sexta-feira, 31 de julho de 2020

Teste genial pra você saber se tem Covid19

Richard Jakubaszko 
A genialidade do teste está em tornar atitudes do cotidiano ainda mais prazerosas do que já são, veja se não é verdade:
Sugestão enviada pelo jornalista Delfino Araújo, lá da DBO Editores.
 


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quinta-feira, 30 de julho de 2020

Logística? Não, incompetência, descaso e política


Fernando Brito *
 

A indicação do “predestinado” – palavra de Jair Bolsonaro – general Eduardo Pazuello para o Ministério da Saúde foi justificada ao país por ser ele um “especialista em logística”.

Ai do Exército brasileiro se depender da capacidade de Pazuello de fazer com que cheguem à frente de batalha os suprimentos de que as tropas necessitassem: é possível que fossem as fardas, mas não os coturnos, ou os fuzis, faltando as balas.

A manchete do Estadão põe a nu a tão decantada capacidade do general: quase 10 milhões de testes RT-PCR (os mais acurados) para Covid-19 estão parados em depósitos por falta de reagentes que lhes evidenciam os resultados.

Em resumo, não podem ser aplicados nos brasileiros, embora estejamos sobrando cerca de mil baixas fatais todos os dias, há mais de dois meses.


E Pazuello, para amenizar sua incompetência – sim, ela também é de seus antecessores – diz que “testagem não é essencial“:


O diagnóstico é clínico, é do médico. Pela anamnese, pela temperatura, por um exame de tomografia, por uma radiografia do pulmão, por exame de sangue, podendo até ter um teste. Criaram a ideia de que tem de testar para dizer que é coronavírus. Não tem de testar, tem de ter diagnóstico médico para dizer que é coronavírus. E, se o médico atestar, deve-se iniciar imediatamente o tratamento.


O “doutor” Pazuello é mais sabido que a Organização Mundial de Saúde, que orienta a “testar, testar, testar“, embora é óbvio que, numa epidemia qualquer médico saiba que, na falta de comprovação laboratorial, o tratamento deve supor que é a esta doença o provável e inicie o tratamento possível nesta situação. O número de testes no Brasil é ridiculamente inferior ao de demais nações com nosso tamanho e a maioria são testes “rápidos”, de qualidade muito inferior ao do RT-PCR.


Mas se o general é deficiente ao cumprir suas obrigações para com a população, é bom para o ex-capitão que o comanda: quando não tem teste, não tem número, nem de casos e nem de mortes, até porque há médicos que, sem eles, atestam outra causa mortis, pois a Covid-19 mata por outras complicações ou os óbitos ficam “sob investigação” para serem confirmados depois, “achatando a curva”.


Aliás, a esperteza que Pazuello tentou implantar nas estatísticas fez escola e o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, também está usando o método de colocar os números em algum lugar do passado para baixar os indicadores da capital. O El País mostra isso e o documenta, com boletins alterados onde, por exemplo, o último dia 15 de julho “começa” com 217 mortes “a menos” do que seriam registrados, para a mesma data, cinco dias depois.


A diluição de números de maneira retroativa fez com que na semana entre os dias 9 e 16 de julho, 185 mortos sumissem dos cálculos daquele período. É provável que esses óbitos tenham sido redistribuídos por outros dias anteriores, mas não é possível saber, já que os boletins informam somente os números dos últimos sete dias. A única informação nova trazida nos informes foi que os números correspondem aos “óbitos registrados por data de ocorrência”.


Como esta manobra “não colou” no plano federal, a “solução” é segurar os testes, mesmo que isso não permita ajustar medidas sanitárias ou, talvez, até por isso, porque a ordem é “abrir tudo”, talquei?


A expertise do general não é logística, é “esperteza”.


