domingo, 29 de novembro de 2020

Boulos, impedido de votar, pede a virada da sacada de sua casa.

Richard Jakubaszko  

O que parecia impossível no meio deste mês, hoje, dia de votação do 2º turno, as pesquisas mostram que é viável a virada em São Paulo. Boulos apareceu hoje na sacada do prédio onde mora, e exibiu cartaz com o "Vamos virar!". Ele tem 46% dos votos válidos, e se considerarmos o viés de 3% para mais ou para menos a virada pode acontecer, e aí teremos mudança. No final do dia saberemos quem será o novo prefeito de São Paulo.

Boulos foi diagnosticado com o Covid-19, e não pode votar hoje.

 

 

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sábado, 28 de novembro de 2020

Vacina: nem tão cedo, nem para tantos.

Fernando Brito *  

Vacina contra Covid-19 não deve ser oferecida para toda a população, diz Ministério da Saúde, estampa a manchete da Folha esta manhã.

É admissão, afinal, do que era óbvio, por várias razões e a maior delas é a lentidão do Governo Federal em procurar acordos com os fabricantes das potenciais vacinas, a demora em quase três meses da adesão brasileira à iniciativa Covax, da Organização Mundial de Saúde e a recusa ideológica em apoiar os testes da vacina chinesa.

Claro que agora se junta mais um complicador: a necessidade de uma nova bateria de testes da vacina Astrazêneca-Oxford, o que deve atrasar em pelo menos dois meses a sua aprovação sanitária.

Já tinha sido dito aqui e é claro que não haveria possibilidade de cobertura vacinal em curto e nem mesmo a médio prazo.

Agora, fala-se em imunizar um terço da população até o fim do primeiro semestre e a metade até o final de 2021, ambas hipóteses otimistas, porque demandariam, respectivamente, pouco mais de 200 e 400 milhões de doses e tudo o que temos contratado até agora são 140 milhões (100 milhões da vacina de Oxford e 46 milhões da Coronavac).

Todo o resto é intenção e intenção não vai bastar diante da demanda mundial.

A verdade é que um governo negacionista em relação à pandemia como o que temos não iria – e não vai – dar à aquisição e à produção local de vacinas a prioridade que deveria ter.

E é o mesmo nas declarações presidenciais absurdas de que quem não quiser tomar a vacina está decidindo apenas sobre sua vida. A cadeia de transmissão pode passar por alguém – como ele se diz – com “histórico de atletas” sem maiores problemas e se transmitir para seu pai, sua mãe ou seu amigo com resultados letais.

Esperemos, portanto, que tenhamos todos vacinados apenas em 2022. E, preferencialmente, vacinados também para a estupidez que contaminou o país.

* o autor é jornalista e editor do blog Tijolaço.
Publicado em https://tijolaco.net/vacina-nem-tao-cedo-nem-para-tantos/

 

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sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Aprovação de Bolsonaro vai caindo...

Richard Jakubaszko  
Como sempre, bem humorada e perversa, a web mostra em memes o que acha da política brasileira. E não é que é verdade mesmo:



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quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Morreu hoje Maradona

Richard Jakubaszko   

Registro com tristeza que hoje morreu na Argentina Diego Maradona, um dos maiores craques de futebol de todos os tempos, supremo ídolo argentino.

Campeão mundial, Maradona foi conhecido, em seus tempos de trabalho com a bola, como "la mano de Diós", admitido de forma solene em entrevistas à imprensa, pois o gol foi feito com a mão, aparentemente sem que o juiz tenha percebido a ilegalidade, já que naqueles tempos não existia VAR, mas já havia televisão, que registrou tudo.

Maradona sempre foi igualado a Pelé pelos hermanos, porém mesmo entre eles não havia essa unanimidade. Mas que foi um gênio do futebol, isso foi, é inegável.


Dieguito, RIP.



 

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domingo, 22 de novembro de 2020

Filosofias lógicas elementares sobre a pandemia

Richard Jakubaszko

Enfim, não somos mais os mesmos depois dessa pandemia que já se estende por 8 meses. Cada um tem lá suas ideias e filosofias, e o jornalista Delfino Araújo, lá da DBO, mandou-me alguns excertos interessantes pescados nas redes sociais dessa web inesgotável em termos de criatividade e humor, vejam lá:

Filosofias sobre a Pandemia

Troco massa, arroz e açúcar por papagaio. Preciso falar com alguém.

Se virem que saí do Grupo, me coloquem de novo. É o desespero pra sair pra algum lado.

Nem em meus sonhos mais loucos, imaginei entrar mascarado no Banco.

Nunca pensei que minhas mãos iam consumir mais álcool que meu fígado. Nunca...

A quarentena parece uma série da Netflix, quando acha que vai acabar, sai a temporada seguinte.

