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quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Próximos 20-30 anos serão frios, diz especialista no clima solar

Luis Dufaur *

Willie Wei-Hock Soon, Harvard–Smithsonian Center


Especialista no clima do astro rei do nosso sistema, o Dr. Willie Wei-Hock Soon, do Harvard – Smithsonian Center for Astrophysics, exortou seus colegas acadêmicos a prestarem mais atenção à atividade solar. Essa está claramente ingressando numa fase de atividade mínima.

Isto causará várias décadas de resfriamento global em vez de aquecimento, disse Soon num diálogo com Alex Newman do New American, noticiou Breitbart. Veja o vídeo no fim do post.

O Dr. Soon, astrofísico e engenheiro aeroespacial malaio descendente de chineses, disse que “o que prevemos é que os próximos 20-30 anos serão frios”.

“Fará frio, então será uma coisa muito interessante que o IPCC deve enfrentar”, acrescentou, aludindo aos boatos em sentido contrário que o IPCC costuma espalhar.

NASA: O Ciclo Solar visto desde o espaço

O sol está em um “estado enfraquecido”, num “Mínimo Solar”, muito menos ativo do que durante as décadas de 1980 e 1990, observou Soon que é especialista em clima solar.

O sol deve se manter nesse estado até “por volta de 2050”.

“O 99,1% de nosso sistema climático é alimentado pela energia do sol”, afirmou, aliás, como é evidente.

Soon falou enquanto pesquisador da Divisão de Física Solar e Estelar do Harvard – Smithsonian Center for Astrophysics, e explicou que o resfriamento global é uma fonte de preocupação muito maior do que o aquecimento global.

Teremos muito mais problemas se o planeta esfriar em vez de esquentar”, insistiu.

De fato, diversos cientistas brasileiros, entre os quais destacamos o Prof. Molion, há anos vêm anunciando esta tendência solar ao arrefecimento que pode trazer prejuízos sobretudo para a agricultura.

Feira sobre o rio Tâmisa na Pequena Idade de Gelo

Trata-se de um fenômeno cíclico que se repete e não se deve temer uma era glacial propriamente dita, mas uma queda da temperatura global assimilável com medidas de prudência.

A humanidade pode resolver muitos problemas, disse Soon, incluindo superaquecimento, mas o problema no horizonte agora é de uma “pequena era do gelo” como a de 1700, “esses problemas são muito mais difíceis de resolver”, disse ele.

Se você quer enfrentar um problema sério, preocupe-se com a era do gelo; nunca se preocupe com o aquecimento global”, explica.

Mas é nesse erro que está incorrendo a imprensa sensacionalista ignara dos fenômenos de fundo, apoiada no barulho de militantes anti-civilização verde/vermelhos e mal explicados fundos que financiam essa campanha.

Se preparem para um esfriamento global, adverte o Dr. Soon, cientista climático.


* o autor é escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs

Publicado em
https://ecologia-clima-aquecimento.blogspot.com/2021/08/proximos-20-30-anos-serao-frios-diz.html


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segunda-feira, 15 de março de 2021

Prof. Molion: “CO₂ controlador do clima global é hipótese absurda”

Luis Dufaur *  

Alerta Científico e Ambiental – Há dois conceitos amplamente difundidos, que têm ganhado grande destaque nas discussões sobre a alegada devastação do bioma Amazônia.

Um deles é o dos chamados “rios voadores”, a transferência de umidade atmosférica da Região Norte para o Centro-Sul do País, promovida pela floresta, e que estaria ameaçada pelo desmatamento.

O outro é o chamado “ponto de inflexão” (tipping point), um suposto índice de desmatamento a partir do qual a floresta se converteria irreversivelmente em um ambiente de savana.

Quais são as evidências científicas para eles? Esses riscos são reais?
 

Prof. Luiz Carlos Molion – Em primeiro lugar, “rios voadores” é uma expressão plagiada.

Ela foi usada na década de 1950 por meteorologistas dos EUA, para descrever o transporte de umidade pelo jato polar, uma corrente de ventos muito forte, encontrada nos níveis altos da atmosfera em latitudes temperadas, que sopra de Oeste, os chamados ventos de Oeste.

A afirmação que a floresta é a geradora do vapor d’água transportado para outras regiões do continente pelos chamados rios voadores, e que a transformação da floresta em pastagem reduziria em 25% as chuvas sobre o Brasil, é resultante dos MCG, sem verificação ou constatação.

Amazônia não é essencial para a distribuição das chuvas para outras regiões remotas da América do Sul, porque a Amazônia não é fonte de umidade para a atmosfera.

A fonte principal de umidade para as chuvas amazônicas é o Oceano Atlântico Tropical, principalmente, durante o verão do Hemisfério Sul [dezembro-março].

Dados de fluxo de umidade observados entre 1999-2014 sugerem que, em média e em números redondos, entram na Bacia Amazônica o equivalente a 500.000 m³/s de umidade trazidos pelos ventos do Atlântico, dos quais 80% são transformados em chuva localmente e os 100.000 m³/s restantes “passam direto” por sobre a região.

Dos 400.000 m³/s de chuvas que caem na bacia, a metade sai pelo rio Amazonas (200.000 m³/s) e a outra metade é reciclada por evapotranspiração e incorporada ao fluxo de umidade que chega às outras regiões da América do Sul.

Ou seja, em média, 300.000 m³/s, dos 500.000 m³/s (60%) originalmente saídos da evaporação do Atlântico, chegam a outras regiões ao sul da Amazônia, com os restantes 200.000 m³/s sendo devolvidos ao Atlântico pelo rio.

Portanto, na escala de tempo climática, a Amazônia apresenta um balanço hídrico estável.

Árvore, ou floresta, não é “máquina” de produzir água, apenas recicla a água da chuva anterior, que estava armazenada no solo.

Embora haja uma interação floresta-atmosfera, a longo prazo, a floresta existe porque chove e não o contrário.
 

Prova-se, por reductio ad absurdum, que, se a floresta fosse fonte de umidade, a região já teria se transformado num deserto desde que se estabilizou, após o término do último período glacial, há cerca de 15 mil anos.

O elemento geofísico fundamental para direcionar a umidade do Atlântico para outras regiões da América do Sul é a formidável barreira ao fluxo de umidade imposta pela Cordilheira dos Andes.

Outro elemento é uma célula de circulação de atmosférica direta, conhecida como Célula de Hadley-Walker, que se forma em média, e sempre se formará, pois o Sol, inevitavelmente, aquece a superfície do continente sul-americano durante o verão austral.

Em consequência, o ar se torna menos denso e sobe (convecção), transportando umidade para cima e produzindo nuvens e chuva.

É bem provável que a floresta interaja com a atmosfera, no sentido de intensificar essa célula de circulação em anos apropriados.

Os anos em que essa célula não se forma são exceções.

É observado, por exemplo, que, quando se tem um evento El Niño forte [aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico Oriental – n.e.], como o de 2014-2016, essa célula de circulação é inibida e a Bacia Amazônica passa por uma forte estiagem.

Isto não ocorreria se a floresta fosse a causa principal da existência dessa célula de circulação atmosférica.

Porém, o aquecimento da superfície pelo Sol, e a consequente célula de circulação, sempre existirão, independentemente da existência da floresta.

O bom senso físico sugere que, se houvesse um desmatamento generalizado, a superfície amazônica ficaria aerodinamicamente mais “lisa”, os ventos se acelerariam nos níveis baixos da atmosfera e transportariam mais umidade para as outras regiões do continente, aumentando o volume das suas chuvas.

O “ponto de inflexão” seria o percentual de desmatamento além do qual a floresta não se recuperaria.

Em 2016, foi sugerido, por Carlos A. Nobre e colegas, que esse ponto seria o desmatamento de 40% do Bioma Amazônia, mas este percentual se baseia em resultados dos MCG e, portanto, carece de base científica sólida, sendo meramente especulativo.

