sexta-feira, 29 de junho de 2012

Como medir o estresse de cada um

Richard Jakubaszko

A figura acima parece movimentar-se? Pois o movimento tem a ver com o seu estresse. Quanto maior o seu estresse, mais "dinâmica de movimento" a figura apresenta. É assim o mundo moderno, muita dinâmica, muito movimento, muita informação, aliás, muita informação inútil... Mas as figuras acima, acredite, estão paradas, congeladas... Se estiverem muito movimentadas, tire férias, faça uma viagem, procure um médico para desestressar...
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quarta-feira, 27 de junho de 2012

Os patos do Dr. Rui

Richard Jakubaszko

Um excepcional registro do bom humor e da nossa história republicana.

Os patos do Dr. Rui
Diz uma antiga e divertida lenda baiana que, ao chegar em casa, o Conselheiro Rui Barbosa, também conhecido como "Águia de Haia", ouviu um barulho estranho vindo do quintal.
Foi averiguar e encontrou um ladrão tentando levar os patos de sua criação.
Aproximou-se vagarosamente do elemento, e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com os anseriformes anatídeos, gritou-lhe com autoridade:
- Bucéfalo!, não o interpelo pelo valor intrínseco dos palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa.
Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à quinquagésima potência que o vulgo denomina nada.

E o ladrão, entre perplexo e quase a choramingar:
- Dotô, rezumindo... eu levo ou eu dêixo os pato?...
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terça-feira, 26 de junho de 2012

Espécies quase extintas


Rogério Arioli *
Dentre as espécies amazônicas ameaçadas de extinção uma delas tem sido negligenciada pelos preocupados com a manutenção da diversidade: tratam-se dos agricultores. Acuados pelo sistemático processo de criminalização a quem têm sido constantemente submetidos, o número de produtores rurais diminui a cada ano que passa. Ficou mais fácil e seguro entrar na fila da bolsa isto ou do vale aquilo, do que aguardar um dos muitos fiscais que, ávidos por aplicarem seu rosário de multas, periodicamente visitam as propriedades rurais.

Santarém é um exemplo deste fato. Possuiu há poucos anos atrás duzentos e tantos produtores de soja e hoje restam pouco mais de cem. A área de produção explorada que chegou a mais de oitenta mil hectares hoje é realizada em pouco mais de trinta mil. A desistência de permanecer na produção agrícola também é visível em quase toda a extensão das comunidades localizadas ao redor da BR 163 no estado do Pará. Muitos ex-agricultores são encontrados contando histórias de suas produções passadas, muitas delas deterioradas pela absoluta falta de logística e atualmente inviabilizadas pela pressão ambientalista. Várias destas comunidades estão condenadas ao atraso, pois não lhes restará atividade econômica viável, a não ser a promessa da renda gerada pelos produtos da floresta, o que hoje ainda parece uma grande utopia.

As pessoas que atualmente se encontram nas margens da BR 163 foram incentivadas por governos passados com o objetivo de promoverem a interiorização do país. Necessitavam, portanto, naquela época, proceder a abertura de parte de suas áreas de modo a obterem sua regularização. Hoje quase quatro décadas depois (a BR 163 foi aberta nos anos de 72 a 74) muitos proprietários ainda não possuem seus títulos e, além disso, foram criminalizados por terem aberto suas áreas e tentado produzir. Eram bandeirantes, hoje são chamados de criminosos, vivendo num limbo jurídico que talvez jamais seja regularizado.

O censo do IBGE mostra que os estabelecimentos de até 100 ha correspondem a 20% da área ocupada no estado e é responsável por 73% da produção de feijão, 67% do milho e 54% do arroz. Contudo, parece um absurdo constatar-se que apenas 15% destes agricultores detenham a posse definitiva de suas terras. A renda auferida destas propriedades na maioria das vezes seria risível se não fosse deplorável. Muitos plantam apenas para seu consumo e alguns sequer possuem condições de comprar o querosene necessário ao abastecimento de seus lampiões, uma vez que nos locais aonde a energia já chegou ela é tão periódica quanto a sazonalidade das safras. Esta realidade é potencializada pelo fato de que a região Norte tem sido aquela menos contemplada pelo PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) desde a sua criação em 1995, com menos de 10% dos contratos contra 34% no Nordeste e 39% na região Sul.

Não deixa de ser curioso observar-se que, vez por outra, ao longo da 163 existem placas rogando pelo cuidado com a travessia de animais silvestres, entre eles répteis, capivaras, lobos e onças. Todavia não existe nenhuma preocupação com as pessoas que foram jogadas por lá, à margem do desenvolvimento, passando privações e necessidades de toda ordem. Protegem-se as cobras, negligenciam-se as pessoas.

Esta perigosa inversão atinge contornos mais preocupantes ao se analisar o que ocorreu na região de influência do porto de Santarém. Grande parte da comunidade santarense incorporou o discurso ambientalista das mais de 500 ONGs operantes na região e vê o aumento da produção de soja como uma ameaça ao invés de uma oportunidade. Alguns imaginam (ou fazem de conta) que apenas seus piscosos rios sejam capazes de manter economicamente sua população, enquanto esperam as promessas de que as riquezas da floresta sejam revertidas em aumento de sua renda. Hoje existem cinco ONGs para cada produtor de soja da região o que suscita duas incômodas perguntas: Todo este empenho será mesmo preocupação com o meio ambiente, ou enseja outros interesses inconfessáveis? Haverá em outro local do planeta ingerência tão forte como esta, afetando os desígnios de uma região?

Os ex-agricultores que hoje se encontram em várias regiões do Norte brasileiro, a maioria deles provenientes de outros estados da federação partiram, em outras épocas, na busca de um sonho de prosperidade onde o trabalho e não o assistencialismo seria seu alicerce de crescimento. Infelizmente esbarraram na incapacidade dos governos de acompanhá-los provendo suas necessidades mais urgentes, principalmente relacionadas à infraestrutura de estradas, energia e crédito.

Estes brasileiros, hoje marginalizados e considerados de segunda classe por grande parte da sociedade, promoveram a interiorização do país, mas hoje estão em vias de extinção, pois não há mais a disposição de abandonar o conforto das cidades para embrenhar-se no sertão inóspito e desassistido.


* O autor é Engº Agrº e produtor rural no MT

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domingo, 24 de junho de 2012

Rio MENOS 20, finalmente acabou...

Richard Jakubaszko
Depois de discursar na última quarta-feira (20) falando que esperava que o documento final da Rio+20 fosse mais ambicioso, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, convocou a imprensa na quinta-feira (21) para dizer que o texto conclusivo já era sim "ambicioso", além de "amplo e prático".
Ban Ki-Moon aproveitou para cobrir a presidente Dilma Rousseff e sua equipe diplomática de elogios.

"Seria justo para a população brasileira saber qual foi a contribuição que o Brasil teve para o sucesso da Rio+20", disse o secretário-geral, acrescentando que "este é um documento final contendo pacotes amplos, ambiciosos e práticos para o desenvolvimento sustentável, garantindo os três pilares dos nossos objetivos - equidade social, desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental".

