Richard Jakubaszko
Depois os brasileiros são muito críticos com o Brasil e os brasileiros, e que seriam não patriotas. Ora, teria alternativa de não ser? Pois é, temos um ministro da educação semi-analfabeto... Somos piada em Portugal, com toda a razão... Só nos resta rezar pelo futuro de nossos filhos e netos. E olha que não foi distração de tecla, ele já cometeu erros da mesma envergadura contra o vernáculo...
ET. Impressionante é o que Weintraub deixa de "seguidores" neste país de analfabetos. Hoje, um artigo publicado no blog do jornalista Luis Nassif, demonstra isso. Escrito por 2 criminalistas, o texto aprova o moralismo de proibir o cidadão de trabalhar, e condena o goleiro Bruno a ser um sem teto ou a viver na cracolândia, negando-lhe a ressocialização como determina a lei.
Ao final do texto os autores escorregam no vernáculo de forma épica: "Houveram também mulheres...".
Pobre país, em que analfabetos weintraubianos nos governam com empáfia e cheios de moralismo juvenil:
https://jornalggn.com.br/artigos/caso-goleiro-bruno-o-nao-e-civilizatorio-por-djeff-amadeus-e-carla-joana-magnago/
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segunda-feira, 13 de janeiro de 2020
quinta-feira, 19 de dezembro de 2019
O idioma português não é para amadores
Richard Jakubaszko
Enviada pelo jornalista Delfino Araújo, lá da DBO Editores, a preciosidade dos comentários de um especialista do vernáculo lusitano mostra porque a língua de Camões e Fernando Pessoa não é coisa para amadores.
Aliás, é de Pessoa um verso muito conhecido e mal interpretado pelos brasileiros, o de que "Navegar é preciso, viver não é preciso". Pois os cidadãos tupiniquins, mas os guaranis também, percebem o "preciso" como verbo, um sinônimo de necessário, quando "preciso" foi empregado como substantivo, no sentido de precisão, ora pois, pois...
Mas leiam o meme abaixo, que é imperdível.
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Enviada pelo jornalista Delfino Araújo, lá da DBO Editores, a preciosidade dos comentários de um especialista do vernáculo lusitano mostra porque a língua de Camões e Fernando Pessoa não é coisa para amadores.
Aliás, é de Pessoa um verso muito conhecido e mal interpretado pelos brasileiros, o de que "Navegar é preciso, viver não é preciso". Pois os cidadãos tupiniquins, mas os guaranis também, percebem o "preciso" como verbo, um sinônimo de necessário, quando "preciso" foi empregado como substantivo, no sentido de precisão, ora pois, pois...
Mas leiam o meme abaixo, que é imperdível.
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quinta-feira, 5 de setembro de 2019
Sarcasmo
Richard Jakubaszko
Sarcasmo, já ouviu falar? Você já usou ou foi vítima de um comentário sarcástico?
Veja 3 frases sobre o sarcasmo que vão ajudar você a entender melhor o significado desta palavra.
Algumas pessoas causam felicidade aonde quer que vão.
Outros somente causam felicidade sempre que se vão.
Oscar Wilde
O escritor britânico e autor desta frase é a prova que o sarcasmo é na realidade uma elevada forma de inteligência. Ser sarcástico é uma forma de abstração, de fugir da realidade e de lidar com contradições. Além disso, algumas pesquisas científicas revelam que pessoas sarcásticas costumam ser mais criativas.
Eu nunca esqueço uma cara, mas no seu caso ficarei feliz em abrir uma exceção.
Groucho Marx
Quem utiliza o sarcasmo como instrumento deve estar preparado para as eventuais consequências. Isto porque o sarcasmo costuma ser corrosivo, sendo usado muitas vezes para ofender ou debochar de outras pessoas, o que pode gerar alguns conflitos.
Às vezes eu preciso de uma coisa que só você pode me dar: sua ausência.
Ashleigh Brilliant
O sarcasmo é um tipo de linguagem que na maior parte das vezes tem um caráter humorístico. A pessoa sarcástica consegue insultar ou criticar o seu alvo e ao mesmo tempo provocar gargalhadas. Mas só faça sarcasmos desse tipo com gente de menor porte do que você. Ou saia correndo se for muito maior...
Como blogueiro, acidentalmente, criei um sarcasmo perverso, e vez por outra aplico como resposta a alguns oponentes ambientalistas, quando em vez de debater a questão do aquecimento tentam me desqualificar por ser cético dessa mentira, e disparo a malvadeza: "Não sou apenas cético do aquecimento, eu era cético também da "evolução das espécies", teoria de Darwin, mas assaltam-me dúvidas por ser real a "involução das espécies", da qual você é um brilhante exemplo."
Agora que entende melhor o que é o sarcasmo, você é contra ou a favor?
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Sarcasmo, já ouviu falar? Você já usou ou foi vítima de um comentário sarcástico?
Veja 3 frases sobre o sarcasmo que vão ajudar você a entender melhor o significado desta palavra.
Algumas pessoas causam felicidade aonde quer que vão.
Outros somente causam felicidade sempre que se vão.
Oscar Wilde
O escritor britânico e autor desta frase é a prova que o sarcasmo é na realidade uma elevada forma de inteligência. Ser sarcástico é uma forma de abstração, de fugir da realidade e de lidar com contradições. Além disso, algumas pesquisas científicas revelam que pessoas sarcásticas costumam ser mais criativas.
Eu nunca esqueço uma cara, mas no seu caso ficarei feliz em abrir uma exceção.
Groucho Marx
Quem utiliza o sarcasmo como instrumento deve estar preparado para as eventuais consequências. Isto porque o sarcasmo costuma ser corrosivo, sendo usado muitas vezes para ofender ou debochar de outras pessoas, o que pode gerar alguns conflitos.
Às vezes eu preciso de uma coisa que só você pode me dar: sua ausência.
Ashleigh Brilliant
O sarcasmo é um tipo de linguagem que na maior parte das vezes tem um caráter humorístico. A pessoa sarcástica consegue insultar ou criticar o seu alvo e ao mesmo tempo provocar gargalhadas. Mas só faça sarcasmos desse tipo com gente de menor porte do que você. Ou saia correndo se for muito maior...
Como blogueiro, acidentalmente, criei um sarcasmo perverso, e vez por outra aplico como resposta a alguns oponentes ambientalistas, quando em vez de debater a questão do aquecimento tentam me desqualificar por ser cético dessa mentira, e disparo a malvadeza: "Não sou apenas cético do aquecimento, eu era cético também da "evolução das espécies", teoria de Darwin, mas assaltam-me dúvidas por ser real a "involução das espécies", da qual você é um brilhante exemplo."
Agora que entende melhor o que é o sarcasmo, você é contra ou a favor?
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sexta-feira, 17 de janeiro de 2014
O português praticado no Brasil...

A língua portuguesa é uma das mais difíceis do mundo, até para nós!
Vejamos o português praticado no Brasil...
Aconteceu na recepção de um salão de convenções, em Fortaleza, CE.
- Por favor, gostaria de fazer minha inscrição para o Congresso.
- Pelo seu sotaque vejo que o senhor não é brasileiro. O senhor é de onde?
- Sou de Maputo, Moçambique.
- Da África, né?
- Sim, sim, da África.
- Aqui está cheio de africanos, vindos de toda parte do mundo. O mundo está cheio de africanos.
- É verdade. Mas se pensar bem, veremos que todos somos africanos, pois a África é o berço antropológico da humanidade...
- Pronto, tem uma palestra agora na sala meia oito.
- Desculpe, qual sala?
- Meia oito.
- Podes escrever?
- Não sabe o que é meia oito? Sessenta e oito, assim, veja: 68.
- Ah, entendi, *meia* é *seis*...
- Isso mesmo, meia é seis. Mas não vá embora, só mais uma informação: a organização do Congresso está cobrando uma pequena taxa para quem quiser ficar com o material: DVD, apostilas, etc., gostaria de encomendar?
- Quanto tenho que pagar?
- Dez reais. Mas estrangeiros e estudantes pagam *meia*.
- Hmmm! Que bom. Ai está: *seis* reais.
- Não, o senhor paga meia. Só cinco, entende?
- Pago meia? Só cinco? *Meia* é *cinco*?
- Isso, meia é cinco.
- Tá bom, *meia* é *cinco*...
- Cuidado para não se atrasar, a palestra começa às nove e meia.
