso da terra. Valores e conhecimentos esses que devem ser colocados em beneficio de uma vida melhor, sem mistificações ou sofismas e que resultem no real desenvolvimento socioeconômico. Ciência e tecnologia sim! Mais imposto? Reflita sobre isso.

* O autor é Engenheiro Agrônomo
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

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quarta-feira, 3 de junho de 2009

Agribusiness Entrevista: Diretor da Esalq/USP

Richard Jakubaszko

Recebi por e-mail do meu amigo Professor Dr. Antonio Roque Dechen o link para o programa Agribusiness do Canal Rural/RBS, que o entrevistou:

Diretor da Esalq/USP comenta sobre a história e o futuro da ESALQ e também sobre o código florestal.

Recomendo assistir:
http://mediacenter.clicrbs.com.br/templates/player.aspx?channel=99&contentID=61619
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sexta-feira, 27 de março de 2009

Livro dos 75 anos da ESALQ - PDF

Richard Jakubaszko 

Esalqueano: PDF do livro dos 75 anos da USP, clique no link abaixo para baixar o livro, seu nome está lá, junto da história dessa magnífica entidade de ensino. http://www.esalq.usp.br/acom/usp75anos.htm  

Agradeço ao Prof. Dr. Antonio Roque Dechen pelo envio do link. _

sábado, 31 de janeiro de 2009

Erros de agrônomos e de médicos

Richard Jakubaszko 
Muito conhecido por todos que labutam no agronegócio o aforismo que nos informa que “Os erros dos agrônomos a terra mostra e os erros dos médicos a terra esconde”. Essa é a história de um agrônomo que não errou, e consta que teria sido ele o criador da já famosa máxima. 

Pois o Dr. Jarbas, como era chamado, era conhecido, respeitado e admirado como produtor rural exemplar na sua região, no planalto central gaúcho. Plantava arroz, principalmente, e criava gado. O arroz era irrigado, nas áreas de várzea, para melhorar as pastagens para o gado. 

Um dia, já nos anos dourados da década dos sessenta, estava ele na lavoura quando chegou correndo esbaforido um empregado, e dava notícias de um acidente com a Dona Maria, esposa do Dr. Jarbas. 
Ele pegou a camioneta e foi “voando” até a sede da fazenda, que ficava a meia dúzia de quilômetros de onde estava. Encontrou a esposa queixando-se de fortíssimas dores, e já acomodada na cama pelas empregadas da casa. Havia escorregado na banheira e batera com as costas na borda da dita cuja. 

Chamaram o médico da família e este chegou rápido. Depois de um exame clínico na Dona Maria recomendou a remoção urgente para a capital, pois seria provável uma cirurgia de emergência. No município não havia ambulância para o transporte da acidentada. 
Dr. Jarbas ligou para Porto Alegre e mandou vir um avião, que alugou por telefone mesmo, afinal era homem de posses e não faria economia numa situação daquelas. 

Menos de quatro horas depois estavam na capital e Dona Maria foi hospitalizada e submetida a inúmeros exames. Naqueles tempos não havia modernidades como a tomografia computadorizada, e os médicos tinham de interpretar uma radiografia. 
Foi depois da leitura e análise de várias radiografias que o médico da capital, chamado de Dr. Cardoso, mas ainda muito jovem, determinou apenas a internação para observação da paciente. 

Alguns dias após a internação, e apesar dos remédios, as fortes dores de Dona Maria se mostravam renitentes em ir embora e seu quadro piorava. Passou a ter febre, enjôos, mal-estares diversos, e a pressão baixava repentinamente, ia “lá nos calcanhares”, colocando as enfermeiras em polvorosa. Chegaram a enfaixar o tórax de Dona Maria para que ela suportasse as dores. 

Jarbas, o marido e agrônomo, já estava desesperado, irritado e angustiado, e via o quadro clínico da patroa piorar dia a dia. Resolveu chamar um outro médico, professor da faculdade, e este após examinar a Dona Maria fez a ameaça: “Tem de operar agora, cada minuto perdido será um enorme perigo, e de graves prejuízos, ela está com 3 costelas trincadas e o baço rompeu-se, está com hemorragia e corre perigo até de vir a falecer, ou no mínimo ficar paraplégica”. 