Eu estou gostando da máscara, no supermercado passei por dois pra quem devo dinheiro e não me reconheceram.

Queixaram-se que 2020 tinha poucos feriados. Como estão agora?

Preciso manter distância social da geladeira. Testei positivo pra gordura abdominal.

Alguém sabe se a segunda quarentena se repete com a mesma família ou podemos trocar?

Faltam duas semanas para que nos digam que faltam duas semanas para nos dizerem que faltam duas semanas.

Não vou acrescentar 2020 a minha idade. Nem usei...

Queremos nos desculpar publicamente com 2019 por tudo o que falamos dele.

Essas mulheres que pediam a Deus que o marido ficasse mais tempo em casa... Como estão?

Minha lavadora de roupas só aceita pijamas, coloquei um Jeans... me mandou a mensagem #ficaemcasa

O primeiro que eu vir em 31 de dezembro chorando pelo ano que se vai, vou encher de pancada.

Depois de passar por toda esta angústia, só nos falta dizerem que a vacina será um supositório.

Sinto-me como se tivesse 15 anos de novo. Sem dinheiro na carteira, com o cabelo comprido, pensando o que fazer com a minha vida e sem permissão para sair.

 

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sábado, 21 de novembro de 2020

Bill Gates e a paixão pelos fertilizantes

Valter Casarin
Esse artigo tem como origem em "Por que eu amo os fertilizantes? escrito por Bill Gates e publicado em seu blog ( https://www.gatesnotes.com/Development/Why-I-love-fertilizer ).

Supermercado em Israel
Supermercado em Israel = fartura
 
A percepção das pessoas em relação aos fertilizantes, principalmente aquelas fora do mundo do agronegócio tem se modificado nestes últimos tempos. Paralelamente, a informação de que nos fertilizantes ocorreu a inovação que mais salvaram vidas na história da humanidade. Isso tudo tocou o coração do fundador da Microsoft, Bill Gates. O magnata relata que nunca escondeu sua paixão pelos fertilizantes, relacionando este insumo como uma inovação "mágica", responsável por salvar milhões de vidas daqueles que passam fome, mas sobretudo permitir que outros milhares saiam da condição de pobreza, graças ao aumento da produtividade de muitas culturas que são fontes de alimentos.

Em visita a um armazém instalado na Tanzânia, Bill Gates sentiu enorme satisfação quando presenciou a montanha de fertilizantes armazenada. Cada grama deste insumo representa a transformação de vidas em um continente onde a fome e a desnutrição estão em níveis preocupantes.

Os fertilizantes somente mostram o seu real valor quando chegam até os agricultores, principalmente nos países mais desfavorecidos. Esse tem sido um dos grandes desafios na África, onde o uso de fertilizantes é muito baixo, assim como a produtividade agrícola. Vale ressaltar que a produtividade na África é apenas um quinto da produtividade dos Estados Unidos. Assim, a distribuição, como é o caso do armazém na Tanzânia, é parte fundamental das soluções para as necessidades de fertilizantes para os produtores agrícolas.

A pouca importância no uso de fertilizantes na África é a soma de muitos fatores. Um dos principais fatores é o custo. Isso é resultado da fraca rede de transportes e a generalizada falta de infraestrutura, resultando em um transporte de fertilizantes 25% mais elevado que em outras regiões do mundo. Isso afeta sobremaneira a disponibilidade do insumo, decorrente de sistemas de distribuição pouco desenvolvido em grande parte do continente. Mesmo que haja disponibilidade, a limitação de crédito impede a compra de fertilizantes por parte dos agricultores. O mais agravante desta triste história é a falta de formação e da transferência de tecnologia, que resulta em muitos agricultores sem o entendimento do valor em investir nos fertilizantes ou saber a forma correta de utilizar o insumo.

Tomando como exemplo a Tanzânia, cerca de 80% dos trabalhadores trabalham, direta ou indiretamente, na agricultura. Certamente, produzir uma maior quantidade de alimentos com a aplicação melhor e maior de fertilizantes, poderia ter um enorme impacto no avanço econômico do continente africano.

Aquilo que Bill Gates presenciou na Tanzânia é parte do grande esforço que está sendo feito em muitas regiões da África, de maneira a usar a agricultura como fator de crescimento econômico, visando o desenvolvimento da África nas próximas décadas. O acesso a melhores fertilizantes e variedades de culturas mais produtivas são inovações agrícolas e tecnológicas que possibilitarão os produtores africanos a incrementarem seus rendimentos nos próximos anos. Os excedentes de produção poderão ser comercializados e melhorar a dieta familiar com proteínas de alto valor, como ovos, carnes e leite.