Na visão de Aroeira / O Dia, foi assim:

Mesmo com a aura de "quase fracasso", proclamada por alguns ambientalistas, há uma questão que avançou, e que passa desapercebida do grande público, pois a imprensa não dá grande destaque. Trata-se da WEO, a World Environmental Organization, agência a ser criada e que teria, em termos de organograma, dentro da ONU, o mesmo peso da FAO ou da OMS, porém com verbas significativamente maiores, pois os interesses comerciais e econômicos na área ambiental são, neste momento, muito maiores do que os da alimentação ou da saúde. A WEO é o principal objetivo da agenda política dos grupos ambientalistas dominantes. Não há nenhuma preocupação com a segurança alimentar, atual ou futura, da superpopulação planetária. Muito menos com a saúde.

Apesar das críticas cada vez mais contundentes nos últimos meses, provenientes dos cientistas e céticos, que demonstram a falácia das mudanças climáticas, e também do aquecimento, a neurose ambientalista não perdeu força, mesmo com o desembarque de vozes importantes da área, entre eles James Lovelock. A patuleia verde, armada até os dentes de um arsenal de interesses difusos, e apoiada pela grande mídia, queria muito mais. Obteve um "acordo do possível", politicamente correto, que posterga decisões e responsabilidades ao futuro. De minha parte, continuo de olho no imbróglio...
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sexta-feira, 22 de junho de 2012

Agro DBO está chegando ao mercado

Richard Jakubaszko
Será lançada em agosto próximo a revista Agro DBO, editada pela DBO Editores Associados. Chega ao mercado com data de capa agosto 2012, edição nº 36, ano 9, porque será a continuidade da revista DBO Agrotecnologia, que se mantinha com periodicidade bimestral. A partir de então será mensal, e o número de páginas irá dobrar, no mínimo, em relação ao que se publicava antes.


Agro DBO chega com inúmeras novidades, entre as quais mais reportagens e entrevistas, seções dedicadas à análise do mercados de grãos, cooperativismo, associativismo e política agrícola. O foco continua o mesmo, o de uma revista especializada exclusivamente em agricultura, voltada para agricultores profissionais usuários de tecnologias de ponta, também conhecidos como formadores de opinião. Essa foi a fórmula de sucesso da revista junto aos leitores, por isto tivemos a conquista de mais de 10 mil assinantes.

Terá um Conselho Editorial formado por 4 renomados engenheiros agrônomos do mercado, a saber: Décio Luiz Gazzoni, Evaristo Eduardo de Miranda, Hélio Casale e Luiz Fernando Coelho de Souza.

Agro DBO receberá a contribuição de colunistas fixos em várias áreas de especialidade, desde legislação, que já existia com o advogado Fábio Lamônica Pereira, e vai permanecer, e de engenheiros agrônomos e produtores rurais como Daniel Glat e Rogério Arioli.

Assim, agora com periodicidade mensal, Agro DBO virá renovada e ampliada, não apenas no conteúdo editorial, mas também na apresentação gráfica, com uma nova paginação e programação visual ainda mais moderna, valorizando fotos e textos técnicos. Adicionalmente teremos a filiação da revista no IVC - Instituto Verificador de Circulação, entidade que já audita as demais publicações da DBO Editores Associados.

Como editor executivo, terei agora a companhia do conhecido jornalista José Augusto Bezerra, chamado pelos amigos por Tostão. Ele será o editor da Agro DBO, depois de ter trabalhado por mais de 13 anos na revista Globo Rural, 3 desses anos como diretor de redação, além de ter passagens por diversas outras redações, como O Globo, Agência Estado e TV Globo. Demétrio Costa, como diretor responsável, somará forças neste nosso renovado projeto editorial que prevê o uso de jornalistas free lancers por todo o Brasil.

Nosso principal objetivo é tornar a Agro DBO a revista de referência da agricultura brasileira, assim como já é a revista DBO no segmento da pecuária de corte.

No link a seguir o leitor do blog tem uma criativa apresentação da Agro DBO: http://prezi.com/ztcl_boemxeb/nova-agrodbo-institucional/

E aqui o site da Agro DBO: http://www.agrodbo.com.br/
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quarta-feira, 20 de junho de 2012

A falácia do aquecimento, acreditem, saiu no Jornal Nacional!

Richard Jakubaszko
A blogosfera dos céticos ainda enlouquece nestes turbulentos tempos de Rio MENOS 20! Pois não é que saiu em pleno Jornal Nacional uma notícia sobre os cientistas céticos! Não acreditei quando me contaram, recebi inúmeros telefonemas e dezenas de e-mails, uma verdadeira avalanche! Fui pesquisar e o Youtube logo em seguida mostrou a postagem, que publico abaixo, ainda meio sem acreditar no que acabei de assistir: o Jornal Nacional deu espaço a um contraponto sobre essa enorme mentira que a mídia não se cansa de apregoar sobre o aquecimento, em plena semana de Rio+20, ou melhor, da Rio MENOS 20!

Assistam aí embaixo, mas saibam que tenho uma ressalva, quando a repórter emite sua própria opinião sobre o aquecimento, de que "todos sabem e concordam que o aquecimento está acontecendo"...  Uma piada, como intervenção jornalística! Mas, em definitivo, pelo menos o JN mostrou que ainda tem alguns jornalistas em seus quadros com honestidade e credibilidade, que mostram opiniões contrárias.

Hoje é só alegria! Tem muita gente boa ainda para o Jornal Nacional entrevistar, e espero que o restante da mídia, a partir de agora, tome coragem para fazer a mesma coisa. Não dá mais para suportar os repórteres globais bancando os ambientalistas politicamente corretos, defendendo a natureza, falando na tal da sustentabilidade...

Eu continuo ambientalista, mas não suporto a mediocridade da unanimidade, e tenho horror ao pensamento único que se estabeleceu, especialmente no Brasil, pois lá fora não é assim, não.


A bem da verdade, e por uma questão de justiça, reproduzo ainda, abaixo, vídeo do Jornal da Band, que anda publicando diversas reportagens com a opinião de alguns cientistas céticos, num trabalho jornalístico mais completo, e que já dei destaque aqui no blog anteriormente.
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Rio+20: vitória ou fracasso épico?

Richard Jakubaszko
Dilma vê "vitória do Brasil" em aprovação de texto na Rio+20
19.Jun (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff classificou nesta terça-feira de "uma vitória do Brasil" a aprovação de um texto final na Rio+20 antes da chegada dos chefes de Estado na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável.
 
Na avaliação da presidente, o documento, aprovado mais cedo em reunião plenária com as delegações e alvo de críticas de organizações não-governamentais de defesa do meio ambiente, representa ainda "um grande avanço".

"Um acordo entre 191 países e delegações e chefes de Estado é um acordo complexo", disse Dilma a jornalistas em Los Cabos, no México, onde participou de encontro do G20, grupo que reúne as principais economias do mundo.


