segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Memes impertinentes

Richard Jakubaszko  
A lógica da web é inquestionável. Cadê respostas ou explicações para nossos infortúnios? Só o humor nos salva...





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sábado, 29 de agosto de 2020

Lançada a nota de 89 mil reais

Richard Jakubaszko  
O macaco Simão já faz por merecer uma estátua em bronze, quiçá em mármore, erigida em praça pública como homenagem à sua brilhante criatividade... Os que discordarem estão ruim da cabeça ou doente do pé...
ET. Perguntas pertinentes:
Bolsonaro, por quê a sua esposa Michelle recebeu o depósito de R$ 89 mil do Queiroz?




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sexta-feira, 28 de agosto de 2020

O campo é convergente

Coriolano Xavier *

De acordo com o Panorama Agrícola 2020-2029, desenvolvido pela Organização para Alimentação e Agricultura (FAO/ONU) e pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o número de pessoas que passam fome no fundo elevou-se em 60 milhões nos últimos anos, alcançando 690 milhões de pessoas, em 2019. Com a pandemia, estimam que esse número possa aumentar de 80 a 130 milhões em 2020, chegando, portanto, a 820 milhões de famintos no mundo. Algo como quatro vezes a população do Brasil, ou seis vezes a do México, ou dez a da Argentina. É muita gente. Sinal de que vai ser preciso robustecer a segurança alimentar mundial, nos próximos anos.

Para isso, se diz que o mundo vai precisar de melhores políticas agrícolas, mais inovação e investimentos para construir sistemas de agricultura mais produtivos e dinâmicos. Tudo isso o Brasil já tem ou está
em boa posição para conseguir, justo na faixa tropical do planeta, de onde deve sair grande parte dos alimentos para a segurança alimentar mundial. E, se o futuro está nos trópicos, há outra oportunidade para o país na difusão e venda de tecnologias agrícolas. Isto porque o Brasil fez verdadeira revolução agrícola a partir dos anos 1970/80, criando tecnologias de produção para o ambiente tropical, que estão na raiz da explosão agrícola brasileira: de 1977 a 2020, por exemplo, nossa produtividade de grãos mais que triplicou, enquanto a área plantada nem chegou a dobrar.

São vantagens comparativas sólidas para o país, que fortaleceu ainda mais o seu conceito como fornecedor de alimentos estratégico e confiável durante a pandemia, inclusive atendendo protocolos sanitários de exigentes clientes internacionais. A essa altura, é até bom se perguntar: o que ganha o mercado nacional, o consumidor brasileiro, com todo esse protagonismo do país na produção alimentar internacional? Ganha, por exemplo, em qualidade, pois o país vende alimentos para os mercados mais exigentes do mundo e, hoje, já é uma realidade agricultores avançados adotarem certificações de produtos e processos, ou seja, estão atuando com padrões produtivos acima da legislação.

A hegemonia internacional do nosso agro também foi favorável ao orçamento das famílias. No início dos anos 1990, os alimentos representavam cerca de 40% das despesas de famílias com orçamento domiciliar de dois a três salários mínimos e, em 2018, essa proporção havia caído para 21%, de acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O crescimento da produção e da produtividade da agropecuária brasileira tornou o alimento mais barato, liberando recursos das famílias para outros tipos de consumo, com reflexos positivos em outros setores da economia.

Agronegócio é convergência. Um mercado interno de mais de 200 milhões de pessoas é base de confiança para desenvolver um agro robusto e investir continuamente em sua evolução. Hoje, o campo brasileiro está passando às mãos da terceira ou quarta geração dos ousados agricultores que fizeram aquela revolução agrícola 40, 50 anos atrás. E tudo indica que estão repetindo aquela onda inovadora, só que agora com 4G, sensores, internet das coisas e bioeconomia, unindo produtividade, tecnologias de vanguarda, planejamento ousado e um instinto de competitividade herdado de pais e avós. A revolução agrícola dos trópicos continua.

* o autor é membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) e Professor da ESPM.



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quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Ronaldinho está de volta, agora sentenciado...