Bill Gates lembra da "Revolução Verde" acontecida na América Latina e sudeste da Ásia durante a década de 60, que permitiu duplicar a produção de alimentos, evitando a fome generalizada. A ajuda aos agricultores para aumentar a produção de alimentos foi possível graças ao avanço genético com melhores variedades e aos fertilizantes agrícolas.

A África está experimentando a sua revolução agrícola, mas deve aprender com a experiência do passado, que teve como consequência da "Revolução Verde" o uso excessivo de fertilizantes, provocando a contaminação de aquíferos e outros impactos ambientais. Esse é o motivo da Fundação Bill & Melinda Gates trabalhar com seus diversos parceiros na tentativa de ajudar e formar os agricultores africanos a utilizar adequadamente os fertilizantes, promovendo o uso nas doses certas, ajudando, desta forma, a melhorar a sustentabilidade ambiental. A Fundação também atua na transformação digital da agricultura por intermédio de uso de mapas e análises de solo, visando oferecer aos agricultores dados agregados de maior valor, que permitam melhorar a saúde do solo, para que este permaneça produtivo para as próximas gerações.

A visita ao armazém é um dos destaques da viagem de Bill Gates à Tanzânia. Momentos antes de continuar com a viagem, ele teve um momento para continuar a observar os trabalhadores carregarem os sacos de fertilizante. Sua emoção estava em pensar nos agricultores que o usariam e no impacto positivo que terão nas próximas colheitas e no futuro dos seus países.

Depois da saúde, em particular a luta contra a malária, a Fundação Bill & Melinda Gates tem um grande interesse na agricultura da África. No Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, a Fundação Bill e Melinda Gates anunciou um investimento de US$ 306 milhões dedicado ao desenvolvimento agrícola, especialmente na África.

“Se levamos a sério o fim da fome e da pobreza extrema no mundo, devemos transformar seriamente a agricultura para os pequenos agricultores - a maioria dos quais são mulheres”, disse Bill Gates. Afirmando que "Esses investimentos - desde a melhoria da qualidade das sementes até o desenvolvimento de solos mais férteis ​​e a criação de novos mercados - compensarão não só pelas crianças alimentadas e pelas vidas salvas. Eles podem ter um enorme impacto sobre a redução da pobreza à medida que as famílias geram renda adicional e melhoram suas vidas."

Com objetivo de melhorar a percepção da população em relação às funções e os benefícios dos fertilizantes, foi estabelecida no Brasil, em 2016, a iniciativa Nutrientes Para a Vida (NPV). A NPV possui visão, missão e valores análogos aos da coirmã americana, a Nutrients For Life. Sua principal missão é destacar e informar a respeito da relevância dos fertilizantes para o aumento da qualidade e segurança da produção alimentar, colaborando com melhores quantidades de nutrientes nos alimentos e, consequentemente, com uma melhor nutrição e saúde humana.

* o autor é engenheiro agrônomo e coordenador científico da iniciativa Nutrientes Para a Vida (NPV)

 

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quinta-feira, 19 de novembro de 2020

RCEP: o acordo que consolida o comércio e as cadeias de valor da Ásia

Marcos Sawaya Jank

“Parceria Regional Econômica Abrangente” (RCEP) surpreende ao integrar 15 países da Ásia do Leste e Sudeste e da Oceania. Quais são as lições para o Brasil e a América Latina?

Oito anos após o início das negociações, no último domingo dia 15 foram concluídas as negociações para a criação do tratado RCEP – a “Parceria Regional Econômica Abrangente” (Regional Comprehensive Economic Partnership, em inglês).

O acordo reúne os três países mais importantes do Leste da Ásia (China, Japão, Coréia do Sul), todos os dez membros da ASEAN - a Associação de Nações do Sudeste Asiático (*) - e dois países da Oceania (Austrália e Nova Zelândia). A Índia fazia parte do grupo, mas decidiu ficar em stand by alegando que a sua indústria doméstica não aguentaria uma competição ampliada com a China e outros países do bloco. Em tempos de pandemia, protecionismo e movimentos antiglobalização, o acordo da RCEP surpreende o mundo, ao abarcar quase um terço da população mundial (2,2 bilhões de pessoas), do PIB (US$ 26 trilhões) e do comércio global.

Vale destacar aqui alguns pontos fundamentais deste acordo:

1. A RCEP é uma resposta em sentido contrário ao que o Ocidente vinha fazendo. Trump privilegiou o “America First”, apertou os seus parceiros do NAFTA e saiu da Parceria Transpacífico. O Reino Unido deixou a Europa (Brexit), que hoje tem crescentes dificuldades completar a sua integração. Enquanto isso, a Ásia avança e consolida as suas cadeias de suprimento e valor.