"É sempre bom olhar que há a necessidade de um balanço entre os países. A questão do documento não é uma questão que diga respeito a só um país. É impossível você ter um documento que represente as partes, se você não considerá-las. As partes são quem? São os países."

Mais cedo, após negociações que avançaram na madrugada desta terça-feira, as delegações que participam da Rio+20 superaram impasses e chegaram a um acordo sobre o texto final da conferência, que será levado aos chefes de Estado a partir de hoje, quarta-feira (20).


A aprovação, possível graças aos esforços brasileiros de buscar simplificar pontos que geravam divergências, foi alvo de críticas de ambientalistas, que chegaram a classificar a conferência de um "fracasso épico".


Apesar das críticas, Dilma exaltou a aprovação do texto, embora tenha admitido que foi o "possível" de ser alcançado.

"Nós estamos fazendo o documento possível entre diferentes países, entre diferentes visões do processo relativo à questão ambiental... Eu não conheço nenhuma reunião ambiental que tenha tido um documento prévio acordado entre as partes", acrescentou.


COMENTÁRIOS DESTE BLOGUEIRO:
Na minha opinião, nem vitória do Brasil, nem fracasso épico. Em verdade, os ambientalistas permanecem como "donos da bola". O que se assiste é um desfile de empresários, políticos, diplomatas, integrantes de ONGs, jornalistas, todos querendo "vender" um peixe podre chamado "sustentabilidade", e o preço do peixe é que é o problema. Vender, todos querem. Comprar, e pagar, ninguém aceita. 
A questão do crescimento demográfico planetário, que promove o excesso de consumo, que esgota a capacidade do planeta em nos fornecer alimentos, água, e demais elementos necessários à sobrevivência humana, nem sequer foi arranhado, exceto num ou noutro discurso sem importância nas plenárias, ao qual ninguém deu bola, nem a imprensa repercutiu.
Acho que a Rio+20 foi mais um badalado convescote ambientalista, que apenas se superou em expectativas geradas pelas prévias midiáticas, ou melhor, onde o melhor da festa foi esperar por ela.

Vem aí a Rio-20:

Luiz Carlos Molion em São Paulo sobre Rio+20: venha participar nesta quinta-feira

Luiz Carlos Molion: O que os jornais não irão publicar sobre a Rio+20  Mitos e verdades sobre o desenvolvimento sustentável O PhD em Meteorologia, membro do Instituto de Estudos Avançados de Berlim e representante da América Latina na Organização Meteorológica Mundial, Luiz Carlos Molion, professor de Climatologia e Mudanças Climáticas da Universidade Federal de Alagoas, falará ao público de São Paulo por ocasião do Painel promovido pelo Instituto Plinio Corrêa de Oliveira sobre o tema:


RioMENOS20

DENÚNCIA: O que os jornais não irão publicar sobre a Rio+20
Mitos e verdades sobre o desenvolvimento sustentável

O evento vai acontecer no dia 21 de junho (quinta-feira), às 19 horas e trinta minutos, no Clube Homs, na Avenida Paulista, 735 (a 100 metros do metrô Brigadeiro).

O doutor Molion falará sobre os mitos e fatos da mudança climática.
Não perca a chance de ouvir de um grande cientista brasileiro sobre os verdadeiros problemas que estão em jogo na Rio+20.
“Não vejo muita contribuição que essa reunião [Rio+20] possa dar. Quer dizer, estão tentando algo que é utópico como o desenvolvimento sustentável. Isso não existe, absolutamente.

“O problema é muito mais complexo. O que se discute na Rio+20 é a governança mundial. No fundo, é o que esses burocratas da ONU querem. Eles querem ter o poder de ditar o que nós vamos fazer: o Brasil só pode fazer isso! O Brasil não pode fazer aquilo!”
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terça-feira, 19 de junho de 2012

Vídeo do mundo animal, genial!

Richard Jakubaszko
Recebi o vídeo abaixo feito pelo fotógrafo japonês Matsuri, e que me foi enviado por Silvia Nishikawa, lá de São Gotardo, MG, que é absolutamente genial nas imagens, algumas delas, como a caminhada dos ursos nas montanhas geladas, obtidas a cerca de 2 km de distância.
Tenham todos uma ótima diversão, encantem-se!

sábado, 16 de junho de 2012

O mundo está 'acabando com os agricultores'


Richard Jakubaszko
Recebi e-mail do amigo Fernando Penteado Cardoso, engenheiro agrônomo da turma de 1936, da gloriosa ESALQ, e um dos melhores colaboradores deste combativo e insistente blog. No e-mail o Dr Cardoso informa a visão de Jim Rogers, um dos gigantes especuladores de commodities no planeta.

Traduzi e editei a notícia, publicada no MoneyNews/EUA: http://www.moneynews.com/Economy/rogers-world-farmers-food/2012/05/31/id/440775

Caro Richard:
Tenho o prazer de encaminhar matéria de interesse dos futuros produtores, agrônomos e demais envolvidos em atividades agropecuárias. Diz Jim Rogers que o mundo está 'acabando com os agricultores'.
Não é assunto novo, mas vem agora referendado por gente famosa.
Grande abraço,
FC

Jim Rogers: O mundo está 'acabando com os agricultores':
"Produtos agrícolas de base irão servir como investimento lucrativo nos próximos anos", diz o notável investidor de commodities Jim Rogers.

"As economias não sobreviverão bem até que as grandes nações industrializadas paguem suas dívidas e tornem suas economias mais competitivas, o que não vai acontecer da noite para o dia."

"Mas as pessoas precisam comer e, considerando que a procura tem aumentado, com as economias emergentes, como China e Índia, que crescem e trazem milhões de pessoas da pobreza, os preços aumentarão com a oferta reduzida, e esses preços já estão no limite."

"Há muitas maneiras de investir na agricultura. Você pode comprar terras agrícolas, você pode investir em empresas de sementes, empresas de fertilizantes, empresas de tratores — mas o melhor é se tornar um fazendeiro", diz Rogers.
"Os investidores não devem limitar-se aos mercados dos Estados Unidos. Você pode investir em países agrícolas — Canadá é mais agronomicamente orientado do que somos nos EUA. Assim é a Austrália. Há muitas maneiras de investir na agricultura. A melhor maneira é tornar-se um agricultor ou investir em produtos para a agricultura."

"Temos uma escassez de agricultores. A idade média dos agricultores na América e na Austrália é de 58 anos, no Japão é 66, e também no Canadá, os agricultores estão tão envelhecidos como nunca foram na história registrada", diz Rogers.

"O mundo está jogando fora do mercado os futuros agricultores, e assim os preços dos produtos agrícolas têm que ir para o alto", advertiu. "Ou nós não vamos ter qualquer alimento disponível, mesmo a qualquer preço."

"Os preços têm de seguir elevados para atrair trabalho, capital e gerenciamento para agricultura. Mais pessoas na América contemporânea estudam educação física ou public relations do que estudam a agricultura. Nós temos um enorme problema aí pela frente."