- Então já começou há quinze minutos, agora são nove e vinte.
- Não, ainda faltam dez minutos. Como falei, só começa às nove e meia.
- Pensei que fosse as 9:05, pois *meia* não é *cinco*? Você pode escrever aqui a hora que começa?
- Nove e meia, assim, veja: 9:30 horas
- Ah, entendi, *meia* é *trinta*...
- Isso, mesmo, nove e trinta. Mais uma coisa, senhor, tenho aqui um folder de um hotel que está fazendo um preço especial para os congressistas, o senhor já está hospedado?
- Sim, já estou na casa de um amigo.
- Em que bairro?
- No Trinta Bocas.
- Trinta Bocas? Não existe esse bairro em Fortaleza, não seria no Seis Bocas?
- Isso mesmo, no bairro *Meia* Boca.
- Não é meia boca, é um bairro nobre.
- Então deve ser *cinco* bocas.
- Não, Seis Bocas, entende, Seis Bocas. Chamam assim porque há um encontro de seis ruas, por isso seis bocas. Entendeu?
- Acabou?
- Não. Senhor, é proibido entrar no evento de sandálias. Por favor, coloque uma meia e um sapato...
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sexta-feira, 10 de janeiro de 2014
Merda, a palavra mais rica do nosso idioma.
Nem o Aurélio definiu tão bem...
Merda: esta versátil palavra pode mesmo ser considerada
um coringa da língua portuguesa.
Vejam os exemplos a seguir:
Como indicação geográfica: onde fica essa merda?
Ou
Vá à merda!
Ou
Vou embora dessa merda!
Como substantivo qualificativo: você é um merda!
Como auxiliar quantitativo: trabalho pra caramba e não ganho
MERDA nenhuma!
Como indicador de especialização profissional: ele não entende de
MERDA nenhuma.
Como sinônimo de covarde: seu MERDA!
Como indicador visual: não se enxerga MERDA nenhuma!
Como questionamento
dirigido: fez MERDA, né?
Como especulação de conhecimento e surpresa: que MERDA é
essa?
Como constatação da situação financeira de um indivíduo: ele
tá numa MERDA total.
Como indicador de ressentimento natalino: não ganhei MERDA
nenhuma de presente!
Como indicador de admiração: puta MERDA1!
Como indicador de espécie: o que esse MERDA pensa que é?
Como indicador de continuidade: tô na mesma MERDA de
sempre...
Como indicador de desordem: isso aqui tá uma MERDA!
Como constatação científica dos resultados da alquimia: tudo
o que ele toca vira MERDA!
Como resultado aplicativo: deu MERDA!
Como indicador de performance esportiva: meu time não está
jogando MERDA nenhuma...
Como constatação negativa: que merda!
Como classificação literária: êita textinho de MERDA!!!
Como situação de 'orgulho/metidez': ela se acha e não tem
'MERDA nenhuma!'
e a melhor de todas as definições:
Como indicativo de ocupação: para você ter lido até aqui, é
sinal que não está fazendo MERDA nenhuma!!!
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sexta-feira, 23 de novembro de 2012
O poder das palavras, para mudar as pessoas.
Richard Jakubaszko
O vídeo abaixo ilustra o poder das palavras e de como estas podem mudar as atitudes das pessoas, talvez do mundo.
Experimente mudar as suas palavras, quem sabe você começa a mudar as pessoas ao seu redor, depois o mundo...
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O vídeo abaixo ilustra o poder das palavras e de como estas podem mudar as atitudes das pessoas, talvez do mundo.
Experimente mudar as suas palavras, quem sabe você começa a mudar as pessoas ao seu redor, depois o mundo...
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segunda-feira, 13 de agosto de 2012
Como alfabetizar as crianças hoje em dia
Richard Jakubaszko
As gerações Y, @ e G, apresentam inegáveis dificuldades para serem alfabetizadas, muitos jovens são analfabetos funcionais, leem mas não entendem o que está escrito. Para que se possa minimizar esse problema, vejam abaixo como poderia ser facilitada a tarefa inicial dos educadores:segunda-feira, 30 de julho de 2012
Provérbio "latino"
Richard Jakubaszko
O provérbio "latino", abaixo, é a mais perfeita exacerbação da criatividade diante das evidências históricas do conhecimento humano, desconsiderando as adaptações da livre tradução do latim nostro de cada dia...Enviado por Pedro Henrique Passos.
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quarta-feira, 27 de junho de 2012
Os patos do Dr. Rui
Richard Jakubaszko
Um excepcional registro do bom humor e da nossa história republicana.
Os patos do Dr. Rui
Um excepcional registro do bom humor e da nossa história republicana.
Os patos do Dr. Rui
Diz uma antiga e divertida lenda baiana que, ao chegar em casa, o Conselheiro
Rui Barbosa, também conhecido como "Águia de Haia", ouviu um barulho
estranho vindo do quintal.
Foi averiguar e encontrou um ladrão tentando levar os patos de sua criação.
Aproximou-se vagarosamente do elemento, e, surpreendendo-o ao
tentar pular o muro com os anseriformes anatídeos, gritou-lhe com
autoridade:
- Bucéfalo!, não o interpelo pelo valor intrínseco dos palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa.
Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares da
minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com
minha bengala bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que
te reduzirei à quinquagésima potência que o vulgo denomina nada.
E o ladrão, entre perplexo e quase a choramingar:
- Dotô, rezumindo... eu levo ou eu dêixo os pato?...
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quinta-feira, 19 de abril de 2012
Análise literária de "Ai, se eu te pego!".
Richard Jakubaszko
Recebi de Edgar Pera, diretor de Arte lá da DBO, profissional sempre atento às escorregadelas humanas, medíocres ou não, a mensagem abaixo, digna de ser lida e compreendida.
Análise literária da música "AI, SE EU TE PEGO",

Já que professor de literatura sou, dediquei alguns minutos do meu precioso tempo para me debruçar sobre a letra desse "fenômeno" de
crítica e público que assola as rádios e tv's, não só do Brasil, mas também do mundo: "Ai, se eu te pego", desse grande artista chamado Michel Teló.
Uma letra de música tão profunda, filosófica e poética como essa merece, sem sombra de dúvida, uma análise literária mais esmiuçada...
Então vamos lá!
"Delícia, delícia...
Assim você me mata"
Nos versos acima, nota-se de imediato que o eu lírico expressa metaforicamente seu deleite sexual, chegando mesmo - pode-se dizer - a um estado de clímax sexual, um orgasmo. Entretanto, à medida que avançamos na leitura da letra da música, percebemos logo no verso seguinte uma ideia parodoxal que nos leva a constatar que talvez o eu lírico, através de um eufemismo muito bem elaborado, aponte para uma das práticas difundidas na tradição literária ocidental, principalmente a partir do Romantismo.
Observem o verso:
"Ai, se eu te pego, ai, ai, se eu te pego"
A anáfora presente nesse verso, com a repetição da interjeição "ai", mais uma vez denota a ideia de deleite, de clímax sexual. Entretanto, através do papel hipotético conferido pela conjunção condicional "se", percebe-se que o eu lírico não chegou, de fato, a um enlace, a uma conjunção carnal com o objeto de seu desejo: o "ai, se eu te pego" significando algo como "ai, como eu gostaria de te pegar" ou "ai, se eu pudesse te pegar" (levando-se em consideração também o neologismo, já absorvido pela linguagem coloquial, quando ele usa o verbo "pegar" para significar o ato sexual).
Ou seja: se, nos dois primeiros versos, o eu lírico expressa seu deleite, seu clímax sexual, seu orgasmo; mas, logo imediatamente, nos dá dicas de que o enlace sexual não ocorreu de fato, somos forçosamente levados a considerar que o eu lírico é...
UM PUNHETEIRO DE MARCA MAIOR !!!!!!!
E essa porcaria vende, meus amigos!!!!
(Edmilson Borret)
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sexta-feira, 30 de março de 2012
Tirou zero, mas acertou todas as questões.
Richard Jakubaszko
Parece brincadeira, ou piada luso-cultural. O cara tirou zero, apesar de ter acertado todas as questões da prova realizada. O(a) professor(a) devia estar tremendamente azedo(a). Ou não?sábado, 4 de fevereiro de 2012
Feliz olhar novo
Richard Jakubaszko
Texto enviado pelo amigo e engenheiro agrônomo Odo Primavesi, lá de São Carlos, SP:
Feliz olhar novo
por Carlos Drummond de Andrade
"O grande barato da vida é olhar para trás e sentir orgulho da sua história.