2. O acordo basicamente “formaliza” as relações de comércio e investimento entre esses 15 países, sem pretender refazê-las. Trata-se de uma iniciativa que consolida os acordos de tarifa zero (duty free) e de preferências tarifárias já existentes entre os integrantes da RCEP, sem se preocupar em resolver sensibilidades e resistências históricas. ASEAN, Japão, Austrália e Nova Zelândia assinaram dezenas de acordos com os membros do RCEP, que formam um “prato de espaguete” clássico de tarifas e regras de origem. É isso que a RCEP simplifica e formaliza.

3. A RCEP é um modelo de integração “pragmática”, via construção de consensos até onde for possível e bem diferente do modelo da União Europeia e dos acordos feitos pelos Estados Unidos. Pretende-se alcançar o zeramento das tarifas intrabloco para cerca de 90% dos bens, acoplado a um único modelo de regras de origem que promovam a integração das cadeias de suprimento dentro da região. Além disso, busca-se reduzir as barreiras não-tarifárias e adotar medidas de facilitação de comércio, incluindo a ampliação do comércio eletrônico em toda a região. Temas mais sensíveis como serviços, propriedade intelectual, competição, empresas estatais de comércio, padrões ambientais e trabalhistas e abertura de mercados de produtos agrícolas sensíveis são “pragmaticamente” esfriados ou deixados de lado, até que o futuro permita algum consenso sobre essas matérias.

4. Apesar da China aparecer com a grande ganhadora da criação do RCEP, quem de fato “arquitetou” o acordo desde o início foi a ASEAN, que já havia costurado acordos de livre comércio com todos os países da RCEP. Além disso, é preciso destacar que a diáspora histórica da China fez com que todos os países do Sudeste Asiático tenham comunidades chinesas poderosas, que normalmente constituem-se nos principais empresários da região, ainda que sem o controle da política local. Daí a grande aceitação que a RCEP tem no mundo empresarial nos países do Sudeste Asiático.

Lições da RCEP para o Brasil e a América Latina: gansos voadores x patos sentados

Com a integração asiática da RCEP, a grande pergunta que fica é por que os países emergentes da Ásia decolam, ampliando a sua integração apesar da pandemia e da recessão? E por que esses países deixaram o Brasil e a América Latina “comendo poeira” nas últimas décadas? Farei aqui algumas reflexões.

A primeira diferença nasce nos anos 1950, quando a América Latina adota o modelo de industrialização à base de substituição de importações e a Ásia opta por uma estratégia agressiva de promoção das exportações.

A partir dos anos 80, surge no Leste da Ásia o que se convencionou chamar de “modelo dos gansos voadores”, que é o aproveitamento das sinergias regionais por meio de maciços investimentos cruzados, com destaque para a transferência do poder tecnológico do Japão por meio de participações minoritárias em empresas dos seus vizinhos menos desenvolvidos. Assim, a formação em cunha foi liderada inicialmente pelo superganso Japão, seguido de perto pelas chamadas “novas economias industrializadas” – Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Singapura -, e ao final pelos países mais dinâmicos da Asean – Tailândia, Malásia, Indonésia, Vietnã e Filipinas. A partir de 1990, essa formação começa a se alterar com o retorno intempestivo e brutal da China no cenário regional e global.

Esse desenho celeste, cujo “ganso líder” foi o Japão e agora é a China, foi viabilizado graças a uma interessante divisão regional do trabalho no setor manufatureiro, com os países mais ricos repassando as atividades que demandam menor custo de mão-de-obra para parceiros ou filiais que se instalam nos gansos mais atrasados do Sudeste e Sul da Ásia. O objetivo é atingir uma competitividade sistêmica global (e não apenas local) que normalmente se inicia no setor têxtil, segue com as indústrias química, siderúrgica e automotiva e avança hoje com imensa força nos eletrônicos, nas tecnologias de informação e no mundo digital. Estabelece-se, assim, uma sequência de ciclos de industrialização nos quais os setores intensivos em trabalho vão sendo realocados nos países mais pobres, à medida que os mais ricos aumentam a sua renda per capita e os salários.

Enquanto isso, a América Latina enroscou-se com inflações galopantes, baixo crescimento, alto endividamento, governos perdulários, instituições precárias e mudanças permanentes nas regras do jogo. Em 1993, o pesquisador Michael Mortimer, da Cepal, publica um artigo sobre o tema com o sugestivo título “Flying geese vs. sitting ducks”, sugerindo que a América Latina se comportava como “patos sentados assistindo ao voo dos gansos asiáticos. Notem que esse alerta foi feito em 1993!

Ocorre que a América Latina optou por mecanismos de integração regional formais e incompletos, voltados para o comércio. E a integração dos países asiáticos se deu por meio de investimentos intra e entre empresas e transferência de tecnologia orientada para a competição sistêmica no mercado mundial.

