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terça-feira, 1 de setembro de 2015

Delfim Netto: “Ao contrário de ser uma tragédia, estamos a caminho da sociedade civilizada”

Richard Jakubaszko 
Reproduzo abaixo uma boa entrevista, feita pela revista MundoCoop, dirigida ao sistema cooperativista brasileiro, com o ex-ministro Antônio Delfim Netto. Como sempre, Delfim é um arguto analista da situação político-econômica do país>

“Ao contrário de ser uma tragédia, estamos a caminho da sociedade civilizada”
Professor catedrático na Universidade de São Paulo, economista, ex-ministro da Fazenda de 1967 a 1974 (governos Costa e Silva e Médici) e ex-deputado federal por cinco mandatos consecutivos (de 1987 a 2007), Antonio Delfim Netto, aos 86 anos, permanece referência em política econômica, sendo reconhecido também por sua experiência política iniciada na extinta Arena, passando por PDS, PPB, PPR, PP e PMDB, em que ingressou em 2005.
Como ministro da Fazenda, Delfim Netto acumulou muitos cargos. Além de ser presidente do Conselho Monetário Nacional e da Comissão de Programação Financeira, foi membro do Conselho de Segurança Nacional e Conselho Interministerial de Preços.

Também exerceu o cargo de governador pelo Brasil do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial. Participou da direção do Banco Interamericano de Desenvolvimento e do Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento. Foi embaixador do Brasil na França entre 1975 e 1978, ministro da Agricultura e também ministro-chefe da Secretaria de Planejamento da Presidência da República, permanecendo no cargo até 15 de março de 1985.
No final de março, a revista MundoCoop foi recebida por ele em seu escritório, para entrevista exclusiva. Crise, ajustes, manifestações, política econômica, opções para o País são alguns dos temas por ele enfocados. Confira!


O senhor é figura de expressão no cenário econômico. Como o senhor vê o Brasil neste ano? Quais as expectativas para os próximos anos?
Eu acho que, no fundo, o Brasil é vítima de uma doença, ele está sempre num estado ciclotímico. Ou ele está muito bem ou está em depressão. É uma coisa curiosa. Na história recente você vê isso. Começa em 1994, no governo do Itamar Franco. O crescimento era de mais de 5%, na média; preparava-se o Plano Real, o presidente acumulava reservas – nunca aplicou estelionato em ninguém, por isso que é esquecido, porque ele é um ponto fora da curva.

Ele sustenta o Plano Real. Há um enorme sucesso. Fernando (Henrique Cardoso) se elege, reelege-se depois de muita confusão no meio do caminho, mas o que importa é o seguinte: era o instante de expansão do Brasil; enxugou-se o Estado; conquistou-se uma coisa que parecia impossível, que era a instabilidade monetária, através de um plano que é uma pequena joia – o Real é o plano que honra a inteligência dos economistas que participaram da sua feitura – e, no final, Fernando se reelege com um estelionato eleitoral e começa o segundo governo muito mal.
No segundo mandato, recebemos uma ajuda do Fundo Monetário Internacional, e ele termina o governo muito mal: ao final dos oito anos, o crescimento per capita do PIB é 0,9%.

Tem início os oito anos de governo do Lula…
Entra o Lula, tem um entusiasmo enorme. Primeiramente, um pânico, o Lula diz que recebeu uma herança maldita, mas tinha recebido uma herança boa – o Fernando já tinha feito a terraplanagem do terreno. Entra com o (Antonio) Palocci, tem uma expansão bastante forte, o Brasil recebe uma ajuda externa muito boa, entra em pleno entusiasmo a ponto de transformar um tsunami numa marolinha. O Lula sai, também faz um estelionato eleitoral e vende a Dilma como ideal.

E tudo muda?
Acontece que, quando entra a Dilma, o mundo tinha mudado tudo; na verdade, o vento de cauda do governo Lula terminou em 2010. Quando a Dilma entrou, a situação era totalmente diferente. Internamente, já tinham consumido muito das reservas fiscais para eleger a Dilma, e o mundo tinha mudado. A Dilma entra, faz um ajuste, e o País começa a entrar de novo num estado de desconforto. Vai indo, indo, indo, e termina o governo num estado de grande desconforto.

Faz um gasto extraordinário, um desequilíbrio fiscal gigantesco para se reeleger, também aplica o estelionato eleitoral, prometeu que vai fazer isso, aquilo, e faz menos isso, menos aquilo. Mas entra e tem uma coragem enorme de fazer uma conversão na economia equivalente a que o São Paulo fez na Estrada de Damasco. Desse modo, hoje estamos num momento em que dá impressão que tem uma confusão geral, é uma atrapalhada, o povo na rua… Quando você vai olhar, é tudo um equívoco.