Pelo que se tem observado ao longo dos anos, a floresta tem uma grande capacidade regenerativa.

Alerta Científico e Ambiental – Outra ideia bastante popular é a de que a Amazônia seria um sumidouro de carbono essencial para a dinâmica do clima global.

Um documento enviado ao presidente Joe Biden por um grupo de políticos e ex-altos funcionários do governo dos EUA (Climate Principals) chega a afirmar que a Amazônia detém mais carbono do que as emissões mundiais “de muitos anos”, e que a liberação deste carbono na atmosfera teria “consequências climáticas catastróficas”.

Estas afirmativas têm procedência?

Prof. Luiz Carlos Molion – Outra vez, não têm! São 550 milhões de hectares cobertos pelo Bioma Amazônia.

A quantidade de carbono [Q] contida nessa floresta é calculada pela formula Q= %CAD, onde %C é o percentual de carbono encontrado em uma árvore e, usualmente, o valor de 45% é aceito, A (550 milhões ha) é a área do bioma e D, a densidade da biomassa, dada em toneladas de matéria seca por hectare (t/ha).

Essa última variável é a grande incógnita, pois, dentro do bioma, há áreas com distintas densidades de biomassa.

Uma consulta à literatura mostra valores que vão de 180 t/ha a 720 t/ha.

Se se aceitar que o Bioma Amazônia tenha uma densidade de biomassa média de 300 t/ha – valor considerado plausível empiricamente -, empregando-se a fórmula acima, chega-se a um valor de cerca de 75 bilhões de toneladas de carbono (GtC) contidas na floresta.

Pelos números recentes (2019) de emissões por regiões, a Ásia, América do Norte e Europa, emitem um total de 7,5 GtC/ano, donde se conclui que apenas essas três regiões emitem uma “Floresta Amazônica inteira” para a atmosfera em cerca de 10 anos.

Se o estoque de carbono da Amazônia fosse totalmente liberado para a atmosfera, poderia aumentar, teoricamente, a concentração do CO₂ atmosférico em cerca de 35 ppmv [partículas por milhão em volume], menos de 10% da concentração atual, que é 400 ppmv.

Considerou-se que a emissão de 2,13 GtC acarreta um aumento de 1 ppmv na concentração atmosférica, de acordo com a literatura.

Entretanto, um cálculo simples mostra que, na atual taxa de desmatamento de 11.000 km² por ano, a liberação total desse estoque levaria cerca de 500 anos para se completar, admitindo zero acréscimo de qualquer tipo de cobertura vegetal durante esse período.

Por outro lado, as medições feitas na Amazônia Central, em 1987, durante o Experimento ABLE-2B (Atmospheric Boundary Layer Experiment, NASA/INPE) revelaram uma assimilação pela fotossíntese de 4,4 quilogramas de carbono por hectare por hora (kgC/ha/hora) durante o período diurno e uma perda por respiração de 2,57 kgC/ha/hora durante o período noturno.

Admitindo que esses números possam ser generalizados para os 550 milhões de hectares do Bioma Amazônia, ter-se-iam 4,4 GtC/ano de assimilação de carbono, obviamente, subtraída a taxa de respiração noturna.

Considerando que as atividades humanas emitam cerca de 10 GtC/ano atualmente, tal assimilação corresponde a 44% das emissões de carbono antropogênicas.

Se se admitir a hipótese absurda defendida pelo IPCC, de que o CO₂ seja o grande controlador do clima global, é desejável que sua cobertura vegetal amazônica seja conservada.
Oceano Pacífico é o principal regente do clima na Terra
Na realidade, os impactos no clima global e na concentração global de CO₂ (vide o Acordo Climático de Paris, 2015) não são argumentos fortes para se manter a floresta.

Os principais argumentos são a conservação da biodiversidade e a proteção dos solos, evitando a sua erosão, assoreamento dos leitos dos rios, mudança da qualidade de suas águas e de toda vida que delas depende.

Alerta Científico e Ambiental – O mesmo documento afirma que as emissões causadas pelo desmatamento da Amazônia constituem uma grande fonte de “poluição climática” – seja lá o que isto significa – tão grande quanto à de economias avançadas, como o Japão e a Alemanha.

Prof. Luiz Carlos Molion – O Brasil detém cerca de 65% do Bioma Amazônia dentro da Amazônia Legal.

Nessa região, estabelecida para fins de incentivos fiscais, os 35% restantes são constituídos de biomas diversos, como Cerrado, Cerradão e Campinarana, por exemplo.

A área sob pressão antrópica não é o Bioma Amazônia e, sim, os 35% restantes, que possui uma densidade de biomassa muito menor que a da floresta tropical chuvosa.

Como foi dito, a taxa de desmatamento anual já esteve pior no passado.

Usando-se uma taxa de desmatamento atual de 11 mil km², ou 1,1 milhão de hectares, sendo essa área de desmatamento do Bioma Amazônia, e não da Amazônia Legal, com a densidade de biomassa acima citada de 300 t/ha, e admitindo, ainda, que as queimadas teriam 100% de eficiência na emissão do carbono contido na floresta para a atmosfera – o que é fisicamente impossível num clima extremamente úmido – a emissão de carbono seria de 150 milhões de tC por ano (MtC/a), contra 1.100 MtC/a do Japão e 700 MtC/a da Alemanha.

Na melhor das hipóteses – queima de floresta tropical úmida com 100% de emissão de carbono – as emissões anuais desses países são 7 e 5 vezes maiores que as queimadas na Amazônia, respectivamente.

Alerta Científico e Ambiental – A pandemia de Covid-19 está ensejando o temor de que o desmatamento na Amazônia possa ser a causa de uma nova pandemia global.
 
Molion sobre Aedes aegypti: Doenças da Amazonia nunca geram pandemias. Comparar com Covid é demagogia


O documento do grupo Climate Principals e até mesmo a Organização Mundial da Saúde (OMS) enfatizam que a maioria das novas doenças infecciosas têm emergido nas fronteiras florestais, onde ocorrem interações entre as pessoas e a vida selvagem.

Há evidências desse risco, no caso da Amazônia?

Prof. Luiz Carlos Molion – As principais doenças, que eventualmente teriam sua origem na floresta, como malária e leishmaniose, são as que são transmitidas por vetores, como mosquitos, por exemplo, e podem estar associadas a qualquer tipo de vegetação, águas paradas e não necessariamente à floresta.

Essas doenças são bem conhecidas e têm tratamento eficaz há tempo, estão sob controle e nunca provocaram ou dispararam pandemias globais recentemente.

Varíola (Orthopoxvirus, encontrado na tumba do faraó Ramsés II), Peste Negra (Yersinia pestis), Gripe Espanhola (H1N1), Gripe Aviária (H5N1) e a atual Covid-19 (Sars-Cov-2) não tiveram sua origem em florestas tropicais.

* o autor é escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs
Publicado em
https://ecologia-clima-aquecimento.blogspot.com/2021/03/prof-molion-co-controlador-do-clima.html

 

 

 

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domingo, 24 de janeiro de 2021

Livro: Climatologia Dinâmica: Conceitos, Técnicas e Aplicações

Richard Jakubaszko   

Intitulado Climatologia Dinâmica: Conceitos, Técnicas e Aplicações, a obra é uma reflexão sobre o estudo do clima nas últimas décadas no Brasil. Segundo Neves, que também foi um dos responsáveis pela produção, “o livro atende a uma lacuna dentro da climatologia brasileira ao trazer conceitos teóricos e algumas técnicas e aplicações das ferramentas”, afirma. Ainda segundo o professor, por se tratar de um material didático, a publicação pode ser utilizada na graduação em cursos que trabalham com a ciência climática.