COMENTÁRIO DO BLOGUEIRO:
Essa questão do envelhecimento dos produtores rurais é que me fez escrever o livro "Meu filho, um dia tudo isso será teu", juntamente com o advogado Fábio Lamônica Pereira, para alertar aos produtores e seus filhos de que é sempre tempo de preparar a sucessão nas propriedades rurais, mas "enquanto as mãos estão quentes", pois deixar a sucessão para ser resolvida por inventários só desestimula os herdeiros, por vezes tornando irmãos verdadeiros inimigos. Os herdeiros, por falta de preparo, por ausência de vocação e aptidão para o trabalho com a terra, querem a herança e o patrimônio, mas não pretendem continuar o trabalho na terra.

Esclareço que demorei cerca de 9 anos para escrever este livro, mas verifico, escandalizado, que muitos inventários demoram mais tempo do que isso para serem finalizados, deixando nesse meio tempo no mínimo 20% do valor do patrimônio nas mãos de advogados, impostos e taxas cartorárias. O livro já está esgotando a 2ª impressão, agora em julho, e deverá ter uma 3ª impressão, ou então terá a 2ª edição revisada e ampliada, e também 3ª impressão, se o novo parceiro do livro, Francisco Vila, entregar seu novo capítulo até lá.

O livro pode ser adquirido diretamente com este blogueiro, pelo fone 11 3879.7099, no horário comercial, ao valor de R$ 35,00 mais frete postal, ou ainda diretamente no site da Editora UFV, da Universidade Federal de Viçosa: http://www.editoraufv.com.br/produtos/meu-filho-um-dia-tudo-isso-sera-teu
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sexta-feira, 15 de junho de 2012

Visão social e econômica do planeta, via IBGE.

Richard Jakubaszko
Uma visão social e econômica dos países do planeta, via IBGE. Recentemente, o IBGE lançou um mapa-mundi digital, com síntese, histórico, indicadores sociais, economia, meio ambiente, entre outras questões, vale a pena conferir, tem muita informação interessante! Guarde o link, ou coloque esta página do blog em sua lista de "favoritos", para futuras pesquisas.

http://www.ibge.gov.br/paisesat/main.php

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quarta-feira, 13 de junho de 2012

Google Maps em 3 D

Richard Jakubaszko
O Google inova, e afirmar isso já é um "pleonasmo tautológico". Agora teremos o Google Maps em 3 D. Assista os vídeos abaixo para ter uma ideia de como fazer isso no seu PC, celular ou notebook.
Para quem não fala/escreve inglês clique na tecla-ícone "cc" (em vermelho) no rodapé dos vídeos, depois ative legendas, e aí peça para efetivar tradução das legendas escolhendo português e dê um "OK".
Há um outro vídeo no Youtube que explica a quem deseja participar do projeto sobre como pode fazer filmes de prédios ou regiões de suas cidades, e depois integrá-los ao Google Maps em 3D. Pareceu-me fácil.


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domingo, 10 de junho de 2012

O agronegócio estimula os ambientalistas

Richard Jakubaszko
Já arranhei alguns textos sobre essa utopia contemporânea chamada de sustentabilidade no artigo A sustentabilidade do agricultor, em julho 2008, clique aqui para ler. Ocorre que, em minha opinião, toda a cadeia do agronegócio age como a mulher do malandro, apanha bastante, não reclama, mas faz a sua choradeira junto aos vizinhos.
O exemplo maior está nas assessorias de comunicação e de marketing das empresas. Uso então a estatística para comprovar essa minha percepção.

Assim, saiba o leitor que, como jornalista e blogueiro, recebo em média mais de 500 e-mails por dia. É um sufoco, e é avassalador! Desses, quase metade é spam, deletados compulsória e neuroticamente (he, he, he...), sem nem abrir. A outra metade, lamentavelmente, por dever de ofício, tenho de ler, antes de deletar mais alguns e responder a outros.

Pois essa metade de 250 "pesadelos" constitui-se, em 60% aproximadamente, de sugestões de pauta, também conhecidas como press releases. Ora, e metade desses e-mails, sempre exacerbadamente otimistas e panfletários, discursam sobre "sustentabilidade", descrevem os esforços das empresas e associações "green wash" contemporâneas, e a sua inestimável contribuição aos problemas ambientais e sociais do planeta. Evidentemente que algumas raras empresas têm projetos importantes na área ambiental, mas é uma minoria, todas as demais são projetos publicitários, vazios de sentido e sem objetivos concretos, apenas para ter uma mensagem dentro do senso comum.

O detalhe importante dessa questão é que a tal da sustentabilidade virou discurso generalizado. E está nesse tom e clima porque impregnou-se na sociedade o pensamento único, de caráter moralista e ambientalista, ditado pela grande mídia, martelado diariamente, de forma compulsiva, uma espécie de TOC - Transtorno Obsessivo Compulsivo, ou seja lá o que isso significa. O discurso é pautado por uma mídia e uma elite que não enxergam as causas reais dos problemas da humanidade, não têm propostas concretas para solucionar essas causas, e que têm medo de debater a realidade, por isso apresentam soluções com um viés distante das necessidades.

No afã de se defender, a cadeia do agronegócio declara seguir os parâmetros ditados pelos ambientalistas e pela mídia, de levar o planeta à sustentabilidade.

Ninguém pensa...
De que adianta, me pergunto sempre, criticar e contestar a falácia do aquecimento e das mudanças climáticas, como tenho feito aqui no blog e alhures? Convenço uma ou duas pessoas, mas aparece na sequência uma dezena de outros "pregadores" repetindo a lenga-lenga preservacionista, puro argumento publicitário, vago e vazio, de que "a sustentabilidade das nossas ações contribui para um planeta melhor"...  (leitor, você percebeu a imbecilidade publicitária dessa frase?). Não há mais diferencial, nem criatividade, nos discursos repetitivos. É só sustentabilidade, virou palavra mágica de redatores das assessorias de imprensa, repetidos ad nauseum pela mídia, pela internet e nas conversinhas de café.

Continuo com meu sonho de consumo sustentável, o de adquirir uma espingarda de cano triplo, e assim, com apenas um tiro, eliminar uma dupla caipira e um ambientalista. Economizarei chumbo, pólvora e metais, e contribuirei também para a redução do consumismo que a superpopulação planetária nos empurra. Seremos 9 bilhões de bocas dentro em breve, temos de dar soluções para reduzir a velocidade do crescimento demográfico, mas disso ninguém fala, pois não é politicamente correto, não é mesmo? Não há como alimentar e prover tanta gente que se lança ao consumismo.

Pra que pensar?
Se as coisas estão ruins, com exacerbada poluição urbana, excesso de gente, mão de obra ainda sobrando e que busca trabalho, que precisa comprar roupas e alimentos, congestionamentos urbanos gigantescos, devemos dar sustentabilidade ao produtor rural. Sem estes, a derrocada urbana será mais rápida, atropelada por um Código Florestal restritivo e punitivo, que vai limitar a produção de alimentos. Lembro que o ex-presidente dos EUA, Abraham Lincoln (1809-1865), cunhou o aforismo “Destruam as cidades e conservem os campos, e as cidades ressurgirão. Destruam os campos e conservem as cidades, e estas sucumbirão”. Foi sábio.