Qual é a grande notícia? 2/3 da população estão contra a Dilma, mas ela foi eleita exatamente com 2/3 da população contra ela. Presta atenção, 1/3 mais um pouquinho votou nela, 1/3 menos um pouquinho votou no Aécio e 1/3 votou contra os dois. Mas o que que acontece? Esse 1/3 que votou contra os dois protestou no lugar errado, que era a urna, e no segundo turno elegeu a Dilma. Haja o que houver no segundo turno ela teve 50 + 1. O que eu digo é o seguinte: boa parte dessa gente que está na rua, está na rua porque teve pouca inteligência e não compreendeu que o segundo turno é exatamente para chegar a um entendimento melhor.

Quando o Lula foi eleito o que mudou?
Há uma mudança na filosofia… Coisa importante, o presidente anterior era um intelectual, muito bem votado, mas no seu governo a inclusão social era um detalhe. Entra um operário, com pequena educação formal, mas uma inteligência absolutamente tremenda e uma habilidade política gigantesca, que transforma a inclusão social no objeto do Governo.

O que significa isso? É um avanço da democracia. Com isso, ele deu poder à sociedade, que foi aprendendo a impor a sua vontade, a querer ser respeitada e a definir as suas prioridades. O panelaço é consequência do empoderamento da sociedade; é uma manifestação do aperfeiçoamento democrático na construção de uma sociedade civilizada.

Por isso, eu acho que há um equívoco enorme no julgamento de tudo isso. Não há lógica, é uma coisa meio primitiva, porque nem o Governo entendeu realmente o que está acontecendo. É tão somente o resultado do aperfeiçoamento do processo democrático, na construção de uma sociedade civilizada.

Nessa busca, em que momento estamos hoje?
Essa é a sociedade prevista na Constituição de 1988. Nela os homens têm liberdade, igualdade e uma certa eficiência positiva, e por isso que precisa de mercado, porque igualdade e liberdade não combinam. A liberdade exagerada não leva à igualdade, e a igualdade exagerada mata a liberdade. Hoje, esta sociedade está sendo construída.

O que mais me espanta é que as pessoas não percebam que estão num momento necessário de evolução do processo. É o reconhecimento de que a inclusão social e a igualdade são valores fundamentais, e que ter as três coisas (liberdade, igualdade e inclusão social) não é inteiramente conciliável. É preciso ter um jogo entre a urna e o mercado.

Quer dizer que, se o mercado exagera, quer só crescimento econômico, não se interessa pela distribuição, a urna vem e joga fora o governo e elege outro. Se o governo vem e diz só querer distribuição, diminui o crescimento; no próximo round, o mercado vem e joga ele fora. Este processo de aproximação dessa sociedade é que estamos vivendo.

E a crise, como ela se desenha nesse cenário?
Não me parece que exista uma crise institucional. O panelaço e a passeata são duas manifestações de uma sociedade com energia, que está aprendendo e amadurecendo. Dizem que há uma luta entre o Legislativo e o Executivo. Não! O Legislativo está recuperando a posição que perdeu.

Nós tínhamos um parlamentarismo muito ruim, em que através do que se chama presidencialismo de coalizão, onde só um partido tem todo o poder e domina os ministérios adjetivos. Todo o resto não tem nenhuma decisão de poder e domina os ministérios subjetivos, não participam das decisões, simplesmente comem lá umas migalhinhas.

Quando há essa mudança, o Congresso assume seu verdadeiro papel de poder independente, ainda que harmônico com o Executivo. O fato de o Governo ter de ir lá, bater na porta, negociar, é absolutamente importante. As instituições é que estão funcionando. Por que eu tenho tanta tranquilidade?
Porque o Superior Tribunal Federal é independente, é de fato o garantidor dos direitos individuais e da independência entre os poderes. É importante compreender que a Constituição de 1988 montou uma estrutura que está amadurecendo e, isso que parece confusão, isso que parece uma crise gigantesca, não é nada. Apenas revela primeiro as instituições sólidas.

Vamos respeitar as instituições. Vamos corrigir os excessos que foram cometidos durante o processo eleitoral. Não vamos ter ilusão, até 2013 não tinha nenhum descalabro muito maior do que o atual. O que acontece é o seguinte: como é que você poderia imaginar um déficit nominal de 3,7% em 2014? Isso poderia se imaginar na Idade Média, não hoje. Então, ele revela o quê? Revela um esforço para se reeleger. O resultado final é que, reeleita, a Dilma vai colocar ordem, mudar, e ela mudou a política econômica em 180°.

A presidente estaria sofrendo resistência do Congresso, da sociedade e do próprio partido?
Isso tudo é uma injustiça. A Dilma é absolutamente honesta, tem absoluta honestidade de propósitos, intervém na Administração, para dar certo. Ela precisava ter 180 horas por dia de trabalho, mas como só tem 18 horas fica difícil, porque ela interfere, ela quer detalhes, ou seja, ela atrapalha, atrasa e também tem ideias, algumas equivocadas, o que é natural, porque todos nós temos alguma coisa.