O prefácio é do físico Luiz Carlos Baldicero Molion, coautor do livro "CO2 aquecimento e mudanças climáticas: estão nos enganando?", junto a este blogueiro e inúmeros outros cientistas.

Link do livro, em formato PDF, para download gratuito:
https://sites.usp.br/climatologia/wp-content/uploads/sites/267/2020/07/CLIMATOLOGIA-DIN%C3%82MICA_Conceitos-T%C3%A9cnicas-e-Aplica%C3%A7%C3%B5es.pdf 

 

 

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Molion: história do clima mostra a farsa do aquecimento global antropogênico

Luis Dufaur *

Não precisamos apresentar o Prof. Luiz Carlos Baldicero Molion, tamanha é sua autoridade em matéria de clima no Brasil e no Exterior.

Para aqueles que desejam aprofundar mais em suas avalizadas posições sobre o clima, aquecimento global, meteorologia, ecologia, ambientalismo e temas conexos, oferecemos as publicadas em nosso modesto blog, no link: Molion.

Também oferecemos a página Prof. Luiz Carlos Baldicero Molion, da Universidade Federal de Alagoas, com uma coleção de vídeos que temos podido coletar com brilhantes intervenções do Professor.

Na continuação apresentamos mais uma intervenção do prof. Molion que também se destaca pela sua oportunidade, sapiência e ponderação científica, difundida pela Agência Boa Imprensa – ABIM, em dezembro de 2020.

Com matéria traduzida de Riscaldamento Globale Antropico: Realtà o Truffa em “Ambientalismo e Globalismo”: Nueve Ideologie Politiche, XII Rapporto sulla Dottrina Sociale della Chiesa nel Mondo, Oservatorio Cardinale Van Thuan, p.47-61, Edizioni Cantagalli S.r.l., Siena, Itália, 2020.

1. Breve história do Clima
O clima da Terra varia naturalmente, devido a mutações em sua órbita em torno do Sol, além de fatores internos e externos, e, no passado, sua temperatura já esteve mais alta que a atual.

Com efeito, neste último milhão de anos o Planeta Terra passou por nove glaciações.
 
Contando que cada glaciação dura cerca de 100 mil anos segundo registros geológicos e é interrompida por períodos quentes denominados interglaciais de 10 mil anos aproximadamente, nove glaciações perfazem um total de 900 mil anos.

Esse total representa, portanto, 90% desse último milhão de anos, quando as temperaturas da Terra foram inferiores às atuais.

Ou seja, o clima da Terra tem sido, em quase sua totalidade, mais frio que o atual!

Em 2009, os paleoclimatologistas Louise C. Sime e colegas conseguiram, por meio dos testemunhos de gelo [ice cores] da Estação de Vostok, Antártica, reconstruir qualitativamente o clima nos últimos 420 mil anos, tendo concluído que as temperaturas dos três últimos interglaciais, os de 130 mil, 240 mil e 320 mil anos atrás, foram entre 6°C e 10°C superiores às de hoje.

Isto é, o clima da Terra já esteve bem mais quente que o atual, e o homo sapiens, cuja existência é estimada em 150 mil anos, já sobreviveu ao pico de duas eras glaciais e a um interglacial, sem dispor das tecnologias que possuímos hoje.

Neste interglacial [Holoceno] no qual estamos vivendo, as temperaturas já estiveram cerca de 4°C mais altas que às atuais há sete/oito mil anos, de acordo com o artigo de Shaun Marcott e colegas em 2013, período conhecido como o Ótimo do Holoceno.

Posteriormente, ocorreram períodos quentes como Minoano [1.500 aC], Romano [400 aC – 300 dC] e o Medieval [900 dC – 1300 dC].

Nesse último, de muita riqueza e abundância de recursos e alimentos, floresceram as artes [Romanesco, Gótico e Árabe] e se iniciaram a construção das grandes catedrais europeias.  
De cerca de 1300 dC até o início do século XX [ca. 1915], o clima esfriou, período conhecido com Pequena Idade do Gelo [PIG], que foi desastroso para a Humanidade.

Doenças e pestes – como a Peste Negra [Yersinia pestis] que, estima-se, tenha matado mais de 70 milhões de pessoas somente na Europa — grassaram pelos continentes, além de constantes frustrações de safras agrícolas, devido aos invernos mais longos, fizeram com que a população ficasse faminta.

Tal situação gerou grandes distúrbios sociais, dos quais um excelente exemplo é a Revolução Francesa de 1789 que, na sua esteira, desencadeou uma série de revoluções, como as independências dos países latino-americanos no início do século XIX.

Depois de 1915, as temperaturas começaram a aumentar novamente.

O aquecimento global entre 1916-1945, em que a concentração e as emissões de dióxido de carbono [CO2] eram baixas, foi natural e causado pela maior atividade solar já registrada nos últimos 400 anos, além de uma possível redução da cobertura de nuvens.

No Hemisfério Norte, as observações indicam que as temperaturas da década dos anos 1930 continuam sendo os maiores valores registrados nos últimos 130 anos.

No entanto, entre 1946-1975 ocorreu um ligeiro resfriamento global, caracterizado por invernos mais rigorosos que os atuais.

Naquela oportunidade, alguns climatologistas e a mídia propalavam que “uma nova era glacial era iminente”.

A partir de 1976, os oceanos, particularmente o Pacífico, começaram a se aquecer novamente, possivelmente devido à redução de 5% na cobertura de nuvens, demonstrada pelo Projeto Internacional de Climatologia de Nuvens por Satélite [ISCCP, sigla em Inglês], que permitiu a entrada de maior fluxo de radiação solar no Planeta.  
Simultaneamente, eventos El Niño fortes — que sabidamente liberam muito calor para a atmosfera — foram mais frequentes.

Oceanos aquecidos aqueceram a atmosfera, tornando o clima global mais quente que o dos 30 anos anteriores.

Porém, em 1988, James E. Hansen, ex-diretor do Goddard Institute for Space Science [GISS/NASA/USA], testemunhou perante o Congresso Americano afirmando que o aquecimento global observado nos últimos anos havia sido provocado pelas emissões de CO2 devido à queima de combustíveis fósseis [carvão mineral, petróleo e gás natural] em decorrência das atividades humanas.

Nesse mesmo ano, foi criado o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas [sigla em Inglês, IPCC] e a histeria do aquecimento global antropogênico [AGA] se alastrou globalmente.

Na realidade, esse movimento teve sua origem em 1972 com a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, conhecida como Conferência de Estocolmo [Suécia], que não teve muita relevância na mídia por conta do período frio que persistia desde 1946.

Portanto, dessa breve história, é possível concluir que o clima varia por causas naturais e que períodos quentes são benéficos, enquanto períodos frios são ruins para a Humanidade.

2. O Efeito Estufa
O IPCC foi criado com o fim específico de demonstrar que as atividades humanas exercem influência significativa no clima global e não para determinar, com transparência, as causas físicas naturais do aquecimento entre 1976-2005.

Ou seja, o órgão já nasceu com um viés severo.
 
A irracionalidade do aquecimento global induzido pelo homem leva a absurdos

O pilar principal da teoria do AGA é o efeito-estufa.

Pela definição utilizada pelo IPCC, o efeito-estufa se assemelha ao processo que acontece numa estufa de plantas [casa de vegetação].

Os painéis de vidro da estufa permitem a passagem da radiação solar, que é composta de radiação ultravioleta [UV], radiação visível aos nossos olhos [VIS] e da radiação infravermelha [IV], de pequeno comprimento de onda [até 4 micrômetros].

A radiação solar aquece as superfícies internas da estufa e estas aquecem o ar e emitem IV térmica.

O vidro é opaco à IV térmica e aprisiona comprimentos de onda superiores a 3 micrômetros dentro da estufa.

Muitos acreditavam que esse processo era responsável pela temperatura do ar dentro da estufa ser mais elevada que a temperatura do ar fora da estufa.