Jarbas autorizou de imediato a delicada intervenção cirúrgica. 
A cirurgia durou mais de 8 horas, com a participação de uma grande equipe médica. Já no dia seguinte à operação o professor e médico avisou da possibilidade de Dona Maria ficar com problemas de locomoção, pois haviam demorado muito em tomar providências, os tecidos e músculos haviam inchado de tal maneira que pressionavam a coluna e outras costelas e dificultaram muito os delicados procedimentos cirúrgicos. 
Os dias se passaram, Dona Maria teve uma boa recuperação em relação às dores, mas não conseguia movimentar-se direito. 
Quase um mês depois teve alta, já com a certeza de que deveria fazer muita fisioterapia especializada para tentar recuperar movimentos de pernas, e teria de usar cadeira de rodas, provavelmente pelo resto da vida. 

Ao fechar a conta no hospital o Dr. Jarbas deu de encontro com um recibo do jovem médico Dr. Cardoso, que internara Dona Maria. Recibo de altíssimo valor, já para aquela época, digamos, em dinheiro de hoje, equivalentes a mais de dez mil dólares. 
Pois o Dr. Jarbas disse que só pagaria aquela despesa se fosse pessoalmente, não pagaria ali na boca do caixa. Quitou todas as outras dívidas, deduzidos os valores apresentados pelo jovem médico. Nesse meio tempo veio o aviso de que o Dr. Cardoso poderia receber o Dr. Jarbas. 

Depois de entrar na sala do jovem médico Dr. Jarbas sentou-se na cadeira, fez o cheque no valor apresentado, e nem regateou desconto, mas disse em alto e bom som que estava pagando porque não havia perguntado antes quanto custariam os serviços do médico. 
Acrescentou que, devido aos problemas causados pelo erro de diagnóstico, ele pagava aquele valor absurdo na expectativa de que o jovem médico comprasse, com aquele dinheiro, todos os livros de medicina possíveis, e fizesse muitos cursos suplementares. 

E enfatizou: “não sabes quase nada de medicina, ainda, meu jovem, e espero que com o que vieres a aprender nos livros que vais comprar não cometas novos erros com outras pessoas inocentes”. 
E lascou a famosa frase de que “os meus erros a terra mostra, os teus a terra esconde”. 
Foi assim. 

O texto acima foi extraído e adaptado do livro “Meu filho, um dia tudo isso será teu”, de minha autoria, a ser lançado nos próximos meses, e que trata de como transmitir vocação e aptidão para o trabalho na área rural, além de contar segredos de como fazer a transmissão de patrimônios aos herdeiros.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Agrônomo espertinho

Richard Jakubaszko 
Tem gente que por falar demais arruma muitas encrencas, e tem gente que por falar de menos faz bons negócios. 
Essa é uma história da qual acabei, indiretamente, participando como espectador, lá nos idos dos anos 80, e registrei esse fato no livro “Marketing Rural – Como se comunicar com o homem que fala com Deus” pelo exemplo emblemático de um tipo de decisão de consumo (emocional) tomada por um agricultor. 
Havia um agrônomo, lamentavelmente já falecido, que era especialista em pulverização de agrotóxicos. Trabalhava numa multinacional de defensivos, que hoje nem existe mais, e dava assistência a grandes clientes nas pulverizações, principalmente em casos de pulverizações aéreas. 
Era um profissional dedicado, competente, e um perfeccionista de mão cheia, além de inteligente e honesto. Bom, pelo menos não era exatamente desonesto, o que já seria uma brutal diferença entre uma coisa e outra. 
Por volta de 1982, época em que os tempos da economia estavam numa recessão brava, esse agrônomo perdeu o emprego na multinacional. Pegou o dinheiro do FGTS e as economias e comprou um avião Ipanema usado. Montou no norte do Paraná uma empresa de aplicação de defensivos, e começou a ganhar dinheiro. Era o único, e prosperou rápido. Logo, mais dois aviões estavam incorporados ao que já era quase uma frota de 3 exuberantes aeronaves. Até que, em 1987, reencontrei o agrônomo, ainda dono da companhia agrícola de aviação. Conversa vai e conversa vem, a situação naquele momento estava péssima. Tinha o financiamento dos aviões para pagar e nenhum agricultor passando perto da porta da empresa dele. E nenhuma perspectiva, afinal, estava-se em plena ressaca do Plano Cruzado. 