* o autor é jornalista, editor do blog Tijolaço.
Publicado em http://www.tijolaco.net/blog/logistica-nao-incompetencia-descaso-e-politica/


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quarta-feira, 29 de julho de 2020

Webinar Rentabilidade Agrícola em 2021

Richard Jakubaszko  
Encontro e debate digital entre duas feras do agronegócio, com Eduardo Daher, diretor-executivo da Abag, e Fábio Silveira, diretor da MacroSector Consultoria, quando eles trocam ideias e avaliam o agronegócio em termos de rentabilidade.
Vale a pena assistir:

 

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terça-feira, 28 de julho de 2020

Espirro em tempos de pandemia

Richard Jakubaszko  
Definitivamente, vivemos outros tempos. Antigamente, mas não muito tempo atrás, como que era mesmo?
Agora é assim:





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domingo, 26 de julho de 2020

Deus concede entrevista na internet

Richard Jakubaszko 
Criativa entrevista que hipotética e supostamente foi concedida a um ser humano na internet. Capturei essa preciosidade na blogosfera e reproduzo aos visitantes deste blog, por se tratar de uma situação imperdível, confira:
 
 






sábado, 25 de julho de 2020

O Dops do Bolsonaro


Fernando Brito *

A Folha revela como é sim necessário um forte movimento antifascista no Brasil, ao mostrar a absurda investigação contra 579 servidores federais e estaduais de segurança e alguns professores universitários que fariam parte de uma corrente de opinião antifascista e que, aliás, não são acusados – nem acusáveis – de nada, exceto de ter pensamentos antitotalitários.

É o senhor André Mendonça – no mesmo dia em que é exposto como facilitador do desvio de armas da Força Nacional de Segurança, ao revogar a exigência de que tivessem (como já era exigido antes) um chip de identificação resistente à fraude de raspagem do número no seu chassis, promovendo uma investigação ilegal, que centraliza e distribui aos núcleos que quiser (será que algum paralelo?) a relação dos “malditos” servidores que ousam ser a favor da democracia.

Há também, no dossiê do Dops do Ministério, referências a três conhecidos professores universitários, todos com passagens respeitáveis em instituições públicas: Paulo Sérgio Pinheiro, (ex-secretário nacional de direitos humanos no governo de FHC); Luiz Eduardo Soares (secretário nacional de Segurança Pública no primeiro governo Lula) e Ricardo Balestreri (ex-presidente da Anistia Internacional no Brasil).

Tudo é citado em bobagens como esta:


“Verificamos alguns policiais formadores de opinião que apresentam número elevado de seguidores em suas redes sociais, os quais disseminam símbolos e ideologia antifascistas”.
Ora, antifascismo é obrigação de qualquer democrata, que se recusa adotar supremacismos raciais, agressões aos direitos humanos, discriminação de pessoas, métodos truculentos de ação política e tudo o mais que representa o fascismo.

Mas, como Bolsonaro acha que antifascistas são “marginais e terroristas”, embora a eles não tenha sido atribuído algum crime ou ameaça, lá foram os esbirros do ministro “terrivelmente evangélico” produzir um “dossiê araponga”, certamente com uma bem nítida cópia para os fascistas que zumbem em volta do governo.

* o autor é jornalista, editor do blog Tijolaço.

Publicado em http://www.tijolaco.net/blog/o-dops-do-bolsonaro/

OBS. Este blogueiro declara-se antifascista de corpo e alma.

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sexta-feira, 24 de julho de 2020

À ema, o que é da ema.

Richard Jakubaszko   
O que será que se passa na cabeça desse tosco presidente eleito erraticamente pela maioria dos brasileiros? Considera-se um humorista? Não é, está mais para um palhaço desequilibrado e raivoso.

Pensa ser um político de liderança? Não é, porque não tem liderança, não dá exemplos. Não conheço ninguém, a quem submeti uma espiada sobre a foto abaixo, publicada hoje no "Olhar do Estadão", obra quase prima do consagrado fotógrafo Dida Sampaio, que me explicasse o que estaria pensando (talvez em estado de delírio...) esse ex-capitão do Exército Brasileiro, quando corria atrás da ema apontando-lhe uma caixa de hidroxicloroquina. Qual o exemplo, qual o sentido da patacoada?