Como já se sabia que as temperaturas do ar próximas à superfície terrestre são mais elevadas que as que encontram em níveis mais altos da atmosfera, passaram a fazer analogia com o que ocorria na estufa, após o pesquisador britânico John Tyndall, em 1859, ter descoberto que gases como vapor d’água [H2O], dióxido de carbono [CO2] e metano [CH4] absorvem IV térmica.

Ou seja, a superfície terrestre, aquecida pela radiação solar, emite IV térmica que é absorvida pelos constituintes minoritários da atmosfera, como CO2 e CH4, os chamados gases de efeito-estufa [GEE].

Estes reemitiriam IV térmica em todas as direções, inclusive de volta para a superfície e reduziriam a perda de IV térmica para o espaço exterior.

Os GEE, principalmente o CO2, atuariam como os painéis de vidro da casa de vegetação, “aprisionando” a IV térmica.

Essa seria a explicação para manter a temperatura do ar próximo à superfície terrestre mais elevada que nas camadas mais altas da atmosfera.

E a conclusão óbvia que vem dessa definição é que, se as concentrações do CO2 — por meio da queima de combustíveis fósseis — e as de metano — por meio do aumento do número de cabeças de gado ruminante [e.g. vaca, ovelha, cabra] — aumentarem, mais IV térmica é absorvida pelos GEE, menos IV escapa para o espaço exterior, e o clima do Planeta se aquece!

Essa definição de efeito-estufa é altamente questionável e isso pode ser demonstrado por, pelo menos, quatro argumentos.

1º) Robert W. Wood, em 1909 [111 anos atrás], provou que a temperatura do ar dentro da casa de vegetação não dependia do aprisionamento da IV térmica emitida por sua superfície e paredes internas.

Construiu dois modelos de estufa, uma com cobertura de vidro e outra com cobertura de sal de rocha [halita = rock salt]. Contrariamente ao vidro, halita é transparente à radiação IV térmica.

Expôs os dois modelos ao Sol, medindo suas temperaturas internas, e concluiu que as temperaturas finais das duas estufas foram praticamente iguais, com uma pequena diferença de cerca de 1°C entre elas.

Sua conclusão foi que a temperatura do ar dentro da estufa era maior que a do ar fora da estufa não por conta do aprisionamento da IV térmica pela cobertura de vidro, mas porque o ar estava confinado dentro da estufa.

Na atmosfera livre, quando o ar é aquecido, ele se torna menos denso, adquire flutuabilidade e sobe [convecção = transporte de calor por transporte de massa], sendo reposto por ar mais frio vindo das redondezas e/ou de camadas atmosféricas superiores.

Portanto, não se pode comparar o efeito da casa de vegetação com o que ocorre na atmosfera terrestre.

2º) Ocorreu um aquecimento global entre 1916 e 1945, observado e bem documentado, e não é possível usar a definição de efeito-estufa do IPCC para explicar esse aquecimento, pois a concentração e as emissões humanas de CO2 eram pequenas naquela época quando comparadas com as atuais.

As temperaturas da década de 1930 ainda são as mais elevadas já registradas nos últimos 130 anos no Hemisfério Norte e na Austrália.

É bem mais provável, como foi dito, que o aquecimento de 1916-1945 tenha sido natural, causado pelo aumento da atividade solar e redução da cobertura de nuvens.

Topos de nuvens refletem radiação solar de volta para o espaço exterior.

Quando a cobertura de nuvens é reduzida globalmente, como ocorreu entre 1976 e 2000 de acordo com os resultados do ISCCP, entra mais radiação solar no sistema climático e o Planeta se aquece.

Torna-se, também, difícil explicar o resfriamento ocorrido entre 1946-1975, pois as emissões de CO2 e sua concentração aumentaram pós-guerra devido à expansão industrial.

3º) A lei de Beer-Bouguer-Lambert afirma que a absorção de radiação por um gás diminui logaritmicamente com aumento de sua concentração.

Esse conhecimento científico é de maneira conveniente ignorado pelos IPCC e apoiadores do AGA.

Com a atual concentração de 400 partes por milhão por volume [ppmv], o CO2 já absorve 87% da IV térmica em sua principal linha espectral ou banda de absorção centrada no comprimento de onda 15 micrômetros.

Ou seja, a contribuição restante na absorção de IV térmica por essa banda seria de, no máximo, 13% mesmo se a concentração de CO2 passar dos 1200 ppmv, o pior dos cenários futuros de concentração de GEE produzidos pelo IPCC, o RCP 8.5 [Representative Concentration Pathway 8.5], que muitos concordam ser impossível de ser atingido com a atual taxa de crescimento de sua concentração.

Em 2013, Murry L. Salby estimou que, aumentando as emissões de CO2, digamos para 1.000 ppmv, i.e. 2,5 vezes a atual, o efeito na temperatura global seria de apenas 0,14°C.

A média do aumento da temperatura estimados por alguns outros pesquisadores, como Richard Lindzen, Ian Plimer, Robert Carter, Timothy Ball e David Archibald, não passa de 0,5°C.

Uma analogia para se entender a redução da absorção da radiação IV térmica com o aumento da concentração de CO2 seria a pintura de uma janela de vidro com sucessivas demãos de tinta branca.

Após a aplicação da primeira demão de tinta, o vidro ainda permite a passagem da luz.

Uma nova demão sobre a primeira reduz ainda mais a passagem da luz e, assim, sucessivamente até que o vidro fique opaco e demãos de tinta adicionais não terão efeito algum, pois o vidro já não permite a passagem da luz.

Finalmente, é a explicação que a Mecânica Quântica apresenta com relação à absorção de IV térmica pelo CO2.

A atmosfera terrestre é composta de Nitrogênio [N2 = 78%], Oxigênio [O2 = 21%] e Argônio [Ar = 0,9%, um gás nobre], esses três gases constituem 99,9% do ar, enquanto o CO2 apenas 0,04%.

Existem, portanto, cerca de 2.500 moléculas desses gases para cada molécula de CO2.

A molécula de CO2 é poliatômica [mais de 2 átomos] e sem polaridade.

Ela absorve radiação IV por meio de sua rotação ou por vibração de seus átomos.

Ao absorver um quantum de radiação IV térmica, a molécula de CO2 passa de seu estado básico para um estado energético mais elevado, vibra/roda e se choca com algumas das 2.500 moléculas a sua volta, transferindo a energia IV absorvida por meio da colisão e retornando ao seu estado básico.

A Mecânica Quântica afirma que colisões inelásticas são 10 mil vezes mais eficientes para trazer a molécula de CO2 de volta a seu estado básico do que sua emissão de IV.

Portanto, se a molécula de CO2 normalmente perde a energia absorvida por meio de colisões, ela não pode emitir radiação IV térmica e aquecer a superfície terrestre como explica a teoria do AGA defendida pelo IPCC.

Não há dúvida de que o CO2 aquece a atmosfera.

Mas, a sua concentração atual é tão minúscula, muito pouca massa, 400 ppmv [= 0,04%], que é impossível medir sua contribuição para o aquecimento do ar.

É o ar [mistura gasosa, principalmente N2 + O2 + Ar] que se aquece como um todo e irradia IV térmica em direção à superfície terrestre.
Como dito acima, se a concentração de CO2 dobrar até o final deste século como apregoa o IPCC [cenário RCP8.5], ainda assim seu efeito será insignificante.

Em outras palavras, na hipótese [ridícula] de se retirar todo CO2 da atmosfera, as temperaturas do ar na superfície terrestre seriam semelhantes às de hoje.

Em adição, CO2 não é um gás tóxico ou venenoso, CO2 é o gás da vida.

Plantas fazem fotossíntese com CO2 e, com concentrações abaixo de 200 ppmv, a maioria das plantas não conseguem fazer a fotossíntese e morrem e, com elas o ser humano e os animais.