O que ele fez? Coisa de gênio do “marketing rural” e do “jeitinho brasileiro”, segundo as más línguas. Dava uns vôos em áreas periféricas próximas a determinadas propriedades. No dia seguinte, num movimento que começava de manhãzinha, recebia a visita de dez ou doze agricultores, todos curiosos, preocupados, alguns muito falantes, querendo saber o que é que ele estava aplicando, e o agrônomo quieto, só ouvia, não dava explicações. 
Se o agricultor insistisse muito ele só dizia que estava dando uns vôos em áreas pequenas. Um dos visitantes falantes comentava que um dos donos daquelas propriedades parece que tinha visto umas lagartas novas na lavoura da soja ou do milho. 
E o agrônomo quieto, não confirmava e nem desmentia. Após uma conversa rápida, que faria inveja a muito camelô, ficava marcado para o dia seguinte a aplicação de algum veneno, pois “afinal, os bicho tavam mesmo demorando a chegar, mas se eles já estavam na vizinhança, mais dia menos dia iriam chegar, e era bom prevenir....”.
Bom, os aviões tinham de voar e o nosso amigo da história tinha de pagar as suas contas. Não se fazia de rogado, agendava o trabalho, dava orçamento e até recebia adiantado. 
Na conversa que tive com ele, em que me contou os fatos, ria matreiro, e complementava “não vendi nada, eu ficava quieto, eles que vinham, falavam, falavam, e mandavam pulverizar...”. 
É óbvio que essa “descoberta” foi casual, e aconteceu depois de um dos vôos de exercício e manutenção das aeronaves. Na ausência de trabalho para os aviões os mesmos tinham que voar de qualquer jeito, não podiam ficar parados para não enferrujar, e assim acabavam gastando combustível e tempo hora dos pilotos, gerando mais despesas para a empresa. Enchia-se o tanque de combustível dos aviões, e também os tanques dos locais reservados para os agroquímicos, nesses casos simplesmente com água, e lá iam os aviões “trabalhar” e fazer sua manutenção. 
Como os pilotos agrícolas gostam de “viver perigosamente”, e nessa profissão de doido que é ser piloto agrícola, que mais parece suicida alegre, o que não falta é maluco, eles simulavam pulverizações reais, davam rasantes e ficavam voando a 3 metros de altura sobre a lavoura... 
O que não era casual era a curiosidade e a ingenuidade dos agricultores vizinhos...
A empresa de aviação agrícola, não precisa nem dizer, voltou a exibir um pujante e maravilhoso incremento nos seus negócios. Tudo porque o dono não era desonesto, mas ficou esperto sem querer e sem planejar, e ainda por cima porque falava pouco... 

A crônica acima foi extraída e adaptada do livro “Marketing Rural – Como se comunicar com o homem que fala com Deus”, de autoria do jornalista e publicitário Richard Jakubaszko. Este livro foi reeditado, em 2ª edição, 2006, pela Editora UFV, da Universidade Federal de Viçosa – MG.

Proibida a entrada de agrônomo

Richard Jakubaszko
A placa estava lá, na porteira da fazenda, ameaçadora: “Proibida a entrada de agrônomo”. Quem a lia ficava intrigado, e intimamente se perguntava o que acontecera, afinal de contas, para tal proibição estar lá dependurada. 
Essa é uma história já antiga, tida como verdadeira, e foi contada pelo advogado e especialista cartorial Dr. Antônio Albergaria Pereira, cujo irmão, já falecido, meteorologista do Instituto Agronômico de Campinas, também conhecido como Dr. Albergaria, que relatava sobre o desatino de um fazendeiro lá do norte do Paraná que não tinha grandes estudos, mas era proprietário de uma bela e rentável propriedade, onde criava gado de corte e fazia um pouco de agricultura para servir de alimento aos animais, vendendo ao mercado o que sobrava.