A cadeia do agronegócio, especialmente as indústrias de insumos, entretanto, faz a apologia da sustentabilidade do meio ambiente, quando deveria, no mínimo, ficar quieta, ou até mesmo contestar e criticar as falácias dessa agenda política e comercial, financiada por interesses econômicos inconfessáveis dos futuros produtores de energia elétrica, como as usinas de energia nuclear.

Não viveremos sem alimentos, mas também não teremos qualidade de vida sem energia elétrica, e não teremos um meio ambiente sustentável com o tanto de gente que nasce, ainda que os índices demográficos tenham caído nos últimos 30 anos. Lamentavelmente precisa reduzir mais. Como os ambientalistas não querem plantar batatas, e nem discutir a questão demográfica, asfaltam o caminho das usinas nucleares. Aceitam, os ambientalistas, a agenda do decrescimento, apregoada pelos fanáticos do Clube de Roma, parasitas dependurados sob o manto da ONU e da FAO, costurando uma agenda malthusiana perversa para as futuras gerações, o chamado decrescimento.

A cadeia do agronegócio brasileiro, com a política de se auto-proclamar sustentável, aplaude o discurso único ambientalista, e perde a guerra também na área política, na imagem pública, na produção e aprovação de institutos legislativos. Fica como bandido e criminoso ambiental, por não saber se defender adequadamente. E a mídia bate impiedosamente, não importa, nesse caso, se justa ou injustamente.

Menos propaganda com sustentabilidade, minha gente. Isso é estratégia de avestruz, que enterra a cabeça no chão, para fingir que nada acontece lá fora, pois não está vendo o problema. Não sou apenas eu, tem um monte de gente que não suporta mais ouvir esse trololó verde da sustentabilidade.

Comigo agora vai ser assim, falou em sustentabilidade eu deleto. Não sou avestruz, não gosto do discurso, porque é mentiroso, e não vou dar continuidade à farsa. Simplesmente vou deletar.

Não vou desanimar, e a minha luta continua, mesmo com tanta gente fazendo cara feia pra mim todos os dias. Vejam que alguns ícones do ambientalismo se desmente, como fez James Lovelock, leia aqui, em outro post divulgo que dezenas de cientistas afirmam que é tudo mentira nessa mal planejada campanha ambientalista do aquecimento e das mudanças climáticas, que não tem nenhuma comprovação científica: aqui e aqui. A mídia não repercute isso, a mídia não faz o debate, a mídia censura os cientistas, seja a mídia de interesse geral, seja a mídia científica, onde os chamados céticos não encontram espaços para debater e contestar o pensamento único que se estabeleceu.

Podemos pensar diferente...
Lamentavelmente, Chomsky tinha toda a razão ao mostrar e comentar sobre as estratégias de manipulação midiática: leia aqui.

É irritante perceber, pelo menos para mim, alguns doutores da agronomia, ou empresários, de empresas nacionais e multinacionais, apregoando a sustentabilidade e a responsabilidade social, pois enveredamos pelo caminho sem volta do pensamento único, ditado pela grande mídia, a pior forma de manipulação da população. As pessoas parecem não pensar mais, mostram não saber contestar as mentiras disfarçadas em objetivos ilusórios e utópicos de boas práticas.

Que as universidades ensinem os alunos a pensar, caso contrário, o futuro breve do planeta será terrível e medíocre, baseado no pensamento único, ditado pela mídia e pelos interesses econômicos e políticos de uma elite barulhenta que se globaliza cada vez mais, porque deseja o domínio total, o poder político e econômico.
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sábado, 9 de junho de 2012

O Brasil não precisa de mais usinas nucleares

Richard Jakubaszko
Enviado por Gerson Machado, reproduzo abaixo o artigo de dois cientistas brasileiros que argumentam contra a instalação de novas usinas nucleares no Brasil para a produção de energia elétrica. Em verdade, o Governo Federal brasileiro ainda estuda a questão face ao monumental lobby dos ambientalistas para a não construção de novas hidrelétricas, inclusive Monte Belo. 

Como as energias alternativas (eólica, solar ou das ondas do mar) ainda não se mostraram viáveis, tecnicamente falando, pela incapacidade de energias serem estocadas, e ainda porque os ventos escasseiam, e nas noites não há sol, e também porque ainda são antieconômicas, a alternativa seria a produção de energia elétrica pelas usinas nucleares, que é para onde nos empurram os ambientalistas.

O Brasil não precisa de

mais usinas nucleares  
por Joaquim de Carvalho e Ildo Sauer *

O acidente de Fukushima aconteceu 25 anos depois do de Chernobyl (ex-União Soviética, atual Ucrânia), que aconteceu sete anos depois do de Three Mile Island (Estados Unidos).

Essa sequência de acidentes jogou por terra as conclusões do mais importante estudo sobre segurança de reatores nucleares, segundo o qual a probabilidade de acidentes graves em centrais nucleares é tão pequena, que só a cada 35 mil anos poderia acontecer um. A metodologia desenvolvida nesse estudo - que foi feito em 1975, por um grupo dirigido pelo professor Norman Rassmussem, do Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT) para a Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos (Relatório Wash 1400) - serviu de base para as análises de segurança de praticamente todas as centrais nucleares desde então implantadas no mundo.


Não existe máquina infalível nem obra de engenharia 100% segura. Haja vista os inúmeros acidentes de avião, automóvel e trem que acontecem pelo mundo. Entretanto os acidentes nucleares têm dimensões que os outros não têm. Eles se propagam pelo espaço - continentes inteiros - e pelo tempo - décadas, senão séculos.


Um desastre de avião, por exemplo, atinge diretamente os passageiros e, por mais traumático que seja, este tipo de acidente termina no local e no instante em que acontece. Um acidente em central nuclear apenas começa no instante e no local em que ocorre. Alguns anos depois centenas de pessoas em regiões inteiras sofrerão males induzidos por exposição a radiações ionizantes. E em algumas décadas crianças nascerão com aberrações cromossômicas e desenvolverão leucemia e desordens endócrinas e imunológicas, provocadas pela absorção, por seus genitores, de doses de radiação acima do tolerável, como acontece até hoje em consequência do acidente de Chernobyl com a população que permaneceu nas cidades próximas.
 

O Brasil não precisa dos riscos nucleares
O Brasil não precisa correr risco semelhante, porque dispõe de abundantes recursos energéticos renováveis e capacidade técnica para aproveitá-los. De fato, em adição aos 100 GW de potencial das grandes hidrelétricas que já estão em operação ou em implantação, ainda restam por aproveitar 150 GW. Além disso, há o potencial das pequenas hidrelétricas, que é de 17 GW. E ainda há o potencial resultante da modernização das usinas em operação e da racionalização do uso da energia.