O grande lance é viver cada momento como se a receita de felicidade fosse o AQUI e o AGORA.
Claro que a vida prega peças. É lógico que, por vezes, o pneu fura, chove demais..., mas, pensa só: tem graça viver sem rir de gargalhar pelo menos uma vez ao dia? Tem sentido ficar chateado durante o dia todo por causa de uma discussão na ida pro trabalho?
Quero viver bem! Este ano que passou foi um ano cheio. Foi cheio de coisas boas e realizações, mas também cheio de problemas e desilusões. Normal. As vezes a gente espera demais das pessoas. Normal. A grana que não veio, o amigo que decepcionou, o amor que acabou. Normal. O ano que vai entrar vai ser diferente. Muda o ano, mas o homem é cheio de imperfeições, a natureza tem sua personalidade que nem sempre é a que a gente deseja, mas e aí? Fazer o quê? Acabar com o seu dia? Com seu bom humor? Com sua esperança?
O que desejo para todos é sabedoria! E que todos saibamos transformar tudo em boa experiência! Que todos consigamos perdoar o desconhecido, o mal educado. Ele passou na sua vida. Não pode ser responsável por um dia ruim...
Entender o amigo que não merece nossa melhor parte. Se ele decepcionou, passe-o para a categoria 3. Ou mude-o de classe, transforme-o em colega.
Além do mais, a gente, provavelmente, também já decepcionou alguém.
O nosso desejo não se realizou? Beleza, não estava na hora, não deveria ser a melhor coisa pra esse momento (me lembro sempre de um lance que eu adoro): CUIDADO COM SEUS DESEJOS, ELES PODEM SE TORNAR REALIDADE.
Chorar de dor, de solidão, de tristeza, faz parte do ser humano. Não adianta lutar contra isso. Mas se a gente se entende e permite olhar o outro e o mundo com generosidade, as coisas ficam bem diferentes.
Desejo para todo mundo esse olhar especial.
O ano que vai entrar pode ser um ano especial, muito legal, se entendermos nossas fragilidades e egoísmos e dermos a volta nisso. Somos fracos, mas podemos melhorar. Somos egoístas, mas podemos entender o outro. O ano que vai entrar pode ser o bicho, o máximo, maravilhoso, lindo, espetacular... ou... Pode ser puro orgulho! Depende de mim, de você! Pode ser. E que seja!!! Feliz olhar novo!!! Que o ano que se inicia seja do tamanho que você fizer.
Que a virada do ano não seja somente uma data, mas um momento para repensarmos tudo o que fizemos e que desejamos, afinal sonhos e desejos podem se tornar realidade somente se fizermos jus e acreditarmos neles!"
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Texto enviado pelo amigo e engenheiro agrônomo Odo Primavesi, lá de São Carlos, SP:
Feliz olhar novo
por Carlos Drummond de Andrade
"O grande barato da vida é olhar para trás e sentir orgulho da sua história.
O grande lance é viver cada momento como se a receita de felicidade fosse o AQUI e o AGORA.
Claro que a vida prega peças. É lógico que, por vezes, o pneu fura, chove demais..., mas, pensa só: tem graça viver sem rir de gargalhar pelo menos uma vez ao dia? Tem sentido ficar chateado durante o dia todo por causa de uma discussão na ida pro trabalho?
Quero viver bem! Este ano que passou foi um ano cheio. Foi cheio de coisas boas e realizações, mas também cheio de problemas e desilusões. Normal. As vezes a gente espera demais das pessoas. Normal. A grana que não veio, o amigo que decepcionou, o amor que acabou. Normal. O ano que vai entrar vai ser diferente. Muda o ano, mas o homem é cheio de imperfeições, a natureza tem sua personalidade que nem sempre é a que a gente deseja, mas e aí? Fazer o quê? Acabar com o seu dia? Com seu bom humor? Com sua esperança?
O que desejo para todos é sabedoria! E que todos saibamos transformar tudo em boa experiência! Que todos consigamos perdoar o desconhecido, o mal educado. Ele passou na sua vida. Não pode ser responsável por um dia ruim...
Entender o amigo que não merece nossa melhor parte. Se ele decepcionou, passe-o para a categoria 3. Ou mude-o de classe, transforme-o em colega.
Além do mais, a gente, provavelmente, também já decepcionou alguém.
O nosso desejo não se realizou? Beleza, não estava na hora, não deveria ser a melhor coisa pra esse momento (me lembro sempre de um lance que eu adoro): CUIDADO COM SEUS DESEJOS, ELES PODEM SE TORNAR REALIDADE.
Chorar de dor, de solidão, de tristeza, faz parte do ser humano. Não adianta lutar contra isso. Mas se a gente se entende e permite olhar o outro e o mundo com generosidade, as coisas ficam bem diferentes.
Desejo para todo mundo esse olhar especial.
O ano que vai entrar pode ser um ano especial, muito legal, se entendermos nossas fragilidades e egoísmos e dermos a volta nisso. Somos fracos, mas podemos melhorar. Somos egoístas, mas podemos entender o outro. O ano que vai entrar pode ser o bicho, o máximo, maravilhoso, lindo, espetacular... ou... Pode ser puro orgulho! Depende de mim, de você! Pode ser. E que seja!!! Feliz olhar novo!!! Que o ano que se inicia seja do tamanho que você fizer.
Que a virada do ano não seja somente uma data, mas um momento para repensarmos tudo o que fizemos e que desejamos, afinal sonhos e desejos podem se tornar realidade somente se fizermos jus e acreditarmos neles!"
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domingo, 11 de setembro de 2011
Mas que coisa!
Richard Jakubaszko
Esta curiosidade interessante veio lá de Porto Alegre, e me foi enviada por Carlos M. Wallau.
Mas que coisa!!!
Acompanhe o texto e veja que "coisa estranha" para se pensar.
O substantivo "coisa" assumiu tantos valores que cabe em quase todas as situações do cotidiano.
A palavra "coisa" é um bombril do idioma. Tem mil e uma utilidades. É aquele tipo de termo-muleta ao qual a gente recorre sempre que nos faltam palavras para exprimir uma ideia.
Coisas do português.
Na Paraíba e em Pernambuco, "coisa" também é cigarro de maconha. Em Olinda, o bloco carnavalesco Segura a Coisa tem um baseado como símbolo em seu estandarte. Alceu Valença canta: "Segura a coisa com muito cuidado / Que eu chego já." E, como em Olinda sempre há bloco mirim equivalente ao de gente grande, há também o Segura a Coisinha.
Na literatura, a "coisa" é coisa antiga. Antiga, mas modernista: Oswald de Andrade escreveu a crônica O Coisa em 1943. A Coisa é título de romance de Stephen King. Simone de Beauvoir escreveu A Força das Coisas, e Michel Foucault, As Palavras e as Coisas.
Em Minas Gerais, todas as coisas são chamadas de trem. Menos o trem, que lá é chamado de "a coisa". A mãe está com a filha na estação, o trem se aproxima e ela diz: "Minha filha, pega os trem que lá vem a coisa!".
Devido lugar "Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça (...)". A garota de Ipanema era coisa de fechar o Rio de Janeiro. "Mas se ela voltar, se ela voltar / Que coisa linda / Que coisa louca." Coisas de Jobim e de Vinicius, que sabiam das coisas.
Sampa também tem dessas coisas (coisa de louco!), seja quando canta "Alguma coisa acontece no meu coração", de Caetano Veloso, ou quando vê o Show de Calouros, do Silvio Santos (que é coisa nossa).
Todas essas coisas são títulos de canções interpretadas por Roberto Carlos, o "rei" das coisas. Como ele, uma geração da MPB era preocupada com as coisas. Para Maria Bethânia, o diminutivo de coisa é uma questão de quantidade (afinal, "são tantas coisinhas miúdas"). Já para Beth Carvalho, é de carinho e intensidade ("ô coisinha tão bonitinha do pai"). Todas as Coisas e Eu é título de CD de Gal. "Esse papo já tá qualquer coisa... Já qualquer coisa doida dentro mexe." Essa coisa doida é uma citação da música Qualquer Coisa, de Caetano, que canta também: "Alguma coisa está fora da ordem."