Cá entre nós, fico horrorizado ao ver isso, e mais ainda, entro em processo quase apoplético ao saber os resultados de uma pesquisa eleitoral em que um instituto do Paraná aponta que essa deformidade humana, mas tornada presidente, tem chances de se reeleger em 2022... Já declino meu voto incondicional na ema para presidente do Brasil, com certeza fará melhor!!! Portanto, à ema o que é da ema.

Definitivamente, o Brasil não merece o povo que tem, esse povo, do jeito que vota, tem de viver na maior merda, pra ver se aprende a votar.

Pena que a ema não deu uma nova bicada nesse ridículo ser imbecilizado, que responde pelo apelido apropriado de "cavalão" desde seus tempos de caserna. Desde sempre, ele com certeza mereceu o apelido. Que me perdoem os cavalos.

Aqui, a foto do ano deste 2020, tem tudo a ver com a pandemia que vivemos, um presidente da República correndo atrás de uma ema, com uma "solução" na mão...




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quinta-feira, 23 de julho de 2020

Os 100 anos de Florestan Fernandes (1920-2020)


Rodrigo Augusto Prando *

Florestan Fernandes completaria, em 2020, 100 anos. Faleceu, precocemente em 1995, por um erro médico. Portanto, a vida - sua trajetória acadêmica e política - e sua obra são, agora, rememorados e, por isso, dão a dimensão de sua grandeza, o maior cientista social brasileiro até hoje e um dos grandes autores da Sociologia contemporânea. Ressalto, de antemão, que, na brevidade de um artigo, é impossível captar sua figura ímpar, deixando, ao final, recomendações de leituras.


Florestan foi criança pobre na cidade de São Paulo nos de 1920 e 30. Sua mãe lavava roupa e trabalhava como empregada doméstica na casa de uma família da elite paulistana. A patroa de sua mãe, sua madrinha, não o chamava de Florestan, pois acreditava ser um nome deveras pomposo para filho de pobre; assim, chamava-o de Vicente. Tal fato sempre chamou minha atenção pela violência simbólica da elite, que, no caso, cerceava o direito do menino ao seu nome próprio. Florestan - Vicente - foi engraxate, garçom e representante farmacêutico. Na condição de garçom, entre servir uma mesa e outra, era, sempre, visto, nos cantos, com um livro nas mãos. Assim, clientes do bar onde trabalhava o estimularam ao prosseguimento dos estudos e, após fazer o curso de Madureza (supletivo) ingressou na Universidade de São Paulo, no curso de Ciências Sociais. Na USP, foi aluno dos mestres franceses - fundadores da universidade - e, ainda na Graduação, chamou atenção de seus professores pela sua qualidade intelectual e disposição para leitura e pesquisa de campo. Foi, ainda enquanto aluno, capaz de conjugar conhecimento teórico profundo e habilidades da pesquisa empírica.


Sua trajetória acadêmica foi meteórica e, rapidamente, estava ao lado de seus professores realizando pesquisas em parceria. Sua disposição para a leitura foi, muitas vezes, lembrada por Antonio Cândido, bem como sua produção intelectual: livros, artigos científicos, artigos de opinião, palestras, conferências, etc. Realizou, com seu antigo professor, Roger Bastide, a pedido da ONU, uma pesquisa para investigar as relações raciais no Brasil, objetivando-se comprovar que éramos uma sociedade que havia conseguido avançar na direção de uma "democracia racial". As conclusões de Florestan, todavia, fez desmoronar o discurso da democracia racial, especialmente, apontando a não integração do negro na sociedade de classes. Estudou, também, o folclore; os índios Tupinambá; as brincadeiras infantis e sua sociabilidade; a metodologia no bojo das Ciências Sociais; o capitalismo dependente e a revolução burguesa no Brasil; as revoluções (dentro e fora da ordem); as tensões entre o intelectual, o cientista e o militante; a república brasileira; enfim, uma ampla gama de temas fundamentais para a formação e desenvolvimento das Ciências Sociais. Foi, na USP, professor Catedrático da Cadeira de Sociologia e teve Fernando Henrique Cardoso e Octávio Ianni como primeiro e segundo assistentes, respectivamente. Não foi apenas professor e pesquisador, mas orientou e formou uma geração de cientistas. Sua postura crítica incomodou os poderosos, mormente durante o Regime Militar, levando-o ao exílio após sua perseguição política a aposentadoria compulsória.