O potencial eólico avaliado em 2001 era de 143 GW, para turbinas encontradas no mercado, instaladas em torres de 50 metros. Com o desenvolvimento de turbinas mais eficientes e torres mais altas, esse potencial é estimado em 300 GW. Para as térmicas a bagaço-de-cana, o potencial é de 15 GW. Há, ainda, a opção fotovoltaica, que já é uma realidade em países tecnologicamente avançados.


No lugar das usinas nucleares planejadas pelo governo, várias combinações de fontes renováveis são possíveis, todas elas com custos de investimento inicial de cerca da metade da opção nuclear. Ademais, é evidente que as alternativas renováveis prescindem de combustíveis, ao contrário das usinas nucleares, que consomem montanhas de minério de urânio e, ao final de suas vidas úteis, deixam a herança dos combustíveis irradiados, que, devido à sua alta radiotoxidade, requerem tratamento especial e uma estocagem sob vigilância 24 horas por dia. A estocagem pode durar de centenas de anos, se os combustíveis forem desmontados e reprocessados, até milhares de anos, se forem guardados tal como saem dos reatores. Tudo isso sob rigorosa vigilância de forças policiais especialmente treinadas, para evitar que grupos anarquistas ou terroristas se apropriem desses materiais.


Tal vigilância é muito onerosa e contribui para aumentar o custo da energia nuclear. Aliás, nos recentes leilões promovidos pelo governo, a energia hidrelétrica e a energia eólica foram negociadas pela metade do preço calculado para energia nuclear - apesar de ser esta favorecida por importantes subsídios.


Se, por motivos sociais, ambientais e políticos, aproveitarmos apenas 70% da capacidade hidráulica ainda por explorar na Amazônia, 80% da capacidade das demais regiões e 50% da capacidade eólica, poderemos estruturar um sistema interligado inteligente ("smart grid") capaz de oferecer anualmente cerca de 1,4 bilhão de MWh a partir de fontes inteiramente renováveis, o que será suficiente para atender a uma demanda per capita da ordem de 6.600 kWh (semelhante ao padrão atual da Alemanha) na década de 2040, quando, segundo o IBGE, a população estará estabilizada em 215 milhões de habitantes.


Há uma tendência natural de complementaridade das disponibilidades energéticas entre os ciclos hídrico e eólico no Brasil. Além disso, uma eventual complementação com usinas térmicas, com suprimento flexível de gás natural, para operação em períodos hidroeólicos críticos, permitiria aumentar a confiabilidade e reduzir custos.


Se o potencial elétrico renovável fosse aproveitado de maneira inteligente, os brasileiros teriam energia elétrica por custos dos mais baixos do mundo, o que, entre outros benefícios, daria um grande poder de competitividade à nossa indústria, compensando, em parte, o chamado "custo Brasil".


* Joaquim Francisco de Carvalho é pesquisador associado ao IEE/USP, doutor em energia pela USP, foi diretor industrial da Nuclen (atual Eletronuclear) e presidiu a comissão criada pela presidência da República para avaliar o acidente com Césio-137, em Goiânia. Ildo Luis Sauer é diretor do Instituto de Energia e Eletrotécnica - IEE/USP, é PhD em energia nuclear pelo MIT e foi diretor de Energia e Gás da Petrobrás. 
Artigo publicado no Valor Econômico de 1º/6/2012.
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Edição 4510 - Notícias de C&T - Serviço da SBPC

Jornal da Ciência JC e-mail 4510, de 01 de junho de 2012. 
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* A equipe do Jornal da Ciência esclarece que o conteúdo e opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do jornal.
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sexta-feira, 8 de junho de 2012

O nosso Código Florestal e as regras européias

Luiz Prado
(publicado originalmente em http://www.luizprado.com.br/2012/06/01/codigo-florestal-regras-brasileiras-regras-europeias/comment-page-1/#comment-2878 )

A União Européia está propondo regras para o setor agrícola que preveem que 7% das propriedades terão algo semelhante a uma “reserva legal” brasileira e que, se aprovadas, entrarão em vigor em 2014. SETE POR CENTO! “Semelhante” porque ainda não é claro se tais áreas serão intocáveis, se nelas deverá ser feito uma recomposição da vegetação nativa e quanto de indenizações deverão ser pagas aos agricultores.

Essas regras não incluem áreas de preservação permanente ao estilo de Pindorama!

A burocracia da União Européia deu a isso a denominação de “agricultura verde”. O “verde” é só um modismo passageiro, mas um relatório do Parlamento da Inglaterra concluiu que essas regras reduzirão a produção de alimentos, aumentarão a burocracia e poderão até mesmo ser danosas para o meio ambiente.

Um dos argumentos básicos para esta conclusão é simples: o que vale para a Irlanda não se aplica necessariamente à Sicília. Pelo simples fato de que tudo é muito diferente entre esses dois “ambientes”: geologia, topografia, clima e regime de chuvas, e por aí afora. De acordo com as novas regras “verdes”, os produtores rurais teriam que, além de separar 7% de suas terras sem qualquer cultivo para “proteção da ecologia”, reservar áreas para pastagens e fazer rotação de culturas.

A Comissão de Meio Ambiente, Alimentos e Assuntos Rurais do parlamento inglês avaliou, no relatório, que as novas regras – que deverão entrar em vigor em 2014 – “reduzirão a segurança alimentar e provavelmente causarão impactos negativos ao meio ambiente”.

A presidente da Comissão, Anne McIntosh, ressaltou o óbvio: “É um nonsense acreditar que os produtores rurais da Finlândia e da Sicília devem obedecer ao mesmo conjunto de regras. Uma regra aplicada igualmente a todos (“one size fits all”) não será efetiva se considerado o amplo espectro de ambientes encontrados na Europa. Da maneira que foram formuladas, essas regras será danosa para os produtores rurais, para os consumidores e para a área rural.”

A Comissão, multipartidária, afirmou que apoia a proposta de tornar a agricultura mais “verde”, mas enfatizou que as diferenças climáticas – climáticas, geográficas, de práticas agrícolas – devem ser consideradas.

“Objetivando a proteção do meio ambiente e da biodiversidade, os produtores rurais da União Européia devem ser capazes de gerir as suas propriedades de acordo com regras adaptadas às suas regiões, aos seus métodos agrícolas e às preocupações ecológicas locais ou regionais específicas” – afirmou a presidente da Comissão.

Nada como um pouco de bom senso e realidade aplicada a debates generalistas.  Acorda, Dilma!

Com a palavra, o Greenpeace, que tem uma razoável tradição de ações passadas na Inglaterra, e o braço operacional do grupo financeiro WWF, cuja força maior – senão total – vem de um país onde regras desse tipo simplesmente não existem.