Em outras palavras, não vejo nada que possa justificar esse movimento que, insisto, não aconteceu nada de diferente. As pessoas que votaram errado é que estão arrependidas. O sujeito que não foi votar, achava que nem a Dilma e nem o Aécio valiam nada, não sabia que estava tendo a oportunidade de dizer, “bom, tem um menos ruim que o outro, eu não gosto dos dois, mas eu gosto menos de um deles”.
O segundo turno é a oportunidade de qualificar o voto. Agora, essa pouca inteligência no voto não justifica o pedido absurdo que eles estão fazendo. Não vamos nos preocupar.

Para o senhor, as reivindicações fazem parte de um processo natural? 

Em que lugar não tem passeata? Em Paris, em Londres, em Frankfurt, na Áustria, nos Estados Unidos, na Argentina, em todo lugar tem panelaço. O que acontece hoje é o resultado desse movimento que foi nascendo lentamente em 1968, esse empoderamento da sociedade.

Isso é um processo natural, a libertação tem esse mecanismo, o que me espanta é que a gente não tenha uma ideia clara de que não estamos na beira do abismo, estamos num desequilíbrio que se não for consertado pode nos jogar no abismo.

O que o senhor acha das escolhas para os ministérios da Fazenda e do Planejamento? Os titulares, Joaquim Levy e Nelson Barbosa, conseguirão fazer os ajustes necessários mesmo sendo de linhas econômicas opostas?
São dois profissionais altamente competentes, formados em escolas diferentes, o que é muito bom, porque não existe uma Ciência Econômica, existe Escola. Todas elas têm alguma coisa que presta e tem muita coisa que não presta. Selecionar o que presta é o que não presta é muito bom. O Governo não se esgota na área econômica, nos dois ministros.

Tem também uma grande ministra na Agricultura (Katia Abreu). Escreve o que estou lhe dizendo: na Agricultura, nós vamos ter um plano de safra muito melhor do que todos que foram publicados até aqui e que têm sido muito bons nos últimos anos. Continuará dando ênfase ao seguro agrícola que é uma questão fundamental, vai reduzir os subsídios, até porque não precisa mesmo daquele excesso de subsídios.

Por outro lado, tem um ministro de Desenvolvimento e Indústria, o Armando Monteiro, que tem um excelente programa industrial e para acelerar a exportação, que vai demorar mais tempo. Na verdade, há quatro pessoas comandando as áreas críticas, e nenhuma delas tem engajamento político.

E o senhor acha que o ajuste necessário será feito ainda este ano?
Não nesse ano, nem no ano que vem, mas será feito com inteligência, com equanimidade, se for feito pelo Governo, apoiando o programa da atual Política Econômica da Dilma.
Se isso não acontecer, o Brasil perderá o grau de investimento, ai o mercado fará o ajuste no porrete, sem se preocupar com custo, sem se preocupar com equanimidade, fará uma destruição. Por isso, não há opção, não adianta ficar passeando na rua. Por que não passeia na rua para exigir melhor Governo, atenção, tudo? O ajuste é só uma ponte para você ir do outro lado do rio, para começar a crescer.

Quanto mais rapidamente a sociedade absorver a ideia de que o ajuste é uma passagem e que nós precisamos dele o mais urgentemente possível para voltar a crescer, tanto mais depressa nós voltamos a crescer. Sem um ajuste, vamos levar dez anos para voltar a crescer. Há sinais claros de que nós vamos melhorar. O problema critico é o “time”. O Brasil vai fazer o ajuste conosco ou “sem nosco”. Pode colocar isso como certo: vai ter um ajuste, e ele vai ser feito com inteligência.

Especificamente para o cooperativismo como um todo, que mensagem o senhor deixa?
O cooperativismo é uma alternativa, e está inserido na economia de mercado. Tem algumas virtudes importantes, apela muito para o altruísmo, a solidariedade, é muito menos anônimo do que o mercado, tem algumas vantagens e também suas desvantagens, mas, cada vez mais, a organização cooperativa tem se aperfeiçoado. De bom, tem que nós aprendemos uma barbaridade.
 

É só olhar o que eram as cooperativas há 30 anos. Sofremos muito, porque não sabíamos cooperar, tinha um pouco de aventura, eu me lembro bem do Banco Nacional de Cooperativa. O Governo queria estimular, mas o cooperativismo era uma coisa que funcionava muito mal.

Hoje, há cooperativas funcionam maravilhosamente bem. Houve um aperfeiçoamento principalmente administrativo, as cooperativas aprenderam a se administrar, tem muito mais controle hoje do que no passado. Precisa de qualificação técnica. A Embrapa foi a grande revolução, pena que assistência técnica diminuiu; agora está sendo recuperada.