Portanto, quanto maior for a concentração de CO2, maior será o benefício para a Terra e seus habitantes.

A frase ouvida com frequência da boca de políticos, burocratas e pretensos ambientalistas “temos de reduzir as emissões de CO2 para evitar que o mundo se aqueça acima de 2°C até o ano 2030”, não faz sentido algum.

O “limite de 2°C” foi inventado por Hans “John” Schellenhuber, diretor do Instituto de Impactos Climáticos [IPK], Potsdam, Alemanha, sem comprovação científica alguma.

Tirou esse valor da “cartola”! Conforme comentado acima, o clima global já esteve mais aquecido que isso no passado e nada de catastrófico aconteceu.

Lamentavelmente, esse mesmo pesquisador foi o assessor do Papa Francisco para assuntos de clima na elaboração da Encíclica Laudato Si, que contém vários parágrafos com afirmações que o homem está aquecendo o mundo com suas emissões de CO2, resultando em aumento do nível dos mares, degelo dos polos, aumento de eventos atmosféricos extremos, todas sem comprovação científica [ver Laudato Si, Cap 1 “Clima como bem comum”, itens 23 a 26].

Afirmações semelhantes também são encontradas no Instrumentum Laboris — publicado outubro de 2019 por ocasião do Sínodo da Amazônia — em particular nos itens 9, 16 e 54.

Esses documentos dão mais munição para alarmistas do clima e para ambientalistas doutrinados.

Em resumo, a concentração de CO2 na atmosfera não controla o clima global.

A atmosfera não “cria” energia para aquecer o planeta, ela apenas retarda a perda de IV térmica, emitida pela superfície, para o espaço exterior.

Reduzir as emissões humanas de CO2 seria inútil, pois não teria algum efeito sobre o clima.

A COVID-19 é um exemplo disso.
Houve uma redução significativa das atividades industriais e nos transportes devido à redução de mobilidade das pessoas durante a pandemia que resultou na redução das emissões e ainda não se vê impacto algum na concentração de CO2.

Concomitantemente, protocolos que visam a redução de emissões humanas de CO2, como o Protocolo de Kyoto [1997] e o Acordo Climático de Paris [2015] não surtirão efeito algum, pois o CO2 não controla o clima global.

Logo após a promulgação do Acordo, Bjorn Lomborg afirmou que se todas contribuições nacionais prometidas forem cumpridas fielmente até 2030, e continuarem a mantê-las por mais 70 anos depois de 2030, a redução total na temperatura global obtida pelo Acordo de Paris será de 0,17°C em 2100.

Por outro lado, os combustíveis fósseis [petróleo, carvão mineral, gás natural] são responsáveis por 85% da geração de energia elétrica mundial.

Reduzir as emissões humanas de CO2 significa gerar menos energia elétrica e obstruir o desenvolvimento de países subdesenvolvidos, aumentado a miséria e a desigualdade social no mundo.

Continua no próximo post: Prof. Molion: “Não podemos comandar a Natureza, apenas obedecê-la”

* o autor é escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs.

Publicado no blog https://ecologia-clima-aquecimento.blogspot.com/2020/12/prof-molion-historia-do-clima-mostra.html



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quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Molion e o neocolonialismo

Richard Jakubaszko   
O professor Luiz Carlos Molion recebeu a medalha do Mérito Legislativo de 2019, esta semana, na Câmara dos Deputados do estado de Alagoas. No discurso de agradecimento denunciou que o Brasil ainda é um país colonizado, e 3 vertentes nos colocam nessa situação: o mercado financeiro, as tecnologias e o ambientalismo. Assista o discurso do Molion, é rapidinho.



O professor Molion é coautor e meu parceiro no livro "CO2 aquecimento e mudanças climáticas: estão nos enganando?", obra que você pode adquirir enviando e-mail para co2clima@gmail.com quando informaremos como fazer o depósito, o livro custa R$ 40,00 mais despesas postais. Se preferir, ligue 11 3879.7099

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domingo, 20 de outubro de 2019

Em Roma, professor Molion palestra sobre o clima no Sínodo da Amazônia

Richard Jakubaszko    
O professor Luiz Carlos Molion proferiu palestra no Vaticano, em Roma, para alguns dos membros do Sínodo  da Amazônia. A palestra é mostrada no vídeo abaixo.

O professor Molion é coautor do livro "CO2 aquecimento e mudanças climáticas: estão nos enganando?", de minha autoria, e que conta também com diversos cientistas como coautores, entre eles o físico José Carlos Parentes de Oliveira, Geraldo Luis Lino, Ricardo Felício, Evaristo de Miranda, Fernando Penteado Cardoso, entre outros, e também
Odo Primavesi e Richard Lindzen, estes dois últimos signatários do Relatório IV do IPCC, de 2007, mas que pediram a retirada de seus nomes como revisores, por não concordarem com o relatório final apresentado à ONU e à imprensa.


A mídia internacional abraçou a ideia de desgraça planetária expressa no referido Relatório IV e até hoje repercute as falácias de alguns dos membros do IPCC, o que gerou essa neurose planetária em torno do clima, questões que são debatidas no livro citado.
Quem desejar ler a obra envie e-mail para co2clima@gmail.com que daremos instruções para pagamento.

sábado, 9 de março de 2019

Carta aberta ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo de Aquino Salles


Richard Jakubaszko  

A carta aberta entregue semana passada a diversas autoridades de Brasília está registrada abaixo, e tem diversos cientistas brasileiros de peso como signatários.

A opinião firmada na carta aberta contraria o que é registrado na mídia brasileira de que há consenso majoritário entre os cientistas de todo o mundo sobre a questão do aquecimento e das mudanças climáticas. Não é verdade, e a carta deixa isso claro. Como não existe consenso em ciência, o chamado consenso divulgado pela mídia é uma opinião publicada, e não opinião pública ou científica.

Não sou cientista, mas estudo e debato em profundidade o assunto há 12 anos, como autor de um livro e palestrante sobre o tema do aquecimento, e subscrevi a carta aberta. Os ministros Ricardo Salles e Tereza Cristina possuem o meu livro, com as devidas dedicatórias, mas tenho dúvidas se leram sequer parte da obra.

Por uma agenda climática baseada em evidências e nos interesses reais da sociedade

Carta aberta ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo de Aquino Salles
c/c:

- Exmo. Sr. Antônio Hamilton Martins Mourão – vice-presidente da República;
- Exmo. Sr. Marcos Cesar Pontes – ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações;
- Exmo. Sr. Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Júnior – ministro de Minas e Energia;
- Exma. Sra. Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias – ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;
- Exmo. Sr. Gustavo Henrique Rigodanzo Canuto – ministro do Desenvolvimento Regional;
- Exmo. Sr. Tarcísio Gomes de Freitas – ministro da Infraestrutura;
- Exmo. Sr. Fernando Azevedo e Silva – ministro da Defesa;
- Exmo. Sr. Augusto Heleno Ribeiro Pereira – ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional;
- Exmo. Sr. Ernesto Henrique Fraga Araújo – ministro das Relações Exteriores.
Exmo. Sr. Ricardo de Aquino Salles:

As posições manifestadas por V.Exa. em diversas entrevistas, antes e depois de assumir o Ministério do Meio Ambiente (MMA), reforçam a expectativa de que a sua gestão possa representar uma guinada determinante na orientação da política ambiental brasileira, visando ao enfrentamento dos problemas reais do País e à atuação do MMA como um catalisador de ações sinérgicas junto aos demais órgãos da administração pública, além de promover uma visão objetiva, pragmática e não ideológica das questões ambientais na sociedade em geral.

Neste contexto, os signatários da presente reiteram que as discussões e a formulação das políticas públicas sobre as questões climáticas têm sido pautadas, predominantemente, por equivocadas e restritas motivações ideológicas, políticas, econômicas e acadêmicas, afastando-as não apenas dos princípios basilares da prática científica, mas também dos interesses maiores da sociedade.