Lá, as unidades de conservação não são “parques de papel”, como aqui!
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quinta-feira, 7 de junho de 2012

Descriminalização das drogas


Richard Jakubaszko
Recebi por e-mail do jornalista Moacir José, o texto abaixo de uma carta enviada ao Jornal da CBN, programa de rádio do Sistema Globo, e dou divulgação. Pelo que entendi a rádio CBN não divulgou a mensagem abaixo, mas apenas o registro da entrevista abaixo citada.
De toda forma, registro a opinião do colega, sugerindo aos leitores do blog que debatam agora o tema, pois criticar depois que a legislação for aprovada não adianta nada. As críticas devem ser feitas antes, de forma a subsidiar os legisladores com a opinião dos cidadãos. O fato de qualquer leitor do blog ter uma opinião e efetuar um comentário não o torna criminoso, se for a favor da descriminalização das drogas, e nem tampouco uma madre Tereza de Calcutá se for contra.
Leiam e comentem, debatam, esta é uma atitude cidadã!

Sobre a descriminalização das drogas
por Moacir José *
Sobre a entrevista do procurador da República Luís Carlos Gonçalves, membro da comissão de juristas que propôs a descriminalização parcial de drogas, como parte da reforma do Código Penal. A entrevista foi concedida ao Jornal da CBN, do apresentador Milton Jung, na manhã da quarta feira da semana passada, dia 30 de maio

Fiz o seguinte comentário:
Acho que o procurador está equivocado quando imagina que essa medida, se aprovada, vá ter um efeito contrário, ou seja, o de, ao invés de reduzir as prisões de pessoas portadoras de drogas, vai aumentar o número de detenções. Pelo simples fato de que já há hoje uma tolerância aos portadores de drogas para consumo próprio, motivada justamente porque não haveria prisões suficientes para encarcerar esse universo de pessoas, que, ao que parece, aumenta a cada dia. Questionar esse fato (o do aumento do consumo) é muito importante, mas não é o caso de analisá-lo agora

O que se deve entender é que a descriminalização para quem porta drogas para consumo parte da idéia de que esse indivíduo não é, a priori, um criminoso, porque o único crime que está cometendo é o de comprar algo que é ilegal. E por que é ilegal? Porque em algum momento do passado considerou-se que o entorpecente poderia levar o indivíduo a cometer algum delito. É uma possibilidade, assim como é possível que uma pessoa embriagada atropele e mate outra pessoa. Melhor do que proibir o consumo, porém, seria aumentar a pena de quem comete algum crime sob efeito de qualquer droga, inclusive o álcool.

Descriminalizar, nesse sentido, significa partir do princípio de que o consumo e os efeitos danosos dos entorpecentes, se os houver, ocorrerão, a princípio, no próprio consumidor. É, portanto, um risco de saúde individual.

Por outro lado, o procurador está correto ao apontar a contradição (que, por sinal, até agora serviu de argumento aos opositores da descriminalização) de que se o consumidor não deve ser penalizado qual seria a lógica em se criminalizar o traficante

Aí é que reside o ponto da transformação. Ao permitir, na mesma lei, que a produção para consumo próprio também seja legalizada, abre-se a possibilidade de se legalizar também a produção e comercialização em pequena escala destinada àqueles que não tenham condições de produzir para consumo próprio. E essa legalização teria de vir acompanhada de uma elevada cobrança de imposto, semelhante à aplicada a cigarros e álcool, de forma a que o Estado se aproprie das vultosas quantias movimentadas hoje pelo tráfico – e que tantos prejuízos causam à sociedade, a começar pela violência.

A partir desse momento, isola-se o traficante das duas pontas – produção e consumo – e abre-se a possibilidade de o Estado sangrar o tráfico através do confisco de qualquer droga que não tenha sido produzida de forma legal, com sua posterior venda aos consumidores.

Com esses recursos é que se poderá bancar não só programas eficientes de tratamento de dependentes (que, acredito, sejam uma minoria), como também bancar campanhas de esclarecimento sobre os malefícios do consumo contumaz de drogas e de prevenção para que elas não alcancem jovens e crianças.

* o autor é jornalista, de São Paulo, capital.
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quarta-feira, 6 de junho de 2012

Debate de agrônomos, sobre o Código Florestal.

Richard Jakubaszko
Destaco abaixo o texto completo do artigo do agrônomo Xico Graziano, que se diz um ambientalista (publicado no Estadão, 29/5), e logo a seguir a réplica do também agrônomo Fernando Penteado Cardoso, ambos esalqueanos, mas com uma visão sutilmente diferenciada da história e de outros quesitos ambientais. Vale a pena comparar as opiniões, eis que se transformam num debate interessante.

Código Florestal, o Retorno
Por Xico Graziano *
Entre tantas dúvidas sobre o Código Florestal, uma certeza o agricultor José Batistela carrega: ele não precisa, nem quer, ser anistiado. Ninguém jamais o convencerá de que incorreu em crime ambiental ao abrir as fronteiras agrícolas do Brasil. Julga tal suposição uma afronta ao seu caráter.
Descendente de italianos, cheio de bisnetos, seu José anda meio depressivo pelo que escutou no rádio e na televisão. Sente-se desprestigiado na sociedade urbanizada que ajudou a erigir e agora lhe vira as costas, não lhe reconhecendo nas mãos os calos ganhos no árduo trabalho da roça. Esquecem-se os citadinos de sua saga familiar, há mais de século iniciada com a abertura daquelas terras roxas na região de Araras, destinadas a plantar os cafezais que forjaram a pujança paulista. O machado, sim, e a maleita, também, fazem parte de sua história. Renegada no presente.

A mistura entre desmatadores e pioneiros representou a pior desgraça gerada nessa infeliz polêmica sobre a legislação ambiental do campo. Uns, condenáveis, outros, elogiáveis, ambos se misturaram no discurso exagerado, enganoso mesmo, brandido pelos radicais do ambientalismo. Em nome de nobre causa - a defesa ecológica -, cometeram uma tremenda injustiça com os nossos antepassados, equiparando-os aos criminosos da floresta. Cuspiram em suas origens.

Semelhantes a qualquer outro povo espalhado no planeta, os pioneiros da Nação brasileira, certamente, suprimiram muitas florestas virgens. Começaram pela Zona da Mata nordestina, onde o latifúndio açucareiro se instalou ocupando a faixa úmida e ondulada que acompanha a costa atlântica. Depois, durante a corrida para a mineração, chegou a vez de o montanhoso solo mineiro ser desbravado. O mesmo ciclo de progresso estimulou a exploração pecuária nos pampas gaúchos. Pedaços da vida selvagem cediam espaço para a civilização humana crescer.

Mais tarde, a frente de expansão adentrou a Mata Atlântica do Sudeste, buscando a excelente fertilidade das terras roxas. São Paulo, por intermédio dos bandeirantes e, depois, dos imigrantes, assumia a dianteira econômica, e política, do País antes mesmo do fim da escravatura. Nessa época, o navio trazendo o pai de José Batistela aportava no Porto de Santos. O que o movia era o sonho da prosperidade no além-mar.

O tempo passou. Somente quando a agronomia realizou uma de suas maiores façanhas tecnológicas - a conquista do Cerrado no Centro-Oeste - a última fronteira se efetivou. Há 40 anos se iniciava a interiorização do desenvolvimento nacional, processo que ainda receberá da historiografia o devido reconhecimento na consolidação do País. Confundir essa ocupação histórica do território com o dano ecológico causado pelos devastadores do presente significa tola, ou mal-intencionada, visão.