Por essas e por outras, é preciso colocar cada coisa no devido lugar. Uma coisa de cada vez, é claro, pois uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa. E tal coisa, e coisa e tal. O cheio de coisas é o indivíduo chato, pleno de não-me-toques. O cheio das coisas, por sua vez, é o sujeito estribado. Gente fina é outra coisa.
Para o pobre, a coisa está sempre feia: o salário-mínimo não dá pra coisa nenhuma. A coisa pública não funciona no Brasil. Desde os tempos de Cabral. Político quando está na oposição é uma coisa, mas, quando assume o poder, a coisa muda de figura. Quando se elege, o eleitor pensa: "Agora a coisa vai." Coisa nenhuma! A coisa fica na mesma. Uma coisa é falar; outra é fazer. Coisa feia! O eleitor já está cheio dessas coisas! Coisa à toa Se você aceita qualquer coisa, logo se torna um coisa qualquer, um coisa-à-toa.
Há coisas que o dinheiro não compra: paz, saúde, alegria e outras cositas más. Mas, "deixemos de coisa, cuidemos da vida, senão chega a morte ou coisa parecida", cantarola Fagner em Canteiros, baseado no poema Marcha, de Cecília Meireles, uma coisa linda. Por isso, faça a coisa certa e não esqueça o grande mandamento: "amarás a Deus sobre todas as coisas".
Entendeu o espírito da coisa?
Esta curiosidade interessante veio lá de Porto Alegre, e me foi enviada por Carlos M. Wallau.
Mas que coisa!!!

Acompanhe o texto e veja que "coisa estranha" para se pensar.
O substantivo "coisa" assumiu tantos valores que cabe em quase todas as situações do cotidiano.
A palavra "coisa" é um bombril do idioma. Tem mil e uma utilidades. É aquele tipo de termo-muleta ao qual a gente recorre sempre que nos faltam palavras para exprimir uma ideia.
Coisas do português.
A natureza das coisas: gramaticalmente, "coisa" pode ser substantivo, adjetivo, advérbio. Também pode ser verbo: o Houaiss registra a forma "coisificar". E no Nordeste há "coisar": "Ô, seu coisinha, você já coisou aquela coisa que eu mandei você coisar ". Coisar, em Portugal, equivale ao ato sexual, lembra Josué Machado.
Já as "coisas" nordestinas são sinônimas dos órgãos genitais, registra o Aurélio. "E deixava-se possuir pelo amante, que lhe beijava os pés, as coisas, os seios" (Riacho Doce, José Lins do Rego).
Na Paraíba e em Pernambuco, "coisa" também é cigarro de maconha. Em Olinda, o bloco carnavalesco Segura a Coisa tem um baseado como símbolo em seu estandarte. Alceu Valença canta: "Segura a coisa com muito cuidado / Que eu chego já." E, como em Olinda sempre há bloco mirim equivalente ao de gente grande, há também o Segura a Coisinha.
Na literatura, a "coisa" é coisa antiga. Antiga, mas modernista: Oswald de Andrade escreveu a crônica O Coisa em 1943. A Coisa é título de romance de Stephen King. Simone de Beauvoir escreveu A Força das Coisas, e Michel Foucault, As Palavras e as Coisas.
Em Minas Gerais, todas as coisas são chamadas de trem. Menos o trem, que lá é chamado de "a coisa". A mãe está com a filha na estação, o trem se aproxima e ela diz: "Minha filha, pega os trem que lá vem a coisa!".
Devido lugar "Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça (...)". A garota de Ipanema era coisa de fechar o Rio de Janeiro. "Mas se ela voltar, se ela voltar / Que coisa linda / Que coisa louca." Coisas de Jobim e de Vinicius, que sabiam das coisas.
Sampa também tem dessas coisas (coisa de louco!), seja quando canta "Alguma coisa acontece no meu coração", de Caetano Veloso, ou quando vê o Show de Calouros, do Silvio Santos (que é coisa nossa).
Coisa não tem sexo: pode ser masculino ou feminino.
Coisa-ruim é o capeta. Coisa boa é a Juliana Paes. Nunca vi coisa assim! Coisa de cinema!
A Coisa virou nome de filme de Hollywood, que tinha o seu Coisa no recente Quarteto Fantástico. Extraído dos quadrinhos, na TV o personagem ganhou também desenho animado, nos anos 70. E no programa Casseta e Planeta, Urgente!, Marcelo Madureira faz o personagem "Coisinha de Jesus".
Coisa-ruim é o capeta. Coisa boa é a Juliana Paes. Nunca vi coisa assim! Coisa de cinema!
A Coisa virou nome de filme de Hollywood, que tinha o seu Coisa no recente Quarteto Fantástico. Extraído dos quadrinhos, na TV o personagem ganhou também desenho animado, nos anos 70. E no programa Casseta e Planeta, Urgente!, Marcelo Madureira faz o personagem "Coisinha de Jesus".
Coisa também não tem tamanho. Na boca dos exagerados, "coisa nenhuma" vira "coisíssima". Mas a "coisa" tem história na MPB. No II Festival da Música Popular Brasileira, em 1966, estava na letra das duas vencedoras: Disparada, de Geraldo Vandré ("Prepare seu coração / Pras coisas que eu vou contar"), e A Banda, de Chico Buarque ("Pra ver a banda passar / Cantando coisas de amor"), que acabou de ser relançada num dos CDs triplos do compositor, que a Som Livre remasterizou. Naquele ano do festival, no entanto, a coisa tava preta (ou melhor, verde-oliva). E a turma da Jovem Guarda não tava nem aí com as coisas: "Coisa linda / Coisa que eu adoro". Cheio das coisas As mesmas coisas, Coisa bonita, Coisas do coração, Coisas que não se esquece, Diga-me coisas bonitas, Tem coisas que a gente não tira do coração.
Todas essas coisas são títulos de canções interpretadas por Roberto Carlos, o "rei" das coisas. Como ele, uma geração da MPB era preocupada com as coisas. Para Maria Bethânia, o diminutivo de coisa é uma questão de quantidade (afinal, "são tantas coisinhas miúdas"). Já para Beth Carvalho, é de carinho e intensidade ("ô coisinha tão bonitinha do pai"). Todas as Coisas e Eu é título de CD de Gal. "Esse papo já tá qualquer coisa... Já qualquer coisa doida dentro mexe." Essa coisa doida é uma citação da música Qualquer Coisa, de Caetano, que canta também: "Alguma coisa está fora da ordem."
Por essas e por outras, é preciso colocar cada coisa no devido lugar. Uma coisa de cada vez, é claro, pois uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa. E tal coisa, e coisa e tal. O cheio de coisas é o indivíduo chato, pleno de não-me-toques. O cheio das coisas, por sua vez, é o sujeito estribado. Gente fina é outra coisa.
Para o pobre, a coisa está sempre feia: o salário-mínimo não dá pra coisa nenhuma. A coisa pública não funciona no Brasil. Desde os tempos de Cabral. Político quando está na oposição é uma coisa, mas, quando assume o poder, a coisa muda de figura. Quando se elege, o eleitor pensa: "Agora a coisa vai." Coisa nenhuma! A coisa fica na mesma. Uma coisa é falar; outra é fazer. Coisa feia! O eleitor já está cheio dessas coisas! Coisa à toa Se você aceita qualquer coisa, logo se torna um coisa qualquer, um coisa-à-toa.
Numa crítica feroz a esse estado de coisas, no poema Eu, Etiqueta, Drummond radicaliza: "Meu nome novo é coisa. Eu sou a coisa, coisamente." E, no verso do poeta, "coisa" vira "cousa". Se as pessoas foram feitas para ser amadas e as coisas, para ser usadas, por que então nós amamos tanto as coisas e usamos tanto as pessoas? Bote uma coisa na cabeça: as melhores coisas da vida não são coisas.
Há coisas que o dinheiro não compra: paz, saúde, alegria e outras cositas más. Mas, "deixemos de coisa, cuidemos da vida, senão chega a morte ou coisa parecida", cantarola Fagner em Canteiros, baseado no poema Marcha, de Cecília Meireles, uma coisa linda. Por isso, faça a coisa certa e não esqueça o grande mandamento: "amarás a Deus sobre todas as coisas".
Entendeu o espírito da coisa?
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quarta-feira, 18 de maio de 2011
"Por uma vida melhor": por que abolir os conceitos de “certo” e “errado”?