Mais algum recado que o senhor queira dar aos leitores?
Eu fico triste com o seguinte: as pessoas estão confundindo tudo, não tem curto-circuito, não tem atalho, não tem nada que colocar a Dilma fora. Tem de aprender a resolver isso. Estou convencido de que, muito mais cedo do que parece, as pessoas vão começar a entender que, ao contrário de ser uma tragédia, estamos a caminho da sociedade civilizada.


Publicado originalmente na revista MundoCoop (em terça-feira, 23 junho 2015): http://www.mundocoop.com.br/destaque/entrevista-com-o-ex-ministro-da-fazenda-delfim-netto.html

domingo, 14 de junho de 2015

Obedeçam o livrinho, senhores

Delfim Netto


O maior problema de parte da sociedade brasileira é a sua indisposição de aceitar as restrições impostas pelo mundo físico no qual ela tem que viver, simplesmente porque não há outra alternativa. Não se impõe uma "ortodoxia" ou uma particular "visão do mundo" quando se afirma, por exemplo, que seja qual for a sociedade, "capitalista" ou "socialista real", é impossível violar as identidades da contabilidade nacional. A história é testemunha que, nas duas, a tentativa de fazê­-lo leva, no fim do dia, a uma situação trágica que combina:

1) a redução do crescimento econômico. Na organização "capitalista", leva a rápida queda do emprego e do salário real. Na "socialista real", a um empobrecimento geral talvez maior, mas mais equanimemente distribuído;

2) o aumento, na "capitalista", da dificuldade para prosseguir na necessária política de igualdade de oportunidade num "ambiente" de relativa liberdade de iniciativa. Na "socialista real", por definição (mas não na realidade), já são todos iguais, mas com liberdade controlada;

3) a aceleração da inflação no "capitalismo" e aumento da inflação "escondida" pelo racionamento no "socialismo real", destruindo ainda mais a liberdade de escolha do consumidor; e

4) no "capitalismo", produz déficits no balanço em conta corrente, o que leva ao aumento da taxa de câmbio real para corrigi­-lo e acentua a dificuldade crescente de controlar a inflação. No "socialismo real", leva ao aumento dos problemas de abastecimento da demanda, e o controle do câmbio prejudica a exportação. Levado ao limite, o processo termina quando não há mais financiamento externo. Tudo isso bem temperado ­ nos dois regimes ­ com um bom desequilíbrio fiscal. Como as consequências sempre chegam depois, mais cedo (no "capitalismo"), ou mais tarde (no "socialismo real"), uma correção terá de ser imposta.

A situação é mais complicada quando, tomado de perplexidade, o Poder Executivo perde a capacidade de determinar sua agenda, como agora no Brasil. Fica à mercê de um "parlamentarismo de coalização", que nem "governa" nem "coaliza" e que, por isso mesmo, estimula o Legislativo e o Judiciário, a organizarem­-se para predá-­lo.

Como se isso não bastasse, há um grande número de "intelectuais" e alguns partidos exóticos que fazem do socialismo "idealizado" o seu fundo de comércio. São aprendizes de feiticeiros: supõem conhecer o caminho alternativo para sair da crise "sem lágrimas". Ignoram as lições da história. A verdade é que sequer suspeitam dos insolúveis problemas de coordenação de uma sociedade complexa. Esquecem como terminou o generoso projeto iniciado por Lênin em 1917. Infelizmente, é preciso reconhecer que até agora o socialismo "realizado" foi muito inferior ao "capitalismo", ao qual não faltam, aliás, sérios defeitos...

Parece que caiu a ficha. O governo federal, que estava aparentemente perdido, concentrado apenas na defesa do necessário "ajuste fiscal" (sem apoio do seu partido, o PT, que foi o principal beneficiado do "desajuste" fiscal), tenta recuperar a iniciativa preparando bons projetos de concessões e estimulando as exportações.

Começou com o excelente Plano de Safra para 2015/16, lançado no dia 2. A competente ministra Katia Abreu mostrou a que veio. O governo reafirmou que existe prioridade também para as atividades produtivas e a retomada do crescimento. Os agricultores revelaram seu apoio através de suas lideranças mais representativas. Afinal, são quase R$ 190 bilhões alocados ao setor para custeio, investimento e comercialização da safra 2015/16.

Houve pequeno aumento da taxa de juro real, mas ela ainda continua muito próxima de zero, o que significa uma redução do subsídio. Isso revela a preocupação com o equilíbrio fiscal que foi compensada com um aumento de 20% na alocação de recursos ao setor quando comparado com a safra 2014/15. Continuou o apoio à integração lavoura-­pecuária-­floresta, à agricultura de baixo carbono e ao Moderfrota. Deu sinais que o governo entendeu a tragédia que produziu no setor sucroalcooleiro e tenta reavivá-­lo.