Politicamente, esteve, desde a juventude, ligado aos ideais socialistas. No entanto, na condição de professor e pesquisador foi rigoroso metodologicamente e não submeteu a ciência à ideologia e à militância política. Fez, obviamente, política - sem ligação partidária - ao se debruçar sobre temas atinentes à vida do homem simples, dos humilhados, "dos de baixo", dos negros, indígenas. Foi intelectual público de presença constante nos jornais, publicando artigos de análises estruturais e conjunturais, bem como concedendo entrevistas aos variados veículos de comunicação nacionais e estrangeiros. Participou de movimentos de defesa da escola pública e, nos estudos sobre os negros e o racismo, dialogou com o movimento negro. Filiou-se ao Partido dos Trabalhadores e foi eleito deputado constituinte e, posteriormente, eleito deputado federal.


Afirmaram, alhures, que se Florestan tivesse publicado em inglês, francês ou espanhol, por exemplo, estaria, certamente, ao lado dos nomes mais expressivos das Ciências Sociais contemporâneas como Anthony Giddens, Boaventura de Sousa Santos, Manuel Castells e Pierre Bourdieu. Não tenho dúvidas. Florestan Fernandes agigantou-se no ambiente acadêmico de uma sociedade periférica. Sua linguagem, densa, conceitualmente profunda, era - e é ainda hoje - de difícil acesso. Na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), minha cidade natal, está seu acervo, muito bem cuidado e preservando sua biblioteca, fichas de leitura e outros materiais que compõem a seção de Coleção Especiais, na Biblioteca Comunitária. Ainda como estudante de Graduação e já no mestrado passava o dia inteiro no acervo lendo, fichando e pegando, a esmo, livros nas estantes para ler os comentários de Florestan acerca de suas leituras, já que ele fazia anotações às margens dos livros. Vale muito a pena, para quem se interessa por histórica intelectual, conhecer esse espaço dedicado a ele.


Por fim, deixo, aqui, o registro de enorme gratidão por tudo aquilo que Florestan Fernandes fez pelas Ciências Sociais e por tudo o que aprendi lendo seus livros e artigos. E, à guisa de sugestão, alguns títulos para os que quiserem conhecer mais sobre ele:


ARRUDA, M. A. do N.; GARCIA, S.G. Florestan Fernandes: mestre da sociologia moderna. Brasília: Parelelo 15, 2003.
CANDIDO, A. Florestan Fernandes. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2001.
D’INCAO, M. A. (Org.). O saber militante. Ensaios sobre Florestan Fernandes. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra/Unesp, 1987.
FERNANDES, F. A Sociologia numa era de revolução social. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1976.
FERNANDES, F. O Brasil de Florestan. Belo Horizonte/São Paulo: Autêntica Editora/Editora Fundação Perseu Abramo, 2018.
IANNI, O. (Org.). Florestan Fernandes: sociologia crítica e militante. São Paulo: Editora Expressão Popular, 2004.
MARTINS, J. de S. Florestan: Sociologia e consciência social no Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1998.
MARTINS FILHO, J. R. (Org.). Florestan Fernandes: a força do argumento. São Carlos: EDUFSCar, 1997.
RODRIGUES, L. S. Florestan Fernandes - Interlúdio (1969-1983). São Paulo: Hucitec/FAPESP, 2010.

SEREZA, H. C. Florestan: a inteligência militante. São Paulo: Boitempo, 2005.
 
* o autor é Professor e Pesquisador da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Graduado em Ciências Sociais, Mestre e Doutor em Sociologia, pela Unesp.


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