Em suma, com a RCEP a Ásia vai atingindo voo de cruzeiro, sustentado pela estabilidade dos seus fundamentos econômicos, pela persistência da ação empresarial voltada para comércio internacional, pela construção de instituições mais robustas e por maciços investimentos em educação. E o Brasil e a América Latina? Vão continuar assistindo a esse espetáculo sentados?

(*) A Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) é um bloco formado por 10 países do Sudeste Asiático que somam 640 milhões de habitantes, um PIB de quase US$ 3 trilhões e uma taxa de crescimento pré pandemia da ordem de 5 a 6% ao ano. São eles Indonésia, Malásia, Filipinas, Singapura, Tailândia, Brunei, Camboja, Laos, Vietnã e Mianmar.

* o autor é professor de agronegócio global do Insper.

 

 

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domingo, 15 de novembro de 2020

É proibido prender hoje...

Richard Jakubaszko 

De hoje até as eleições do 2º turno é proibido prender qualquer brasileiro, salvo em flagrante delito... Portanto, somos como os filhos de Bolsonaro...

 

 

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sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Trump perdeu. E Bolsonaro, como fica?

Richard Jakubaszko  

A triste realidade é que Bolsonaro deixa de ser o "Trump da América Latina", como fiel integrante da extrema direita internacional, e passa a ser simplesmente Bolsonaro. Ou seja, não é mais rabo de elefante, é cabeça de rato, cada vez mais isolado e rejeitado. Vamos no Brasil ter tempos mais difíceis pela frente, ainda mais com essa pandemia que não dá mostras de arrefecer. No Brasil a elite dominante sempre foi assim, eternamente embarcando no bonde errado.


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quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Vai ter pólvora contra os EUA?

Richard Jakubaszko  

Segundo o presidente de plantão, quando acaba a saliva, vamos de pólvora!! Os americanos devem estar morrendo de medo, cara....



 

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quarta-feira, 11 de novembro de 2020

EIMA Digital Preview, um universo virtual

Richard Jakubaszko  
Já visitei a EIMA - Exposição Internacional de Máquinas Agrícolas (Bolonha, Itália - periodicidade bienal, sempre em anos pares) em 4 oportunidades, desde 2010. É uma gigantesca feira presencial montada em cerca de 36 galpões fechados e climatizados, onde há de tudo em exposição, para exibir tecnologias para a produção agropecuária e florestal, além de jardinagem.

Este ano a EIMA presencial foi adiada de novembro 2020 para fevereiro 2021, por conta da Covid19. Então os italianos prepararam para novembro de 2020 a EIMA Digital.

A EDP, primeira exposição digital dedicada à maquinaria agrícola, abre hoje, quarta-feira, 11 de novembro, pelas 9h00 do horário italiano. Baseada em uma plataforma tridimensional, desenvolvida a partir das necessidades específicas do setor agro-mecânico, a vitrine online oferece aos visitantes uma experiência imersiva que permite que eles se movimentem no universo virtual do evento como se estivessem dentro de um espaço físico.

Mais de 1.100 empresas participantes; 120 webinars, conferências online, percepções temáticas; mais de 60 jornalistas italianos e estrangeiros credenciados; milhares de profissionais já cadastrados na plataforma. E mais: 37 delegações estrangeiras representando os diversos atores agrícolas do planeta e um programa completo de encontros business-to-business por videoconferência, que envolverá as indústrias expositoras por 10 dias (de 9 a 19 de novembro). Estes são os números da EIMA Digital Preview (EDP), a primeira exposição virtual dedicada às tecnologias para a agricultura, que abre hoje de manhã às 9h00 e que foi apresentada à imprensa ontem a tarde em Bolonha.

Concebido como uma ponte para a vitrine física internacional EIMA, prevista para fevereiro de 2021, o evento digital é realizado online de 11 a 15 de novembro (prevê-se um prazo mais longo para reuniões de negócios), organizado pela FederUnacoma, a associação italiana de fabricantes de máquinas agrícolas. O evento pode ser acompanhado de todo o mundo sem limites de fuso horário. Na verdade, será possível visitar os estandes virtuais das indústrias expositoras 24 horas por dia, enquanto os webinars e as conferências podem ser acompanhados ao vivo e sob demanda, graças a um arquivo de vídeo disponível em tempo real. No entanto, o verdadeiro destaque da EDP é a arquitetura tridimensional. “Muitas exposições online são baseadas em programas e modelos que já estão na rede: sites, internet, bases de dados, arquivos. EIMA Digital Preview é uma plataforma inteiramente e exclusivamente desenhada para a feira de máquinas agrícolas”, explicou Simona Rapastella, Gerente Geral da FederUnacoma.