É perceptível que a extensão de tais interesses e dos compromissos internacionais assumidos pelo País com a agenda da “descarbonização” da economia mundial faz com que qualquer tentativa brusca de reorientação da pauta climática nacional, para fora do cenário “antropogênico” das mudanças climáticas, tenda a gerar oposição dos setores articulados em torno desse cenário, aí incluídos o poderoso movimento ambientalista internacional e grande parcela da mídia, dotados de considerável influência sobre a opinião pública interna e externa.

Não obstante, algumas necessárias correções de rumo são factíveis, no sentido de se atribuir uma prioridade maior a certas iniciativas de importância fundamental, tanto na alçada do MMA como na de outros ministérios, para proporcionar uma melhora efetiva do conhecimento da dinâmica climática e um aumento da capacidade geral da sociedade para fazer frente aos mais diversos fenômenos meteorológicos e climáticos, que sempre ocorreram no passado e continuarão a ocorrer no futuro. Estamos convencidos de que tais iniciativas representariam aplicações melhores para grande parte dos recursos humanos e financeiros que têm sido equivocadamente orientados para a agenda da “descarbonização” – e desperdiçados com ela –, particularmente, o Fundo Nacional sobre Mudança Climática.

Por conseguinte, oferecemos-lhe as considerações a seguir, com a expectativa de que possam aportar subsídios relevantes para a atuação do MMA, aproveitando o ensejo para formular votos de sucesso na sua gestão.

1) Não há evidências físicas da influência humana no clima global
Em termos estritamente científicos, a questão climática pode ser sintetizada em um único parágrafo:

As mudanças constituem a característica fundamental do clima, como demonstram as evidências referentes a toda a história geológica da Terra – ou seja, o clima está sempre em mudança (pelo que a expressão “mudança climática” se torna um pleonasmo). Quanto à alegada influência humana no clima global, supostamente atribuída às emissões de compostos de carbono das atividades humanas, ela teria forçosamente que amplificar as taxas de variação (gradientes) das temperaturas atmosféricas e oceânicas e dos níveis do mar, registradas desde a Revolução Industrial do século XVIII. Como não há qualquer evidência física observada de que estas últimas variações sejam anômalas, em relação às registradas anteriormente, no passado histórico e geológico, simplesmente, a hipótese da influência humana não pode ser comprovada, a despeito de todo o alarido neste sentido.

Todos os prognósticos que indicam elevações exageradas das temperaturas e dos níveis do mar nas décadas vindouras, além de outros impactos negativos atribuídos ao lançamento de carbono “antropogênico” na atmosfera, baseiam-se em projeções de modelos matemáticos, que constituem apenas simplificações bastante limitadas do sistema climático global. Portanto, tais cenários alarmistas não devem ser usados para fundamentar políticas públicas e estratégias de longo alcance, com grandes impactos socioeconômicos, tanto em âmbito nacional como global.

A influência humana no clima se restringe às áreas urbanas e seus entornos (o conhecido efeito das “ilhas de calor”), sendo esses impactos muito localizados e sem influência na escala planetária.

Segundo o quinto relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (AR5/IPCC), divulgado em 2014, as temperaturas médias globais aumentaram
0,85oC no período 1880-2012, enquanto o nível médio do mar subiu 0,19 m entre 1901 e 2010.

Ora, mesmo dentro do período de existência da humanidade, há registros de números bem mais acentuados. Ao longo do Holoceno, a época geológica correspondente aos últimos 11.700 anos em que a civilização humana tem se desenvolvido, houve diversos períodos com temperaturas mais altas que as atuais. No Holoceno Médio, há 6.000-8.000 anos, as temperaturas médias chegaram a ser
2oC a 3oC superiores às atuais, enquanto os níveis do mar atingiram até 3 metros acima dos atuais. Igualmente, nos períodos quentes conhecidos como Minoano (1500-1200 a.C.), Romano (séc. III a.C.-V d.C.) e Medieval (séc. X-XIII d.C.), as temperaturas médias do planeta foram entre 1-

2oC superiores às atuais. E dados paleoclimáticos (cilindros de gelo da estação de Vostok, Antártica) sugerem que as temperaturas da Terra já estiveram 6°C a 10°C mais elevadas que as atuais, nos últimos três interglaciais, há cerca de 150 mil, 240 mil e 320 mil anos atrás.

Entre 12.900 e 11.600 anos atrás, no período frio denominado Dryas Recente, as temperaturas atmosféricas caíram cerca de 8oC em menos de 50 anos e, ao término dele, voltaram a subir na mesma proporção em pouco mais de meio século.

Quanto ao nível do mar, ele subiu cerca de 120 metros, entre 18.000 e 6.000 anos atrás, o que equivale a uma taxa média de 1 metro por século, suficientemente rápida para impactar visualmente as gerações sucessivas das populações que habitavam as margens continentais. No período entre 14.650 e 14.300 anos atrás, há registros de uma elevação ainda mais acelerada, atingindo cerca de 14 metros em apenas 350 anos, média de 4 metros por século.

Em outras palavras, tais variações representam valores superiores em uma ordem de grandeza às observações feitas desde o século XIX. Por conseguinte, essas últimas se enquadram com muita folga dentro da faixa de oscilações naturais dos parâmetros climáticos e, portanto, não podem ser atribuídas ao uso dos combustíveis fósseis ou a qualquer outro tipo de atividade vinculada ao desenvolvimento humano.

Embora evidências como essas possam ser encontradas em, literalmente, milhares de estudos realizados em todos os continentes por cientistas de dezenas de países, devidamente publicados na literatura científica internacional (vide, p.ex., o excelente sítio www.co2science.org), é raro que algum desses estudos ganhe repercussão na mídia, quase sempre mais inclinada à promoção de um alarmismo sensacionalista e desorientador.

2) A hipótese do aquecimento “antropogênico” é um desserviço para a Ciência e um risco para as políticas públicas
A boa prática científica pressupõe uma correspondência entre hipóteses de trabalho e dados observados que as comprovem. A hipótese das mudanças climáticas “antropogênicas” não se fundamenta em evidências físicas observadas no mundo real, já que, no passado, ocorreram temperaturas altas com baixas concentrações de dióxido de carbono (CO2) e vice-versa. Em adição, de acordo com dados de satélites, a temperatura média global (se é que existe uma) tem estado estável nos últimos 20 anos, apesar de as emissões de CO2 terem aumentado em mais de 11% nesse mesmo período. Por conseguinte, apesar de agregar um certo número de cientistas, a sua construção passa ao largo da metodologia científica e a insistência na sua preservação representa um grande desserviço à Ciência e à sua necessária colocação a serviço do bem-estar da humanidade.

A História registra numerosos exemplos dos efeitos nefastos do atrelamento da Ciência a ideologias e outros interesses restritos. O empenho prevalecente na imposição da hipótese “antropogênica” sem as evidências correspondentes tem custado caro à humanidade, em recursos humanos, técnicos e econômicos desperdiçados com um problema inexistente. O Brasil não está alheio a essa situação. Ao contrário, manifesta-se no País um despropositado empenho em colocá-lo em uma questionável posição de “liderança” nas negociações internacionais sobre o clima.

Vale lembrar que vários países de peso têm manifestado posições contestatórias das diretrizes políticas baseadas em tal hipótese infundada, de forma a mitigar os seus impactos nas respectivas economias nacionais.

Ademais, ao conferir ao CO2 e outros gases produzidos pelas atividades humanas o papel de protagonistas da dinâmica climática, a hipótese “antropogênica” simplifica e distorce processos naturais extremamente complexos, nos quais interagem fatores astrofísicos, atmosféricos, oceânicos, geológicos, geomorfológicos e biológicos, que a Ciência apenas começa a entender em sua abrangência e ainda está muito distante de poder representá-los em modelos matemáticos confiáveis.