O único senão foi a redução do avanço do seguro rural, que cresceu quase 20% ao ano no primeiro mandato de Dilma. É uma pena, porque seu custo é pequeno diante dos benefícios que produz. Em compensação, a coordenação revelada pelas decisões simultâneas do Banco Central garantirá a fluidez do crédito na hora certa.

O Plano de Safra de 2015/16 é muito bom. Esperemos que seja o primeiro sinal que o governo sairá da defensiva e dará ênfase ao fato que o "ajuste fiscal" é apenas a preliminar de um jogo cujo objetivo é a construção da sociedade civilizada inscrita na Constituição de 1988. Nela, é o Poder Executivo forte, e por ela regulado, que tem o protagonismo da agenda nacional respeitando a coordenação e a harmonia com o Legislativo e o Judiciário.
 

Não há, portanto, como aceitar que esses promovam aumento de despesa sem responsabilizarem­-se pelo aumento simultâneo de receita não fictícia para pagá­-las. Da mesma forma, é inaceitável que o Executivo promova despesa permanente financiada com receita aleatória ou contabilidade "criativa".
Nossa crise não existiria se ouvíssemos o conselho do ex-­presidente Dutra: "Obedeçam o livrinho, senhores. Apenas o livrinho."

Do Valor
Antonio Delfim Netto é professor emérito da FEA­USP, ex­-ministro da Fazenda, Agricultura e Planejamento

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terça-feira, 11 de outubro de 2011

“Quem não estiver confuso está mal informado”

Richard Jakubaszko
Simplesmente brilhante!
Reproduzo abaixo, na íntegra, a entrevista do ex-ministro Antônio Delfim Netto, publicada na revista Conjuntura Econômica, da FGV (Vol 65 nº 09  Setembro 2011), feita por Cláudio Accioli, de São Paulo.

Houve um tempo no Brasil em que o cargo de ministro da Fazenda era quase tão importante quanto o de presidente da República, dada a autonomia concedida ao seu ocupante, cuja imagem frequentemente se confundia com a da própria política econômica adotada pelo país. Conhecido pela fina ironia, humor ácido e frases de impacto, Antônio Delfim Netto talvez seja um dos maiores expoentes dessa época. Ministro da Fazenda entre 1967 e 1974, ele foi o artífice do polêmico “milagre econômico”, período em que o PIB cresceu a taxas superiores a 10% ao ano. Foi também ministro da Agricultura e do Planejamento, embaixador do Brasil na França e, por cinco mandatos consecutivos, deputado federal por São Paulo. Nesta entrevista, Delfim traça um panorama abrangente da economia mundial e mostra que, aos 83 anos, revisitou conceitos, mas manteve intacta a verve que sempre o distinguiu:

“Quem não estiver confuso está mal informado”

Conjuntura Econômica — Como o senhor analisa as transformações que vêm ocorrendo na economia mundial?

Delfim Netto — Em primeiro lugar, é preciso dizer que quem não estiver confuso está mal informado. Todos nós temos hoje uma dificuldade de entender como foi possível chegar a esse ponto. Seguramente, o que vai sair do outro lado é um mundo diferente, mas que continuará no caminho que o homem vem seguindo desde que saiu da África, há 150 mil anos, de procurar um sistema de organização social que lhe assegure três condições: uma certa eficácia produtiva; independência e autonomia cada vez maiores; e uma relativa igualdade. Os dois primeiros objetivos foram construídos ao longo do tempo, num processo de seleção quase biológica. A esses elementos, o Estado tentou acrescentar a igualdade, arbitrando um processo que vem se desenvolvendo principalmente após a Revolução Industrial, com a adoção de políticas sociais. Mas trata-se de um processo altamente competitivo, uma corrida que, para ser honesta, deve permitir que todos se alinhem no mesmo ponto de partida, não importa se você nasceu na suíte presidencial do Waldorf Astoria ou foi fabricado na Lapa. É um processo civilizatório, de justiça dentro do capitalismo. E avançamos muito nessa direção. Hoje, eu vejo críticas de que a atual crise é consequência do welfare state. Coisa nenhuma. Essa crise que está aí resulta de governos incompetentes, míopes, e de uma disfunção do sistema financeiro, que em vez de servir ao setor real acaba servindo-se dele. Os derivativos podem estimular uma melhoria de funcionamento do sistema, mas também podem se tornar armas de destruição em massa, porque os bancos centrais — na verdade, os governos — não conseguiram entender aonde eles iriam nos levar. A crise atual não teria se instalado se o Fed (Federal Reserve, banco central americano), o Banco Central da Inglaterra e o BC europeu soubessem o que estavam fazendo. Deixar quebrar o Lehman Brothers do jeito que deixaram mostrou como eles eram absolutamente míopes, estavam surfando no mundo que produziram. As inovações não são más; elas foram mal usadas. Isso tende a mudar.

Qual o caminho mais curto para essa mudança? Qual é a grande dificuldade?