Richard Jakubaszko
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O texto abaixo é da "doutorinha" lá de casa. Revela-se uma "briguenta", tal e qual o pai. Retirei do blog dela, o "Mulheres de fibra", e assino embaixo: http://somosmulheresdefibra.blogspot.com/2011/05/por-uma-vida-melhor-por-que-abolir-os.html
"Por uma vida melhor": por que abolir os conceitos de “certo” e “errado”?
Por Daniela Jakubaszko*
A polêmica que se criou em torno do livro Por uma vida melhor, da coleção Viver, aprender, adotado pelo MEC, é inútil e representa um retrocesso para a Educação.
Como lingüista e professora de português defendo ardorosamente a utilização do livro. Vou explicar, mas antes faço alguns esclarecimentos:
1. A escola é o lugar por excelência da norma culta, é lá que devemos aprender a utilizá-la, isso ninguém discute, é fato.
2. O livro NÃO está propondo que o aluno escreva “nós pega” – como estão divulgando por aí - ele está apenas constatando a existência da expressão no registro “popular”. Do ponto de vista cotidiano, a expressão é válida porque dá conta de comunicar o que se propõe. E ela é mais que comum e, sejamos sinceros, é a linguagem que o leitor dessa obra usa e entende. Será que é intenção da escola se comunicar com ele de verdade? Se for, ela tem que usar um livro que consiga fazer isso. Uma gramática cheia de exemplos eruditos e termos que o aluno não consegue nem memorizar, com certeza, não vai conseguir.
3. O que o livro está propondo é trocar as noções de “certo” e “errado” por “adequado” e “inadequado”. E isso é mais que certo. Vou explicar a seguir.
4. A questão é: como ensinar a norma culta num país de tradição oral, e no qual existe um abismo entre a língua oral e a língua escrita? Como fazer isso com jovens adultos – que já apresentam um histórico de “fracasso” em seu processo formal de educação e, muito provavelmente, na aquisição dos termos da gramática e seus significados. Se esse jovem não assimilou até o momento em que procurou o EJA (Educação de Jovens e Adultos) a “concordância de número”, como o professor vai fazê-lo usar a crase? Isso para mencionar apenas um dos tópicos mais fáceis da gramática e que a maioria das pessoas, inclusive as “mais cultas e graduadas”, algumas até mesmo com doutorado, ainda não sabem explicar quando ela é necessária.
Por que abolir os conceitos de “certo” e “errado”?
Vou mencionar apenas 3 razões, para não cansar demais o leitor, mas existem muitas outras, quem se interessar pode perguntar que eu passo a bibliografia.
1. Primeiro, por uma questão de honestidade com o aluno. A língua é viva, assim como a cultura, e não pode ser dirigida, por mais que tentem. Por isso, não existe nem “certo” nem “errado”: as regras são convenções e são alteradas de tempos em tempos por um acordo entre países falantes de uma mesma língua. O que era “errado” há alguns anos, hoje pode ser “certo”. Agora é correto escrever lingüística sem trema - o que discordo - e ideia sem acento. Assim, o que existe é o “adequado à norma culta” e o “inadequado à norma culta”. E essa norma é uma convenção, não uma lei natural e imutável. Além disso, por mais que a escola seja representante da norma culta, isto não significa que ela deva ficar “surda” diante dos demais níveis de fala. A língua portuguesa – ou qualquer língua – não pode ser reduzida à sua variante padrão. Tão pouco as aulas de português devem ficar. Afinal, se numa narrativa aparece um personagem, por exemplo, pescador e analfabeto, como o aluno deverá escrever uma fala (verossímil) para ele? Escrever de forma inverossímil é certo? Aliás, o que seria dos poetas e escritores se não fosse o registro popular da língua? Acho que Guimarães Rosa nem existiria.
Com certeza a crítica ao livro parte de setores conservadores e normativos. Eu, como lingüista e professora, não apoio a retirada dos livros porque não acho justo falar para o aluno que o jeito que ele fala é errado, até porque não é, só não está de acordo com a norma culta, o que é muito diferente. Depois que você explica isso para o aluno é que ele entende o que está fazendo naquela aula. Essa troca faz toda a diferença.
2. Segundo, porque quando você diz para um aluno sucessivas vezes que o que ele fez está “errado” você passa por cima da subjetividade dele e acaba com toda a naturalidade dessa pessoa. Daí, ela não fala “certo” e também não sabe quando fala “errado”. Assim, quando na presença de pessoas que ela julga mais letradas que ela própria, não tenha dúvida, vai ficar muda. A formação da identidade do sujeito passa obrigatoriamente pela aquisição da linguagem, viver apontando os erros é desconsiderar a experiência de vida daquela pessoa, é diminuí-la porque ela não teve estudo. E não se engane: ela pode se tornar até uma profissional mais desejada pelo mercado por usar melhor a norma culta, mas não necessariamente vai se tornar uma pessoa melhor.
3. Em terceiro, porque é urgente trocar o ponto de vista normativo pelo científico. A lingüística reconhece que a língua tem seu curso e muda conforme o uso e a cultura: já foi muito errado falar (e escrever) "você", por exemplo. A lingüística também reconhece que a língua é instrumento de poder, por isso, nada mais importante do que desmistificar a gramática normativa. Isto não significa deixá-la de lado, mas precisamos exercitar uma visão mais crítica. Esse aluno sente na pele a discriminação social devido ao seu nível de fala, nada mais natural que ele rejeite a norma culta e considere pedante a pessoa que fala segundo a norma padrão. É compreensível, ainda, que ele não entenda grande parte do que se diz em sala de aula. O que não é compreensível é o professor, ou melhor, “a Escola”, não entender a razão de isso acontecer.
Em nenhum momento foi dito que a professora e autora do livro em questão não iria corrigir ou ensinar a norma culta aos alunos, só ficou validado o registro oral. Os alunos precisam entrar em contato com o distanciamento científico. E os lingüistas não saem por aí corrigindo ninguém, eles observam, e você, leitor, bem sabe como funciona a ciência - e um aluno de pelo menos 15 anos já precisa começar a ouvir falar do pensamento científico. Além disso, é muito bom que eles percebam se o nível de fala que usam tem prestígio ou não, e o porquê.
Por que ignorar o estudo da língua oral em sala de aula? Eu fazia um trabalho nesse sentido com os meus alunos e só depois de transcrever entrevistas orais eles conseguiam ouvir a si mesmos e tomar consciência de seu registro lingüístico: “nossa como eu falo gíria! Eu nem percebia!”. Aí sim eles entendem que, com o amigo, com os pais, eles podem dizer "os peixe", mas que na prova é preciso escrever "os peixes", no seminário é preciso dizer “os peixes”, mas ele precisa estar à vontade para fazer isso. A realidade em sala de aula é que os alunos não entendem onde estão errando. Quando você explica o conceito de norma culta eles entendem. Cria-se um parâmetro e não uma tábua de salvação inatingível. É aceitando o registro desse interlocutor e apresentando mais uma possibilidade de uso da língua para ele que vai surgir o esforço para aprender. Se você insistir no “certo” e no “errado” ele vai ficar com raiva e rejeitar o novo. Quer apostar?
Ter uma boa comunicação não é sinônimo de usar bem as regras da gramática. Para ensinar os conceitos de "gramática natural" e "gramática normativa" temos de dar esses exemplos. Os conservadores se arrepiam porque eles partem do princípio que você nunca pode escrever ou falar nada errado na frente do aluno. Para mim isso é hipocrisia: o aluno tem direito de saber que o registro que ele usa em casa é diferente daquele que ele usa na rua, no estádio de futebol, na escola, no trabalho, em frente ao juiz. E tem o direito de saber que o “correto” se define por aquele que tem mais prestígio social. Essas são só as primeiras noções de sociolingüística, para quem quiser abrir a cabeça e saber. Ou será que a língua portuguesa se aprende descolada da realidade? É isso que se está tentando mudar. É tão difícil assim perceber isso?
Quando me perguntam qual é a função do professor de português na escola, eu respondo: oferecer ao aluno um grau cada vez mais elevado de consciência lingüística; oferecer instrumentos para que ele possa transitar conscientemente entre os diversos níveis de linguagem. Só depois de realizada essa operação o aluno vai conseguir escrever conforme as regras da norma culta. E falar a norma padrão com naturalidade. Ou, ainda, escolher falar conforme o ambiente em que cresceu e formou a sua subjetividade (Lula que o diga, comunica-se muito bem, sem camuflar as suas origens). É bom ficar claro que a função do professor não se reduz a "corrigir" o aluno. Isso, o google, até o word, pode fazer. Ajudar o aluno a ter consciência de seu nível de fala é outra história...