Richard Jakubaszko   
Parece que é praga proferida lá dos cafundós dos infernos. Ou não? A verdade é que Ronaldinho está de volta ao Brasil, mas já foi sentenciado nas redes sociais corintianas...
O dito me foi enviado pelo jornalista e corintiano Delfino Araújo, lá da DBO, sempre atento às intempéries dos males que nos afligem...


quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Memes do Bolsonaro, Queiroz e Michele...

Richard Jakubaszko   
As redes sociais seguem implacáveis a trajetória de desconstruir os malfeitos. Bolsonaro é o rei, o czar e imperador das coisas mal explicadas, portanto, é o centro das atenções, exatamente como ele gosta, apesar dos questionamentos que considera impertinentes, e a todos vocifera de que vai encher a boca deles de porradas bolsonaristas. Ainda não há respostas para a pergunta que não quer calar: 






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segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Aristóteles e o leite de vaca


Xico Graziano *
Que qui é isso? Querem proibir a mamadeira?
Será verdade que o leite de vaca é um alimento nocivo, conforme apregoado por alguns médicos na internet? Ou será mais um mito construído contra o agro? A resposta vem de Aristóteles, o grande filósofo grego.


A lógica aristotélica ajuda o raciocínio humano a se aproximar da verdade, quer dizer, aos fatos. Divergindo do idealista Platão, seu mestre, Aristóteles valorizava o conhecimento prático, empírico, na busca do entendimento do mundo.

Voltemos ao leite. Se fosse verdade que o leite de vaca é um alimento prejudicial à saúde das pessoas, ele não faria parte da nutrição humana durante milênios. Se o leite causasse mal, seus derivados como queijo, manteiga e coalhada não comporiam a culinária de povos variados espalhados pelo mundo.

Simples assim. Não tem lógica condenar o leite de vaca como alimento humano. Nem é lógico nem se embasa no conhecimento empírico, ou seja, na realidade. Trata-se, portanto, de uma cilada do raciocínio. Basta percorrer a civilização ocidental. Se o leite fosse do mal, os europeus estariam todos doentes. Há séculos.

A base da falácia contra o leite reside no fato, este sim concreto, de que parte da população humana apresenta intolerância à lactose ou, ainda, reação alérgica às proteínas lácteas. Entenda a diferença entre os dois problemas de saúde.

A lactose é um tipo de açúcar próprio do leite. Ao ser ingerida pelo ser humano, precisa ser digerida pela ação de uma enzima chamada lactase. Ocorre que muitas pessoas apresentam deficiência de produção de lactase no organismo, o que resulta em má digestibilidade – intolerância – do leite.

A alergia, por sua vez, se caracteriza por reações às proteínas presentes no leite, como a caseína, a alfa-lactoalbumina e a beta-lactoglobulina. Por isso ela é conhecida como "alergia à proteína ao leite de vaca" (APLV), provocando cólicas, gases, refluxo, entre outros sintomas.

Estima-se que a alergia à proteína do leite bovino (APLV) afete 2,2% das crianças brasileiras nos primeiros anos de vida. Para superar o problema, normalmente as crianças alérgicas ao leite de vaca se nutrem com leite de cabra. Com relação à intolerância, hoje em dia a indústria de alimentos incluiu a lactase ao leite normal, de forma que o consumidor, ao beber, não sofrerá de gases, dores de barriga, mal-estar.

Resumindo: o fato de algumas pessoas serem alérgicas, ou intolerantes, aos produtos lácteos levou ao surgimento de mitos, explorados por médicos, charlatões e incautos. Uns defendem seus interesses particulares. Outros exibem ignorância.

Não é raro na alimentação ocorrer tais deformações do conhecimento. Lembrem-se que o temor do colesterol permitiu que a gema do ovo fosse condenada ao extremo pelo risco de enfarte cardíaco. Um mito já desmentido pelo conhecimento científico recente na medicina.

Da mesma forma, a mesma sina levou ao banimento, no passado, da banha de porco na cozinha. Para alegria do óleo advindo de cereais (milho) e grãos (soja). Ou, ainda, das restrições ao uso da manteiga no pão. Para gosto da margarina. O marketing empresarial se mistura aos mitos.