É que o setor financeiro deu um passo avante. Agora, ele não só se apropriou do setor real, mas também das instituições políticas. Alguém tem dúvida de que o Fed pertence ao sistema financeiro americano? A Lei Dodd-Frank é a maior prova de que eles são donos do Congresso. Conseguiram produzir um documento com 2.200 páginas, que cria 140 novas instituições. Ou seja, é aquele tipo de solução do “mudar tudo para deixar tudo como está”. Essa crise é uma repetição da crise de 1929, o que mostra claramente que o sistema financeiro, uma vez desimpedido e desregulado, produz sempre os mesmos efeitos. Eu costumo brincar dizendo que os banqueiros sempre voltam ao local do crime. É visível que o sistema financeiro e bancário precisava ser salvo, mas não é visível que os acionistas dos administradores desse sistema deveriam ser salvos. Por que a coisa não funciona nos Estados Unidos? Porque o presidente Obama perdeu a credibilidade. Assessorado pela academia, que é simbioticamente ligada ao mercado, protegeu Wall Street e esqueceu-se da Main Street. Qual foi o custo dessa brincadeira? Todos os acionistas perderam alguma coisa, os administradores saíram riquíssimos e o resultado final são 25 milhões de americanos desempregados ou semiempregados. Ou seja, os trabalhadores honestos pagaram o preço do sistema financeiro desonesto. Essas coisas terão que mudar. Não por conta da legislação que aí está, mas porque as duas grandes instituições que mantêm o sistema capitalista, o mercado e a urna, vão se equilibrar: quando o mercado produz muita distorção, a urna corrige; quando a urna produz muita distorção, o mercado penaliza. Esse jogo dialético vai continuar, e o que sairá do outro lado é uma economia de mercado, que eu chamaria de capitalista, provavelmente melhor do que a que temos hoje. É um processo civilizatório para o qual não apareceu alternativa mais interessante. Lentamente, estamos caminhando para instituições em que a cooperação, o altruísmo e as preocupações com o meio ambiente são maiores, enquanto a restrição ao crescimento é um pouco mais aguda, porque pela primeira vez se tem consciência de que não cabem na Terra dez bilhões de pessoas com renda per capita de US$ 20 mil. Há que se acomodar isso da melhor maneira possível.

No caso da Europa, os bancos centrais de alguns países socorreram instituições financeiras locais em dificuldades. Porém, como esses riscos são automaticamente assumidos pelo BC europeu, todo o sistema fica ameaçado. Diante desse quadro, qual o futuro do euro?

O euro tem uma importância muito grande: é uma decisão política de estabelecer a paz em um continente com tradição de mil anos de guerra. Seu valor civilizatório é uma coisa extraordinária. E por que a Europa está desse jeito? Porque a Comunidade Econômica Europeia foi vítima de um autoengano, ao estabelecer que nenhum país poderia ter mais do que 3% do PIB de déficit fiscal nem uma dívida interna maior do que 60% do PIB. O próprio mercado e as instituições financeiras, com a conivência dos governos, se enganaram. Quando a agência de rating dizia que o papel grego valia AA, ou quando um agente ajudava o governo grego a mistificar os dados financeiros com truques contábeis, ninguém criticava nada. A Europa tem um problema sério: ela não é uma área monetária ótima, porque suas políticas fiscais são contraditórias. Nem os Estados Unidos são, porque lá os estados têm capacidades de endividamento diferentes. No Brasil, a Lei de Responsabilidade Fiscal foi um instrumento importante para produzir uma área monetária ótima. Mas, na Europa, mesmo os países mais virtuosos não deixaram de fazer alguma patifaria. Agora, porém, certamente eles estão sentados à mesa, olhando uns para os outros e dizendo: vale a pena conservar o euro? Na minha opinião, vai demorar um pouco, mas haverá um aperfeiçoamento institucional e a conta será paga. Novamente, existem o mercado e a urna. Nos próximos 12 ou 14 meses, haverá eleições em 24 países. Não adianta agora chegar para o grego e dizer: “você comeu demais”, simplesmente porque não há como “descomer”. É impossível voltar atrás. O único instrumento para se produzir superávit é o crescimento, mesmo que seja baixo. Não se resolvem essas questões produzindo depressões ou recessões nesses países, mas sim encontrando mecanismos capazes de assegurar a cada um deles um mínimo de crescimento. E também terá que haver perdão de dívidas. Não tem jeito. Levará um pouco de tempo, porque é preciso reforçar o capital dos bancos para que eles possam absorver esses novos prejuízos. Na verdade, prejuízos que nem serão deles, mas sim dos pobres-diabos que acreditaram nas agências de risco e compraram pacotes que escondiam junk bonds vendidos como papéis de primeira linha.

Os Estados Unidos também atravessam graves problemas fiscais. A seu juízo, tal situação representa uma ameaça aos credores deles ou os títulos do Tesouro americano continuam a ser a melhor proteção para os investidores?