O problema não é uma pessoa dizer “nós pega”, o problema é ela não entender que esse uso não é adequado em determinados contextos, o problema é não saber dizer “nós pegamos”. Ou sequer compreender porque não pode falar “nós pega”... É, leitor, tem muito aluno que não entende porque precisa aprender uma lista de nomes difíceis que nada significam para ele e que ele não enxerga a relação direta entre uso da norma culta e como esta vai ajudá-lo a melhorar de vida.
Conheço quilos, ou toneladas, de gente formada, pós-graduada, que fala “seje” e não tem consciência de que está falando assim, e ainda critica quem fala “menas”. Ouvir a si mesmo é uma das coisas mais difíceis de fazer. E como ajudar o aluno a fazer isso?
O primeiro passo é, sem dúvida, abolir o “certo” e o “errado”. Enquanto o professor for detentor da caneta vermelha, o aluno vai tremer diante dele e nada do que ele disser vai entrar na cabeça dessa pessoa preocupada em acertar uma coisa que não entende, tem vergonha de dizer que não entende, então não pergunta, faz que entendeu, erra na prova e o resultado é ela se achar cada vez mais burra e desistir de estudar. Ufa... Puxa, ninguém estuda mais psicologia da educação? Isso é básico!
E então, leitor, o que é mais honesto com esse aluno que chega no EJA com a autoestima lá em baixo? Começar falando a língua dele e depois trazê-lo para a norma padrão ou começar de cara a humilhá-lo com uma língua que ele não entende?
É muito sério quando pessoas leigas começam a emitir, levianamente, juízos de valor sobre assuntos que não dominam. Alguns jornalistas, blogueiros e “opineiros” de plantão, por exemplo, sem conhecimento dos conceitos e técnicas de ensino em lingüística, sem a menor noção do que está acontecendo nas salas de aula desse país, começam a querer dizer para os professores o que eles têm de fazer, como eles têm de ensinar! Isto sim, é nivelar por baixo! É detonar, mais ainda, a autoridade do professor, já tão desprezada no país. Ah, e ainda fazem isso sem perceber que freqüentemente cometem erros crassos; eu estou cansada de lê-los em blogs, jornais e revistas, e ouvi-los na televisão. Não que precisem, ou usamos com eles os mesmos critérios que defendem?
E então, qual é mesmo o tipo de educação que o Brasil precisa?
* Daniela Jakubaszko é bacharel em lingüística e português pela FFLCH-USP, mestre e doutora pela ECA-USP. Desistiu de ser professora depois de dar aula por 15 anos e virou redatora porque não agüentava mais ouvir: "você trabalha além de dar aulas?"
ET. Ah, eu tenho uma dúvida: até quando eu posso usar o trema? Até 2012?"Por uma vida melhor": por que abolir os conceitos de “certo” e “errado”?
Por Daniela Jakubaszko*
A polêmica que se criou em torno do livro Por uma vida melhor, da coleção Viver, aprender, adotado pelo MEC, é inútil e representa um retrocesso para a Educação.
Como lingüista e professora de português defendo ardorosamente a utilização do livro. Vou explicar, mas antes faço alguns esclarecimentos:
1. A escola é o lugar por excelência da norma culta, é lá que devemos aprender a utilizá-la, isso ninguém discute, é fato.
2. O livro NÃO está propondo que o aluno escreva “nós pega” – como estão divulgando por aí - ele está apenas constatando a existência da expressão no registro “popular”. Do ponto de vista cotidiano, a expressão é válida porque dá conta de comunicar o que se propõe. E ela é mais que comum e, sejamos sinceros, é a linguagem que o leitor dessa obra usa e entende. Será que é intenção da escola se comunicar com ele de verdade? Se for, ela tem que usar um livro que consiga fazer isso. Uma gramática cheia de exemplos eruditos e termos que o aluno não consegue nem memorizar, com certeza, não vai conseguir.
3. O que o livro está propondo é trocar as noções de “certo” e “errado” por “adequado” e “inadequado”. E isso é mais que certo. Vou explicar a seguir.
4. A questão é: como ensinar a norma culta num país de tradição oral, e no qual existe um abismo entre a língua oral e a língua escrita? Como fazer isso com jovens adultos – que já apresentam um histórico de “fracasso” em seu processo formal de educação e, muito provavelmente, na aquisição dos termos da gramática e seus significados. Se esse jovem não assimilou até o momento em que procurou o EJA (Educação de Jovens e Adultos) a “concordância de número”, como o professor vai fazê-lo usar a crase? Isso para mencionar apenas um dos tópicos mais fáceis da gramática e que a maioria das pessoas, inclusive as “mais cultas e graduadas”, algumas até mesmo com doutorado, ainda não sabem explicar quando ela é necessária.
Por que abolir os conceitos de “certo” e “errado”?
Vou mencionar apenas 3 razões, para não cansar demais o leitor, mas existem muitas outras, quem se interessar pode perguntar que eu passo a bibliografia.
1. Primeiro, por uma questão de honestidade com o aluno. A língua é viva, assim como a cultura, e não pode ser dirigida, por mais que tentem. Por isso, não existe nem “certo” nem “errado”: as regras são convenções e são alteradas de tempos em tempos por um acordo entre países falantes de uma mesma língua. O que era “errado” há alguns anos, hoje pode ser “certo”. Agora é correto escrever lingüística sem trema - o que discordo - e ideia sem acento. Assim, o que existe é o “adequado à norma culta” e o “inadequado à norma culta”. E essa norma é uma convenção, não uma lei natural e imutável. Além disso, por mais que a escola seja representante da norma culta, isto não significa que ela deva ficar “surda” diante dos demais níveis de fala. A língua portuguesa – ou qualquer língua – não pode ser reduzida à sua variante padrão. Tão pouco as aulas de português devem ficar. Afinal, se numa narrativa aparece um personagem, por exemplo, pescador e analfabeto, como o aluno deverá escrever uma fala (verossímil) para ele? Escrever de forma inverossímil é certo? Aliás, o que seria dos poetas e escritores se não fosse o registro popular da língua? Acho que Guimarães Rosa nem existiria.
Com certeza a crítica ao livro parte de setores conservadores e normativos. Eu, como lingüista e professora, não apoio a retirada dos livros porque não acho justo falar para o aluno que o jeito que ele fala é errado, até porque não é, só não está de acordo com a norma culta, o que é muito diferente. Depois que você explica isso para o aluno é que ele entende o que está fazendo naquela aula. Essa troca faz toda a diferença.
2. Segundo, porque quando você diz para um aluno sucessivas vezes que o que ele fez está “errado” você passa por cima da subjetividade dele e acaba com toda a naturalidade dessa pessoa. Daí, ela não fala “certo” e também não sabe quando fala “errado”. Assim, quando na presença de pessoas que ela julga mais letradas que ela própria, não tenha dúvida, vai ficar muda. A formação da identidade do sujeito passa obrigatoriamente pela aquisição da linguagem, viver apontando os erros é desconsiderar a experiência de vida daquela pessoa, é diminuí-la porque ela não teve estudo. E não se engane: ela pode se tornar até uma profissional mais desejada pelo mercado por usar melhor a norma culta, mas não necessariamente vai se tornar uma pessoa melhor.
3. Em terceiro, porque é urgente trocar o ponto de vista normativo pelo científico. A lingüística reconhece que a língua tem seu curso e muda conforme o uso e a cultura: já foi muito errado falar (e escrever) "você", por exemplo. A lingüística também reconhece que a língua é instrumento de poder, por isso, nada mais importante do que desmistificar a gramática normativa. Isto não significa deixá-la de lado, mas precisamos exercitar uma visão mais crítica. Esse aluno sente na pele a discriminação social devido ao seu nível de fala, nada mais natural que ele rejeite a norma culta e considere pedante a pessoa que fala segundo a norma padrão. É compreensível, ainda, que ele não entenda grande parte do que se diz em sala de aula. O que não é compreensível é o professor, ou melhor, “a Escola”, não entender a razão de isso acontecer.