A propósito, o alegado limite de
2oC para a elevação das temperaturas sobre os níveis pré-industriais, que, supostamente, não poderia ser superado e tem justificado todas as restrições propostas para os combustíveis fósseis, em âmbito internacional, não tem qualquer base científica. Trata-se de uma criação “política” do físico Hans-Joachim Schellnhuber, diretor do Instituto Potsdam para a Pesquisa de Impactos Climáticos (PIK) e assessor científico do governo alemão, como admitido por ele próprio, em uma entrevista à revista Der Spiegel, publicada em 17/10/2010.

Um exemplo dos riscos dessa simplificação para a formulação das políticas públicas relevantes é a possibilidade real de que o período até a década de 2030 experimente um considerável resfriamento da atmosfera, em vez de aquecimento, devido ao efeito combinado de um ciclo de baixa atividade solar (Ciclo 25), à fase de resfriamento do Oceano Pacífico (Oscilação Decadal do Pacífico-ODP), em um cenário semelhante ao observado entre 1947 e 1976, e da tendência de aumento da cobertura de nuvens global nos últimos 16 anos. Vale observar que, naquele período, o Brasil experimentou uma redução de 10%-30% nas chuvas, o que acarretou problemas de abastecimento de água e geração de energia elétrica, além de um aumento das geadas fortes, que muito contribuíram, por exemplo, para erradicar o cultivo do café no oeste do Paraná. Se tais condições se repetirem, no futuro imediato, o País poderá ter sérios problemas, inclusive nas áreas de expansão da fronteira agrícola das regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste, e na geração hidrelétrica (particularmente, considerando a proliferação de reservatórios “a fio d’água”, impostos pelas restrições ambientais das últimas décadas).

3) A obsessão com o CO2 desvia atenções e recursos das emergências reais
O Sol, a água e o CO2 são essenciais para a fotossíntese e para a vida como a conhecemos no planeta Terra. Ou seja, o CO2 não é um poluente, mas o gás da vida!

Ademais, a obsessão com a redução das emissões de CO2 tem ensejado um indesejável desvio de atenções e recursos humanos e financeiros dos problemas ambientais reais que afetam a sociedade hoje, cujas soluções requerem iniciativas e investimentos públicos e a conscientização de amplos setores sociais. Para não alongar, citam-se alguns dos principais:

- A falta de acesso a redes de saneamento básico para mais de 100 milhões de brasileiros; cerca de 34 milhões não têm acesso à água tratada e apenas 45% do esgoto recolhido tem algum tipo de tratamento, o que gera prejuízos estimados em R$ 56 bilhões por ano, segundo o Instituto Trata Brasil.

- Apesar de pouco mais de 91% do lixo gerado no País ser recolhido regularmente, 41% dos resíduos sólidos recolhidos são destinados a lixões e aterros inadequados, gerando grandes impactos de saúde pública, poluição de aquíferos e cursos d’água e outros problemas (seg. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2017).

- De acordo com o IBGE, 8,27 milhões de pessoas em 872 municípios vivem em áreas de risco – encostas, várzeas de rios e outros terrenos inadequados para moradias (População em áreas de risco no Brasil, 2018).

Infelizmente, a despeito da sua seriedade e urgência de enfrentamento, tais problemas não costumam ser percebidos como “ambientais” por uma considerável parcela da sociedade e, consequentemente, não recebem sequer uma fração das atenções e da publicidade geralmente dedicadas às questões climáticas.

4) Melhor conhecimento e maior resiliência
Em lugar do alarmismo sobre o aquecimento global e da pseudopanaceia do “baixo carbono”, a agenda climática teria muito a ganhar com uma reorientação de prioridades, que favoreça: a) um melhor conhecimento da dinâmica do clima, com ênfase nos estudos paleoclimáticos do território brasileiro; e b) um aumento da resiliência da sociedade para fazer frente aos eventos meteorológicos extremos e a quaisquer tendências climáticas que se manifestem no futuro.

O estudo das mudanças climáticas do passado histórico e geológico (paleoclimas) constitui a base mais sólida para o entendimento da dinâmica climática e as suas projeções para o futuro. Uma atenção especial deve ser dada ao período Quaternário (os últimos 2,6 milhões de anos), no qual o gênero Homo surgiu e tem evoluído. Dentro do Quaternário, os últimos 800 mil anos têm sido marcados por uma sucessão de ciclos glaciais (mais frios), com duração média de 90-100 mil anos, e interglaciais (mais quentes), com duração média de 10-12 mil anos. Atualmente, o planeta se encontra em uma fase interglacial, que teve início há cerca de 11.700 anos, dentro da qual toda a civilização humana tem se desenvolvido. De forma significativa, pelo menos os três interglaciais anteriores foram mais quentes que o atual, e não há qualquer evidência de que o presente interglacial possa deixar de ser sucedido por uma nova glaciação. A explicação mais aceita sobre os fatores causadores dessa dinâmica se baseia em alterações de parâmetros orbitais terrestres que variam ciclicamente, como mudanças na inclinação do eixo de rotação e na forma da órbita terrestre ao redor do Sol. Portanto, é evidente que o homem é incapaz de causar qualquer ínfima influência nos fatores e forças cósmicas que a regem.

No Brasil, os estudos do Quaternário, apesar de importantes e da existência de um número razoável de instituições de pesquisa e pesquisadores dedicados a eles, ainda são esparsos e insuficientes para permitir a configuração de um quadro paleoclimático do território nacional e do seu entorno continental, com a profundidade necessária para subsidiar um modelo consistente de mudanças climáticas a ser definido para o País, que possa proporcionar dados relevantes para subsidiar um modelo global mais condizente com a realidade. Portanto, esta é uma lacuna que precisa ser considerada na formulação de uma agenda climática realmente útil, em que o MMA poderia atuar em consonância com os órgãos específicos do MME e MCTIC. Além disso, manifesta-se uma necessidade de estudos locais e regionais, intermediários entre as escalas global/zonal e pontual dos microclimas, de grande relevância para o planejamento e ordenamento territorial e que deveriam receber atenção maior.

Quanto à resiliência, esta pode ser entendida como a flexibilidade das condições físicas de sobrevivência e funcionamento da sociedade, além da sua capacidade de resposta às emergências, permitindo-lhe reduzir a sua vulnerabilidade aos fenômenos meteorológicos extremos, às oscilações climáticas e a outros fenômenos naturais potencialmente perigosos, que já ocorreram no passado e certamente ocorrerão no futuro.

Neste aspecto, destacam-se dois conjuntos de fatores que contribuem para reduzir a vulnerabilidade da sociedade às adversidades meteorológicas e climáticas:

a) um aprimoramento da capacidade de previsão meteorológica nacional;

b) o estímulo de pesquisas referentes a novas fontes energéticas avançadas.

No primeiro item, uma iniciativa primordial seria tirar do papel o projeto de um satélite meteorológico geoestacionário próprio, imprescindível para um país que ocupa a metade da América do Sul e tem a responsabilidade de distribuir informações meteorológicas sobre grande parte do Oceano Atlântico Sul (a chamada METAREA-V), nos termos da Convenção Internacional para a Salvaguarda da Vida Humana no Mar (SOLAS).

Outras iniciativas relevantes incluem:

- a ampliação e melhor distribuição territorial da rede de estações meteorológicas, inferior aos padrões recomendados pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) para um território com as dimensões do brasileiro, com ênfase especial no trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET);

- o aumento do número de radares meteorológicos e a sua interligação aos sistemas de defesa civil;

- a aceleração da consolidação da base nacional de dados meteorológicos, parte dos quais ainda não foi digitalizada;

- o estabelecimento de uma rede mais eficiente de divulgação de dados meteorológicos e oceanográficos para a METAREA-V.