Esse é um tema que mostra como as agências de risco não valem coisa nenhuma. Quando a Standard & Poors tirou um “A” dos Estados Unidos, houve uma corrida para os papéis americanos. Ou seja, onde é que as pessoas estão procurando defesa? Os Estados Unidos colocam por semana US$ 250 bilhões a US$ 300 bilhões em papéis de 30 dias, um ano, dois, sete, dez, 30 anos. Todos os papéis americanos continuaram a ser colocados, e a taxas de juros menores. Ou seja, quem perdeu credibilidade foram as agências, não os Estados Unidos. E por que o sistema americano não está funcionando? As famílias estão consumindo menos porque estão usando seus recursos para pagar dívidas e não têm certeza se terão emprego. Os empresários têm em caixa US$ 2 trilhões e não investem porque não têm expectativa de que haverá demanda. Os bancos têm US$ 1,5 trilhão de excesso de reservas e não emprestam porque têm dúvidas sobre os outros bancos. Então, o que acontece? A economia vive de expectativas. Como ninguém tem confiança, todos procuram ficar líquidos, e morrem afogados na liquidez. Se vencer a eleição de 2012, Obama tende a conquistar maioria na Câmara e no Senado e, nessas condições, implementar seu programa, certo ou errado. Se for eleito um republicano, na minha opinião, seria uma pequena tragédia, que pode se transformar em uma grande tragédia, pois eles estão em um processo ideológico que é a coisa mais retrógrada do mundo. Mas creio que há uma lógica invisível operando por trás de tudo. As pessoas estão se divertindo um pouco com o Obama, para fazê-lo pagar pelos equívocos que cometeu. Ele fez tudo o que o livro mandava: aumentou a liquidez, deu dinheiro aos estados para obras públicas etc. E por que não deu certo? Porque você pode levar o burro até a fonte, mas não pode obrigá-lo a beber água. Obama criou todas as condições para o sistema funcionar, mas não conseguiu cooptar o setor privado, ao qual dispensou um tratamento muito duro no início do seu governo. E a sociedade rejeitou. Mas os Estados Unidos têm as duas condições necessárias e suficientes para o crescimento econômico: inovação e crédito. Eles vão voltar a crescer mais rapidamente e já ajustados ao mundo novo, dando mais ênfase à energia renovável e liquidando uma parte da sua dependência externa.

O senhor citou as eleições como remédio para corrigir distorções econômicas. Mas é justamente um país sem muita simpatia pelas urnas e até há pouco tempo distante do capitalismo que vem provocando uma revolução na economia mundial. Como decifrar o enigma da China?

Não tem enigma. A China na verdade é uma projeção dos Estados Unidos, fruto de um ato político estratégico americano. Quando Mao Tsé-Tung e Stalin se desentenderam e a China se afastou da Rússia, os Estados Unidos aproveitaram o momento para dar à China uma grande chance: “abra zonas especiais que eu levo meu capital e abro o meu mercado para você”. Para que se tenha uma idéia dessa simbiose que se criou entre os dois países, atualmente de 35% a 40% das exportações chinesas são provenientes de empresas americanas instaladas na China. Por que o Congresso americano nunca declarou que a China não é uma economia de mercado? Porque ele seria obrigado a fazer uma tarifa geral equivalente à valorização do yuan. E por que nunca aconteceu? Porque é o próprio sistema financeiro americano que controla o Congresso. Não tem nenhuma teoria conspiratória. É a vida. A China fez um trabalho magnífico, soube aproveitar essa oportunidade, mas já começa a dar sinais daquele pecado dos 30 anos: é claro, evidente, que agora precisa mudar profundamente o eixo da exportação para o mercado interno. É uma condição extremamente difícil. O 12º Plano Quinquenal chinês é de um otimismo enorme e tem hipóteses que são muito pouco prováveis, como a que prevê um grande aumento da produtividade total dos fatores, como alavanca do crescimento. É óbvio que se vive um momento em que a produtividade do capital e o desenvolvimento demográfico estão em queda. Mas eu tenho uma esperança: parece que vão incluir entre os nove membros do grande conselho chinês um sociólogo, um advogado e um economista. Eles nunca mais serão os mesmos.

Hoje, qual o peso do Brasil no grupo dos BRICs? Melhoramos nossa posição relativa?