Para completar as afrontas lógicas à história da alimentação, alguns bobocas disfarçados de ecologistas passaram a atacar o consumo humano de leite de vaca em nome do "direito do bezerro". O argumento é patético. Segundo os defensores do bezerro, os seres humanos não têm o direito de "roubar" a bebida deles.

Nesse caso, nem Aristóteles resolve. As vacas leiteiras, selecionadas milenarmente na Europa, ou na Índia, e depois aprimoradas pela genética moderna, produzem em média, por baixo, 25 litros de leite por dia. Seus filhos, os dignos bezerrinhos, sinceramente, não conseguem se empanturrar com tanto leite. Se o fizessem, morreriam de diarreia.

Chega a ser engraçado. Mas o assunto é sério. O Brasil consome uma média de 170 litros equivalentes (equivalentes em litros devido ao consumo de queijos e outros derivados lácteos) de leite por habitante/ano. Está acima da média mundial, de 116,5 litros eq hab/ano, mas abaixo dos países desenvolvidos, que consomem de 250 a 300 litros eq hab/ano.

Em nome da nutrição do povo e da saúde coletiva deveríamos estar, todos, lutando para elevar o consumo de leite e seus derivados entre a população brasileira. Mas perdemos tempo discutindo mentiras que, de forma consciente ou não, associam-se a razões comerciais. Ou, como no caso dos veganos, à causas idealísticas.

Siga Aristóteles. E tome leite à vontade.


* o autor é engenheiro agrônomo, doutor em Administração, professor de MBA na FGV e membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS)



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domingo, 23 de agosto de 2020

Janio: se Fachin agora vê, não pode fingir não ver


Fernando Brito *
Janio de Freitas, em seu artigo dominical na Folha, trata das recentes falas dos ministros Luiz Edson Fachin e Cármem Lúcia, do STF, sobre a “escalada do autoritarismo no Brasil após as eleições de 2018” e o retorno a situações que se pensava estarem sepultados com “uma fase mais negra da nossa História”.

Sem perdoar o fato de que se tratam de pretensões a colocar trincos em portas que deixaram arrombar, Janio afirma que estão obrigados a deixar de lado a omissão com que, diante do que estavam vendo, fingiam não estar vendo.

Fachin vê, como todos, e diz, como poucos,
sobre futuro contaminado por despotismo
Janio de Freitas, na Folha


A repercussão negada pelos jornalistas não nega ao exame da atualidade pelo ministro Edson Fachin, do Supremo, a condição de mais importante pronunciamento de um integrante das altas instituições brasileiras, ao menos desde iniciado o governo Bolsonaro, se não desde a queda de Dilma Rousseff.

A “recessão democrática” ainda não recebera nada no nível adotado por Fachin, exceto em parte pelo ministro Celso de Mello.

Objetivo como os magistrados evitam ser, claro e simples como os magistrados detestam ser, franco e lúcido como deveriam ser as considerações necessárias dos magistrados, Fachin advertiu que “as eleições de 2022 [as presidenciais] podem ser comprometidas se não se proteger o consenso em torno das instituições democráticas”. Proteger de quê ou de quem?

O diagnóstico é forte e destemido: há “uma escalada do autoritarismo no Brasil após as eleições de 2018”, gerada pela existência de “um cavalo de Troia dentro da legalidade constitucional” do país.

“Esse cavalo de Troia apresenta laços com milícias e organizações envolvidas com atividades ilícitas. Conduta de quem elogia ou se recusa a condenar ato de violência política no passado”. O que inflama o presente com “surtos arrogantes e ameaças de intervenção”.

No Supremo, a ministra Cármen Lúcia pareceu dar eco às palavras de Fachin no Congresso Brasileiro de Direito Eleitoral. Considerou triste a volta forçada do tribunal, diante do dossiê do Ministério da Justiça contra antifascistas, “a este assunto quando já se acreditava ser apenas”, ou ter sido, “uma fase mais negra da nossa História”. Nada a ver com o dito por Fachin, se até agora Cármen Lúcia tinha tal crença. Mesmo a tristeza soa irrealista.