Em nenhum momento foi dito que a professora e autora do livro em questão não iria corrigir ou ensinar a norma culta aos alunos, só ficou validado o registro oral. Os alunos precisam entrar em contato com o distanciamento científico. E os lingüistas não saem por aí corrigindo ninguém, eles observam, e você, leitor, bem sabe como funciona a ciência - e um aluno de pelo menos 15 anos já precisa começar a ouvir falar do pensamento científico. Além disso, é muito bom que eles percebam se o nível de fala que usam tem prestígio ou não, e o porquê.
Por que ignorar o estudo da língua oral em sala de aula? Eu fazia um trabalho nesse sentido com os meus alunos e só depois de transcrever entrevistas orais eles conseguiam ouvir a si mesmos e tomar consciência de seu registro lingüístico: “nossa como eu falo gíria! Eu nem percebia!”. Aí sim eles entendem que, com o amigo, com os pais, eles podem dizer "os peixe", mas que na prova é preciso escrever "os peixes", no seminário é preciso dizer “os peixes”, mas ele precisa estar à vontade para fazer isso. A realidade em sala de aula é que os alunos não entendem onde estão errando. Quando você explica o conceito de norma culta eles entendem. Cria-se um parâmetro e não uma tábua de salvação inatingível. É aceitando o registro desse interlocutor e apresentando mais uma possibilidade de uso da língua para ele que vai surgir o esforço para aprender. Se você insistir no “certo” e no “errado” ele vai ficar com raiva e rejeitar o novo. Quer apostar?
Ter uma boa comunicação não é sinônimo de usar bem as regras da gramática. Para ensinar os conceitos de "gramática natural" e "gramática normativa" temos de dar esses exemplos. Os conservadores se arrepiam porque eles partem do princípio que você nunca pode escrever ou falar nada errado na frente do aluno. Para mim isso é hipocrisia: o aluno tem direito de saber que o registro que ele usa em casa é diferente daquele que ele usa na rua, no estádio de futebol, na escola, no trabalho, em frente ao juiz. E tem o direito de saber que o “correto” se define por aquele que tem mais prestígio social. Essas são só as primeiras noções de sociolingüística, para quem quiser abrir a cabeça e saber. Ou será que a língua portuguesa se aprende descolada da realidade? É isso que se está tentando mudar. É tão difícil assim perceber isso?
Quando me perguntam qual é a função do professor de português na escola, eu respondo: oferecer ao aluno um grau cada vez mais elevado de consciência lingüística; oferecer instrumentos para que ele possa transitar conscientemente entre os diversos níveis de linguagem. Só depois de realizada essa operação o aluno vai conseguir escrever conforme as regras da norma culta. E falar a norma padrão com naturalidade. Ou, ainda, escolher falar conforme o ambiente em que cresceu e formou a sua subjetividade (Lula que o diga, comunica-se muito bem, sem camuflar as suas origens). É bom ficar claro que a função do professor não se reduz a "corrigir" o aluno. Isso, o google, até o word, pode fazer. Ajudar o aluno a ter consciência de seu nível de fala é outra história...
O problema não é uma pessoa dizer “nós pega”, o problema é ela não entender que esse uso não é adequado em determinados contextos, o problema é não saber dizer “nós pegamos”. Ou sequer compreender porque não pode falar “nós pega”... É, leitor, tem muito aluno que não entende porque precisa aprender uma lista de nomes difíceis que nada significam para ele e que ele não enxerga a relação direta entre uso da norma culta e como esta vai ajudá-lo a melhorar de vida.
Conheço quilos, ou toneladas, de gente formada, pós-graduada, que fala “seje” e não tem consciência de que está falando assim, e ainda critica quem fala “menas”. Ouvir a si mesmo é uma das coisas mais difíceis de fazer. E como ajudar o aluno a fazer isso?
O primeiro passo é, sem dúvida, abolir o “certo” e o “errado”. Enquanto o professor for detentor da caneta vermelha, o aluno vai tremer diante dele e nada do que ele disser vai entrar na cabeça dessa pessoa preocupada em acertar uma coisa que não entende, tem vergonha de dizer que não entende, então não pergunta, faz que entendeu, erra na prova e o resultado é ela se achar cada vez mais burra e desistir de estudar. Ufa... Puxa, ninguém estuda mais psicologia da educação? Isso é básico!
E então, leitor, o que é mais honesto com esse aluno que chega no EJA com a autoestima lá em baixo? Começar falando a língua dele e depois trazê-lo para a norma padrão ou começar de cara a humilhá-lo com uma língua que ele não entende?
É muito sério quando pessoas leigas começam a emitir, levianamente, juízos de valor sobre assuntos que não dominam. Alguns jornalistas, blogueiros e “opineiros” de plantão, por exemplo, sem conhecimento dos conceitos e técnicas de ensino em lingüística, sem a menor noção do que está acontecendo nas salas de aula desse país, começam a querer dizer para os professores o que eles têm de fazer, como eles têm de ensinar! Isto sim, é nivelar por baixo! É detonar, mais ainda, a autoridade do professor, já tão desprezada no país. Ah, e ainda fazem isso sem perceber que freqüentemente cometem erros crassos; eu estou cansada de lê-los em blogs, jornais e revistas, e ouvi-los na televisão. Não que precisem, ou usamos com eles os mesmos critérios que defendem?
E então, qual é mesmo o tipo de educação que o Brasil precisa?
* Daniela Jakubaszko é bacharel em lingüística e português pela FFLCH-USP, mestre e doutora pela ECA-USP. Desistiu de ser professora depois de dar aula por 15 anos e virou redatora porque não agüentava mais ouvir: "você trabalha além de dar aulas?"
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terça-feira, 29 de março de 2011
Despedida do TREMA
TREMA
Estou indo embora. Não há mais lugar para mim. Eu sou o trema. Você pode nunca ter reparado em mim, mas eu estava sempre ali, na Anhangüera, nos aqüíferos, nas lingüiças e seus trocadilhos por mais de quatrocentos e cinqüentas anos.
Mas os tempos mudaram. Inventaram uma tal de reforma ortográfica e eu simplesmente tô fora. Fui expulso pra sempre do dicionário. Seus ingratos! Isso é uma delinqüência de lingüistas grandiloqüentes!...
O resto dos pontos e o alfabeto não me deram o menor apoio... A letra U se disse aliviada porque vou finalmente sair de cima dela. O dois pontos disse que sou um preguiçoso que trabalha deitado enquanto ele fica em pé...
Até o cedilha foi a favor da minha expulsão, aquele C cagão que fica se passando por S e nunca tem coragem de iniciar uma palavra. E também tem aquele obeso do O e o anoréxico do I.
Desesperado, tentei chamar o ponto final pra trabalharmos juntos, fazendo um bico de reticências, mas ele negou, sempre encerrando logo todas as discussões. Será que se deixar um topete moicano posso me passar por aspas?...
A verdade é que estou fora de moda. Quem está na moda são os estrangeiros, é o K e o W, "Kkk" pra cá, "www" pra lá.
Até o jogo da velha, que ninguém nunca ligou, virou celebridade nesse tal de Twitter, que aliás, deveria se chamar TÜITER. Chega de argüição, mas estejam certos, seus moderninhos: haverá conseqüências! Chega de piadinhas dizendo que estou "tremendo" de medo.
Tudo bem, vou-me embora da língua portuguesa. Foi bom enquanto durou. Vou para o alemão, lá eles adoram os tremas. E um dia vocês sentirão saudades. E não vão agüentar!...
Nós nos veremos nos livros antigos. Saio da língua para entrar na história.
Adeus,
ass: O Trema.
Enviado pela “Maria Helena, da Associação do Cavalo Árabe”
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Estou indo embora. Não há mais lugar para mim. Eu sou o trema. Você pode nunca ter reparado em mim, mas eu estava sempre ali, na Anhangüera, nos aqüíferos, nas lingüiças e seus trocadilhos por mais de quatrocentos e cinqüentas anos.
Mas os tempos mudaram. Inventaram uma tal de reforma ortográfica e eu simplesmente tô fora. Fui expulso pra sempre do dicionário. Seus ingratos! Isso é uma delinqüência de lingüistas grandiloqüentes!...
O resto dos pontos e o alfabeto não me deram o menor apoio... A letra U se disse aliviada porque vou finalmente sair de cima dela. O dois pontos disse que sou um preguiçoso que trabalha deitado enquanto ele fica em pé...