“Um bairro virtual em 3D - acrescentou Rapastella - onde os visitantes podem realizar ações específicas movendo-se nos espaços tridimensionais dos estandes de forma intuitiva e cativante”. A EDP assenta numa plataforma envolvente que transporta os visitantes para um universo real - o da mecanização agrícola - constituído por 15 planetas que albergam os estandes digitais das empresas (14 categorias de produtos, mais uma dedicada aos restantes atores da cadeia agro-mecânica), a área viva (chamada Agora), e uma seção dedicada aos escritórios administrativos da FederUnacoma. “A EDP e a EIMA International - conclui a gerente geral da FederUnacoma - têm especificidades distintas, pelo que se complementam: a versão digital vai oferecer soluções tecnológicas cada vez mais flexíveis, disponíveis a qualquer época do ano para reuniões, iniciativas de comunicação e negócios atividades, enquanto o espaço físico do centro de exposições de Bolonha continuará a oferecer uma experiência sensorial que permanece única e insubstituível ”.

Para acessar a EIMA Digital Preview: www.eima.it/en/visitatori/user-form.php

 

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segunda-feira, 9 de novembro de 2020

O que o agronegócio deve esperar de Joe Biden?

Marcos Sawaya Jank *

Impacto do governo Biden no comércio agrícola, China, Amazônia e políticas climáticas.

Joe Biden venceu as eleições dos EUA e esse é o tema do 1º artigo da nova coluna AGRO GLOBAL do site de VEJA. Vamos analisar o impacto do novo governo sobre agronegócio, comércio, clima e Amazônia, mostrando porque Biden é a melhor escolha para o agro brasileiro.

A primeira grande mudança da gestão Biden nas relações internacionais será o resgate da liderança que os Estados Unidos sempre exerceram na coordenação multilateral do mundo, que se inicia já na independência dos EUA com a ação diplomática de Benjamin Franklin e os demais Founding Fathers contra o colonialismo europeu.

Para entender o papel histórico dos EUA no mundo, vale ler um livro magnífico que acaba de ser lançado: America in the World: A History of U.S. Diplomacy and Foreign Policy, de Robert Zoellick, que foi representante de comércio dos EUA (USTR) de 2001 a 2005 e depois Presidente do Banco Mundial. O livro analisa o papel que Franklin, Hamilton, Jefferson, Adams, Lincoln, os Roosevelts, Woodrow Wilson, Cordell Hull, Kennedy, Reagan, Bush e outros “líderes pragmáticos” tiveram na construção da diplomacia e da política externa dos EUA. A obra merece ser lida nesse momento crucial e conflitivo da democracia americana.

No final da 2ª guerra, o mundo pedia maior coordenação multilateral em temas como garantia da paz, comércio, finanças, desenvolvimento e outros. Os Estados Unidos assumiram posição central na criação de diversas organizações internacionais para promover paz, direitos humanos e solução de conflitos (ONU), finanças e desenvolvimento (FMI e Banco Mundial), comércio (o acordo do GATT, que depois virou a OMC - Organização Mundial de Comércio), saúde pública (OMS - Organização Mundial de Saúde) e muitas outras.

O momento turbulento e polarizado que vivemos hoje exige o aprimoramento da capacidade de coordenação dos países em novos temas como meio ambiente, mudança do clima, segurança biológica (contenção de pandemias), saúde pública, segurança cibernética, migração, anticorrupção, transparência e outros.

Com o America First, Trump deu as costas para o mundo e abandonou o papel histórico de concertação dos EUA. Em comércio, para agradar o seu público interno Trump propôs medidas enérgicas para “zerar” os principais déficits comerciais que os EUA mantinham no mundo, iniciando negociações país a país como se o comércio fosse um jogo de soma zero, que não é.

Pouco a pouco, Trump retirou os EUA da Parceria Transpacífico (TPP), um extraordinário acordo comercial ligando 12 países americanos e asiáticos do Pacífico. A seguir, repaginou o NAFTA à sua maneira, enfraqueceu a OMC ao se recusar a nomear juízes para o órgão de solução de controvérsias e retirou os EUA da Convenção do Clima. Trump se voltou para dentro do país, confrontando não apenas os novos inimigos do Oriente, como a China, mas também os seus vizinhos e aliados mais tradicionais do Ocidente. Na minha opinião, não deu certo.

Não há dúvida que Joe Biden vai seguir priorizando os interesses domésticos americanos acima de tudo, começando pela recuperação econômica do país. Mas, ao contrário de Trump, ele construirá a sua política externa a partir das medidas internas que serão adotadas, reduzindo o tensionamento e aumentando a concertação internacional.

É neste contexto que enxergo a possibilidade de novas formas de diálogo entre os EUA e a China. Com certeza a rivalidade EUA-China veio para ficar e não vai terminar com a eleição de Biden, até porque a China continuará crescendo rápido e ameaçando a hegemonia americana. Ao final de 2021, a economia chinesa estará 10% maior do que logo antes da pandemia. Os EUA estarão menores.