Não faltaram ocasiões em que o Supremo e o TSE foram chamados a sustar a candidatura que atacou a democracia com a defesa da ditadura e da tortura, atacou as instituições constitucionais, prometeu acabar com os petistas e outros, anunciou uma população armada, transpirou ódios preconceituosos e vocação homicida. Isso tudo expelido por uma perturbação mental indisfarçável e com histórico comprovado.

Hoje não faltam crimes de responsabilidade acumulados. Como não faltam mortes pela Covid, não combatida de fato e inocentada para os incautos. E nem é só o figurante principal que continua inatingível pela defesa da ordem constitucional e do devido à população.

Flávio Bolsonaro não precisa controlar as revelações que se sucedem sobre sua delinquência, porque controla a passividade do Senado e o vagar dos seus inquéritos. Carlos Bolsonaro nem interesse demonstrou pelas revelações que o atingem. Fabrício Queiroz e seus contatos milicianos estão protegidos.

A instauração e a ameaçadora continuidade do descrito por Edson Fachin, como ninguém ousou fazer nas altas instituições, têm corresponsabilidades no Judiciário e no Congresso. Mas aí mesmo, na impossibilidade de negar o exposto pelo ministro, ficará mais difícil não ver o que está vendo, para não fazer o que deve.

* o autor é jornalista, editor do blog Tijolaço.

Publicado em https://tijolaco.net/janio-se-fachin-agora-ve-ao-pode-fingir-nao-ver/
Originalmente publicado na Folha de SP: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/janiodefreitas/



sábado, 22 de agosto de 2020

A falha da Folha com a democracia. Por Dilma Roussef


Fernando Brito *

O editorial fariseu da Folha hoje, que já comentei aqui, recebeu a resposta mais que merecida da ex-presidente Dilma Rousseff. Seria de deixar o jornal corado de vergonha, se ainda a tivesse.
Vale muito a leitura.
A “Falha de S.Paulo” ataca outra vez?
Dilma Rousseff
A Folha tem enorme dificuldade de avaliar o passado e, assim, frequentemente erra ao analisar o presente.

Foi por avaliar mal o passado que a empresa até hoje não explicou porque permitiu que alguns de seus veículos de distribuição de jornal dessem suporte às forças de repressão durante a ditadura militar, como afirma o relatório da Comissão Nacional da Verdade.

Foi por não saber julgar o passado com isenção que cometeu a pusilanimidade de chamar de “ditabranda” um regime que cassou, censurou, fechou o Congresso, suspendeu eleições, expulsou centenas de brasileiros do país, prendeu ilegalmente, torturou e matou opositores.

Os erros mais graves da Folha, como estes, não são de boa-fé. São deliberados e eticamente indefensáveis. Quero deixar claro que falo, sobretudo, do grupo econômico Folha, e não de jornalistas.

Quero lembrar, ainda, a publicação, na primeira página, de uma ficha falsificada do Dops, identificada pelo jornal como se fosse minha, e que uma perícia independente mostrou ter sido montada grosseiramente para sustentar acusação falsa de um site fascista. Mesmo desmascarada pela prova de que era uma fraude, a Folha, de forma maliciosa, depois de admitir que errou ao atribuir ao Dops uma ficha obtida na internet, reconheceu que todos os exames indicavam que a ficha era uma montagem, mas insistiu: “sua autenticidade não pôde ser descartada.”

Quem acredita que as redes sociais inventaram as fake news desconhece o que foi feito pela grande imprensa no Brasil – a Folha inclusive. Não é sem motivo que nas redes sociais a Folha ganhou o apelido de “Falha de São Paulo”.

O editorial de hoje da Folha – sob o título “Jair Rousseff” – é um destes atos deliberados de má-fé. É pior do que um erro. É, mais uma vez, a distorção iníqua que confirma o facciosismo do jornal. A junção grosseira e falsificada é feita para forçar uma simetria que não existe e, por isto, ninguém tem direito de fazer, entre uma presidenta democrática e desenvolvimentista e um governante autoritário, de índole neofascista, sustentado pelos neoliberais – no caso em questão, a Folha.