Até o cedilha foi a favor da minha expulsão, aquele C cagão que fica se passando por S e nunca tem coragem de iniciar uma palavra. E também tem aquele obeso do O e o anoréxico do I.
Desesperado, tentei chamar o ponto final pra trabalharmos juntos, fazendo um bico de reticências, mas ele negou, sempre encerrando logo todas as discussões. Será que se deixar um topete moicano posso me passar por aspas?...
A verdade é que estou fora de moda. Quem está na moda são os estrangeiros, é o K e o W, "Kkk" pra cá, "www" pra lá.
Até o jogo da velha, que ninguém nunca ligou, virou celebridade nesse tal de Twitter, que aliás, deveria se chamar TÜITER. Chega de argüição, mas estejam certos, seus moderninhos: haverá conseqüências! Chega de piadinhas dizendo que estou "tremendo" de medo.
Tudo bem, vou-me embora da língua portuguesa. Foi bom enquanto durou. Vou para o alemão, lá eles adoram os tremas. E um dia vocês sentirão saudades. E não vão agüentar!...
Nós nos veremos nos livros antigos. Saio da língua para entrar na história.
Adeus,
ass: O Trema.
Enviado pela “Maria Helena, da Associação do Cavalo Árabe”
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quinta-feira, 3 de março de 2011
Palíndromos
Richard Jakubaszko
Sabe o que é um palíndromo?
NÃO?! Um palíndromo é uma palavra ou um número, ou frase, que se lê da mesma maneira nos dois sentidos, normalmente, da esquerda para a direita e ao contrário.
Ou seja, parece uma rôsca sem fim... A figura ilustrativa que escolhi pode não ser a mais perfeita, mas que parece, ah... isso parece mesmo...
Exemplos de palavras: OVO, OSSO, RADAR. O mesmo se aplica às frases, embora a coincidência seja tanto mais difícil de conseguir quanto maior a frase; é o caso do conhecido:
SOCORRAM-ME, SUBI NO ONIBUS EM MARROCOS.
Diante do interesse pelo assunto (confesse, já leu a frase ao contrário), tomei a liberdade de selecionar alguns dos melhores palíndromos da língua de Camões...
ANOTARAM A DATA DA MARATONA
ASSIM A AIA IA A MISSA
A DIVA EM ARGEL ALEGRA-ME A VIDA
A DROGA DA GORDA
A MALA NADA NA LAMA
A TORRE DA DERROTA
LUZA ROCELINA, A NAMORADA DO MANUEL, LEU NA MODA DA ROMANA: ANIL É COR AZUL
O CÉU SUECO
O GALO AMA O LAGO
O LOBO AMA O BOLO
O ROMANO ACATA AMORES A DAMAS AMADAS E ROMA ATACA O NAMORO
RIR, O BREVE VERBO RIR
A CARA RAJADA DA JARARACA
SAIRAM O TIO E OITO MARIAS
ZÉ DE LIMA RUA LAURA MIL E DEZ
Alguém aí tem um palíndromo de sua autoria? Pois envie que a gente publica aqui no blog.
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Sabe o que é um palíndromo?
NÃO?! Um palíndromo é uma palavra ou um número, ou frase, que se lê da mesma maneira nos dois sentidos, normalmente, da esquerda para a direita e ao contrário.
Ou seja, parece uma rôsca sem fim... A figura ilustrativa que escolhi pode não ser a mais perfeita, mas que parece, ah... isso parece mesmo...
Exemplos de palavras: OVO, OSSO, RADAR. O mesmo se aplica às frases, embora a coincidência seja tanto mais difícil de conseguir quanto maior a frase; é o caso do conhecido:
SOCORRAM-ME, SUBI NO ONIBUS EM MARROCOS.
Diante do interesse pelo assunto (confesse, já leu a frase ao contrário), tomei a liberdade de selecionar alguns dos melhores palíndromos da língua de Camões...
ANOTARAM A DATA DA MARATONA
ASSIM A AIA IA A MISSA
A DIVA EM ARGEL ALEGRA-ME A VIDA
A DROGA DA GORDA
A MALA NADA NA LAMA
A TORRE DA DERROTA
LUZA ROCELINA, A NAMORADA DO MANUEL, LEU NA MODA DA ROMANA: ANIL É COR AZUL
O CÉU SUECO
O GALO AMA O LAGO
O LOBO AMA O BOLO
O ROMANO ACATA AMORES A DAMAS AMADAS E ROMA ATACA O NAMORO
RIR, O BREVE VERBO RIR
A CARA RAJADA DA JARARACA
SAIRAM O TIO E OITO MARIAS
ZÉ DE LIMA RUA LAURA MIL E DEZ
Alguém aí tem um palíndromo de sua autoria? Pois envie que a gente publica aqui no blog.
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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
A tautologia no cotidiano
Richard Jakubaszko
O que é tautologia? É o termo usado para definir um dos vícios de linguagem. É um dos erros mais comuns, cometidos pela pessoas no uso do vernáculo, seja na comunicação escrita ou oral. Consiste na repetição de uma ideia com palavras diferentes, mas com o mesmo sentido. Tautologia tem o mesmo significado que pleonasmo, ou redundância.
O exemplo clássico é o famoso 'subir para cima' ou o 'descer para baixo'. Mas há outros, como se pode ver na lista a seguir:
- elo de ligação (todo elo é de ligação, pois não?)
- acabamento final (se é de acabamento, é o final...)
- certeza absoluta (a certeza é sempre absoluta!)
- nos dias 8, 9 e 10, inclusive. (inclusive o que?)
- juntamente com (impossível é juntamente sem...)
- expressamente proibido (então é proibido, mesmo?)
- em duas metades iguais (é divertido ver metades diferentes)
- sintomas indicativos (se é sintoma, é porque indica algo)
- há anos atrás (é impossível "há anos à frente")
- vereador da cidade (uns ganham salários, outros não...)
- outra alternativa (das melhores, só perde para subir pra cima)
- detalhes minuciosos (imagine detalhes gerais)
- a razão é porque (é porque não tem razão....)
- anexo junto à carta (e se o anexo perdeu o trem?)
- de sua livre escolha (imagine se fosse obrigatória)
- superávit positivo (caso contrário seria prejuízo)
- todos foram unânimes (a unanimidade continua burra)
- conviver junto (porque se vive junto, mas separado...)
- fato real (a ficção desmente a realidade...)
- encarar de frente (tem olho na nuca, ou tá de soslaio!)
- multidão de pessoas (muitos idiotas...)
- amanhecer o dia (prefiro a noite, que é uma criança...)
- criação nova (ou é cópia nova do antigo?)
- retornar de novo (hors concours, campeoníssimo!!!)
- empréstimo temporário (que Deus te pague...)
- surpresa inesperada (foi fofoca, contaram antes...)
- escolha opcional (não sabe definir o que quer...)
- planejar antecipadamente (não planejou, aí dançou...)
- abertura inaugural (sem discursos, pelo menos isso)
- continua a permanecer (é insistente, mesmo!!!)
- a última versão definitiva (se fosse opção definitiva)
- possivelmente poderá ocorrer (essa é mineirice...)
- comparecer em pessoa (pois irá em espírito...)
- gritar bem alto (prefiro os sussurros...)
- propriedade característica (essa é tautológica arraigada...)
- demasiadamente excessivo (outra mineira...)
- a seu critério pessoal (quem sabe critério animal?)
- exceder em muito (tautologicamente pleonástica...)
- eu pessoalmente (idem acima, mas embute egolatria)
- urgência urgentíssima (campeã da tautologia, é oficial)
Portanto, fique atento às expressões você que utiliza no seu dia-a-dia. Não deixe acontecer com você o que se passou com um deputado federal, aliás, recentemente eleito, ao circular pelos corredores da Câmara dos Deputados. Ele estava com um olho inchado, por causa de uma infecção. Ao encontrar um colega, este perguntou-lhe: - o que é isso no seu olho, nobre deputado? Respondeu que era uma conjuntivite. Mais adiante outro deputado perguntou o que era aquilo, e ele respondeu que era uma conjuntivite no olho, mas o deputado, que era um linguista, corrigiu-lhe, afirmando que poderia ser conjuntivite, mas que, antes de tudo, aquilo era um pleonasmo. O novato deputado ainda não entendeu nada sobre seus novos companheiros...
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