Nossos avós, definitivamente, não são criminosos ambientais, tampouco criaram "passivos" a serem recuperados. Ao contrário, eles geraram ativos produtivos para a civilização. Como se teriam erguido, e abastecido, as cidades sem a lavra do solo virgem? Impossível. Derrubar árvores, drenar várzeas, combater peçonha foram exigências do progresso material da sociedade, aqui como alhures, turbinado pela explosão populacional.

Haverá, com certeza, um limite para a exploração planetária. O que permite tal hipótese é o avanço tecnológico. Quanto mais as modernas técnicas garantem, no campo, maior produtividade por área explorada, mais se facilita a preservação de espaços naturais. Boa comprovação disso se encontra na pecuária brasileira. O volume de carne produzido hoje no Brasil exigiria, se mantido o nível de tecnologia de 30 anos atrás, um assustador acréscimo de 535 milhões de hectares nas pastagens. Economizou-se uma Amazônia.

No patamar de conhecimento atual, estima-se que as áreas já exploradas do território nacional seriam suficientes para atender à demanda de mercado por alimentos e matérias-primas. Ou seja, após séculos de expansão sobre os biomas naturais, vislumbra-se um ponto de equilíbrio entre derrubar e produzir. Mais que utopia, o desmatamento zero torna-se uma possibilidade real.

Seu José Batistela, agricultor da velha guarda, tem dificuldade para entender esse assunto da "pegada ecológica" da humanidade. Mas concorda com a punição dos picaretas que, na Amazônia ou onde mais, zunem a motosserra afrontando conscientemente a lei florestal. Sabe que os tempos mudaram.

Aqui está o xis da questão: como consolidar, e regularizar, as áreas produtivas da agropecuária nacional sem facilitar a vida para os bandidos da floresta. Infelizmente, no debate polarizado sobre o novo Código Florestal, tudo virou um só dilema: anistiar, ou não, os desmatadores, colocando todos no mesmo saco. Desserviço à inteligência.

Chegou a hora de passar a limpo essa encrenca entre ruralistas e ambientalistas. Má interpretação, exageros, preconceitos confundiram a opinião pública, até no exterior. Na Europa, especialmente, ecoterroristas venderam a ideia de que o Código Florestal acabaria com a Amazônia. Mentira deslavada. Abaixada a bola com a (correta) promulgação da Lei 12.651/2012, com vetos, seguida da imediata publicação da Medida Provisória 571, há que retomar a capacidade de interlocução.

Doravante valeria a pena ouvir a voz da sensatez. Recuperar a biodiversidade não se sobrepõe à proteção humana. Não faz nenhum sentido regredir, salvo o imprescindível nas matas ciliares, o território produtivo do País. Muito menos facilitar os desmatamentos.

Código Florestal, o Retorno. Assim se poderia chamar o filme. Só que, nesse novo enredo, José Batistela ocupará um papel honrado. Xico Graziano

* Ex-Secretário Estadual do Meio Ambiente de São Paulo, é engenheiro agrônomo, mestre em Economia Rural e doutor em Administração.


CONTRAPONTO
São Paulo, 4 de junho de 2012
Carta aberta
Nossos avós não são criminosos ambientais
Prezado colega  Xico Graziano:
Venho parabenizá-lo por sua crônica de 29 de Maio (OESP,A2) fazendo justiça aos pioneiros do século 19 e parte do século 20 que abriram o sertão para plantar café.

Nesta fase ingrata da mídia avassaladora, mistificando por vezes a opinião pública, principalmente dos urbanitas, é confortante, pela franqueza e realismo, ler no OESP (29/5,A2), um dos principais jornais do país:
“... cometeram uma tremenda injustiça com os nossos antepassados, equiparando-os aos criminosos da floresta. Nossos avós, definitivamente, não são criminosos ambientais, tampouco criaram “passivos’ a serem recuperados.  Ao contrário, eles geraram ativos produtivos para a civilização. Como se teriam erguido, e abastecido, as cidades sem a lavra do solo virgem? Impossível.  Derrubar árvores, drenar várzeas, combater peçonha foram exigências do progresso material”.

Mais adiante V. pode confundir seriamente os leitores ao fazer média com os ambientalistas caçadores de manchetes, repetindo seus chavões monótonos e cansativos ou perseguindo bruxas, ora interpretadas por “picaretas que zunem a motosserra, ...criminosos ambientais,... bandidos da floresta.”
A generalização cria um dilema par os leitores. Porque seriam hoje picaretas, criminosos e bandidos se não o eram antes? São pessoas que continuam assumindo riscos e desconforto, no afã de produzir carne vermelha, cereais e outros produtos agrícolas. Os picaretas perambulam pelas metrópoles, jamais labutam nas florestas.

Pena que o crédito aberto aos pioneiros do século 19 não tenha sido estendido a seus semelhantes do século 20, que nos anos 1970 a 1990 abriram mais de 20 milhões de ha de vegetação primária, com motosserra para plantar capim na mata pesada, com correntão  para semear cereais no cerrado mais leve.
Esses desbravadores, tanto quanto nossos avós, são os responsáveis pela extraordinária expansão da agropecuária de que tanto nos orgulhamos. São ainda os fundadores e autores de uma série de cidades com IDH médio de 0,80, de que nos blasonamos.

Nesses dois séculos nada teria sido feito sem as aberturas da vegetação nativa. A remoção do dossel arbóreo para possibilitar a incidência da luz solar sobre o solo é um procedimento sem alternativa no processo da fotossíntese inibido pela sombra.

Eles, os pioneiros desbravadores, removeram a sombra para produzir milhões de t de alimentos e para implantar cidades do mais alto nível. E essa produção serve para suprir as necessidades da população brasileira - crescentemente urbanizada (hoje são 85% do total) – e ainda gerar excedentes exportáveis que trazem bilhões de dólares para a nossa economia.

E não foram irresponsáveis, em relação ao interesse de seus sucessores, tornando desfavorável o ambiente da produção. O ambiente solo-água-ar se mantem em alto nível e plenamente sustentável graças às tecnologias praticadas. Muito pelo contrário, criaram em milhões de hectares uma fertilidade antes inexistente nas terras fracas de origem.

A abertura de muitos milhões de ha não comprometeu o clima local, que permanece adequado até nossos dias, nem a disponibilidade de água, ora disputada por uma população crescente. As regiões abertas no citado período abrigam hoje milhões de habitantes com elevado nível de vida.

Além do mais, o engenho humano tem possibilitado uma produção crescente de alimentos, de fibras e de bioenergia com mais eficiência do que antes por unidade de área utilizada e por unidade de trabalhador empregado.

Essas considerações nos deixam perplexos.  Muito mais perplexa fica a faixa da população menos doutorada, imersa nesse mar de contradições, de sofismas e de demagogia, ora exaltada pela mídia que nos envolve e nos avassala.
Cordial abraço esalqueano
Fernando Penteado Cardoso **

** Engenheiro Agrônomo Sênior, ESALQ, turma de 1936.
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