Este é um conceito muito pouco adequado e que nos obriga a comparar situações distintas. Na minha opinião, a comparação que nos ajudou foi no sentido de mostrar a melhora dramática que houve na situação brasileira. É uma pena ver que as pessoas não reconhecem isso. Claro que há pecados, claro que há muito a fazer. Mas também é claro que o governo começa a se dedicar à solução dos problemas fundamentais do país, quando tenta, por exemplo, implantar um programa de equilíbrio fiscal de longo prazo, atacando projetos que estão no Congresso, como os de aposentadoria do setor público e restrição de gastos com pessoal. Há uma percepção de que é preciso construir espaço para aumentar a poupança interna. Os críticos dizem que tudo isso não passa de jogo de cena para forçar o Banco Central a baixar os juros. Claro que o governo deseja isso, pois vai gastar este ano R$ 190 bilhões com essa rubrica. Mas alguém de bom senso pode imaginar que o Brasil precisa de uma taxa de juros real de 8% ao ano? Minha esperança é que a nova política fiscal dê ao BC musculatura para reduzir a taxa real de juros, sem violências, para cerca de 2,5% a 3% nos próximos quatro anos. Muita gente vai ter que ganhar a vida honestamente.

Muito se critica a forte dependência da pauta de exportações brasileira dos produtos básicos. Mas, em um cenário de menor crescimento da economia mundial, considerando que a demanda por commodities agrícolas tende a ser menos afetada, isso pode ser uma vantagem competitiva para o país?

Seria uma loucura abandonar os setores agrícola e mineral. Ninguém está propondo isso. O que se está propondo é desenvolver o mercado interno e dar condições para que os setores industrial e de serviços possam também competir no mercado externo. Não há contradição nenhuma em aproveitar esse boom que ocorre no mundo. Nós já esquecemos que o Brasil quebrou duas vezes, em 1998 e 2002. Hoje, temos US$ 350 bilhões de reservas, que não foram produzidas por nenhuma ação brasileira, mas sim pela expansão do mundo, que soubemos aproveitar muito bem. De país devedor, passamos a país credor. Mas já competimos muito melhor do que competimos hoje. Quando se olham as condições que envolvem os trabalhadores e empresários brasileiros, vemos uma situação complicada: a maior carga tributária bruta entre países com o nosso nível de renda, a maior taxa de juros e a moeda mais valorizada do mundo. Quando alguém apela para modelos de equilíbrio geral e diz que há distorções, eu considero uma maluquice total, porque a teoria de equilíbrio geral não tem nada a ver com o mundo. É uma construção muito elegante para enganar trouxas e ótima para dar aulas, pois dá ao professor um poder enorme sobre o aluno. É grave tirar conclusões normativas de modelos teóricos.

Os países emergentes têm conseguido conciliar taxas elevadas de crescimento com estabilidade econômica. Alguns deles, porém, entre os quais o Brasil, voltam a enfrentar problemas relacionados ao aumento da inflação. Como promover o crescimento sem perder o controle da inflação?

É preciso ter uma política fiscal de longo prazo crível e exequível, e aumentar a poupança pública, que é a única coisa que pode ser feita com rapidez. Para o Brasil crescer como precisa, na faixa de 4,5% a 5% ao ano, é evidente que necessita de uma taxa de poupança interna em torno de 22%, deixando para a poupança externa algo como 1,5%. Acima de tudo, é preciso convencer os brasileiros de que existe um trade off entre o presente e o futuro: mais distribuição hoje significa menos crescimento para o seu filho e um desastre para o seu neto. Quanto à inflação, considerando-se que é um problema mundial e a dependência do país com relação às importações, não há nenhuma razão para imaginar que o Brasil ficaria dentro da meta. Até porque, no caso brasileiro, existem ainda alguns complicadores. No setor de serviços, por exemplo, mais do que excesso de demanda, observa-se um descompasso entre as estruturas de demanda e oferta. Isso não se corrige com taxa de juros, mas sim com uma política de educação, de preparação de mão de obra.

Qual sua avaliação da Era PT, em particular desses primeiros meses do governo Dilma?

A eleição do Lula foi a consolidação da democracia no Brasil. Na primeira eleição, quando eu disse que votaria nele, causei uma amolação enorme entre a minha gente. Porque era preciso esse teste. O Lula se revelou um grande presidente. O Fernando Henrique também. E até o Collor teve uma contribuição importante, com a questão da abertura do mercado. Não se deve levar em conta o que é dito nos processos eleitorais, essa questão toda de herança maldita etc. O que importa é que o Brasil vem melhorando durante todo esse tempo. E melhorou ainda mais com o Lula, porque ele atendeu a um aspecto importante da Constituição Federal de 1988: o aumento das oportunidades para as pessoas, que está ligado à igualdade do ponto de partida que mencionei antes. Ele incorporou essa gente, fez um trabalho muito bom, aproveitou o que o mundo oferecia e ainda recebeu no final do mandato o presente do pré-sal. Já a Dilma eu vejo como uma tecnocrata que lê os mesmos livros que nós, que estuda os dossiês, que não se deixa enganar por firulas, por esses modelos que dizem que há distorções. Claro que há distorções, mas a maior delas está na cabeça dos que pensam que existe um modelo de desenvolvimento e que eles são portadores desse modelo. Dilma será uma continuidade muito importante para o país.
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