No agronegócio, não há dúvida que o Brasil se beneficiou da guerra comercial EUA-China, que começou logo após as eleições de Trump em 2017, e pode ser prejudicado por um acordo tácito entre as duas maiores potências do planeta. Mas comemorar guerras e disputas hegemônicas nunca foi uma boa ideia para quem só atua em campos laterais. Prefiro acreditar que a construção de regras multilaterais que valem para todos continua sendo a melhor opção do planeta. Podemos perfeitamente incrementar nossas parcerias estratégicas com os EUA e com a China, rejeitando a política de “comércio administrado” proposta por Trump que, espero, não será seguida por Biden.

Dentre as políticas de Biden, a que mais deve impactar o Brasil é uma nova postura dos EUA em relação ao tema da mudança do clima, radicalmente diferente da linha seguida por Trump. Meio ambiente, mudança do clima, promoção de fontes renováveis de energia e taxação de carbono estarão no centro da agenda de Biden. Os EUA vão retornar ao Acordo de Paris, colocando o tema da mudança do clima no centro da sua política externa, comercial e de segurança nacional, o que certamente incluirá uma forte pressão para reduzir o desmatamento no Brasil.

Muitos dirão que essa é uma agenda negativa para o Brasil. Eu prefiro acreditar que, na toada das pressões comerciais que o agro já vem sofrendo na região Norte, a eleição de Biden apenas reforça a necessidade de completarmos a “lição de casa” que estamos devendo para o mundo há décadas.

Estima-se que 95% do desmatamento brasileiro seja ilegal e, portanto, associado ao descumprimento da legislação brasileira. É nossa obrigação resolver esse problema, que começa com a necessidade de regularização fundiária das regiões norte e nordeste do país, que já dura décadas. Segue-se o problema da regularização ambiental, que ainda não foi efetivada, a despeito de o Código Florestal já ter completado o seu 8º ano de vida.

A verdade é que a agricultura brasileira é ao mesmo tempo vilã, vítima e solução no tema da mudança do clima. “Vilã” por estar associada ao desmatamento ilegal, que já atinge mais de 10 mil km2 por ano no Brasil. “Vítima” porque a agricultura vem sofrendo com eventos extremos e grandes instabilidades climáticas, como vimos esse ano no país. “Solução” porque acumulamos grandes ganhos de produtividade e dispomos de uma matriz energética limpa e diversificada - composta por diversos tipos de biocombustíveis e energias renováveis - fazemos 2 a 3 safras por ano e muitas outras conquistas qualificam a nossa agricultura como de “baixo carbono”.

A pecuária de corte será o setor mais pressionado pela eleição de Biden, pelo fato de que a cria de bezerros é a primeira ocupação agropecuária em áreas recém desmatadas do bioma Amazônico. Mas os biocombustíveis brasileiros como o etanol de cana-de-açúcar e o biodiesel de oleaginosas, podem ganhar bastante espaço na agenda internacional com a adesão dos EUA ao Acordo de Paris e a renovada pressão pela substituição de energias fósseis por energias renováveis, tema amplamente vocalizado por Biden durante a campanha. Vale lembrar que 73% das emissões de gases de efeito estufa responsáveis pela mudança do clima vem do setor de energia e transportes, e menos de 7% de desmatamentos e mudanças no uso da terra.

Em suma, creio que a eleição de Biden levará o governo brasileiro a abrir novos canais de interlocução com o governo americano. Deveria, também, buscar uma equidistância mais prudente da sua política comercial com os EUA e com a China, fortalecendo as nossas duas maiores parcerias estratégias. Apesar de os EUA serem os nossos principais concorrentes no agronegócio global, há muito espaço para ampliar a cooperação com aquele país em temas como segurança alimentar global, inovação, bioenergia e no reforço da coordenação multilateral.

Creio que a principal lição que deveríamos aprender com o retorno dos Democratas ao poder nos EUA é parar de insistir em ver o mundo como “cruzadas maniqueístas”, de uma luta permanente do bem contra o mal entre supostos poderes opostos e incompatíveis. Em vez de louvar amigos e atacar inimigos imaginários, melhor faríamos em identificar claramente os nossos interesses externos e desafios imediatos. Se fizermos isso, veremos que o nosso maior desafio é simplesmente fazer direito a “lição de casa”. Isso vale para as reformas internas prometidas, e ainda não realizadas. Vale também para os problemas ambientais e fundiários do bioma Amazônia, que agora terão de ser resolvidos, para o bem ou para o mal.

* o autor é professor de agronegócio global do Insper.

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sábado, 7 de novembro de 2020

Bodas de Ouro

Richard Jakubaszko  

Comemoramos hoje, 7 de novembro de 2020, Maria da Graça e eu, Bodas de Ouro de casamento. Longa história, mas ainda me parece que foi breve demais. Como é um fato relativamente raro nos dias de hoje, compartilho algumas poucas imagens, significativas para nós.