No segundo item, destaca-se o estabelecimento de linhas de pesquisa de novas fontes energéticas, como o uso de tório em reatores nucleares, fusão nuclear (com conceitos que deverão estar disponíveis comercialmente ao longo da próxima década) e fontes baseadas em novos princípios físicos, como as reações nucleares quimicamente assistidas (a chamada “fusão a frio”), energia do vácuo quântico (ou “ponto zero”) e outras, objetos de pesquisas e desenvolvimento em vários países, mas praticamente ignoradas no País, que não pode dar-se ao luxo de ficar alheio a elas. Para tais pesquisas, o Brasil dispõe dos necessários recursos humanos qualificados, distribuídos entre centros de pesquisa acadêmicos, de empresas estatais (Cenpes, Cepel etc.), militares (IME, CTA, CTEx, IPqM) e algumas empresas de tecnologia privadas. Com relação às fontes renováveis, a energia solar pode ser explorada, particularmente no Centro Oeste e Nordeste, porém não com sistemas fotovoltáicos, de ineficiência comprovada, e sim com sistemas heliotérmicos (concentrated solar power, CSP), em particular, os de calhas parabólicas, além da produção de combustível líquidos a partir de algas e hidrogênio a partir de hidrogenase (enzima catalisadora da oxidação reversível de hidrogênio molecular).

Todas essas iniciativas poderiam se beneficiar com a disponibilidade de parte dos recursos financeiros que têm sido alocados a programas vinculados às mudanças climáticas, segundo o enfoque equivocado da redução das emissões de carbono.

Um grupo adicional de iniciativas relevantes para a “resiliência climática” envolve a infraestrutura física, em especial, a capacidade de armazenamento de alimentos, infraestrutura de transportes, energia e comunicações, além de outros tópicos, não diretamente na alçada do MMA, mas potencialmente influenciados pelas diretrizes e programas do Ministério.

Em síntese, o caminho mais racional e eficiente para aumentar a resiliência da sociedade, diante das mudanças climáticas inevitáveis – aquecimento ou resfriamento –, é a elevação geral dos seus níveis de desenvolvimento humano e progresso aos patamares permitidos pela Ciência e pelo avanço do conhecimento e o processo de inovação.

5) A “descarbonização” é desnecessária e deletéria
Uma vez que as emissões “antropogênicas” de carbono não provocam impactos verificáveis no clima global, toda a agenda da “descarbonização” ou “economia de baixo carbono” se torna desnecessária e contraproducente – sendo, na verdade, uma pseudo-solução para um problema inexistente, pelo menos no tocante ao clima (programas de incentivo à mobilidade urbana, inclusos no Fundo Clima, por exemplo, se justificam por si próprios). A insistência na sua preservação, por força da inércia do status quo, não implicará em qualquer efeito sobre o clima, mas tenderá a aprofundar os numerosos impactos negativos de tais diretrizes.

O principal deles é o encarecimento desnecessário de uma série de atividades econômicas, em razão de:

- subsídios concedidos à exploração de fontes energéticas de baixa eficiência, como a eólica e solarfotovoltáica, já em retração na União Europeia (UE), que investiu fortemente nelas;

- imposição de cotas e taxas vinculadas às emissões de carbono, como fizeram a UE para viabilizar o seu mercado de créditos de carbono, e países como a Austrália e a França, onde a grande rejeição popular forçou a sua retirada;

- imposição a várias atividades econômicas de medidas de captura e sequestro de carbono (CCS), totalmente inúteis sob o ponto de vista climático e de saúde pública, uma vez que o CO2 não é um gás tóxico e poluente; vale insistir, trata-se do gás da vida. Os principais beneficiários de tais medidas têm sido os especuladores, fornecedores de equipamentos e serviços de CCS e participantes dos intrinsecamente inúteis mercados de carbono, que não têm qualquer fundamento econômico real e se sustentam tão-somente em uma demanda artificial criada a partir de uma necessidade inexistente.

6) Mirando o futuro
Pela primeira vez na História, a humanidade detém um acervo de conhecimentos e recursos físicos, técnicos e humanos, para prover a virtual totalidade das necessidades materiais de uma população ainda maior que a atual. Esta perspectiva viabiliza a possibilidade de se universalizar – de uma forma inteiramente sustentável – os níveis gerais de bem-estar usufruídos pelos países mais avançados, em termos de infraestrutura de água, saneamento, energia, transportes, comunicações, serviços de saúde e educação e outras conquistas da vida civilizada moderna. A despeito dos falaciosos argumentos contrários a tal perspectiva, os principais obstáculos à sua concretização, em menos de duas gerações, são mentais e políticos, e não físicos e ambientais. Definitivamente, a política ambiental brasileira (aí incluída a agenda climática) precisa enquadrar-se nessa perspectiva.

Luiz Carlos Baldicero Molion

Físico, doutor em Meteorologia e pós-doutor em Hidrologia de Florestas, pesquisador sênior (aposentado) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), professor associado (aposentado) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL)

José Carlos Parente de Oliveira
Físico, doutor em Física e pós-doutor em Física da Atmosfera, professor associado (aposentado) da Universidade Federal do Ceará (UFC), professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE)

José Bueno Conti
Geógrafo, doutor em Geografia Física e Livre-docente em Climatologia, professor titular do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP)

Fernando de Mello Gomide
Físico, professor titular (aposentado) do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA)

Ricardo Augusto Felício
Meteorologista, mestre e doutor em Climatologia, professor do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), membro do conselho deliberativo da Sociedade Brasileira de Meteorologia (SBMET)

Fúlvio Cupolillo
Geógrafo, mestre em Meteorologia Aplicada e doutor em Geografia, professor titular do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (IFMG)

Daniela de Souza Onça
Geógrafa, mestre e doutora em Climatologia, professora do Departamento de Geografia da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)

Carlos Henrique Jardim
Geógrafo, mestre, doutor e pós-doutor em Geografia, professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Wellington Lopes Assis
Geógrafo, mestre e doutor em Geografia, professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

João Bosco A. de Morais
Geólogo, mestre em Hidrogeologia e doutor em Vulnerabilidade de Aquíferos, consultor privado e assessor para Meio Ambiente do Governo do Estado do Ceará

Danilo Ericksen Costa Cabral
Meteorologista, mestre em Meteorologia, Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (AESA)

Rômulo da Silveira Paz
Meteorologista, mestre em Meteorologia, doutor em Engenharia Mecânica, professor associado da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Paulo Cesar Martins Pereira de Azevedo Branco
Geólogo, pesquisador sênior em Geociências (aposentado) do Serviço Geológico do Brasil (CPRM)

Gildo Magalhães dos Santos Filho
Engenheiro eletrônico, doutor em História Social e Livre-docente em História da Ciência e Tecnologia, professor titular do Departamento de História da Universidade de São Paulo (USP)

Thiago Maia
Físico, mestre e doutor em Física Nuclear e doutor em Astrofísica, engenheiro de petróleo e consultor privado

Guilherme Polli Rodrigues
Geógrafo, mestre em Climatologia, consultor ambiental

Igor Vaz Maquieira
Biólogo, especialista em Gestão Ambiental

Mario de Carvalho Fontes Neto
Engenheiro agrônomo, editor do blog A Grande Farsa do Aquecimento Global (http://agfdag.wordpress.com)

Richard Jakubaszko
Jornalista, escritor, blogueiro, editor-executivo da revista Agro DBO e autor do livro CO2 aquecimento e mudanças climáticas: estão nos enganando? (com Luiz Carlos Baldicero Molion e José Carlos Parente de Oliveira, DBO Editores Associados, 2015)

Geraldo Luís Saraiva Lino
Geólogo, autor do livro A fraude do aquecimento global: como um fenômeno natural foi convertido numa falsa emergência mundial (Capax Dei, 2009; 4ª ed., 2015)


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