A placa deu o que falar, na cidade e na região. Consta que teve até passeata contra a tal placa, com protestos e discursos de agrônomos da região, acompanhados de amigos, parentes e simpatizantes da causa. Esses atos de protestos foram feitos na porteira da fazenda, ao pé da tal placa, mas o fazendeiro não apareceu para se explicar ou justificar. A sede da fazenda ficava distante da porteira, as reclamações pareciam não adiantar. 
Os ouvintes dos lamentos se resumiam a passarinhos que passavam e aos bois que estavam no pasto vizinho à porteira, de tão bucólico e tranqüilo que era a região. Ninguém se atrevia a subir lá e retirar “a mardita da placa”, como já era chamado o aviso. Até porque, mais ou menos ao lado da tal placa tinha outra, mais ameaçadora: “cuidado, touro muito bravo”. Por conta de doença grave e inesperada o fazendeiro foi obrigado a colocar a fazenda sob os cuidados de um sobrinho, até porque não tivera filhos.

Esse sobrinho, seu preferido entre muitos outros, tivera estudos financiados pelo fazendeiro e formara-se em agronomia, mas não conseguia trabalho na região. O tio, em decorrência da doença, hospitalizou-se para sofrer delicada cirurgia e seguir tratamento dado pelos médicos. Deixou a fazenda aos cuidados do sobrinho, em quem tinha alta confiança como pessoa, mas desconhecia seus talentos profissionais.

Muitos meses depois, já restabelecido de sua doença, o fazendeiro retornou à fazenda, propriedade, aliás, que pretendia deixar como herança ao sobrinho predileto, intenção que inclusive já havia sido colocada em prática no testamento que mandou redigir e assinou perante testemunhas quando hospitalizado. Na administração da fazenda, o jovem sobrinho cometera muitos tropeços administrativos e inovações técnicas apressadas, quase levando-a à bancarrota, além de assumir postura nada elogiável em relação aos proventos que advinham da propriedade, e de efetuar as compras mais disparatadas possíveis, atitudes que deixaram o tio em situação embaraçosa e com diversas dívidas.

Arrependido de sua decisão, o tio retomou a administração e posse de fato da propriedade, expulsou o sobrinho da fazenda, depois de fazer um longo e crítico discurso, e cancelou o testamento. Por isso a placa foi afixada na porteira da fazenda com aqueles dizeres, mensagem dirigida apenas ao sobrinho ingrato e incompetente, mas que a classe agronômica entendia como ofensiva aos dignos e dedicados profissionais da categoria.

Contam amigos do fazendeiro que ele deu-se por feliz de não ter ido em frente com o que havia se proposto, de efetuar doação em vida do patrimônio ao sobrinho, conforme planejara, pois nesse caso poderia não haver volta. 
O fazendeiro dessa ilustrativa história havia sido alertado por parentes, mas não dera ouvidos ao que considerava fofoca e inveja, e via nisso um certo “interesse” de outros parentes.

Certo dia, os agrônomos se armaram de um trio elétrico e foram logo cedo lá para a “fazenda da placa mardita”, como já ficara conhecida a propriedade. E fizeram um barulho infernal. Dessa feita não houve jeito de não reparar na barulheira dos agrônomos, que exigiam, enfurecidos, a imediata retirada da placa, sob ameaça de processo judicial. O fazendeiro apareceu e explicou aos reclamantes que “o aviso tá no singular”, não é válido para todos os agrônomos, e “tem endereço certo para um único agrônomo”, que já estava informado verbalmente por ele da proibição, e que “a placa está ali na porteira para o caso dele se esquecer do aviso que eu dei”.

Consta que a placa ficou lá, dependurada, "exibida", e ameaçadora, por muitos e muitos anos.

O texto acima foi extraído e adaptado do livro “Meu filho, um dia tudo isso será teu”, a ser lançado em breve, e que trata de como transmitir vocação e aptidão para o trabalho na área rural, além de contar segredos de como fazer a transmissão de patrimônios aos herdeiros.