Comemoramos, vamos jantar em lugar especial, mas de acordo com os protocolos sociais nesse tempo de pandemia viral. Festa nem pensar. Também por isso, nem a missa dos 50 anos foi possível rezar, adiada involuntariamente.

Por tudo, muito obrigado, Maria da Graça.

7 de novembr0 de 1970, parece que foi ontem.
 
Assinado e sacramentado
 
Poucos anos depois, nossos dois amores, Andrea e Daniela
 

Mais um tempo chegou Beatriz, a única e querida neta, sobremesa da vida









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sexta-feira, 6 de novembro de 2020

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Trump perdeu 2020 e agora vai...

Richard Jakubaszko  

O mais arrogante e temerário de todos os ex-presidentes americanos não conseguiu a reeleição, fato raro na história dos EUA. Agora, além de judicializar a disputa eleitoral, imaginem o que ele vai fazer:



 

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segunda-feira, 2 de novembro de 2020

A foice da lua no campo das estrelas 1

Evaristo de Miranda 2

Hoje celebra-se a memória de todos os falecidos, os finados. Eles chegaram ao fim do seu tempo. O dia é solene, consagrado à lembrança dos antepassados e de todos os mortos. Este feriado é amplamente celebrado em todo o mundo. Os feriados são dias consagrados à memória de algum evento, personalidade ou feito histórico. A consagração os faz sagrados, os coloca à parte. Não se trabalha. O país se consagra a meditar, a lembrar.

Para muitos, este feriado não lhes diz nada, não corresponde à sua perspectiva filosófica ou religiosa. Finados está além de qualquer religião. Quem profana esta data esquece seus ascendentes e antepassados. Perde a memória e, sem querer, profana a si mesmo. Que ascensão pode ter alguém na vida, quando não se lembra de seus ascendentes? Quem imagina-se só, começando em si mesmo, triunfante e vencedor, age como se fosse filho do nada. E os filhos do nada são sementes do caos.

O finar evoca o findar e o morrer. Os finados chegaram ao fim e foram ceifados no seu tempo. O feno é a erva ceifada e seca que serve de alimento aos animais em períodos difíceis de inverno ou seca. Na Bíblia, o homem é comparado com a erva do campo. Finar e fenar. Feno vem do grego phaíno: brilhar, aparecer. Epifania evoca manifestação, luz do alto que nos veio visitar. A reluzente lâmina da morte não apaga os finados, apenas os igualiza diante das leis da natureza.

A foice simboliza os ciclos das colheitas e da renovação. A colheita só se obtém cortando o caule. Esse cordão umbilical liga o fruto à dependência da terra alimentadora. A colheita é o grão condenado à morte para servir de alimento, sustentando a vida, ou para germinar como semente. A vida e os exemplos dos antepassados alimentam os viventes. São um feno de luz. Sinal da progressão temporal e individual, a foice da morte brilha na noite de nossas vidas. Essa lua crescente, nunca declina. Como diz o poeta árabe Ibn-al-Motazz: “a foice de ouro no campo das estrelas”.

No dia de finados é bom visitar cemitérios, limpar e ajeitar túmulos, acender uma vela na igreja ou em casa, pronunciar uma oração, *fazer um minuto de silêncio (pelo menos!) e meditar*. A ritualizar os mortos é terapêutico. A prática desses ritos profanos e sagrados dão outra perspectiva ao tempo. Existe um tempo para tudo.

As honras fúnebres variam entre as culturas. Sempre existem e deveriam ser cultivadas. Se uma cultura perde a capacidade de honrar seus mortos, já não sabe honrar os vivos. Honrar nobilita quem recebe e quem oferece. A eternidade começa aqui e agora. A vida não é uma ante-sala da morte. O passar dos anos anuncia o prometido a todos e para sempre: a possibilidade de evolução pessoal a cada ano, o reinício, a morte e o renascimento.

Os cristãos creem na ressurreição. A morte é sua Páscoa, sua passagem para Deus. Os Finados lembram: não se trata de viver somente a inevitável passagem do tempo, as idades e o envelhecimento. O tempo - quarta dimensão do humano - pode ser um tempo de consciência, um tempo de graça, iluminação e vida plena.

1 Agora e na Hora – Ritos de Passagem à Eternidade (Ed. Loyola)

2  o autor é doutor em ecologia, pesquisador da Embrapa

 

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domingo, 1 de novembro de 2020

Mafalda é imortal

Richard Jakubaszko  

Quino, que saudade! Mal te fostes, e a Mafalda ficou ainda mais famosa, agora é imortal a menina eternamente preocupada com a humanidade e a paz mundial, e que se rebela com o estado atual do mundo.



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