Todas as afirmações do editorial a respeito do meu governo são fake news. A Folha falsifica a história recente do país, num gesto de desprezo pela memória de seus próprios leitores.

Repisa a falsa acusação de que o meu governo promoveu gastos excessivos, alegação manipulada apenas para sustentar a narrativa midiática e política que levou ao golpe de 2016. Esquece deliberadamente que a crise política provocada pelos golpistas do “quanto pior, melhor” exerceu grande influência, seja sobre a situação econômica, seja sobre a situação fiscal.

A Folha, naquela época, chegou a pedir a minha renúncia, em editorial de primeira página, antes mesmo do julgamento do impeachment. Criava deliberadamente um ambiente de insegurança política, paralisando decisões de investimento, e aprofundando o conflito político. Estranhamente, a Folha jamais pediu o impeachment do golpista Michel Temer, apesar das provas apresentadas contra ele. Também não pediu o impeachment de Bolsonaro, ainda que ele já tenha sido flagrado em inúmeros atos de afronta à Constituição, e o próprio jornal o responsabilize pela gravidade da pandemia. A Folha continua seletiva em seus erros: Falha sempre contra a democracia, e finge apoiá-la com uma campanha bizarra com o bordão “vista-se de amarelo”.

Um país que, em 2014, registrou o índice de desemprego de apenas 4,8%, praticamente pleno emprego, com blindagem internacional assegurada por um recorde de US$ 380 bilhões de reservas, não estava quebrado, como ainda alega a oposição. Na verdade, a destituição da presidenta precisou do endosso da grande mídia para garantir a difusão desta fake news. O meu mandato nem começara e o impeachment já era assunto preferencial da mídia, embalado pelas pautas bombas e a sabotagem do Congresso, dominado por Eduardo Cunha.

Os dados mostram que a “irresponsabilidade fiscal” que me foi atribuída é uma sórdida mentira, falso argumento para sustentar o golpe em curso. Entre 2011 e 2014, as despesas primárias cresceram 3,7% ao ano, menos do que no segundo mandato de FHC (4,1% ao ano), por exemplo. Em 2015, já sob efeito das pautas bombas, houve retração de 2,5% nessas despesas. As dívidas líquida e bruta do setor público chegaram, em meu mandato, a seus menores patamares desde 2000. Mesmo com a elevação, em 2015, para 35,6% e 71,7%, devido à crise que precedeu o golpe, elas ainda eram muito menores que no final do governo de Temer (53,6% e 87%) ou no primeiro ano de Bolsonaro (55,7% e 88,7%).

Logo ao tomar o poder ilegalmente, os golpistas aproveitaram-se de sua maioria no Congresso e do apoio da mídia e do mercado para aprovar a emenda do Teto de Gastos, um dos maiores atentados já cometidos contra o povo brasileiro e a democracia em nossa história, pois, por 20 anos, tirou o povo do Orçamento e também do processo de decisão sobre os gastos públicos. Criou uma “camisa de força” para a economia, barrando o investimento em infraestrutura e os gastos sociais, e “constitucionalizando” o austericídio. O Teto de Gastos bloqueia o Brasil, impede o País de sair da crise gerada pela perversão neoliberal que tomou o poder com o golpe de 2016 e a prisão do ex-presidente Lula. E, a partir da pandemia, tornará ainda mais inviável qualquer saída para o crescimento do emprego, da renda e do desenvolvimento.

Se a intenção da Folha é tutelar e pressionar Bolsonaro para que ele entregue a devastação neoliberal, que tenha pelo menos a dignidade de não falsificar a história recente. Aprenda a avaliar o passado e admita seus erros deliberados, se quiser ter alguma autoridade para analisar um presente sombrio de cuja construção participou diretamente.

* o autor é jornalista, editor do blog Tijolaço.

Publicado em https://tijolaco.net/a-falha-da-folha-com-a-democracia-por-dilma-roussef/


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